"Apesar de se orgulharem de ter um gosto extremamente afinado, os cinéfilos snobs são também criaturas perversas capazes de elogiar perdidamente alguns trabalhos de chapa mais flagrantes, a que os próprios realizadores não ligam puto ("é isso que os torna tão brilhantes, tão audazes!"). Por vezes, os snobs iludem-se e convencem-se de que aquele estrume cinematográfico, ao qual dedicaram horas sem fim e webzines pagas do seu próprio bolso, tem algum significado cultural digno de uma dissertação doutoral e impossível de ser apreendido pelos fãs de Tom Cruise.
Segue-se um guia do consumidor para uma snobeira fidedigna."
Dez Causas Célebres dos Snobs Que Valem a Pena:
- Robert Aldritch
- John Cassavetes
- Manny Farber
- "Freaks"
- Nouvelle Vague
- Expressionismo Alemão
- Guy Maddin
- Sam Peckinpah
- Spaghuetti Western
- Wire-Fu
Dez Causas Célebres dos Snobs Que São Fraudulentas:
- "O Impérios dos Sentidos"
- Maya Deren
- Dogma 95
- Robert Downey Jr.
- Peter Greenaway
- "L'Atalante"
- Tom Laughlin
- Filmes de luta livre mexicana
- "O Insustentável Peso do Trabalho"
- Filmes de mulheres-na-prisão
3 comentários:
Vais-me desculpar, mas esse livro é uma autêntica palhaçada. Por quase impor uma condição ao que é estritamente pessoal e, segundo, por reflectir o óbvio. Nem paradoxal é, o que demonstra o quão basilar é a opinião/análise dos autores.
Mas é normal que aconteça isto hoje em dia... ser normal é uma doença. Mais: parece um... anti-livro? Vá, é um livro só negativo. Se uma pessoa necessita de experienciar um outro estágio de maturação intelectual, certamente não vê Tom Cruise e Indiana Jones. Colocar na prancha nomes como o Maddin, Cassavetes ou o Expressionismo alemão é o cúmulo.
Quanto àquele post de Cannes, não conheces o trabalho dos irmãos Dardenne (vencedores 2 palmas) Victor? "Rosetta", "L'Enfant"... nada?
LN: disse no primeiro post que escrevi sobre o livro que era um misto de paródia com erudição. E eu não interpreto paródia como palhaçada. Seria palhaçada se os autores se levassem a sério, quando não é nada disso que acontece. Já agora, conheces o livro na íntegra? É que eu só tenho postado as partes que eu julgo mais engraçadas, precisamente pelo paradoxo que encerram. Mas o livro é bastante rico nas entradas alfabéticas, onde a avaliação é bem mais produnda e séria. Estou curioso para ler o que amanhã o Público/Ípsilon vai escrever sobre o livro.
Quanto aos irmãos Dardenne, conheço, claro (gosto do "Rosetta", menos do "L'Enfant"). Não os incluí na lista por dois motivos: porque me limitei a escolher 10 títulos entre 20, e alguns teriam de ficar de fora; segundo, por mais que te faça impressão, os Dardenne não são o meu "cup of tea" predilecto no cinema.
Não. Não conheço o livro, nem me sinto minimamente atraído para conhecer. São curiosidades só. Paródia fácil. Quanto à erudição e mesmo tendo tu dito que é rico nas entranhas, acho que fico-me por estes excertos.
Hmm, não estranho... são gostos, mas confesso que me faz um bocado de impressão. :) Marca Dardenne é... Dardenne. Eu adoro, e o L'Enfant está sem qualquer dúvida entre os 10 melhores filmes desta década - para mim. Também fiquei impressionado por apreciares mais o Rosetta do que o L'Enfant. O L'Enfant é o derradeiro filme de marca Dardenne. No desenvolvimento do carácter, da psique das personagens e o malabarismo emocional que lhes é tão característico, o mais refinado, na minha opinião. Não deixa de ser enorme o Rosetta, também, mesmo que goste mais ainda do Les Fils.
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