terça-feira, 8 de setembro de 2009

A vida de Lorca, Dalí e Buñuel daria para muito mais


Estranhamente, (ou talvez não), "Little Ashes" (2008) de Paul Morrison foi uma película que não chegou a estrear em Portugal (nem sequer no mercado DVD). É estranho, tanto mais que tinha como um dos actores principais, Robert Pattinson (como Dalí), a estrela do teen-movie "Twillight". Vi-o graças aos inestimáveis préstimos do My One Thousand Movies.
Confesso que tinha algumas expectativas em relação a este filme. Expectativas que foram defraudadas. O potencial dramático era enorme: a relação entre três artistas geniais na Espanha dos anos 20 e 30 - o poeta Federico García Lorca, o pintor Salvador Dalí e o realizador Luís Buñuel.
Conheço bem a autobiografia de Buñuel ("O Meu Último Suspiro") e acabei de ler há dias uma outra biografia do cineasta de "O Charme Discreto da Burguesia". E o filme que vi não retrata, nem por sombras, a complexidade da relação entre estes artistas que os livros citados revelam. Buñuel, interpretado pelo actor inglês Matthew McNulty, parece resumir-se a um jovem ingénuo com fúteis pretensões revolucionárias; não há sequer qualquer referência ao seu interesse pelo cinema e pela colaboração com Salvador Dalí para a realização do filme "Un Chien Andalou". Salvador Dalí, interpretado por Pattinson, e Lorca, encarnado pelo actor espanhol Javier Beltrán, conseguem revelar um pouco mais de espessura dramática. Aliás, todo o filme é centrado na suposta (nunca demonstrada, na verdade) relação homossexual entre o pintor e o poeta (que viria a ser fuzilado por Franco). Os episódios narrativos que "Little Ashes" explora são meramente secundários, e a extraordinária personalidade de Buñuel e a sua relação com Lorca e Dalí, simplesmente foi metida na gaveta. Terá sido opção intencional do realizador. Opção errada e redutora, quanto a mim.

2 comentários:

Álvaro Martins disse...

Ainda não vi, mas sendo assim como dizes deixa muito a desejar.

Unknown disse...

Fiquei decepcionada, nem de longe é o q esperavam. Por se tratar de tres grandes personalidades acho q mereciam uma cinebiografia individual. Lorca (q sempre admirei), poderia mostrar um pouco mas da sua obra, em vez disso centraram a historia na relação com Dali, q é mais especulação do q propriamente verdade. Acho q os atores até se esforçaram (pattison ainda é tão cru e ficou com Dali, o mais complexo), mas a direção errou a mão ao conduzir a historia.