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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O estilo visual de cada cineasta

Eis uma reportagem bem interessante do site informativo O Observador: o realizador coreano Kogonada resolveu facilitar a vida a todos os cinéfilos do mundo e fez uma série de vídeos que ajudam a entender o principal traço visual que caracteriza o trabalho de alguns dos principais realizadores da história. 
Nascido em Seul, Kogonada é conhecido por seus vídeo-ensaios sobre cinema para a Internet e colabora para a revista Sight & Sound. A sua página do Vimeo contém os seus melhores vídeos, muitos deles escolhidos como destaque pela equipa do site.

Basicamente, em vídeo de um ou dois minutos, Kogonada revela, numa cuidada montagem, um determinado estilo visual de um realizador. Assim, o realizador mostra e prova que:

- Stanley Kubrick trabalha as perspectivas de ponto de fuga (centro).
- Wes Anderson tem uma especial fixação pela simetria do ecrã e pelos planos de cima.
- Quantin Tarantino recorre muitas vezes aos planos contra-picados.
- Robert Bresson denota uma obsessão em filmar mãos (que se tocam... ou não).
- Terrence Malick aborda a dicotomia entre o fogo e a água.
- Yasujiro Ozu filma com a câmara estática corredores ao fundo.
- Darren Aronofsky tem um cuidado minucioso com os sons de cada objecto e situação (ver vídeo em baixo).

Em suma, um exercício bem interessante para quaisquer cinéfilos.

Para ver os restantes exemplos em vídeo, ir aqui.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

O bom cinema que veremos em 2015

Agora que 2015 começou há que antecipar o ano em termos culturais. No que diz respeito ao cinema, a imprensa e as redes sociais têm indicado muitos títulos que irão marcar o ano. 
Na minha humilde opinião começo por destacar os filmes que serão totalmente dispensáveis de ver:

- "As Cinquenta Sombras de Grey"
- "Velocidade Furiosa 7"
- "Vingadores: a Era de Ultron"
- "Resident Evil 6"
- "Taken 3"
- "Rambo 5"
- "Mission Impossible 5"
- "Terminator: Genisys"
- "Paranormal Activity: The Ghost Dimensions"
- "Hitman: Agent 47"
- "The Fantastic Four"
- "[REC] 4: Apocalypse"
- "Ted 2"
- "The Hunter Games: Mockingjaxy part 2"
- "Superman vs Batman"
- "Mad Max: Fury Road"

Ou seja, fujo de tudo quanto cheire a blockbuster de entretenimento repetitivo e com fórmulas mais do que gastas, a sequelas e prequelas de blockbusters para consumir pipocas no meio da assistência apática de adolescentes imberbes.

Posto isto, vamos ao verdadeiro cinema enquanto Arte. E assim, os filmes que vão estrear (pelo menos em Portugal) em 2015 que mais me suscitam (muita) vontade de ver são (e não digam que não vai ser um grande ano de cinema!):

