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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A arte de Chris Cunningham


Na história recente da cultura do videoclip (antigamente designado teledisco), há cinco ou seis grandes realizadores que deixaram marca autoral: David Fincher (agora realizador de cinema), os conhecidos Spike Jonze e Michel Gondry, Floria Sigismondi (autora do célebre "The Beautiful People" de Marilyn Manson, entre outros), Jonathan Glazer (realizou em 2004 o interessante "Birth" com Nicole Kidman) e Chris Cunningham.
Este último é, quanto a mim, o maior de todos, ainda que a sua produção seja, porventura, menor em quantidade relativamente aos restantes realizadores.
Realizou spots publicitários (Playstation, por exemplo), videoclips para artistas pop mainstream - Madonna e Björk e para seminais projectos da electrónica experimental - Autechre, Aphex Twin, Squarepusher (da editora Warp Records). Mas para a cultura do audiovisual da década de 90 ficará para sempre essa impressionante obra que é "Come to Daddy" (1997) de Aphex Twin, verdadeiro compêndio simbiótico de negritude estética, cibernética alienada, música libertária, terror alucinatório e imagens em erupção catatónica (considerado um dos melhores videoclips de sempre).
Cunningham aprendeu com o mestre: Stanley Kubrick, com quem trabalhou um ano para o projecto nunca concluído "I.A." (posteriormente realizado por Spielberg).
Em 2005, Cunningham realizou uma espécie de sequela de "Come to Daddy", onde um corpo mutante e disforme (reminiscências das mutações genéticas de David Lynch e David Cronenberg) chamada "Rubber Johnny" dança, de forma aterradora e distorcida, uma polirrítmica música de... Aphex Twin.
Já não é propriamente um videoclip com a estrutura convencional, é antes um formato mais ambicioso, próximo da curta-metragem de ficção. E é outro legado estético insusbtituível da cultura das imagens para a primeira década deste novo milénio.
Last but not least: Chris Cunningham prepara, já há algum tempo, a adaptação para cinema do célebre livro da cultura cibernética "Neuromancer" do guru tecnológico William Gibson. Aguarda-se nada menos do que uma bomba.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Sound & Vision e Sound Art


Dois livros, duas obras fascinantes para compreender toda a complexidade do fenómeno musical contemporâneo, sobretudo ligado às vanguardas estéticas. São livros editados no mercado internacional (na Fnac só por importação) e estão disponíveis através de venda directa na Amazon inglesa.
"Sound & Vision", escrito a meias pelos italianos Luca Beatrice e Alberto Campo, renova a análise às tendências actuais da cultura audiovisual, fazendo o cruzamento entre as artes visuais e as manifestações sonoras (o livro tanto aborda Keith Haring como Mathew Barney, Chris Cunningham - a imagem da capa é retirada do videocplip "Come to Daddy" -, Aphex Twin ou Björk.
Quanto ao segundo livro, com o sugestivo título "Sound Art - Beyond Music, Between Categories", do músico e escritor Alan Licht, propõe uma séria e aprofundada reflexão sobre o som enquanto arte, numa perspectiva histórica evolutiva. Partindo do Futurismo de Marinetti e Russolo, até ao minimalismo de LaMonte Young, às diabruras noise da No-Wave, dos Sonic Youth ou ao malabarismo de discos de Christian Marclay, "Sound Art" é um livro essencial para os melómanos e curiosos na história das artes audiovisuais do Século XX e XXI. Além disso, esta obra conta ainda com um prefácio do músico Jim O'Rourke. Dois livros que se complementam para um melhor entendimento das estéticas e tendências artísticas audiovisuais contemporâneas.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

