Como se filma um cemitério para honrar a memória de um artista? Que planos? Que montagem? Que música? As opções não devem ser fáceis de executar, de forma a não resvalar para o sentimentalismo fácil ou para uma estética demasiado formatada.
O realizador Marc Benería tentou e conseguiu levar a bom porto esta empreitada: esteve no dia 29 de Dezembro de 2008 no cemitério St. Genieve des Bois (Paris) a filmar uma curta-metragem em memória de Andrei Tarkovski. O realizador russo morreu nesse preciso dia, em 1986, e o simbolismo do momento terá pesado na hora de filmar.
Marc Benería teve a sensibilidade suficiente para fazer um pequeno e singelo filme em honra do grande artista russo. Nos 15 minutos da curta-metragem, intitulada "Elegia - Em Memória de Andrei Tarkovski", Pressente-se o olhar cuidado na selecção dos planos, no ritmo da montagem, na forma como as imagens vão compondo uma espécie de espaço plástico cujas imagens (a cores e a preto e branco) se tornam o cerne da estética. As folhas caídas, uma pedra tumular, gotas de água, ramos de árvores, os pormenores de um espaço aparentemente trágico e frio (como o cemitério), que nos recorda que somos todos mortais. Dá a sensação que o realizador andava à procura do espírito de Tarkovski nas pequenas coisas materiais e mundanas, à procura de sentido, de ordem no Caos. Não há morbidez nestas imagens, no sentido em que não se exibe a morte e o seu lugar.
Por vezes há uma voz off que recita umas palavras, por vezes há sons de uma flauta. Na segunda parte, surge uma mulher desconhecida que coloca velas na campa de Tarkovski, numa sequência que traz à memória do espectador a cena das velas do filme "Nostalgia" (1983).
Simplicidade, despojamento, imagens em poesia, num curto filme dividido em duas partes.
Aqui.
Nota - Para os interessados, há um Guia minucioso para visitar o túmulo de Andrei Tarkovski.
O realizador Marc Benería tentou e conseguiu levar a bom porto esta empreitada: esteve no dia 29 de Dezembro de 2008 no cemitério St. Genieve des Bois (Paris) a filmar uma curta-metragem em memória de Andrei Tarkovski. O realizador russo morreu nesse preciso dia, em 1986, e o simbolismo do momento terá pesado na hora de filmar.
Marc Benería teve a sensibilidade suficiente para fazer um pequeno e singelo filme em honra do grande artista russo. Nos 15 minutos da curta-metragem, intitulada "Elegia - Em Memória de Andrei Tarkovski", Pressente-se o olhar cuidado na selecção dos planos, no ritmo da montagem, na forma como as imagens vão compondo uma espécie de espaço plástico cujas imagens (a cores e a preto e branco) se tornam o cerne da estética. As folhas caídas, uma pedra tumular, gotas de água, ramos de árvores, os pormenores de um espaço aparentemente trágico e frio (como o cemitério), que nos recorda que somos todos mortais. Dá a sensação que o realizador andava à procura do espírito de Tarkovski nas pequenas coisas materiais e mundanas, à procura de sentido, de ordem no Caos. Não há morbidez nestas imagens, no sentido em que não se exibe a morte e o seu lugar.
Por vezes há uma voz off que recita umas palavras, por vezes há sons de uma flauta. Na segunda parte, surge uma mulher desconhecida que coloca velas na campa de Tarkovski, numa sequência que traz à memória do espectador a cena das velas do filme "Nostalgia" (1983).
Simplicidade, despojamento, imagens em poesia, num curto filme dividido em duas partes.
Aqui.
Nota - Para os interessados, há um Guia minucioso para visitar o túmulo de Andrei Tarkovski.
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