sábado, 1 de março de 2008

O testamento de Warhol


Para quem viveu a década de 80, lembra-se bem desta música pop: "Misfit" de um grupo de fama efémera chamado Curiosity Killed The Cat. Estávamos em 1986. Mas não é pela música ou pelo videoclip estereotipado que me interessa lembrar este epifenómeno. É pelo facto de que neste videoclip aparece o guro da cultura pop, Andy Warhol, que apadrinhou os Curiosity Killed The Cat (como fizera 20 anos com os The Velvet Underground). "Misfit" mostra um Warhol a tentar reabilitar toda a mística estética que caracterizou o movimento pop, que o próprio desenvolveu nos anos 60 e 70. Uma mística assente na valorização da cultura popular e seus referenciais, como as artes plásticas, o star system, a publicidade, o cinema e a música. Mas é um Andy Warhol cansado, horrorizado com a decrepitude da idade e sem ideias criativas que vemos aqui. O líder da "Factory" e autor de algumas da mais icónicas imagens da segunda metade do século XX, morreu apenas um ano depois da realização do videoclip. Foi, no fundo, um sofrível testamento artístico que Warhol deixou para a posteridade.

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