quarta-feira, 19 de agosto de 2009

"Fausto" - A luz e a sombra


"Fausto" (1926) de F. W. Murnau representa a essência do Expressionismo Alemão, mesmo numa fase em que este marcante movimento estético se debatia com um claro declínio criativo. Murnau é para mim o melhor cineasta do cinema mudo, seguido de muito perto por Eisenstein, Chaplin e Vertov. Murnau era um realizador tecnicamente perfeccionista, com um domínio perfeito da luz e da sombra, e autor de notáveis inovações formais. A exploração dos desígnios do espírito humano foi (quase) sempre transversal a todas as suas obras. Como grande cineasta que era, não tem um único filme menor, todos eles são manifestos superiores da arte cinematográfica (e nem vale a pena mencionar todas as suas películas).
O mito de Fausto de Goethe é revisitado nesta grande produção alemã, tomando como ponto de partida a conhecida história de Fausto que vende a alma ao Diabo para manter a juventude. Murnau constrói um filme portentoso em termos visuais (incrível fotografia), com inúmeros efeitos especiais revolucionários para a época, num verdadeiro tratado filosófico sobre as fraquezas e forças relacionadas com a alma humana, o amor e a morte.
Mesmo para quem conheça outras edições em DVD deste clássico intemporal, aconselho vivamente visionar esta edição da Eureka (está à venda numa qualquer Fnac a preço convidativo). Trata-se de uma cópia magistral, com uma masterização digital da imagem (sem mácula), com excelentes extras (um rico e longo documentário sobre a história da concepção do filme) e, "last but not least", com uma extraordinária banda sonora original assinada por um dos melhores grupos de música francesa prog-rock-avantgarde-experimental de sempre: Art Zoyd (compuseram a música para o "Nosferatu" de Murnau e o "Metropolis" de Fritz Lang entre outros filmes). Asseguro que visionar "Faust" ouvindo a possante música dos Art Zoyd se torna uma experiência avassaladora e outorga uma nova dimensão à obra-prima de Murnau!

2 comentários:

Spark disse...

"Fausto" é sem dúvida um clássico do cinema mudo. Murnau é também para mim, uma das figuras dominantes e das mais relevantes do Expressionismo Alemão.

Robert Wiene e Fritz Lang são outros cineastas que considero marcantes nesse movimento.

Abraço

Hélder Beja disse...

Bela sugestão, Victor, esta da edição da Eureka. Vou tratar de comprar a dita.
Um abraço.