É assim a secção de livros de arte (sobretudo cinema e música) na Fnac de Barcelona. E a objectiva da câmara não conseguiu captar a prateleira que falta (clicar na imagem para aumentar).
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segunda-feira, 24 de agosto de 2015
terça-feira, 26 de agosto de 2014
Fnac: as boas promoções
Talvez fruto da crise, a Fnac tem revelado sentido de oportunidade com uma política de promoções particularmente interessante (como já dei nota aqui várias vezes). É claro que muitos dos produtos que vende continuam caros, mas é preciso estar sempre atento às boas promoções, sobretudo da secção de DVDs (agora que o mercado anda em queda...).
É o caso destes dois produtos da imagem: fiquei espantado com estes dois títulos a preços altamente convidativos e, por isso, não hesitei em adquiri-los: um pack da série de televisão de culto "The Twilight Zone" (série 2) - são 6 discos e 19 episódios.
E o pack "Fados" do realizador espanhol Carlos Saura, com dois DVDs (o filme e outro com montes de extras) e dois magníficos livros com mais de 100 páginas cada um. Por apenas 5€!
Assim vale a pena fazer compras na Fnac.
É o caso destes dois produtos da imagem: fiquei espantado com estes dois títulos a preços altamente convidativos e, por isso, não hesitei em adquiri-los: um pack da série de televisão de culto "The Twilight Zone" (série 2) - são 6 discos e 19 episódios.
E o pack "Fados" do realizador espanhol Carlos Saura, com dois DVDs (o filme e outro com montes de extras) e dois magníficos livros com mais de 100 páginas cada um. Por apenas 5€!
Assim vale a pena fazer compras na Fnac.
sábado, 23 de agosto de 2014
Como ser Não-Humano
É o melhor livro que li nestas férias e, por ser pequeno (130 páginas), lê-se de um fòlego. Uma das mais importantes obras literárias japonesas "malditas" do pós-guerra de um atormentado escritor - Ozamu Dazai (na imagem) - que cometeu suicídio aos 39 anos.
Obra literária profundamente existencialista sobre a condição humana, pungente na narrativa e "directa ao osso".
Eis a sinopse:
"Não-Humano apresenta-nos a imagem de um homem que carrega as suas misérias, fraquezas e amores, como um sino de um leproso pelo mundo, a imagem da nossa simples humanidade. uma das obras mais influentes e mais populares da literatura japonesa do pós-Guerra. Último romance de Osamu Dazai, o livro faz eco dos sentimentos da jovem geração que vive a dolorosa passagem para uma nova sociedade individualizada e tecnológica.
Descrevendo-se como um falhado e alguém que vive à margem da sociedade, Yozo, o protagonista de Não-humano, enfrenta desde a sua infância uma existência de extrema solidão, causada pela sua total incapacidade em compreender os seres humanos, que teme e dos quais se esconde atrás de uma máscara cómica. Esta sua insuperável inadequação a uma vida normal, pautada por tormentosas relações com as mulheres e crescente desespero, levá-lo-á a uma progressiva alienação da sociedade com consequências trágicas."
Descrevendo-se como um falhado e alguém que vive à margem da sociedade, Yozo, o protagonista de Não-humano, enfrenta desde a sua infância uma existência de extrema solidão, causada pela sua total incapacidade em compreender os seres humanos, que teme e dos quais se esconde atrás de uma máscara cómica. Esta sua insuperável inadequação a uma vida normal, pautada por tormentosas relações com as mulheres e crescente desespero, levá-lo-á a uma progressiva alienação da sociedade com consequências trágicas."
Edição Cavalo de Ferro, 2014. À venda na Fnac ou Bertrand.
domingo, 15 de junho de 2014
Béla Tarr e os primeiros filmes
Segundo pack de DVD com 7 filmes inéditos de Béla Tarr, edição que fecha a retrospectiva integral da obra cinematográfica única do realizador húngaro. Uma edição que certamente irá marcar o ano e que vai estar disponível a partir desta semana na Fnac a um preço imbatível: 20€.
