Parece que João Lisboa (Expresso) tomou o gosto dos textos sobre bandas sonoras para filmes. E ainda bem. Há algumas semanas atrás foi a recensão sobre as melhores 25 bandas sonoras de sempre. No Expresso desta semana volta com uma crítica à sublime música do filme "Haverá Sangue", composta pelo guitarrista Jonny Greenwwod (na imagem), dos Radiohead. Lisboa inicia o texto dizendo, com toda a propriedade, que os "primeiros vinte minutos do filme são cinema em puríssimo estado de graça: apenas imagem e som/música sorvendo-nos para dentro das mesmas entranhas da terra de que Daniel Plainview tanto aparenta desejar libertar-se (...)."
Na verdade, a música do filme de Paul Thomas Anderson, funciona como uma verdadeira alavanca dramática, empurrando o espectador no mergulho para o abismo das paisagens (físicas e psicológicas) que o filme mostra. Os tais 20 primeiros minutos de filme que fala o crítico do Expresso, são antológicos na forma expedita como revela uma espécie de regresso à matéria essencial do cinema do período mudo. A música de Greenwood acentua a solidão do personagem principal Daniel Day-Lewis, da mesma forma que extravasa a dimensão meramente territorial daquelas paisagens inóspitas e austeras.
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