domingo, 3 de janeiro de 2010

Um olhar sobre o mercado do livro


O jornal Expresso publicou o habitual balanço do ano nas várias áreas culturais: música, dança, cinema, literatura, artes plásticas, etc. Em cada área temática os jornalistas especializados discriminaram as suas escolhas, acompanhadas de uma breve sinopse. Na categoria dos livros, achei particularmente interessante a análise do crítico Vítor Quelhas, que resume, quanto a mim na perfeição, o actual estado do mercado do livro, afirmando o seguinte:

"A avalancha de novas edições, invadindo o mercado nacional, continua a um ritmo alucinante. Todavia, este é pequeno e a crise está aí para durar, sendo tolos aqueles que acreditam que a recuperação pode ser tirada da cartola. Calcula-se que a nível global, a cada 30 segundos, um novo livro é colocado à venda. Mas, se fizermos as contas, 20 por cento da população adulta mundial não sabe ler nem escrever e mais de 60 por cento não tem dinheiro para comprar um livro nem vida para o ler. Por cá, 18 por cento dos portugueses vivem abaixo do limar da pobreza e ainda existe um milhão de analfabetos. Os bons títulos escasseiam, os maus abundam, e a máquina continua a bombar. Tudo no nosso mercado do livro está cada vez mais parecido a uma Dona Branca, ou pior, a um Madoff. O tempo o dirá..."

2 comentários:

tapy disse...

Para mim o unico problema é o preço dos livros. No caso da quantidade, é bem melhor haver a mais do que a menos. "Os bons títulos escasseiam, os maus abundam", é o discurso clássico dos criticos. Para eles um bom livro tem de ser um livro inteligente que acima de tudo os faça sentir os intelectuais que penssam que são. Para o resto da população, (onde eu me incluo), um bom livro, é um livro que me faça passar um bom bocado. Não há maus livros, há livros de que não se gosta e livros de que se gosta.

Rolando Almeida disse...

Discordo parcialmente do comentário. 1º porque o livro não é mais privilegiado que uma lata de coca cola e acontece que se produz mais latas de cola do que livros, sendo que a produção é absorvida por 20% da população mundial, já que a outra não tem dinheiro para coca cola.
2º Os livros são um produto comercial como outro qualquer.Neste sentido concordo com o comentário anterior: qual o problema de existirem maus livros? Não existem maus jornais? Má música? Má cultura?
Uma coisa é o livro, outra o mercado do livro. Sem mercado da música que alternativa temos para ter música? Até parece que o livro é de tal modo sagrado que só se devia publicar alta cultura.
Hoje em dia há mais gente com dinheiro, há mais gente que pode comprar livros. Mais gente rica não significa que toda essa gente se interesse por Mozart e Dostoesvsky. As pessoas querem boa vida e boa vida para a maioria das pessoas consiste em comprar carros, tvs leds e ipods, bem como livros que falem dessas frivolidades. Tirar a oportunidade da boa vida a estas pessoas é melhor que aumentar o número de pessoas que tenham acesso a estas frivolidades?
Eu gostava de saber se o jornalista em causa abdica do seu telemóvel Nokia, do seu Ipod, carro, ligação à net, etc... é que é o mercado que sustenta pessoas que podem ganhar a vida a escrever sobre livros e discos. Se o jornalista conhecer um sistema alternativo, tudo bem. Infelizmente talvez, eu não conheço.