- "Flashmob" - Michael Haneke
- "Onomatopoeia" - Jean-Luc Godard 
- "Blackhat" - Michael Mann 
- "Leviathan" - Andrey Zvyagintsev
- "Silence" - Martin Scorsese
- "The Hateful Height" - Quentin Tarrantino
- "American Sniper" - Clint Eastwood
- "Inherent Vice" - Paul Thomas Anderson
- "Olhos Grandes" - Tim Burton
- "Queen of the Desert" - Werner Herzog 
- "I Walk With The Dead" - Nicolas Winding Refn
- "Sierra-Nevada" - Cristi Puiu
- "The Early Years" - Paolo Sorrentino
- "Sea of Trees" - Gus Van Sant 
- "Life" - Anton Corbijn
- "Francophonia: Le Louvre Under German Occupation" - Aleksandr Sokurov
- "The Assassin" - Hou Hsiao-hsien 
- "Idol's Eye" - Olivier Assayas
- "Dance of Reality" - Alejandro Jodorwosky 
- "Ferryman" - Wong Kar-Wai
- "D" - Roman Polanski
- "Sunset Song" - Terence Davies 
- "Mountains May Depart" - Jia Zhangke 
- "Crimsom Peak" - Guillermo del Toro
- "The Lost City of Z" - James Gray
- "Uma Dívida de Honra" - Tommy Lee Jones
- "Regression" - Alejandro Aménabar
- "Pasolini" - Abel Ferrara
- "Babi Yar" - Sergei Loznitsa 
- "Birdman" - Alejandro Gonzales Iñarritu
- "Cemetery of Kings" - Apichatpong Weerasethakul 
- "Knight of Cups" - Terrence Malick 
- "Women’s Shadow" - Philippe Garrel 
- "Three Memories of Childhood" - Arnaud Desplechin 
- "Louder Than Bombs" - Joachim Trier 
- "Arabian Nights" - Miguel Gomes 
- "Montanha" - João Salaviza
- "Carol" - Todd Haynes  
- "The Last Vampire" - Marco Bellocchio 


E certamente que esta lista não está fechada. 
Outros filmes de qualidade serão anunciados para enriquecer ainda mais este ano cinematográfico. 


segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Tarantino e os cenários de filmes

Caro leitor: conhece este sítio? Provavelmente, não. 
Trata-se do Pat & Lorraine's Coffee Shop, situado em Ridgeview Avenue, nº 2285, em Los Angeles (California). E o que tem de interessante? Bom, basicamente, porque este café serviu de cenário para o filme "Reservoir Dogs" (1992) de Quentin Tarantino, mais propriamente a cena em que o gang toma o pequeno-almoço e discute a letra "Like a Virgin" de Madonna.
Com a ajuda do Google Maps, o site ShortList seleccionou alguns locais icónicos que serviram de cenários para filmes de Tarantino, como "Inglorious Basterds", "Pulp Fiction", "Kill Bill" ou "Death Proof".
Para ver mais exemplos, clicar aqui.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

A Manhã de Natal segundo...

Lembram-se há um ano ter publicado um vídeo no qual - de forma divertida - se fazia alusão ao Natal segundo o ponto de vista de vários realizadores famosos (ver aqui)?
Bom, os mesmos responsáveis, The Auteurs, decidiram realizar um segundo volume na mesma linha para assinalar o Natal de 2014. Ou seja, a "manhã de Natal" entendida segundo a estética de cineastas como Chaplin, David Lynch, Tarantino, Malick, Godard ou Hitchcock.
Nestas sequências de breves segundos estão condensadas as características visuais e temáticas de cada realizador. Muito interessante e bem divertido:

sábado, 30 de agosto de 2014

Bio-pics musicais



Martin Scorsese anunciou que se prepara para fazer um filme sobre os Ramones, mítica banda punk.
Neste contexto, gostava de ver a vida dos seguintes músicos em cinema adaptados pelos seguintes realizadores:

- Sun Ra, por Spike Lee.
- Lou Reed (The Velvet Underground), por Steven Soderbergh.
- John Coltrane, por Clint Eastwood.
- Freddy Mercury (Queen), por Anton Corbijn.
- Sex Pistols, por Quentin Tarantino.
- Maria Callas, por Milos Forman.
- John Lee Hooker, por Joel e Ethan Coen.
- Elvis Presley, por Wes Anderson.
(...)

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Tarantino e a música

Quentin Tarantino cedo revelou ser um mestre original na concepção artística dos seus filmes. E isso passou muito pela utilização da música nas suas obras. Recorrendo a um reportório maioritariamente pop-rock-funk-jazz dos anos 60 e 70, Tarantino construiu um universo audiovisual de grande versatilidade e inovação. 
 De resto, basta ver (e ouvir) os brilhantes trailers dos seus dois primeiros filmes para compreender a ousadia formal na forma improvável e surpreendente como o cineasta de culto utilizou a música nos créditos iniciais: "Reservoir Dogs" (1992) e "Pulp Fiction" (1994), com as canções, respectivamente, "Little Green Bag" de George Baker, e "Misirlou" de Dick Dale. Que mestria!

