Foi lançado em Março último, mas só agora (por causa das férias e da inerente disponibilidade) comecei a lê-lo. Trata-se do livro com o sugestivo título "Proust Era Um Neurocientista - Como a Arte Antecipa a Ciência", do jovem (tem 25 anos) jornalista e investigador neurocientista Jonah Lehrer (já depois deste título editou um outro sobre neuromarketing: "How We Decide"). O pressuposto é simples, mas de explicação complexa: podem os artistas e escritores antecipar, na sua intuição criativa, descobertas da ciência? O autor assume que sim, dando o exemplo de oito artistas que, cada um à sua maneira, anteciparam conhecimentos científicos através de processos criativos (em vários domínios artísticos - pintura, música, literatura...).
Jonah Lehrer prova que a arte e ciência não devem ser entendidos como territórios adversos. Analisando as obras de Walt Whitman, George Eliot, August Escoffier, Marcel Proust, Paul Cézanne, Igor Stravinski, Gertrude Stein e Virginia Woolf (um pintor, um poeta, um chefe de cozinha, um compositor e quatro romancistas), Lehrer assume que todos estes artistas foram artistas visionários que romperam com o conhecimento instituído, procurando alcançar novos domínios da consciência criativa nas respectivas áreas. Daí que o contributo de um escritor como Proust foi determinante para um novo conhecimento sobre os mecanismos da memória. Ou que Igor Stravinski (na imagem), através da sua obra-prima musical "A Sagração da Primavera", intuiu o que hoje é uma certeza: a inclinação da mente para procurar padrões de linguagem. Aliás, o capitulo sobre Stravinski é extremamente rico na abordagem que o autor faz do impacto que a sua sinfonia teve no desenvolvimento da linguagem musical e, paralelamente, num novo entendimento do funcionamento do córtex auditivo.
Jonah Lehrer prova que a arte e ciência não devem ser entendidos como territórios adversos. Analisando as obras de Walt Whitman, George Eliot, August Escoffier, Marcel Proust, Paul Cézanne, Igor Stravinski, Gertrude Stein e Virginia Woolf (um pintor, um poeta, um chefe de cozinha, um compositor e quatro romancistas), Lehrer assume que todos estes artistas foram artistas visionários que romperam com o conhecimento instituído, procurando alcançar novos domínios da consciência criativa nas respectivas áreas. Daí que o contributo de um escritor como Proust foi determinante para um novo conhecimento sobre os mecanismos da memória. Ou que Igor Stravinski (na imagem), através da sua obra-prima musical "A Sagração da Primavera", intuiu o que hoje é uma certeza: a inclinação da mente para procurar padrões de linguagem. Aliás, o capitulo sobre Stravinski é extremamente rico na abordagem que o autor faz do impacto que a sua sinfonia teve no desenvolvimento da linguagem musical e, paralelamente, num novo entendimento do funcionamento do córtex auditivo.
"A Sagração da Primavera", fou uma autêntica revolução estética ocorrida em 1913 que resultou em tumultos violentos na assistência, entre os detractores e os defensores da obra. Stravinski inovou de forma radical, dando primazia a padrões harmónicos e rítmicos dissonantes e nunca antes ouvidos, provocando o total desnorte a ouvidos educados segundo as normas convencionais do romantismo.
O choque foi tremendo (a influência deste obra manifestou-se ao longo de todo o século XX), numa década em que o sentido de modernidade fervilhava em todas as artes. É notável a análise que Jonah Lehrer faz do impacto que a obra de Stravinski teve para a linguagem musical e para o conhecimento científico ligado ás neurociências. Em suma, Stravinski, como Proust ou Woolf ou Cézanne, foram neurocientistas sem o saberem.
Um livro que proporciona uma leitura altamente estimulante e recomendável.
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