The Horrors


Qual o resultado da mistura destas referências - The Cure (primeira fase), Joy Division, The Cramps, Jesus and Mary Chain, Spiritualized e My Blood Valentine? O resultado pode ser - é mesmo - The Horrors, a banda que há dois anos tem dado que falar no circuito indie rock. Longe de original, o look destes músicos ingleses não engana. A filiação numa certa tendência gótica (via Bauhaus) é notória. O revivalismo pela cultura urbano-depressiva dos anos 80 é manifestada através das roupas negras em contraste com a pela branca como a cal, as calças justíssimas, os cabelos milimetricamente despenteados, o visual "fashionable", quais modernos "dark dandies".
A música dos The Horrors faz o cruzamento das bandas (e de outras tantas) citadas. Um rock directo, por vezes com reminiscências punk, outras vezes com ambiências mais melódicas com direito a órgão Farfisa para dar uma áurea estética mais "arty". Claro que não têm a visceralidade sónica de uns primeiros Jesus and Mary Chain, a criatividade de uns The Cure e, muito menos, a profundidade artística de uns Joy Division. Ainda assim, com dois álbuns editados (o último, "Primary Colours", recentemente editado) e muito hype à mistura, os The Horrors conquistam fãs por todo o lado (muito à custa de intensos concertos ao vivo). Pessoalmente, gosto muito de alguns temas e não gosto nada de outros. Do que gosto mesmo é do cuidado estético dos seus videoclips. Para isso não será alheio o facto de terem muito bom gosto nos realizadores que escolhem, como o fantástico videoclip "Sheena is a Parasite", da autoria do aclamado realizador Chris Cunningham. Ou este sublime videoclip "She is the New Thing", realizado por Corin Hardy. Uma verdadeira trip alucinogénica "dark gore" em animação (poderia ter sido realizado por Tim Burton):

quarta-feira, 21 de maio de 2008

O videoclip da polémica

Um vídeo do duo francês de música electrónica Justice está a provocar um aceso debate em França sobre a utilização da Internet como veículo de expressão artística. O vídeo da música Stress acompanha um grupo de jovens dos subúrbios de Paris que provoca distúrbios por onde passam – roubo, assédio, destruição de um café, confrontos com a polícia, carjacking, terminando com a queima de um veículo. Há já sociólogos e analistas que defendem e condenam o conteúdo violento do videoclip, revelando influências dos filmes “O Ódio”, “Manual de Instruções para Crimes Banais” ou “Laranja Mecânica”. A mim parece-me que, a haver influências, essas são do realizador Chris Cunningham, autor de alguns dos melhores videoclips da última década (“Come to Daddy, Rubber Johnny), criador visual de grande requinte formal e estilístico. E Stresstem a marca visual de Cunningham.
Tirando as eventuais influências, eu julgo que este videoclip é, sobretudo, um bom golpe de marketing. Nada melhor do que pegar no sempre escaldante tema da violência racial e de subúrbios para motivar os holofotes da comunicação social e agitar a opinião pública. A direcção artística do videoclip está convincente e bem conseguida, mas repare-se como a sonoplastia/cacofonia sonora se sobrepõe à própria música (ouvem-se mais ruídos gerados pela violência do que a própria música). Por isso parece haver uma confusão de referências conceptuais. Por um lado é um videoclip para promover uma música, por outro parece ser um manifesto sobre a violência e as suas diversas formas de manifestação. Os Justice defendem que quiseram fazer uma paródia à forma como a comunicação social tratou o tema da violência aquando dos motins em França, há dois anos atrás. Nada mais errado. Aqui não existem quaisquer indícios de paródia, mas sim violência gráfica directa e frontal, que pretende passar por "séria" e "realista". A violência gratuita pela violência gratuita com intuito de "chocar" (quem?). Num panorama audiovisual diário apinhado de imagens de violência, este videoclip só chocará os mais sensíveis e incautos.
E que ninguém compare este objecto aos filmes citados (sobretudo "Laranja Mecânica" de Kubrick). O realizador de “Stress” é Romain Gravas – filho do realizador Costa-Gravas –, e tem recebido as mais variadas críticas. Não admira. A violência está muito bem encenada, só que muito mal contextualizada. Qual é verdadeiramente a mensagem do videoclip? Não acredito que seja no sentido de incitar a actos violentos como os que são mostrados nestas imagens. Seria demasiado ingénuo pensar isso. Parece-me é que os músicos dos Justice não pensaram convenientemente nas consequências. Ou então pensaram demasiado bem e agora sofrem (ou beneficiam, conforme a perspectiva) com as opções tomadas.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Reinventar a música pela imagem


A ligação da música com o videoclip (anteriormente designado teledisco) tem mais de 25 anos de história e foi impulsionado massivamente com o canal musical MTV e com esse ícone da cultura audiovisual que é "Thriller" (1983) de John Landis (com respectiva música de Michael Jackson). Já tinha dissertado sobre a grande (mas subestimada) arte de fazer videoclips, focando o exemplo paradigmático do realizador Chris Cunningham. A imagem passou a ser um elemento crucial na promoção do objecto musical. Agora queria chamar a atenção para um livro cuja especialidade é, precisamente, a abordagem a todo o universo da criação audiovisual contemporânea - com o sugestivo título "Reinventing Music Video: Next-generation Directors, Their Inspiration and Work". Entrevistas a realizadores, artistas visuais, processos de criação, equipamento técnico utilizado, análises ao trabalho criativo de cada videoclip ou realizador, entre muitos outros assuntos relacionados, fazem parte do teor deste livro. Um olhar crítico extremamente útil e exemplar sobre o efervescente mundo dos videoclips. Pode ser adquirido aqui.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Amor biotecnológico