Nota: para conhecer outros 20 grandes momentos musicais nos filmes de Tarantino, abrir aqui.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Argumentos no papel

Recentemente Quentin Tarantino desistiu de realizar um filme porque o seu argumento foi tornado público. Ele não foi o primeiro. Veja aqui uma lista de 12 casos em que os argumentistas/realizadores (como Orson Welles, Samuel Fuller ou David Lynch) desistiram, por algum motivo, de filmar os argumentos que não passaram do papel.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Remakes & sequelas, não obrigado

Recentemente estreou o filme "Carrie", remake do clássico de Brian De Palma filmado em 1976. Eu não vi nem quero ver. Geralmente e por princípio, sou contra remakes. São raros os remakes que são superiores ao filmes originais. E por vezes piores do que remakes são as inefáveis sequelas, que não acrescentam valor nenhum ao filme original (compare-se a trilogia de "O Padrinho" com "Matrix", por exemplo).

Mas há filmes que, pelas suas características artísticas, estéticas e de culto, dificilmente algum produtor terá coragem de fazer um remake (mas enfim, sabemos que em Hollywood há malucos para tudo). Assim, duvido que algum produtor, realizador ou estúdio de cinema arrisque fazer remakes ou sequelas de filmes como:

- "A Noite do Caçador" 
- "Blade Runner" 
- "Eraserhead" 
- "Reservoir Dogs" 
- "Aguirre: A Cólera de Deus" 
- "The Wild Bunch" 
- "A Laranja Mecânica" 
- "Blue Velvet"
- "Stalker" 
- "Morte em Veneza" 
- "Paris, Texas" 
- "Seven"
- "Ladrões de Bicicletas" 
- "O Eclipse" 
- "A Pianista" 
- "Lost in Translation" 
- "Hiroshima meu Amor" 
- "A Estrada" 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Grandes filmes antes dos 30 anos

Neste post - bastante comentado - abordei os primeiros grandes filmes realizados por jovens cineastas. Aquelas primeiras obras fabulosas que marcaram a restante filmografia do cineasta e até da história do cinema. Mas nem todos esses realizadores eram jovens realizadores. Quantos realizadores se podem orgulhar de terem feito primeiras obras de inexcedível qualidade antes dos 30 anos de idade?

Eis quinze filmes da minha preferência pessoal no rol de cineastas que assinaram filmes superlativos até aos 30 anos de idade (ordenados por ordem crescente de preferência, título do filme, ano, realizador e respectiva idade à data da realização do filme):

15 - "As Aventuras de Pee Wee" (1985) - Tim Burton (27 anos)
14 - "Little Odessa" (1994) - James Gray (24 anos)
13 - "Paths of Glory" (1957) - Stanley Kubrick (29 anos)
12 - "American Graffiti" (1973) - George Lucas (29 anos)
11 - "Os 400 Golpes" (1959) - François Truffaut (27 anos)
10 - "Sherlock Jr." (1924) - Buster Keaton (29 anos)
9 - "Magnolia" (1999) - Paul Thomas Anderson (29 anos)
8 - "Reservoir Dogs" (1992) - Quentin Tarantino (29 anos)
7 - "Pi" (1998) - Darren Aronofsky (30 anos)
6 - "Duel" (1971) - Steven Spielberg (25 anos)
5 - "Sexo, Mentiras e Vídeo" (1989) - Steven Soderbergh (26 anos)
4 - "Magnificent Ambersons" (1942) - Orson Welles (27 anos)
3 - "Un Chien Andalou" (1929) - Luís Buñuel (29 anos)
2 - "Citizen Kane" (1941) - Orson Welles (26 anos)
1 - "O Couraçado Potemkine" (1925) - Sergei Eisenstein (27 anos)