Mais informação sobre a edição e os filmes, aqui.
segunda-feira, 28 de abril de 2014
Cinema italiano a 5€
Sim, é a crise e tal. Sim, a cultura é sempre a primeira a ser sacrificada. Sim, nem sempre o consumidor de cultura tem dinheiro para comprar tudo o que quer. Mas precisamente por causa disso o mercado vai adaptando o preço dos seus produtos. É o caso dos DVDs, mercado que também tem sofrido - e muito - com a crise.
Por exemplo, a Fnac está a promover um ciclo de cinema italiano com filmes pela módica quantia de 5€ cada. E há grandes clássicos que se podem adquirir por este preço muito simpático - como se pode constatar nesta imagem que eu próprio captei: "A Aventura", "A Doce Vida", "A Estrada" e "Oito e Meio".
Ou seja, Antonioni e Fellini a meros 5€. Oportunidade imperdível para quem ainda não possui estas obras clássicas do cinema italiano em DVD.
quarta-feira, 16 de abril de 2014
Peter Hook e o livro sobre os Joy Division
Numa visita à Fnac deparei-me com este livro que Peter Hook escreveu sobre a sua banda, os míticos Joy Division. Trata-se de uma abordagem na primeira pessoa de alguém que conviveu de perto com a revolução musical que a banda de Manchester significou, revelando pormenores divertidos, surpreendentes e outros mais sórdidos, sobre a curta carreira artística dos Joy Division.
São mais de 400 páginas escritas pelo ex-baixista da banda de Ian Curtis, numa edição negra belíssima em capa dura. O problema é o preço: tratando-se de um livro de importação, custa 31€.
No entanto, recorrendo a livrarias internacionais online, consegue-se comprar esta mesma edição a metade do preço (!) e com portes grátis (!!), como nesta Book Depository.
terça-feira, 23 de julho de 2013
Fnac: promoção imbatível
A cadeia de lojas Fnac é frequentemente criticada por promover uma política de preços elevada. Pois bem, para contrariar esta opinião e para comemorar os seus 15 anos de vida em Portugal, a Fnac resolveu dinamizar uma promoção imbatível (exclusiva no site) ao nível dos mais variados produtos: livros, DVD, tecnologia, CDs e instrumentos musicais. Há produtos que começam nos 5€ e que chegam aos 80% de desconto.
Só para dar alguns exemplos: que tal comprar a caixa de filmes de Max Ophuls ou de Douglas Sirk por apenas 15.90€ (quando o preço original é de 40€)? Ou os clássicos da literatura contemporânea como Philip Roth, John Updike, Roberto Bolaño ou Martin Amis por apenas 8€ ou 9€? E há muito mais... Não se atrase porque esta promoção só decorre até esta quarta-feira e pesquise pelos seus produtos culturais favoritos aqui.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
A música de Woody Allen num CD
Qualquer cinéfilo sabe quão importante é a música num filme de Woody Allen. E qualquer um sabe que o jazz e a música clássica são os géneros preferidos do cineasta de Nova Iorque.
Na secção de bandas sonoras da Fnac encontrei este CD com as melhores músicas dos filmes de Woody Allen por um preço muito simpático: "Woody Allen: Best Music of His Movies".
sábado, 26 de janeiro de 2013
Buñuel com livro
Uma boa oportunidade na Fnac: um pack de DVD com 4 filmes do Luis Buñuel + um livro "501 Must-See Movies" (500 páginas sobre 500 filmes a ver). O preço é convidativo: 19,99€.
domingo, 13 de janeiro de 2013
Dois clássicos
Por vezes há boas surpresas numa grande superfície comercial como esta: na loja Worten (a publicidade é gratuita) deparei-me com dois grandes filmes clássicos em DVD a preços muito convidativos - 3,90€. São eles "Um Roubo no Hipódromo" ("The Killing", 1956) de Stanley Kubrick e "Eva" ("All About Eve", 1950) de Joseph L. Mankiewicz.
Fui comparar com os preços praticados na Fnac: o filme de Kubrick custa 11,90€ e o de Mankiewicz custa 9,99€. Este não é caso único. Noutras grandes superfícies (como o Jumbo), costuma haver muitos bons filmes a preços de saldo, ao contrário da política elevada de preços da Fnac.
É aproveitar, portanto.
É aproveitar, portanto.
