sábado, 13 de junho de 2009

O maravilhoso e horrível mundo do cinema extremo


A história da violência nos filmes é um tema já sobejamente estudado por historiadores e investigadores. É um tema que atravessa a história da humanidade e, consequentemente, a história do cinema e das imagens. A última década e meia tem sido pródiga na abordagem da violência (visual, psicológica, física, emocional), sobretudo com produções independentes e de baixo orçamento que quase não têm visibilidade no circuito comercial (reservam-se para festivais de cinema de terror, por exemplo).
Para quem julga que filmes sanguinolentos como as séries “Saw”, “Hostel”, “Holocausto Canibal”, “Salo”, “Henry – Retrato de Um Assassino” ou alguns títulos brutais de Takashi Miike são filmes perturbantes, de terror psicológico insustentável e de grande violência gráfica, talvez valha a pena referir que outros filmes há que fazem clara sombra a estes (e a muitos outros) títulos. Diria mais: filmes como a série “Saw” (e quejandos) são quase filmes familiares para passar domingo à tarde na televisão, se comparados com obras com títulos tão sugestivos como “Cutting Moments”, “Flower of Flesh and Blood”, ou “Slaughtered Vomit Dolls”.
Obras que se inserem numa categoria que se poderia designar como “cinema extremo”, à falta de melhor categoria. Filmes que não são de qualidade notável (depende da perspectiva), porque misturam o terror do imaginário “trash” e "slasher", numa violência visceral que resulta num festim visual grotesco, concebido (quase) unicamente para chocar o espectador incauto. Mutilações e desmembramentos, para estes realizadores, já não chega. São recursos banais. É "gore" pelo "gore". Pense-se em todos os crimes mais bizarros e hediondos, em todas as perversões sexuais e violentas mais repugnantes (necrofilia, canibalismo, coprofagia, etc) e estes filmes têm estes e outros ingredientes. Há uma filme que até ousa - coisa que nunca vira antes de forma tão explícita – esventrar à navalhada uma criança de 9 anos numa casa de banho pública!
O site List Universe, que gosta de elaborar as listas mais estranhas e curiosas, já tinha divulgado uma lsita com 15 filmes perturbantes. Mas agora foi mais longe e divulgou os 10 filmes extremos mais perturbadores. Apresenta uma sinopse de cada um desses filmes, acompanhada com um trailer do YouTube (que não mostra quase nada). Mas para quem tiver estômago e frieza de espírito suficientemente fortes, poderá aventurar-se na descoberta destes 10 filmes, perdão, objectos feitos para chocar. E agora o cliché: não se aventure caso for demasiado susceptível.
Abrir a lista dos 10 Extremely Disturbing Movies
Na imagem: "À l’Intérieur" (2007) de Alexandre Bustillo

6 comentários:

My One Thousand Movies disse...

Eu gosto deste tipo de filmes. Da primeira lista de 15 tenho-os quase todos, da segunda de 10 so tenho 2 (foste tu que me aconselhaste o Sweet Movie). Mas tenho por exemplo o "À l’Intérieur" e ainda não tive coragem de mete-lo no meu blog. Não tive coragem de meter esse nem o "Taxidermia", que não está nessa lista.

LN disse...

Lixo autêntico [de pseudo-artistas], do ponto de vista artístico (que o valor é um redondo 0), por se inserirem todos na categoria de wannabe-posthuman.

Excepção a cenas, mas sempre ligadas ao documental; quando o "sickness" envereda pela estrutura narrativa... é mauzinho, «imediático», ilusionista, sem qualquer imaginário que perturbe para além da cena. Que são só despropositados pedaços de cinema-lixo. Agora até terror filosófico há, Martyrs.

Quanto ao comentário do caro My One Thousand Movies, o "A L'Interieur" é um dos filmes de terror mais imbecis, "pointless" que já vi. Aquela meia-luz constante é cenário perfeito para criar ilusionismos baratos, clichés, que chocam... um puto de 10 anos, talvez. Quanto ao Taxidermia, é de outra categoria, ainda que longe do muito bom. Nem percebo qual é o choque - visualmente é tresanda a kitschy. Não é um filme de terror, só tem o sadismo aliado a um sentido cómico impecável.

My One Thousand Movies disse...

São gostos LN. Não se pode gostar de tudo o que é bom, nem odiar tudo o que é mau.
Se tivessemos todos os mesmos gostos, não podiamos discutir um assunto :)
Para mim aquela primeira lista de 15 está brutal (estão lá dois dos meus filmes preferidos de sempre). A segunda é demasiada extremista, mas pronto,vê quem gosta.

LN disse...

Sim, aquela lista de 15 têm muito bons filmes. 2 são dos meus mais-que-favoritos: Gummo e Man Bites Dog. O Cannibal Holocaust também o acho interessante, e verdadeiramente perturbante, nada comparado com estes últimos 10, de cinema-lixo.

Mas o meu comentário, que não era depreciativo ou pretendente a abrir uma discussão quanto a gostos cinematográficos, era em relação ao destaque que deste ao L'Interieur e o Taxidermia. Para mim, o L'Interieur é mediocre e o Taxidermia não é um filme de horror/terror. Nem típico, nem de vanguarda. Comédia negra, "só".
;)

Filipe Machado disse...

Sou um completo ignorante no respeitante à lista dos 10 mais... Mas, tal como dizes, vou aventurar-me :)

F disse...

à primeira, a imagem que ilustra este post lembrou-me o Blood Simple, que tem uma imagem semelhante (se bem me lembro).