sábado, 28 de dezembro de 2013

Top 2013 - Filmes




Top 2013 - Filmes 

Preâmbulo: ainda não vi filmes que potencialmente poderiam constar na minha lista: “Fuga” de Jeff Nichols, “O Desconhecido do Lago” de Alain Guiraudie, “Frances Ha” de Noah Baumbach, “No Nevoeiro” de Sergei Loznitsa, “Paixão” de Brian De Palma, “Para Lá das Colinas” de Christian Mungiu, “A Rapariga de Parte Nenhuma” de Jean-Claude Brisseau, “Nebraska” de Alexander Payne, “12 Anos Escravo” de Steve McQueen, “O Passado” de Ashgar Fahradi, “Tal Pai, Tal Filho” de Hirokazu, “A Propósito de Llewyn Davis” de Joel e Ethan Coen, entre outros. 

Assim, e pela primeira vez sem ordem de preferência, eis os filmes que vi em 2013 de que gostei mais:

- “Hannah Arendt” – Margarethe von Trota
- “Post Tenebras Lux” – Carlos Reygadas
- “A Grande Beleza” – Paolo Sorrentino
- “Django Unchained” – Quentin Tarantino
- “Ferrugem e Osso” – Jacques Audiard
- “Lore” – Cate Shortland
- “Desligados” – Henry Alex Rubin
- "Camille Claudel 1915" - Bruno Dumont
- “Blue Jasmine” – Woody Allen
- “Gravidade” – Alfonso Cuarón
- “A Caça” – Thomas Vinterberg
- “The Act of Killing” – Joshua Oppenheimer
- “Prisoners” – Denis Villeneuve
- “O Mentor” – Paul Thomas Anderson
- “Room 237” – Rodney Ascher
- “A Vida de Adèle” - Abdellatif Kechiche
- “A Loja dos Suicídios” - Patrice Laconte
- “Kon-Tiki – A Viagem Impossível” – Joachim Ronning
- “Like Someone in Love" – Abbas Kiarostami
- “Dentro de Casa” - François Ozon
- “Hitchcock” – Sacha Gervasi
- “Antes da Meia-Noite” – Richard Linklater
- “Berberian Sound Studio” – Peter Strickland

Edições DVD do ano: 
“Shoah” (Midas Filmes) – Claude Lanzmann 
Pack Béla Tarr (Midas Filmes)
Pack Hitchcock “Os Primeiros Anos” 
Pack “Integral João César Monteiro”
"The Story of Film - An Odissey" - Mark Cousins
Pack "Tetralogia do Poder" - Alexander Sokurov

Reposições do ano: 
“Hiroshima Meu Amor” – Alain Resnais 
"2001 – Odisseia no Espaço” - Stanley Kubrick 
“Casablanca” – Michael Curtiz 
“Viagem a Tóquio” – Yasujiro Ozu
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Top 2012     Top 2011  

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Tarantino e os amigos

Um guia visual sobre como os actores favoritos de Quentin Tarantino participaram em vários dos seus filmes:

sábado, 16 de novembro de 2013

A educação de Paul Thomas Anderson


Paul Thomas Anderson, realizador dos excelentes "Magnolia" (1999) e "There Will Be Blood" (2007), veio dizer algo com o qual eu concordo e assino por baixo.
Basicamente, defende que um realizador não tem forçosamente de estudar numa escola de cinema (no sentido da educação formal) para aprender a fazer cinema. À semelhança de Quentin Tarantino, Paul Thomas Anderson aprendeu a técnica e a estética do cinema vendo carradas e carradas de filmes. Depois, com a experiência, foi apurando a sua visão cinematográfica mas sempre num registo de autodidacta, ao ponto de ser hoje considerado um dos cineastas mais interessantes e com carácter mais cinéfilo.

