domingo, 9 de março de 2008

Ulisses - paradoxos de um livro

Li há dias num jornal que "Ulisses" (1921), de James Joyce, é considerado o melhor romance jamais escrito (figurava em 1º lugar numa lista de cem títulos). Joyce foi, inegavelmente, um rigoroso estilista da língua, um modernista visionário, um inovador formal sem paralelo (só Marcel Proust se lhe poderá comparar). A sua prosa de extraordinária invenção narrativa quebrou normas instituídas e abriu novas portas de percepção literária. Não admira que o escritor irlandês tenha demorado 7 anos a escrever tão monumental obra, cuja história se desenrola num único dia na vida de Harold Bloom. Joyce construiu uma complexa e densa estrutura narrativa, refutando academismos tradicionais e supérfluos. Mas "Ulisses" é, igualmente, um romance de grande exigência para o leitor. A escrita de Joyce parece por vezes emaranhar-se em múltiplas linhas narrativas, numa abordagem literária nem sempre inteligível, desorientando o leitor menos prevenido. Na edição que possuo (na imagem), o tradutor disserta sobre a extrema dificuldade técnica que acarretou a tradução do romance para português, dada a complexidade de trocadilhos linguísticos, neologismos e trocadilhos concebidos por Joyce.
Confesso que nunca consegui chegar ao fim da leitura deste romance ímpar na literatura mundial (li vários dos seus 18 capítulos). O mesmo aconteceu a amigos meus, facto que suscita uma interrogação paradoxal no meu espírito: será "Ulisses" de Joyce a obra literária mais citada (seja por leigos, seja por críticos literários) e, porventura, a menos lida?

2 comentários:

Anónimo disse...

"Harold Bloom"?

Ah, ah, ah! Que confusão divertida.

Unknown disse...

Na verdade, é uma confusão divertida. Confundi o eminente crítico literário Harold Bloom com o personagem do “Ulisses”, Leopold Bloom. O problema é que por preguiça ou por convicções que suponho serem certas, não me dou ao trabalho de conferir certas informações que escrevo (confesso que enquanto escrevia o texto nem me dei conta da suposta confusão – tinha a certeza que o apelido era Bloom, e Harold foi o primeiro nome que me veio à cabeça). E até faz sentido, uma vez que Harold também tem estudos literários sobre a obra de Joyce. Seja como for, não foi um lapso grave. Mas divertido, sim, admito. ;)
VA