A música é “All is Full of Love” de Björk. A realização do videoclip é do visionário Chris Cunningham (apenas um dos mais inovadores realizadores de videoclips da última década). As imagens são perfeitas, a forma como o tecnológico se funde com o orgânico, a forma como os dois andróides revelam a paixão e entrelaçam os corpos artificiais. O elemento humano em simbiose com o tecnológico. A utopia consumada da cultura cibernética e da literatura de Ficção Científica.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Sound & Vision, Sound Art

Dois livros, duas obras fascinantes para compreender toda a complexidade do fenómeno musical contemporâneo. São livros editados muito recentemente (há poucos meses) no mercado internacional (na Fnac só por importação) e estão disponíveis através de venda directa na Amazon inglesa. "Sound & Vision", escrito a meias pelos italianos Luca Beatrice e Alberto Campo, renova a análise às tendências actuais da cultura audiovisual, fazendo o cruzamento entre as artes visuais e as manifestações sonoras (o livro tanto aborda Keith Haring como Mathew Barney, Chris Cunningham - a imagem da capa é retirada do videocplip "Come to Daddy" -, Aphex Twin ou Björk. Quanto ao segundo livro, com o sugestivo título "Sound Art - Beyond Music, Between Categories", do músico e escritor Alan Licht, propõe uma séria e aprofundada reflexão sobre o som enquanto arte, numa perspectiva histórica evolutiva. Partindo do Futurismo de Marinetti e Russolo, até ao minimalismo de LaMonte Young, às diabruras noise dos Sonic Youth ou ao malabarismo de discos de Christian Marclay, "Sound Art" é um livro essencial para os melómanos e curiosos na história das artes audiovisuais do Século XX e XXI. Além disso, esta obra conta ainda com um prefácio do músico Jim O'Rourke. Dois livros que se complementam para um melhor entendimento das estéticas e tendências artísticas audiovisuais contemporâneas.

sábado, 24 de novembro de 2007

Chris Cunningham - o videoclip como arte



Na história recente da cultura do videoclip (antigamente desingado teledisco), há cinco ou seis grandes realizadores que deixaram marca autoral: David Fincher (agora realizador de cinema), os conhecidos Spike Jonze e Michel Gondry, Floria Sigismondi (autora do célebre "The Beautiful People" de Marilyn Manson, entre outros), Jonathan Glazer (realizou em 2004 o interessante "Birth" com Nicole Kidman) e Chris Cunningham.

Este último é, para O Homem que Sabia Demasiado, o maior de todos, ainda que a sua produção seja, porventura, menor em quantidade relativamente aos restantes realizadores. Realizou spots publicitários (Playstation, por exmeplo), videoclips para artistas pop mainstream - Madonna e Björk e para seminais projectos da electrónica experimental - Autechre, Aphex Twin, Squarepusher (da editora Warp Records). Para a cultura do audiovisual da década de 90 ficará para sempre esse impressioante documento que é "Come to Daddy" (1997) de Aphex Twin, verdadeiro compêndio simbiótico de negritude estética, cibernética alienada, música libertária e imagens em erupção catatónica. Aprendeu com o mestre: Stanley Kubrick, com quem trabalhou um ano para o projecto nunca concluído "I.A." (posteriormente realizado por Spielberg).

Em 2005, Cunningham realiza uma espécie de sequela de "Come to Daddy", onde um corpo mutante e disforme (reminiscências das mutações genéticas de David Lynch e David Cronenberg) chamada "Rubber Johnny" dança, de forma aterradora, uma polirrítimca música de... Aphex Twin. Já não é propriamente um videoclip com a estrutura convencional, é antes um formato mais ambicioso, próximo da curta-metragem de ficção. E é outro legado insusbtituível da cultura das imagens para a primeira década deste novo milénio.

Last but not least: Chris Cunningham prepara, já há algum tempo, a adaptação para cinema do célebre livro da cultura cibernética "Neuromancer" do guro tecnológico William Gibson. Aguarda-se nada menos do que uma bomba.