Eis o que Anderson disse: 
"A minha educação cinematográfica consistiu em descobrir o que os realizadores que eu gostava viam, depois via esses filmes. As coisas técnicas aprendi de livros e revistas e com a nova tecnologia podemos ver filmes inteiros com os comentários do realizador. Podes aprender mais com a faixa áudio de John Sturges do DVD de 'Bad Day at Black Rock' do que em quatro anos numa escola de cinema. A escola de cinema é uma completa perda de tempo porque a informação está toda lá se tu a quiseres."

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

As "famílias" do cinema

Chamem-lhe grupos, gangs, famílias. Tanto faz.
São homens e rapazes unidos por uma forte identidade. Por ideais comuns, códigos de conduta comuns, objectivos comuns. Por vezes a corrupção e a traição destroem esses laços (quase) tribais. São quase sempre movidos por maus instintos, pela ganância, pelo ódio, pela afirmação social, pelo poder, pelo dinheiro ou pela vingança.
A violência e o desrespeito por normas morais e legais fizeram parte da vida (e da morte) destes grupos. E por isso todas estas pandilhas de personagens fascinaram gerações de espectadores e marcaram a história do cinema:
"Cidade de Deus"
"Suburbia"
"Gangs of New York"
"The Long Riders"

"Rumble Fish"

"The Outsiders"

"The Wild Bunch"

"Snatch"

"Clorkwork Orange"

"Oceans's Eleven"
"The Usual Suspects"

"Reservoir Dogs"

"The Untouchables"

"The Godfather"

"The Goodfellas"

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Cineastas sem canudo

Recentemente, o realizador William Friedkin disse no festival de Veneza que os jovens não precisam de frequentar escolas de cinema para se tornarem realizadores. É uma verdade. 
O mesmo se aplica a outras áreas artísticas: há muitos bons músicos que nunca aprenderam formalmente música, assim como grandes escritores que nunca frequentaram cursos de literatura ou notáveis artistas plásticos que não cursaram artes. Ser-se autodidacta nas artes sempre foi um fenómeno relativamente vulgar. Claro que frequentar uma escola artística proporciona conhecimentos e bases teóricas, mas o que conta mesmo para singrar na vida artística é o empenho, o trabalho, a vontade, a experiência prática e a criatividade de cada artista descobrir o seu próprio caminho e as suas próprias ideias estéticas. 
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Na área do cinema, por exemplo, há um bom lote de cineastas que não têm qualquer formação académica mas que não deixaram de ter sucesso e reconhecimento artístico (cada um a seu modo) por esse facto: 

- Quentin Tarantino 
- Stanley Kubrick 
- Akira Kurosawa 
- Terry Gilliam 
- James Cameron 
- Christopher Nolan 
- John Waters 
- Julie Taymor

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Christopher Nolan - cinéfilo improvável

E já que publiquei (ver post abaixo) a lista dos 10 filmes preferios de Roger Corman, eis mais uma série de listas bem interessantes divulgadas pelo site Flavorwire. Trata-se de uma lista de 10 realizadores - de Woody Allen a Quentin Tarantino, de Francis Ford Coppola a Stanley Kubrick.
Claro que há listas mais interessantes do que outras. A de Kubrick, Scorsese ou do Woody Allen são reveladoras da sua imensa cinefilia. Mas a lista que mais me surpreendeu foi a de Christopher Nolan ("Batman" e "Inception") que demonstra ter um gosto cinéfilo deveras aguçado.
A saber: Nolan cita como filmes preferidos "Twelve Angry Men" de Sidney Lumet, "Greed" de Eric von Stroheim, "The Testament of Dr. Mabuse" de Fritz Lang, o (raramente) citado "Mr. Arkadin" (também conhecido como "Confidential Report") de Orson Welles ou "Koyaanisqatsi" de Godfrey Reggio. Sem dúvida que Nolan conhece bom cinema clássico, algo que nem sempre transparece nos seus filmes "mainstream".
Ver aqui a lista completa.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Óscares: breve resenha



Noite dos Óscares. A 85ª edição.
Assisti em directo, como é habitual. Não que esperasse grandes novidades ou surpresas (na distribuição das estatuetas ou no espectáculo), mas simplesmente porque já é um hábito meu antigo. E afinal de contas, apesar de todos os defeitos e injustiças (como demonstra o meu post anterior), os Óscares ainda encerram alguma mística na celebração do cinema.