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
Uma pérola de Hitchcock
Eis o meu primeiro grande momento cinematográfico de 2013: um filme mudo com quase 90 anos que representou o início de uma retumbante carreira de um então jovem (26 anos) realizador chamado Alfred Hitchcock: "The Lodger - A Story of the London Fog" (1927).
Numa deambulação pela FNAC deparei-me com este DVD de importação (capa em baixo) com banda sonora original do músico Nitin Sawhney.
Eu tinha conhecimento deste trabalho e até já o tinha referenciado no blogue (como os leitores mais atentos se lembrarão). Para além do DVD contendo o filme digitalmente restaurado (pelo British Film Institute), a edição é acompanhada ainda de um pequeno livro (15 páginas) com informação sobre o filme e dois CDs contendo as músicas de Nitin Sawhney.
Vi o filme ontem e fiquei absolutamente deliciado. "The Lodger" é, na cronologia da filmografia de Hitchcock, o seu terceiro filme, mas é historicamente considerado o seu primeiro filme deveras importante. É a obra na qual Hitchcock lança as sementes temáticas da sua carreira (a partir do serial killer londrino "Jack, O Estripador"): crime, suspense, falso culpado, assassínio, mulher fatal e loura, conflito psicológico e moral, mistério, sexo e morte...
E no final do período mudo, Hitch soube trabalhar na perfeição o legado visual e estético de filmes expressionistas de Fritz Lang ou Murnau, recorrendo a uma realização estilizada, uma fotografia feita de sombras insinuantes e um ritmo crescente de tensão. Ivor Novello é o misterioso "inquilino" deste filme, à época o actor (e cantor) mais popular da Inglaterra. E Ivor Novello consegue uma interpretação perturbadora, com um olhar frio e uma atitude dúbia, revela ser uma personagem na linha entre a culpa e a inocência. Uma personagem acusada de um crime monstruoso mas que, afinal, poderá ser apenas um homem solitário à procura do amor...
Sem ser uma obra-prima, "The Lodger" é um crucial e superlativo filme de Hitchcock, com uma sólida estrutura dramática e visual e um ritmo narrativo escorreito (este é também o filme no qual Hitchcock fez o seu primeiro "cameo").
E no final do período mudo, Hitch soube trabalhar na perfeição o legado visual e estético de filmes expressionistas de Fritz Lang ou Murnau, recorrendo a uma realização estilizada, uma fotografia feita de sombras insinuantes e um ritmo crescente de tensão. Ivor Novello é o misterioso "inquilino" deste filme, à época o actor (e cantor) mais popular da Inglaterra. E Ivor Novello consegue uma interpretação perturbadora, com um olhar frio e uma atitude dúbia, revela ser uma personagem na linha entre a culpa e a inocência. Uma personagem acusada de um crime monstruoso mas que, afinal, poderá ser apenas um homem solitário à procura do amor...
Sem ser uma obra-prima, "The Lodger" é um crucial e superlativo filme de Hitchcock, com uma sólida estrutura dramática e visual e um ritmo narrativo escorreito (este é também o filme no qual Hitchcock fez o seu primeiro "cameo").
A música original criada por Nitin Sawhney, músico britânico de ascendência índia com larga experiência musical, inclusive no campo da composição para cinema, está à altura da qualidade do filme: Nitin compôs a banda sonora com uma clara alusão à música de Bernard Herrmann, compositor icónico que trabalhou com Hitchcock em vários filmes. A música de Nitin estabelece uma relação específica com as imagens e o desenrolar da acção, pontuando os momentos dramáticos e os momentos românticos com igual brilhantismo.
Novidade na música para cinema mudo é o facto de Nitin Sawhney ter utilizado dois momentos musicais cantados para acompanhar a paixão entre o casal protagonista. Ao contrário do que eu temia, o resultado é bastante positivo e encaixa na perfeição na estrutura estilística do resto da música. O bom gosto musical impera durante todo o trabalho criativo de Nitin.
A música de Nitin Sawhney foi interpretada e gravada pela prestigiada London Symphony Orchestra, e resultou numa música de teor orquestral, com recurso à percussão e às cordas e misturando a linguagem clássica com o jazz e a pop (num dos extras do DVD, o compositor explica o método de criação da banda sonora original).
