Uma das personagens do cinema mais míticas, quanto a mim, é Hank Quinlan, o polícia corrupto da obra-prima de Orson Welles, "Touch of Evil" ("Sede de Mal", 1958), um marco no cinema negro. Interpretado pelo próprio Orson Welles (numa composição genial mas quase irreconhecível), Quinlan é uma figura sinistra e perigosa, sem código de moral, sem escrúpulos de qualquer ordem. Ele enfrenta Ramon Vargas (Charlton Heston) numa investigação sobre um homicídio, não olhando a meios para conseguir os seus ignóbeis objectivos, sacrificando a verdade dos factos e obliterando o sentido de justiça. O capitão Hank Quinlan é um ser humano grotesco, não só pela sua expressão física desmesurada, mas sobretudo pela manipulação vil que faz no julgamento dos outros. Um homem malévolo, infame, que sobrevive apenas para satisfazer os seus próprios interesses, em detrimento de tudo o resto.
A realização de Orson Welles, expressionista e arrojada (ângulos de câmara, enquadramentos, profundidade de campo) e a extraordinária fotografia, exploram e acentuam a expressão hirta e fria do rosto de Quinlan. "Touch of Evil" é, por isso, mais do que um mero filme policial, um meticuloso estudo da mente humana, numa película esteticamente perfeita e memorável.
5 comentários:
Completamente de acordo.
Acho q se trocares "Hank Quinlan" por "Dick Cheney" o significado fica o mesmo!
Dick Cheney? Eh eh, talvez, talvez...
Esse filme para mim está bem próximo dos 10 melhores filmes de todos os tempos.
O Charlton Heston também está muito bem nesse filme. Pelo menos muitos furos acima do que é normal nele.
Sim, eu também era capaz de o incluir numa lista dos 10 melhores filmes de todos os tempos. O Charlton está muito bem, tal como o elenco feminino: Janet Leigh, Marlene Dietrich, Zsa Zsa Gabor...
Enviar um comentário