Assim, para não ser muito exaustivo, eis algumas ideias dispersas que julgo importante realçar:

- O apresentador Seth MacFarlane conseguiu convencer. Um ritmo imparável de piadas politicamente incorrectas e provocatórias, bom sentido de auto-crítica, um bom  entertainer e cantor (com o momento alto da música "We Saw Your Boobs"). O surgimento do Capitão Kirk foi um achado humorístico.

- O tema da cerimónia era a música de filmes e a homenagem aos 50 anos de 007. Pois bem, nem todos os momentos resultaram. O musical "Chicago" regressou ao fim de 10 anos com o clássico "All That Jazz", com uma Catherine Xeta-Jones algo mais gorda mas não menos fogosa. A Adele ganhou o Óscar para melhor canção com "Skyfall" mas a prestação esteve longe de entusiasmar. Shirley Bassey foi mais assertiva, aos 75 anos, a cantar "Goldfinger". 

- O discurso de Christopher Waltz, emocionado, a agradecer a Tarantino citando passagens da sua personagem de "Django Libertado".

- O Óscar para Melhor Argumento Original para Quentin Tarantino, igual a si próprio, imagem irreverente (gravata torta) e língua sempre afiada.

- O Óscar bem entregue à melhor curta-metragem de animação, "The Paperman", ainda que pudesse ganhar o sempre genial PES.

- A classe, sedução e beleza de Charlize Theron a dançar exuberantemente num número musical.

- A curiosidade da selecção musical da orquestra para mandar parar (ou interromper) o discurso dos vencedores: a música de "Jaws" para os homens e "O Padrinho" para as mulheres.

- O erro lamentável e incompreensível (vem em baixo) nas imagens dos nomeados para Melhor Realizador: em vez da imagem de David O. Russel, a imagem de... Emmanuelle Riva!

- O Óscar de Melhor Banda Sonora para "A Vida de Pi", quando julgo que o trabalho do compositor Alexandre Desplat em "Argo" merecia muito mais o galardão.

- O facto inédito da Primeira Dama dos EUA, Michelle Obama, anunciar a partir da Casa Branca, o vencedor na categoria de Melhor Filme. 

- A injustiça do Óscar de Jennifer Lawrence em detrimento da veterana Emmanuelle Riva.

- O Óscar duvidoso de Melhor Fotografia para "A Vida de Pi", quando se sabe que 80% ou 90% das imagens deste filme são criadas com recurso a efeitos digitais.

- A mais do que previsível vitória de Daniel Day-Lewis (Melhor Actor) e de "Amour" (Melhor Filme Estrangeiro).

- A atitude estranha e errática de Kirsten Stewart: chegou à cerimónia de muletas e na apresentação de um Óscar parecia estar sob o efeito de alguma substância proibida.

- Belo discurso de agradecimento de Daniel Day-Lewis.

- O momento de lembrar os artistas falecidos do cinema: não se esqueceram de duas figuras pouco conhecidas mas essenciais: Chris Marker e Tonino Guerra. Só faltou a citação dos realizadores portugueses Fernando Lopes e Paulo Rocha (mas já era pedir demasiado).

- (...)


