Ainda há dias perguntava a um amigo, especialista em Banda Desenhada, se Harvey Pekar ainda fazia BD ou, sequer, se ainda era vivo (visto que sofria de cancro). Pelos vistos, não só está vivo como bem activo. Pekar é conhecido, há pelo menos três décadas, como um autor de BD alternativa e de culto (ou artista gráfico), e o jornal espanhol El País até o chama, de forma ousada, como o "Marcel Proust da banda desenhada norte-americana". A particularidade de Harvey Pekar é que ele não desenha, apenas escreve as desconcertantes histórias (quase sempre autobiográficas) sobre os seus problemas de vida, as suas depressões, as suas frustrações quotidianas, sempre ao som da sua música preferida, o jazz. Essas histórias trágico-cómicas, tão perto das vivências da conturbada sociedade moderna, são transpostas para banda desenhada por Robert Crumb, outra lenda viva da BD underground.
Há magnífico filme sobre este personagem tão peculiar - "American Splendour" (2003), de Shari Springer Berman e Robert Pulcini, com um soberbo Paul Giamatti como Harvey Pekar.
A novidade é que Harvey Pekar lançou, há apenas alguns dias, um projecto inovador na internet, chamado "The Pekar Project". Trata-se de um sítio onde Pekar e um grupo de colaboradores (artistas gráficos e não só) revelam o universo criativo deste autor tão original, misturando tiras de BD, biografia, textos sobre os mais diversos assuntos, livros e listas de preferências pessoais de Pekar, como a lista dos "10 músicos de jazz mais inovadores". Um sítio repleto de boas surpresas.
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