terça-feira, 5 de maio de 2009

Kenneth Anger


Quem lê habitualmente este blogue sabe que eu gosto muito de cinema experimental e vanguardista, de várias épocas da história do cinema. No entanto, não consigo identificar-me com uma das referências desse mesmo cinema: o realizador americano Kenneth Anger (que agora está em Portugal a pretexto do Festival IndieLisboa). Entre algumas curtas-metragens, conheço dois filmes deste autor: "Scorpio Rising" (1963) e "Lucifer Rising" (1973). Percebo o alcance da intencionalidade estética dos filmes de Anger, percebo o lugar na cinematografia underground, mas não consigo apreciar. A minha antipatia nada tem a ver com os temas ocultistas abordados (Anger é seguidor de Aleister Crowley e tem tatuado no peito "Lucifer"), ou os seus devaneios homossexuais. Tem mais a ver com a linguagem formal dos seus filmes. Acho-os excessivamente barrocos e insípidos, sustentados por uma linguagem visual que se resume a uma colagem indistinta de imagens, cores e sons. E nem os vejo como provocação. Mas a minha análise pode estar deformada à partida, uma vez que não conheço os seus primeiros trabalhos (considerados mais radicais). Prefiro mil vezes o cinema arrojado e surreal de Alejandro Jodorowsky.
Curioso é constatar que Kenneth Anger saltou dos circuitos mais alternativos e marginais para um patamar quase institucional, objecto de adoração e de culto no seio de intelectuais e artistas instalados. Um caso para reflectir, sem dúvida.
Apesar de não gostar do trabalho do realizador, creio que vale a pena ler a entrevista que Kenneth Anger concedeu ao Ípsilon.
Quem quiser ver o filme "Lucifer Rising" (1973), carregar aqui.

1 comentário:

Rolando Almeida disse...

Não conheço o realizador, mas pelo que falas isso soa a fanatismo religioso. Pode até o fanatismo religioso ser esteticamente interessante, não sei. Mas quando estes tipos associam a sua arte a cultos, não raramente conseguem arrastar multidões acéfalas.