Mr. Bungle, Fantômas, Secret Chiefs 3, Junk Genius, John Zorn. O que têm estas bandas e músicos em comum? Não, não é Mike Patton (mas até podia ser). É antes Trevor Dunn, eminente baixista e, à semelhança de Patton, igualmente criador visionário e destemido. Ou seja, um músico que soube distanciar-se da figura tutelar do mestre com o fito de desbravar um caminho artístico próprio.
Para além de todas as bandas mencionadas das quais Trevor Dunn faz (ou fez) parte, há ainda a salientar a colaboração com muitos outros músicos provenientes de distintas geografias musicais. Ou seja, este imprevisível baixista nascido em São Francisco comunga da mesma veia artística de Mike Patton: o gosto pela experimentação musical, o prazer pela descoberta de novos caminhos estéticos, a destreza na exploração de coordenadas musicais tão díspares quanto o hardcore, o rock de fusão, o avantgarde ou o jazz. É o próprio a assumir a dificuldade de caracterizar a sua música, explicando que toca apenas o que gosta, sem sentir o ímpeto (por vezes desconfortável) de recorrer a compartimentações estilísticas auto-impostas. Enquanto baixista dos Mr. Bungle, ou mais dos Fantômas, Trevor Dunn já destilou malhas de baixo em quase todos os cenários musicais possíveis e imaginários. Faltava o jazz. E foi a pensar na exploração jazzística que Trevor Dunn encetou o projecto chamado Trevor Dunn’s Trio-Convulsant em 1999, editando o seu primeiro registo de originais pela etiqueta Buzz Records, intitulado “Debutantes & Centipedes”. Entretanto, os dois músicos que o acompanhavam neste projecto saíram (Adam Levy e Kenny Wollesen), dando lugar a outros dois: Ches Smith na bateria (membro dos Theory of Ruin e ex-Mr. Bungle) e - surpresa! – uma guitarrista com formação de jazz, Mary Halvorson. Dunn, por seu turno, deixa de lado o baixo eléctrico que tanto o caracteriza e explora nesta formação o contrabaixo acústico, qual Charles Mingus reencarnado.
Trevor Dunn’s Trio-Convulsant é manifestamente um trio de jazz, com espaço para a experimentação de fórmulas composicionais tipificadas, clara e objectivamente, com a linguagem jazz (free-jazz e improvisação, sobretudo). Mas tratando-se de um músico irrequieto como Trevor Dunn, seria de esperar mais do que jazz: e assim há também espaço para desvarios rock, em óbvia referência aos Mr. Bungle de boa memória. “Sister Phantom Owl Fish”, editado pela Ipecac Recordings em 2004, é um disco com temas instrumentais de cariz eminentemente jazzístico, mas com rasgados traços rock a obliterar essa fervura jazz. Não é fusão de género que aqui está em causa, é antes a conjugação de linguagens musicais aparentemente antagónicas. E neste contexto, a guitarrista Mary Halvorson retira, de certo modo, o protagonismo a Trevor Dunn (apesar deste ter um tema a solo e de a maior parte das composições serem da sua autoria), saltitando por entre rasgados riffs distorcidos com lânguidos solos de pura improvisação jazz. Um disco que prova que Trevor Dunn tem ideias próprias e é detentor de uma abundante criatividade. Mais importante ainda, prova que não se quer acomodar à sombra da reconhecida genialidade de Mike Patton, trilhando um percurso musical tão singular quanto possível. Depois deste disco, Dunn já lançou mais três outras obras em parceria com músicos de reconhecida notoriedade: Shelley Burgon e Brett Larner.
Trevor Dunn’s Trio-Convulsant é manifestamente um trio de jazz, com espaço para a experimentação de fórmulas composicionais tipificadas, clara e objectivamente, com a linguagem jazz (free-jazz e improvisação, sobretudo). Mas tratando-se de um músico irrequieto como Trevor Dunn, seria de esperar mais do que jazz: e assim há também espaço para desvarios rock, em óbvia referência aos Mr. Bungle de boa memória. “Sister Phantom Owl Fish”, editado pela Ipecac Recordings em 2004, é um disco com temas instrumentais de cariz eminentemente jazzístico, mas com rasgados traços rock a obliterar essa fervura jazz. Não é fusão de género que aqui está em causa, é antes a conjugação de linguagens musicais aparentemente antagónicas. E neste contexto, a guitarrista Mary Halvorson retira, de certo modo, o protagonismo a Trevor Dunn (apesar deste ter um tema a solo e de a maior parte das composições serem da sua autoria), saltitando por entre rasgados riffs distorcidos com lânguidos solos de pura improvisação jazz. Um disco que prova que Trevor Dunn tem ideias próprias e é detentor de uma abundante criatividade. Mais importante ainda, prova que não se quer acomodar à sombra da reconhecida genialidade de Mike Patton, trilhando um percurso musical tão singular quanto possível. Depois deste disco, Dunn já lançou mais três outras obras em parceria com músicos de reconhecida notoriedade: Shelley Burgon e Brett Larner.
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