Imagem de "Stalker" do realizador russo Andrei Tarkovski.
Sobre este cineasta metafísico já escrevi neste post e aqui. Agora queria apenas referir que o melhor site (em conteúdo e informação) dedicado integralmente à obra do autor de "Andrei Rubliov" é este site espanhol. Neste sítio escreve aquele que é considerado o maior biógrafo do artista, o espanhol Rafael Llano.
E já agora deixo o meu top Tarkovski (fácil de elaborar para quem só fez 7 longas-metragens mas ao mesmo tempo difícil dada a extrema qualidade de todos os filmes):
1 - "Stalker"
2 - "O Espelho"
3 - "Andrei Rubliov"
4 - "A Infância de Ivan"
5 - "O Sacrifício"
6 - "Nostalgia"
7 - "Solaris"
10 comentários:
Adorei seu blog. adoro , musica, arte, cinema, parabéns, muito cultural , inteligente e informativo seu blog, vou voltar mais vezes
Abraços,
Cris
meu blog é
http://cristianafonseca.blogspot.com/
poucas vezes bati palmas no cinema. bati-as no Quarteto quando, numa sala praticamente vazia e na véspera do filme sair de cartaz, dei por mim, comovida, a aplaudir o Andrei Rubliov. Quando as luzes começaram a acender guardei as mãos nos bolsos. envergonhada. obrigada pelo link
Ana,
A tua curta "estória" remete-nos para um tema deveras curioso, mas raramente ou nunca debatido: por que razão não se aplaudem os grandes filmes, como acontece com outras manifestações artísticas, salvo em ocasiões especiais como festivais, semanas ou quinzenas de cinema? Quantas vezes eu tive um impulso semelhante ao teu, mas retive-me para não ser mirado com olhares de desprezo e arrogância.
Recordo apenas duas "explosões" de aplausos no final de 2 filmes. Início dos anos 70, cinema Império, "Semana de Cinema Novo Brasileiro" (cá está) e 1800 pessoas a levantarem-se como se tivessem molas nas cadeiras e a aplaudirem durante cerca de 15 minutos consecutivos o filme "Macunaíma" de Joaquim Pinto de Andrade; por volta do mesmo ano, Cinemateca Portuguesa, ainda nos Restauradores, 15 minutos de aplausos frenéticos, pedidos de "bis, bis", após a exibição do excelente documentário de António Campos, "Vilarinho das Furnas", sobre os últimos dias da aldeia do mesmo nome que vivia há séculos em regime comunitário, moderado por um Conselho de Ansiãos, e que ia ficar submersa nas águas da barragem que se ia construir.
O texto vai longo, peço desculpa ao titular do blog, mas não resisti à ideia que a Ana abordou no seu comentário.
Espero que "isto" evolua de modo que um dia possamos, sem vergonhas, nem receios, aplaudir de pé o final do "Padrinho3", e não só, apenas para referir um filme genial que já mereceu destaque neste blogue.
jPinto
Caro João: nunca se torna longo um texto teu. Pelo contrário, é sempre oportuno. É curioso falares de dois filmes que despoletaram palmas serem dois filmes... portugueses. Mas isso foi há muitos anos. Seria possível agora com o cinema português actual? Sinceramente, duvido. Mas voltando à questão suscitada pela Ana, julgo que é de justa pertinência. Porque é que não se bate palmas no final de um filme? Parece-me que é por um motivo mais ou menos lógico: porque do "outro lado" não há ninguém para os receber. Não está o realizador, nem os actores ou outros intervenientes do objecto fílmico. Pode ser um motivo que iniba a reacção do público. Mas eu penso que há outro factor mais decisivo: a formatação da mentalidade das novas gerações não está vocacionada para o aplauso de filmes no cinema. A voragem da velocidade dos tempos, a decapitação do culto do cinema em favor de uma fruição "fast-pop-corn", desvirtua a possibilidade de bajulações a um objecto artístico imaterial como o filme. Que me lembre, nunca bati palmas no final de um filme, mas já me apeteceu várias vezes (como aconteceu com a Ana na sessão do Tarkovski). E a última vez foi com o "Control" do Anton Corbijn. Aquele final em registo anti-climax, a câmara a revelar as imagens do fumo negro a elevar-se e a música "Atmosphere", dão vontade de irromper em palmas desenfreadas. Mas a um miúdo a quem Joy Division nada diz, imagino que seja um final indiferente...
Uma pequena rectificação; "Macunaíma", baseado no romance de Mário de Andrade é um filme brasileiro (1969) e não português. Também não tenho dúvida que a principal razão da retracção dos espectadores é o facto de não haver ninguém "do outro lado". No entanto, recordo o final do genial "The Nutty Professor" de Jerry Lewis, com os actores a entrarem no plateau como se de um palco teatral se tratasse, um a um, faziam uma vénia e iam-se afastando ora para a direita, ora para a esquerda até à entrada de JL para o centro do grupo. depois recuavam e voltavam a avançar para a hipotética "boca de cena" e retiravam-se após uma prolongada vénia final. Tal e qual como no teatro! Que eu saiba, apesar desta comovente homenagem do Cinema ao Teatro e dos actores aos espectadores, "nunca uma agulha buliu" nas salas por onde o filme passou.
jPinto
não bater palmas no cinema talvez tenha apenas a ver com isso: não haver ninguém à nossa frente a quem saudar. acho que no caso do Rubliov talvez tenha tido a ver com o facto de a explosão de cor do final nos levar a um sentimento de euforia que induz à descarga emocional.
Não sei. estou para aqui a tentar encontrar explicações, mas acho que no caso que relatei terá tido a ver com isso. mas nunca me tinha feito a pergunta
Eu por exemplo bati palmas no fim do Control (tal como toda a sala) mas estava lá o realizador para as receber (foi no festival do Estoril).
JD: estar o realizador presente faz toda a diferença.
Pois faz mas também é preciso gostar do filme, também lá fui ver o Youth Without Youth do Coppola e mesmo que lá estivesse não batia palmas, era capaz de depois ir lá beijar-lhe os pés mas por outros filmes eheh.
Compreendo. Esse último do Coppola não o vi. Por falar em Coppola, sabia que o "Apocalypse Now" tem o maior registo de "erros" num só filme? Vê o meu último post.
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