Foi uma experiência deveras entusiasmante ver (e ouvir) este "The Lodger", num trabalho notável de Hitchcock que ajudou a definir as regras do thriller futuro e numa abordagem musical digna e competente de Nitin Sawhney.
Altamente recomendável, portanto.
Novidade na música para cinema mudo é o facto de Nitin Sawhney ter utilizado dois momentos musicais cantados para acompanhar a paixão entre o casal protagonista. Ao contrário do que eu temia, o resultado é bastante positivo e encaixa na perfeição na estrutura estilística do resto da música. O bom gosto musical impera durante todo o trabalho criativo de Nitin.
A música de Nitin Sawhney foi interpretada e gravada pela prestigiada London Symphony Orchestra, e resultou numa música de teor orquestral, com recurso à percussão e às cordas e misturando a linguagem clássica com o jazz e a pop (num dos extras do DVD, o compositor explica o método de criação da banda sonora original).
Foi uma experiência deveras entusiasmante ver (e ouvir) este "The Lodger", num trabalho notável de Hitchcock que ajudou a definir as regras do thriller futuro e numa abordagem musical digna e competente de Nitin Sawhney.
Altamente recomendável, portanto.
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Para os amantes da FC
"Qual a data de nascimento do cinema de ficção científica? Que formas foi adquirindo até se impor como género autónomo, com uma linguagem e filosofia próprias?
E que olhares nos propõe sobre o mundo que nos rodeia, que projeções sugere sobre outros mundos, prováveis ou hipotéticos, razões das humanas angústias e deslumbramentos?
Desde os seus inícios como género na América dos anos 1950, todas as facetas deste cinema são aqui descritas e analisadas por ângulos inovadores. Graças a numerosos exemplos, descobrimos como, do medo atómico dos anos da guerra fria à emergência do cyberpunk trinta anos mais tarde, os filmes de ficção científica nos elucidam sobre a evolução tecnológica, estética e social das respetivas épocas.
Num segundo tempo, a obra propõe uma tipologia das figuras visuais e narrativas, desde as imagens do espaço ou do extraterrestre até à crítica social e política, e mostra quanto este género cinematográfico, que é também criação de um mundo, se fundamenta na desorientação do homem face às suas próprias referências."
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Éric Dufour é professor na Universidade de Grenoble. Especialista em Estética, tem escrito várias obras sobre música e cinema.
Nota: o livro está à venda na Fnac por 22€ e na Wook por 19,80€
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Tarr: imperdível colecção
Tal como tinha anunciado anteriormente, já está disponível na Fnac, para encomenda, a magnífica caixa de DVD do realizador Béla Tarr. Mais: o preço previsto de 40€ foi alterado para 29,99€! Sem dúvida, um preço altamente recomendável e justo pela qualidade (e quantidade - 6 discos e 838 minutos de cinema!) desta edição.
A não perder uma das melhores colecções de DVD do ano.
A não perder uma das melhores colecções de DVD do ano.
domingo, 7 de outubro de 2012
"The Killing"
"The Killing" (1956) é a terceira longa-metrgem de Stanley Kubrick. Uma incursão do mestre pelo cinema negro através de uma história intrincada de um assalto a um banco. Neste filme revela-se um Kubrick já a caminho da maturidade artística, com uma sensibilidade cirúrgica na construção de personagens e na encenação da violência.
Em Portugal não existe edição em DVD, mas encontrei na Fnac esta magnífica edição da editora Criterion (como sempre, com excelente capa e interessantes conteúdos extra). O problema é o preço (por ser de importação): 39,90€.
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Dois livros importantes
Na Fnac deparei-me com uma pequena bancada de livros, editados já há alguns anos, com 20% de desconto. Nada de anormal, não fosse o caso da referida bancada disponibilizar dois dos mais importantes e influentes títulos do século XX ao nível das ideias políticas, sociais, filosóficas e culturais: "A Sociedade do Espectáculo" do situacionista Guy Debord e "A Desobediência Civil" do filósofo Henry David Thoreau.
