quinta-feira, 28 de maio de 2009

As ironias do cinema português


Ainda não vi o filme "Arena" com o qual João Salaviza ganhou a primeira Palma de Ouro para o cinema português. Mas uma coisa deve ser certa: tem de ser realmente uma primeira obra fulgurante para ter arrebatado o júri (presidido pelo realizador John Boorman, que se fartou de elogiar o trabalho do português).
Agora que Salaviza regressou à terra depois do choque em Cannes, o jovem realizador desdobra-se em entrevistas e esclarecimentos, desta vez, com a cabeça menos a quente: "Ter ganho a Palma de Ouro foi um feliz infortúnio, mas não sinto nem quero ter esse peso de ser estandarte do cinema nacional", afirmou o realizador à Lusa. Admiro a humildade e modéstia do rapaz, quando considera uma ironia o facto de realizadores tão importantes como João César Monteiro, Manoel de Oliveira, Pedro Costa, João Pedro Rodrigues, que já estiveram tantas vezes em Cannes, nunca terem recebido a distinção, e ele chega sem essa pretensão e ganha à primeira. É bem verdade. Ironia das ironias.
Da mesma forma que todos esses grandes realizadores portugueses, com enorme currículo artístico mas que nunca venceram em Cannes, também pode acontecer que João Salaviza, por ter ganho logo à primeira, nunca mais seja premiado - por mais anos que viva ou filmes que realize. Ironias, portanto.

1 comentário:

Ana Campos disse...

Eu vi o filme no Indie ainda antes de ter recebido qualquer prémio e não é obra prima nenhuma. Vai é ao encontro da preocuapção com temas sociais como a inclusão que se tem vindo a sentir no cinema europeu. As interpretações são de salientar, mesmo os miudos vão bastante bem.