Não percebo como este filme não estreou nas salas nacionais. Falo de "Brothers" (2009) de Jim Sheridan. Sem ser uma película estraordinariamente superlativa, "Brothers" chega a ser brilhante pela forma como encena as feridas provocadas pela guerra do Iraque. Um drama familiar que envolve dois irmãos desavindos: um irmão que é o orgulho do pai, que parte para o cenário de guerra e sai de lá com traumas que o irão transformar, o outro, que é a vergonha do mesmo pai, que saiu da prisão para recompor a vida.
O irmão regressa do Iraque totalmente transfigurado, devido aos terríveis acontecimentos que presenciou. O bom marido e pai que outrora fora transformou-se num homem alienado, emocionalmente gélido e agressivo (por vezes lembra o olhar alucinado de Robert De Niro em "Taxi Driver"). Este marine norte-americano é interpretado, de forma intensa, por Tobey Maguire (sim, o que encarna o "Spiderman") e o irmão, que tenta a reconciliação mas apenas acarreta problemas à célula familiar, é interpretado por Jake Guillenhaal. No elenco contam-se ainda as prestações seguras de Natalie Portman e Sam Shepard.
O realizador irlandês Jim Sheridan, autor dos célebres e premiados "O Meu Pé Esquerdo", "Em Nome do Pai" e "In America", realizou um filme com grande solidez dramática, interpretações bem conseguidas e um clima de densa turbulência emocional. O realizador procurou explorar como a experiência da guerra empurra um homem bom para uma espiral de loucura com consequências imprevistas, dilacerando os seus próprios laços familiares, outrora sólidos e inquebráveis.
Nos últimos dois anos surgiram alguns bons filmes (sob diferentes perspectivas e abordagens) sobre os efeitos da guerra do Iraque na sociedade americana: "Estado de Guerra", "O Mensageiro" e este "Brothers".
1 comentário:
Este e o Mensageiro são dois filmes dos quais tenho muita curiosidade em ver. Quanto ao Hurt Locker, já vi e odiei.
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