quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Almodóvar, o Papa e o conceito de família


Sempre gostei muito de Pedro Almodóvar. Não só pelos seus filmes, mas pelas suas tomadas de posição em relação aos assuntos mais diversos: cinema, sociedade, cultura, arte. A propósito da estreia do seu novo filme "Los Abrazos Rotos" na Alemanha, Almodóvar deu uma entrevista ao semanário alemão Die Zeit. Na entrevista, refere que, apesar de ser não crente, se sente uma espécie de Deus quando está atrás da câmara, considerando que o retrato da sociedade actual que transmite nos seus filmes é bem mais próximo da realidade do que o modelo que o Vaticano propaga: "O Papa deveria sair do Vaticano e verificar o que é hoje uma família - uma família de hoje não está de acordo com nenhum dogma, mas apenas com os compromissos da vida."
O cineasta espanhol insiste ao dizer que "há mais de vinte anos que faço filmes, e as minhas famílias foram sempre mais reais do que as que o Papa propaga. Uma família é um grupo de pessoas que se ama, cumprem as suas necessidades sem importar se se trata de pais separados, travestis, transexuais ou padres com sida."

4 comentários:

Ivo disse...

Das coisas que mais admiro em Almodovar é exactamente a frontalidade com que enfrenta as hipocrisias e mentalides retrógradas. E isso é bem patente nos seus filmes.

J. Maldonado disse...

Completamente de acordo com Almodovar. :)

Ricardo disse...

Um louco que se julga Deus não tem moral ou autoridade para dizer o que o Papa deve ou não fazer.

Dora disse...

É o meu realizador preferido.
Arrepio-me em cada filme.

"Los Abrazos Rotos" não está no meu top 5 de Almodovar. Prefiro outros. Mas este está de parabéns pela magnifica fotografia.