Amanhã, dia 13, assinala-se o centenário do nascimento do realizador Alfred Hitchcock. Continuo a ler a magnífica biografia do mestre do suspense que tem sido uma leitura saborosa e enriquecedora sobre a vida e obra do autor de "Psycho". Ainda há dias revi na televisão (RTP2) o clássico "Chamada Para a Morte" (1954), um sofisticado e refinado filme de suspense sobre uma tentativa de assassínio de uma esplendorosa Grace Kelly. Um filme minimalista e contido na acção e na "mise en scène" (como um outro clássico, "A Corda"), "Chamada Para a Morte" é uma obra que prova a dimensão estética de um cineasta que soube construir a sua própria linguagem e o seu universo temático. Só não teve maior sucesso porque nesse ano, 1954, Hitchcock assinava outra obra-prima de maior impacto e originalidade - "Janela Indiscreta".
É um exercício mental interessante imaginar que filmes faria hoje Hitchcock, aos 100 anos, se tivesse a saúde de um Manoel de Oliveira. Com o seu humor negro, o seu perfeccionismo técnico e o seu conhecimento da mente humana, que abordagens novas traria ao cinema actual?
Primeira versão do filme "O Homem Que Sabia Demasiado" (1934) que deu o título a este blogue. Hitchcock faria um remake em 1956, com as estrelas James Stewart e Doris Day.
6 comentários:
É um realizador genial que muito admiro.
A RTP 2 no sábado passado transmitiu dois filmes dele.
boa efeméride, sempre bom lembrar hitchcock, mas só para corrigir, não faria 100 anos, faria 110 já, nasceu em 13 agosto de 1899. Não que isso interesse assim tanto.
abraço
Obrigado Rui. Claro que são 110 anos. Vou rectificar.
Ótima lembrança, o "Mestre do Suspense" sempre merece ser homenageado.
Abraço
Grande realizador sem dúvida. Mas a mim ninguém me tira da cabeça que o Stanley Kubrick era o maior, com larga margem.
Conheço poucos filmes de Hitchcock que ao contrário de Kubrick, fazia quase um filme por ano, mas sempre achei Hitchcock estéticamente antiquado. Vou falar do que conheço: Rear Window, Vertigo, Psycho e The Birds são todos excelentes filmes no nível dramático, mas esteticamente deixam muito a desejar. É do tipo de filmes que associo ao cinema antigo. Antes de Rear Window e depois de Birds não conheço mas penso não deve ser muito diferente.
Já Kubrick inovou não só esteticamente e tematicamente a cada filme, como os seus filmes (pena serem poucos) têm uma profundidade que nunca vi em nenhum filme de Hitchcock.
Kubrick é para mim o realizador que melhor misturou o lado lúdico com o lado intelectual no cinema.
Victor, sei que tens o Hitchcock em grande consideração mas tinha que dizer isto. :)
Quanto ao exercicio mental que propões, acho que se Hitchcock fosse vivo faria precisamente filmes antiquados. Para realizador "pós-moderno" tinhamos Kubrick.
Ivo: lanças considerações que dariam matéria para muita discussão (e isso é bom). Era bom definir o que se entende por "cineasta antiquado"? O Hitchcock foi um visionário em termos narrativos e dramáticos, mas também - ao contrário do que dizes - a nível estético. Repare-se na construção visual do filme que eu falei "Chamada para a Morte" ou "A Corda" (que já abordei no blogue), são filmes com um domínio perfeito na mise en scène, na realização e na fotografia. Pelo que dizes, conheces apenas 4 filmes de Hitch, e são logo quatro obras maiores. Mas há muito mais, ele tem pelo menos mais meia-dúzia de obras-primas, sobretudo entre os anos 40 e 60. Talvez se vires mais filmes dele, perceberás porque é que Hitchcock foi um dos mais influentes realizadores de sempre.
Gosto muito, mas mesmo muito de Kubrick. Está entre os meus 5 cineastas preferidos, com Buñuel, Tati, ou Resnais. Mas é preciso perceber que Kubrick e Hitchcock são cineastas muito distintos, o Kubrick era muito mais perfeccionista, frio, cerebral, com uma visão plástica da imagem mais acentuada. O Hitchcok interesava-lhe mais a exploração da mente humana através do crime e da morte, manipulando o espectador. Seja como for, ambos foram autores decisivos para o cinema mundial, goste-se mais de um ou de outro. ;)
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