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Um Tarantino mediano





Quentin Tarantino é um notável artificie das memórias do cinema de antanho. Para alguém, como ele, que nunca estudou formalmente cinema e que aprendeu tudo vendo toneladas de filmes durante os anos em que trabalhou num modesto clube de vídeo, é uma façanha assinalável. A sua filmografia prova que Tarantino conhece de cor e salteado os filmes série B mais obscuros dos anos 60 e 70, italianos ou espanhóis, americanos ou franceses.
Desde "Reservoir Dogs" (1992) que Tarantino tem mostrado a sua mestria na reciclagem estimulante de referências estilísticas de um cinema de culto de décadas passadas. Sam Peckinpah, Samuel Fuller ou Godard são apenas algumas das influências mais notórias. Mas o sucesso de Tarantino não seria o mesmo se não fosse um brilhante escritor de argumentos e, sobretudo, de diálogos. Diálogos sempre febris, improváveis e de grande acutilância, escritos à justa medida dos actores que escrupulosamente escolhe para os papéis. A utilização criativa da música nos seus filmes é outra espinha dorsal da linguagem do seu cinema, capaz de empolgar e de surpreender na forma como encaixa em determinadas cenas e sequências. 
E isto para dizer que chegamos a "Django Libertado", estreado há dias em Portugal. Um filme que vinha cunhado com altíssimas expectativas (mais do que o seu anterior "Inglorious Basterds"), prometendo revolucionar os códigos estilísticos do género maior da cinefilia norte-americana: o Western.
Ora, a verdade é que "Django Libertado" tem dividido opiniões de forma peremptória. Há os que o elevam à genialidade pós-moderna do cinema contemporâneo e há os que se sentem totalmente defraudados com esta incursão de Tarantino no western. Para ser claro e directo, eu sinto-me exactamente no meio destes sentimentos extremados: por um lado, não reconheço o génio neste filme como reconheci em filmes anteriores; por outro lado, creio que ainda assim consegue incutir frescura estética a um género difícil de inovar mas sem arrojo e entusiasmo desmesurados.
Isto é: "Django Libertado" é um western reciclado cuja violência sanguinolenta nem deve ser levada a sério (quase parece efeito de comédia "splastick"), sobrevive pelas espantosas interpretações - curioso! - dos actores secundários (Christoph Waltz, Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson e Don Johnson, remetendo o actor principal, Jamie Foxx, para segundo plano) e pelo sempre original debitar de diálogos inteligentes e mordazes. O humor é bem empregue em certas situações (brilhante a sequência dos capuzes do KKK, que quase poderia ter sido escrita pelos Monty Python), menos bem noutras  Assim como a música, que resulta apropriadamente numas cenas, e resulta pateticamente noutras (ouvir uma música hip-hop do Tupac na sequência do massacre final deixou-me irritado! Mas deve ser um problema meu que não sou fã de música negra e menos ainda da "Blaxploitation").
Desta vez, parece-me que Tarantino se deixou deslumbrar pela utilização e reciclagem de referências do imaginário cinematográfico do Western Spaghetti que tão bem conhece. De tanto querer citar e recitar essas referências, o filme escorrega e parece não ter um rumo original. Dá a sensação que Tarantino entrou num irreversível processo autofágico de autocitação. Um beco sem saída?
Jamie Foxx é um herói negro? E depois, não houve já outros no cinema? Há polémica por causa do racismo patente do filme? Simples marketing para vender mais caro os bonecos do filme. Há demasiada violência e sangue? Não, é violência quase paródica, é excesso de sangue usado de forma quase caricatural. 
E se a primeira parte de "Django Libertado" me pareceu brilhante (sobretudo até à morte do papel de Christoph Waltz), já a sequência final de vingança de Django me pareceu ridícula, como ridículo e risível (no mau sentido) foi o happy end. Mais outra prova do ridículo foi o "cameo" do próprio Tarantino - alguém que lhe diga que não tem talento para actor e que evite esta triste exposição em filmes.
Posto isto, fala-se já que Tarantino se encontra a preparar um novo filme? Qual será o género que irá desta vez estilhaçar e reciclar? O Musical? O Noir? O Thriller? A Comédia Romântica? O Expressionismo Alemão? Aguardemos...
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Entretanto, encerro este texto de opinião com uma das imagens que mais me impressionaram no filme: os olhos e a expressão de Stephen (Samuel L. Jackson):