Dois livros que, cada um à sua maneira, preconizaram uma nova visão da sociedade (o do Guy Debord foi o livro de mesa de cabeceira dos agitadores do "Maio de 68") e do homem, refutando leis e valores que instigaram a sociedade à obediência cega e agitando mentalidades instituídas. Ambos os livros defenderam a justiça, os direitos das minorias e a liberdade como valor universal e inalianável. O livro de Thoreau, apesar de ter sido escrito no final do século XIX, mantém uma espantosa actualidade. E o livro de Debord, lançado na erupção revolucionária dos anos 60, continua a desafiar a cultura do espectáculo e a agitar consciências adormecidas.
Dois títulos, baratos, altamente recomendáveis à venda na Fnac.
domingo, 6 de maio de 2012
"48" em DVD
E pode muito bem ser, porque este documentário de Susana de Sousa Dias brilha pela inovação estética, pelas opções de realização, pela austeridade formal e pelo lado comunicacional fortemente eficiente.
Baseado nas fotografias de arquivo que a PIDE tirou dos prisioneiros políticos durante o regime fascista de Salazar, "48" explora os rostos desses prisioneiros antes e depois da experiência prisional (que quase sempre era acompanhada por terríveis suplícios de tortura e opressão).
Ao mesmo tempo que o espectador vê, em imaculados planos fixos, os rostos de desespero e angústia, ouve o testemunho das terríveis experiências passadas pelos presos. São rostos que interpelam, incomodam, questionam a própria substância e valor de uma imagem.
A montagem, minimalista e quase ascética, abdica da tradicional estratégia narrativa, optando por estruturar o filme como uma sequência rígida de fotografias (separadas por suaves "fade-out" durante 90 minutos). A sonoplastia é subtil mas suficiente para aumentar o ambiente austero e emocional das imagens e respectivos relatos. Os silêncios incómodos também abundam nos depoimentos angustiados das vítimas (chega-se a ouvir a respiração dos homens e mulheres).
São testemunhos pungentes de homens e mulheres vulgares que sofreram nas mãos de carrascos a mando de um sistema mais violento do que se julga. São rostos que falam, que expressam variadas emoções e provam a violência psicológica exercida pela polícia política de Salazar. O filme "48" é, por isso, um documento fascinante sobre os 48 anos de ditadura e uma experiência audiovisual única, exigente, original, com um grande significado histórico e que contém uma força interior serena que chega a perturbar (não admira que tenha conseguido variadíssimos prémios pelos festivais por onde tem passado).
Sem dúvida um dos mais inventivos filmes portugueses dos últimos anos, "48" está agora à disposição em DVD a um preço muito acessível.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Claustrofobia num elevador

Ainda há surpresas: na minha última investida na Fnac, comprei um DVD (por uns irrisórios 5€) que não conhecia mas que me suscitou muita curiosidade: "Lady in a Cage" (1964) realizado por um tal Walter Grauman.
O título português é bombástico: "Bárbaros do Século XX", e a capa referia que se tratava de um "soberbo filme-choque", com a participação de um jovem James Caan (no seu primeiro papel importante no cinema). Foram motivos suficientes para comprar o DVD.


O filme conta com a excelente actriz Olivia de Havilland, duas vezes vencedora de um Óscar (ainda é viva com 95 anos!), lançada para o estrelato em 1938 com "As Aventuras de Robin Hood"). Sozinha na sua residência durante um fim-de-semana de intenso calor, uma viúva (Olivia de Havilland) vê-se acidentalmente presa no elevador que tem dentro de casa, devido a uma falha de electricidade.

A partir deste ponto, o seu mundo meticuloso e bem organizado é posto em causa quando o elevador, parado três metros acima do chão, se torna uma claustrofóbica câmara de tortura - uma verdadeira jaula. Incapaz de se libertar, a sua situação torna-se desesperada quando o alarme de emergência atrai uma mão cheia de indesejáveis intrusos - um alcoólico e a sua amiga prostituta, bem como um trio de jovens delinquentes (liderados por um notável e quase adolescente James Caan), que embarcam numa espiral de vandalismo e brutalidade que culmina em violência e mortes.

