sábado, 17 de abril de 2010

Tanto para fazer antes de morrer



As edições livreiras têm inundado o mercado com livros (melhor: manuais quase bíblicos) sobre o que devemos ouvir, ler, ver, comer, beber e conhecer antes de morrer. E os editores não fazem a coisa por menos - são sempre 1001 títulos para conhecer, nunca 100 essenciais ou 500. 1001 e pronto. Em comum, estes livros têm duas obsessões: indicar mais de mil títulos para conhecer e abordar, subliminarmente, a morte. Ou seja, são sugestões para ler, ver, ouvir, tudo antes de morrer (falta citar os livros "1001 Viagens Antes de Morrer", "1001 Vinhos para Beber Antes de Morrer", entre outros títulos).
O que estes livros propõem é um conjunto de experiências culturais e de vida que extravasam o tempo útil médio de existência de qualquer mortal. Há qualquer coisa de exacerbado no princípio destes livros, e o excesso de sugestões pode revelar-se contraproducente e frustrante numa sociedade de informação massificada.
Na realidade, quantas vidas precisaríamos para conhecer todos os livros, os filmes, os discos, as comidas, as bebidas e os lugares propostos nesta espécie de enciclopédias temáticas?

6 comentários:

Ana Gabriela A. S. Fernandes disse...

É verdade!
Gostei tanto deste post que vou replicá-lo n'as_coisas_essenciais do Sapo. Posso?
Ana

Unknown disse...

Desde que seja citada a fonte, não há problema.

Flávio Gonçalves disse...

É frustrante, claro. É bom saber as sugestões e ir vendo uma ou outra. Uma coisa que reparei, contudo, é que esse, por exemplo, dos filmes, é muito americanizado, se é que me percebes. Muito fechado nos clássicos de Hollywood, por exemplo. Também é bom descobrir coisas de fora embora seja inegável o papel dessas autênticas bíblias!

Vasco disse...

É um facto. E se tivermos em conta os panoramas desportivos e outros desejos per capita talvez devessemos ser uns gatos(7vidas). Como somos influenciados pelo X ou pelo/(a) Y e como a vida são escolhas (neste exacto momento uns estão a ver o Braga a ganhar :( e outros estão no "ohomemquesabiademasiado") acho que devia fazer o seu peculiar «top-preferences» por realizador, ou escritor ou cantor :p.

Rui Francisco Pereira disse...

Acho que não devias ver os livros sob esse prisma.
Afinal de contas, são não só uteis como interessantes e, por vezes, fundamentais para a descoberta de uma certa obra.

Obviamente que é um pouco frustrante, mas não se pode levar o título à letra ;)

Rui Francisco Pereira disse...

E já publiquei as tuas escolhas

http://cinemajb.blogspot.com/2010/04/guilty-pleasures-os-jardins-proibidos_18.html

;)