quinta-feira, 7 de maio de 2009

i


Lembro-me bem do primeiro número que comprei do jornal O Independente (Maio de 1988). Foi uma autêntica lufada de ar fresco na imprensa portuguesa - enquanto durou a dupla Miguel Esteves Cardoso e Paulo Portas. Dois anos mais tarde, em 1990, nascia outra referência do jornalismo português: O Público, que se impôs como a maior referência nacional da imprensa escrita. Daí que tenha acompanhado com especial atenção o nascimento de mais um jornal diário, numa era tão difícil e conturbada para os media como é a actual. O primeiro número do i, com um avultado investimento de 10,4 milhões de euros, foi hoje para as bancas. O Marco do Bitaites já criticou - e com razão - a infeliz opção de capa.
Claro que é prematuro e incipiente fazer uma análise rigorosa sobre esta nova aposta jornalística, uma vez que só daqui a algumas semanas se poderá extrair um balanço mais concreto e objectivo. É natural que o i evolua e consiga adquirir experiência e maturidade. No entanto, creio já ser possível tirar algumas ilações, em jeito telegráfico.
Positivo:
- Formato/tamanho do jornal (com páginas agrafadas)
- Cor em todas as páginas
- Design e arrumação dos textos
- Artigos exclusivos do New York Times
- O regresso à escrita do crítico musical António Pires
- Pedro Rolo Duarte como coordenador do suplemento "Nós"
Negativo:
- Preço (1€ à semana e 1,40€ aos sábados)
- Excesso de páginas (60, contra as 40 do Público)
- Conteúdos mais próximos dos semanários do que de diário
- Ausência de um logotipo marcante
- Secção de cultura, lazer e entretenimento pouca expressiva (por enquanto)
- Ausência de um leque de colunistas/cronistas nacionais de qualidade
- Expectativas goradas quanto à anunciada "inovação" jornalística

3 comentários:

Rolando Almeida disse...

Victor,
Somente uma reflexão: para ter jornalismo de qualidade é preciso pagá-lo. Não podemos viver de reclamar um jornalismo com qualidade e não querer pagar os jornais. Se não os pagarmos o caminho mais certo é que eles acabem a ser mais como as tvs generalistas: muita publicidade, futebol e novelas. Para ler o António Pires é necessário que o A. Pires possa ser pago e viver da sua actividade. Se a fizer por carolice talvez acabe por não ter tempo. E é por esta razão que eu discordo que o preço de 1€ seja um ponto negativo.
Abraço

Unknown disse...

Pois, eu percebo o que queres dizer. Claro que a qualidade tem de se pagar, não sou a favor da gratuitidade no acesso à cultura. Também sei que o jornal tem como público alvo as classes sociais A e B (alta e média-alta). Mas mesmo estas, em tempo de crise, estarão dispostas a gastar 1€ todos os dias por um jornal diário? E as outras classes que queiram comprar o jornal, ficam irremediavelmente de fora? Mas a questão principal do jornal nem passa pelo preço, passa sobretudo, pela qualidade intrínseca jornalística do produto. E isso só com o tempo iremos comprovar.

pedro polonio disse...

atenção que à sexta o i custa 1,40€...