O ponto de partida para este filme de suspense propicia situações de grande angústia e desespero, com a invasão da casa por parte dos assaltantes e delinquentes. James Caan é soberbo no papel de líder tresloucado de um bando de delinquentes sem códigos de honra. Olivia de Havilland é magnífica na forma como encena a sua própria claustrofobia e a tensão crescente. A realização é fenomenal no modo como enquadra os planos, a montagem e alterna movimentos de câmara surpreendentes.

"Lady in a Cage" foi proibido em Inglaterra pela sua violência e brutalidade. É compreensível no ano em que foi feito, 1964, mas aos olhos do espectador de hoje já não choca. No entanto, não deixa por isso de ser um belíssimo exercício de suspense na esteira de um "Psycho" de Hitchcock que estreara apenas 4 anos antes. E é também uma película de referência para todos os filmes que se seguiram sobre invasão de privacidade e violência juvenil.
Em suma, uma preciosa descoberta que se tornou num filme de culto.
domingo, 8 de janeiro de 2012
As imagens de Chris Marker

Na minha última visita à Fnac deparei-me com esta maravilhosa edição em DVD (Atalanta): dois DVDs com três filmes de Chris Marker, cineasta experimental que há um ano foi alvo de uma importante retrospectiva no Estoril Film Festival. O preço é bastante simpático: 19,99€. Só não comprei porque já tenho os filmes "Sans Soleil" e "La Jetée" que adquiri na Amazon há uns anos por um preço, ainda por cima, elevado.
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Mas afinal quem é Chris Marker?
Mas afinal quem é Chris Marker?
Nasceu em França em 1922 e vive actualmente em Paris. Combateu na 2ª Guerra Mundial, estudou filosofia com Jean Paul Sartre e Guy Debord mas especializou-se em documentários, sendo ainda produtor, escritor, operador de câmara, artista multimédia e jornalista.
Jean-Luc Godard, Orson Welles, Federico Fellini, Pasolini, Chantal Akerman, Wim Wenders, Werner Herzog, Errol Morris, Abbas Kiarostami, e Agnès Varda referem que é um dos melhores cineastas do mundo - um "ensaísta das imagens". Trabalhou com Alain Resnais no sublime documentário sobre Auschwitz - “Noite e Nevoeiro” (1955). Deu muito poucas entrevistas ao longo da vida e quando lhe pedem uma fotografia, dá a do seu gato Guillaume.


Marker realizou em 1962 um dos mais enigmáticos, originais e belos filmes de sempre: "La Jetée". É um filme de ficção científica (aborda dois temas recorrentes: o holocausto nuclear e a viagem no tempo), feito com imagens estáticas, fotografias filmadas, à excepção de um único movimento. A curta-metragem narra a aventura de um sobrevivente da Terceira Guerra Mundial que vive como prisioneiro nos subterrâneos de uma Paris destruída. Esse homem guarda lembranças de uma infância feliz na superfície, em tempos anteriores à guerra, quando costumava ser levado pelos pais para admirar os aviões no aeroporto de Orly. Numa dessas idas ao aeroporto, quando criança, ele vê um homem ser assassinado.
Em virtude dessas memórias, cientistas do pós-guerra escolhem-no como cobaia para experiências de viagem no tempo. Como a superfície do planeta foi devastada pela guerra e pela radioactividade, a humanidade vive reclusa no subsolo e com parcos recursos. A viagem pelo tempo do protagonista irá levá-lo ao encontro da sua mais funda memória do amor, transformando a sua percepção da vida e do mundo.
Se o cinema permite uma sofisticada manipulação do tempo através da montagem, "La Jetée" demonstra que mesmo imagens estáticas são capazes de fluir e de se submeter ao transcorrer do tempo. Mas este é apenas um dos trunfos estéticos desta obra maior do cinema mundial. A poética das imagens, a soberba montagem, a história envolvente, a voz off subtil, fazem deste filme uma experiência artística única.


"La Jetée" é um filme sonoro a preto e branco, mas que prescinde de uma característica inerente à linguagem do cinema: o movimento. Neste aspecto, o crítico Raymond Bellour terá razão ao afirmar que não é o movimento que define o cinema de forma mais profunda, mas sim o tempo. E é sobre manipulação do tempo, concebida através de uma rigorosa montagem, que este filme se revela, provando que mesmo imagens estáticas são capazes de fluir e de se submeter ao transcorrer do tempo.
