segunda-feira, 31 de março de 2008

A guitarra portuguesa no laboratório



Fado e electrónica. A fusão que faltava explorar na música portuguesa. O Expresso revela um jovem guitarrista, Marco Miranda (28 anos), que toca guitarra portuguesa por influência do avô. A música electrónica, de facção mais arty e conceptual (as referências são os imprescindíveis Amon Tobin, Squarepusher, Sofa Surfers e Aphex Twin), é outra área de interesse de Marco. "Phado" é o seu primeiro trabalho, no qual explora os beats e os ambientes electrónicos misturados com a sonoridades características da guitarra portuguesa. Mas Marco Miranda não assina com o nome com que nasceu. M-Pex é o cognome artístico do projecto. A uma certa distância, este projecto lembra o do João Aguardela (ex-Sitiados, actualmente n' A Naifa), Megafone, que fazia o cruzamento entre a herança musical tradicional com a linguagem electrónica do drum'n'bass. Marco tem como inevitável referência Carlos Paredes e é com indisfarçável ousadia que diz que o objectivo do álbum "Phado" é "reposicionar a guitarra portuguesa no panorama musical, mostrar que não tem de estar só agarrada ao fado, criar uma ponte entre ontem e hoje, quebrar barreiras e clichés". A sua música é puramente instrumental, não estabelecendo relações estéticas com a linguagem do fado cantado. É a guitarra que centraliza o trabalho de abordagem criativa de Marco Miranda. A electrónica circula à volta, molda a matéria tímbrica das cordas e estabelece novas dinâmicas e sensibilidades. É como se a guitarra portuguesa fosse sujeita a experiências científico-sonoras de laboratório.
Para quem quiser aventurar-se a conhecer este interessante e promissor projecto, é favor entrar aqui.

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