sábado, 23 de maio de 2009

La Monte Young: a música como ser eterno


O que têm em comum estes nomes da música - Tony Conrad, Jon Hassel, Philip Glass, Steve Reich, Spacemen 3, Brian Eno, Terry Riley, Lou Reed, John Cale? Todos eles (entre outros que não foram citados) foram influenciados por um músico americano chamado La Monte Young, um compositor e teórico que exerceu uma profunda revolução estética na música contemporânea (ainda que não seja tão conhecido quanto outros revolucionário, John Cage). Com ar de eremita e claramente misantropo, (velho barbudo - é fisicamente parecido com o compositor estoniano Arvo Pärt), La Monte Young influenciou toda uma geração de músicos (do rock à electrónica, da erudita contemporânea ao jazz).
La Monte Young, considerado o percursor maior da música minimalista (e mais tarde minimal repetitiva) nasceu no estado americano do Idaho, em 1935. A sua música pode ser classificada como a mais complexa e radical do movimento minimalista, mas também é considerada como a mais interessante e original.
Entre 1956 e 1960, estudou em Los Angeles e Berkeley composição, teoria musical e contraponto. Durante esse período, colaborou com músicos de jazz como do quilate de Eric Dolphy e Don Cherry. Em 1959 dá-se uma viragem decisiva na criação musical de Young, quando ganha uma bolsa de estudos e se transfere para a escola de música de Darmstadt, em Los Angeles, onde o alemão Stockhausen ministrava os seus cursos de verão (que influenciaram toda uma geração de músicos). A experiência acarreta uma reviravolta em sua carreira, servindo este choque para acentuar ainda mais o radicalismo de suas composições. E esse radicalismo radicava, essencialmente, na exploração da música "contínua", com a utilização de tons de duração extensa, ou seja, o som sustentado ao infinito, improvisado e prolongado ininterruptamente. Mais tarde, La Monte Young junta-se a Cage na exploração da música aleatória e funda o movimento artístico de vanguarda Fluxus.
La Monte Young considera a música como um Ser Eterno, independente da existência do homem, e critica a civilização ocidental por obrigar a música a se degenerar em algo meramente humano – desnaturado e privado de essência. Daí que na década de 70 se tenha estudado a fundo a música indiana, que considerava mais espiritual e profunda. La Monte acredita na música como forma de religião e ele próprio se vê como sacerdote da cerimónia electrónica do seu tempo, recuperando a dimensão de hipnose e transe da música primitiva. O seu conceito de "Dream House", uma peça musical que deveria ser interpretada continuamente em "drones" incessantes, expericenciada como um organismo vivo, influenciou a música psicadélica, a experimental, o ambient, e a electrónica.
Os seus discos são quase impossíveis de conseguir, não dá concertos nem entrevistas, a informação que existe na internet sobre a sua vida e obra é muito escassa, e há até rumores que já morreu mas ainda ninguém sabe. Sem dúvida que La Monte Young é um compositor único, com uma visão única da função que a arte e a música devem ter.

1 comentário:

Anónimo disse...

La Monte Young não fundo o movimento artístico Fluxus, quem o fez foi George Maciunas.