As novas gerações talvez saibam da existência do filme porque "La Jetée" de Marker inspirou o filme que Terry Gilliam (ex-Monty Python) fez em 1995, "12 Macacos", com Brad Pitt e Bruce Willis. O realizador Terry Gilliam diz mesmo que "La Jetée" de Marker “tem a melhor montagem que alguma vez viu, com a música e a voz a marcar o ritmo e a deslumbrar o espectador”. As influências estéticas e plásticas do filme de Chris Marker perduram até aos dias de hoje, não só no seio do próprio cinema, como na música, na fotografia e nas artes plásticas.
As novas gerações talvez saibam da existência do filme porque "La Jetée" de Marker inspirou o filme que Terry Gilliam (ex-Monty Python) fez em 1995, "12 Macacos", com Brad Pitt e Bruce Willis. O realizador Terry Gilliam diz mesmo que "La Jetée" de Marker “tem a melhor montagem que alguma vez viu, com a música e a voz a marcar o ritmo e a deslumbrar o espectador”. As influências estéticas e plásticas do filme de Chris Marker perduram até aos dias de hoje, não só no seio do próprio cinema, como na música, na fotografia e nas artes plásticas.
No caso da música, David Bowie tem um vídeo intitulado “Jump They Say” com referências directas ao filme de Marker; o grupo de jazz Chicago Underground Trio e os Isotope 217 têm um disco chamado "La Jetée" (1999 e 1999, respectivamente); o projecto de pós-rock Tortoise editou um disco intitulado "Jetty" (1998).
Em 1982, Chris Marker realiza outra obra seminal,“Sans Soleil”, que resulta numa complexa reflexão sobre a cultura da imagem na sociedade pós-moderna – filme, vídeo e fotografia. E volta a abordar os seus temas de eleição: ficção científica, memória, tempo, viagem, culturas de África e Japão. Realizou ainda um notável documentário sobre a vida do realizador russo Andrei Tarkovski - "One Day in the Life of Andrei Arsenevitvh" (2000) e em 2005 criou um trabalho multimédia e digital para o MoMa – Museu of Modern art de New York.
Chris Marker é um cineasta que continua activo mesmo com 90 anos de idade. Continua a pesquisar novas formas de expressão audiovisual, recorrendo às novas tecnologias digitais de tratamento de imagem e som. Um artista com visão quase táctil da experiência cinematográfica.
Primeira parte do filme "La Jetée" (as outras duas estão no youtube):
domingo, 11 de dezembro de 2011
O legado de Eisenstein

Encontrei este livro na Fnac: "Eisenstein on the Audiovisual: The Montage of Music, Image and Sound in Cinema" de Robert Robertson. Só conhecia de nome esta obra (vi-a referenciada num site internacional de cinema), visto que o seu autor é um compositor e cineasta que goza de alguma reputação nos circuitos mais académicos. O tema do livro constituiu a base da tese de doutoramento de Robertson no prestigiado King's College de Londres.
Nesta obra ensaística, o autor disserta sobre a influência decisiva que o russo Eisenstein exerceu sobre a história da sétima arte sob o ponto de vista da montagem, música e som no cinema e na produção audiovisual subsequente. Robert Robertson disserta ainda sobre o impacto que as teorias e a estética de Eisenstein tiveram em áreas tão diversas como o teatro, a dança, a ópera e a arte multimédia.
O livro está à venda na Fnac por 21€.
(Nota curiosa para a capa original do livro: O cineasta a fazer a barba no topo de um edifício em Nova Iorque).
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Cinema e meio ambiente

Eis um livro que descobri há tempos na Fnac. Trata-se de uma edição brasileira sobre a relação entre o cinema e o meio ambiente. Por outras palavras, o autor, Richard Hugh Bente, reflecte acerca da convergência destas duas importantes áreas do conhecimento, numa abordagem dialéctica e de interacção que proporciona ao leitor uma leitura deveras estimulante.
Esta obra pode ser consultada e lida (na íntegra) aqui.
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