No clássico "Psycho" (1960) de Alfred Hitchcock, Marion Crane (Janet Leigh) desdobra-se, inconscientemente, em duas mulheres diferentes. Na primeira parte do filme, Marion Crane é uma mulher púdica, virginal, que revela amor pelo seu marido e denota um grande rigor moral. Durante este período de tempo, Marion usa roupa interior branca.
Num segundo e fulcral momento, Marion Crane mancha a sua inocência ao roubar 40 mil dólares do patrão e fugir da polícia para o motel de Norman Bates. Quando entra no quarto do motel, muda a lingerie e veste uma de cor preta. De forma subconsciente, a mulher anteriormente impoluta, assume a culpa e enegrece o seu estado de alma.
Hitchcock conhecia bem os meandros da mente humana, e este sinal representado pela mudança de cor da roupa interior da actriz principal, resulta num fascinante "case study" psicanalítico. Por isso é que há mestre e depois há os outros.
3 comentários:
"Na primeira parte do filme, Marion Crane é uma mulher púdica, virginal, que revela amor pelo seu marido e denota um grande rigor moral. "
Ó Vitor, se me lembro bem, logo, logo, no início do filme, depois de um belíssimo plano "aéreo" sobre Phoenix, a câmara entra desavergonhadamente pela janela do quarto do hotel onde a Marion está na cama, com o namorado, crivado de dívidas e sem dinheiro para pagar a pensão à ex-mulher... mesmo sem entrar em moralismos parvos, "púdica" e "virginal" é que ela não era (e ainda bem).
Sim, talvez seja isso. Não me lembrava desse pormenor que Marion precisava do dinheiro para pagar a pensão à ex-mulher do namorado. Mas a questão é esta: será que Marion já tinha intenção de roubar nesses primeiros momentos em que está com o namorado no início do filme? Não me parece, senão o Hich não teria dado importância à diferença de cores da lingerie, antes e depois do roubo...
bem visto. tanto já o vi, e nunca tinha reparado. obg
Enviar um comentário