
Ao longo de décadas de cultura popular houve muitos artistas excêntricos. Artistas que cultivaram a excentricidade nas suas mais diversas manifestações (visuais, musicais, verbais...). Frank Zappa foi um deles. Um músico (genialmente) excêntrico e visionário.
A excentricidade em Zappa funcionava como uma espécie de complemento aos seus desvarios musicais. Não era, por assim, dizer, a marca que mais o caracterizava, uma vez que a originalidade estética estava acima de todas as prioridades.
A alegada excentricidade das figuras pop dos últimos 20 anos (começando em Madonna), rege-se por outros princpíos, mais fugazes e pueris: é a excentricidade pela excentricidade, entendida como fogo fátuo sensacionalista e veículo publicitário para alimentar páginas de jornais, para cultivar uma pseudo-imagem de culto, para chocar a opinião pública sem rumo ou sentido algum. É a excentricidade do vazio, sem substância, da imagem e do marketing, da cultura bacoca envolta numa ideia de consumo imediato para encher revistas do social. A música, essa, convém que seja banal e inconsequente, porque nem todos conseguem aliar a inovação estética com a excentricidade visual.
A alegada excentricidade das figuras pop dos últimos 20 anos (começando em Madonna), rege-se por outros princpíos, mais fugazes e pueris: é a excentricidade pela excentricidade, entendida como fogo fátuo sensacionalista e veículo publicitário para alimentar páginas de jornais, para cultivar uma pseudo-imagem de culto, para chocar a opinião pública sem rumo ou sentido algum. É a excentricidade do vazio, sem substância, da imagem e do marketing, da cultura bacoca envolta numa ideia de consumo imediato para encher revistas do social. A música, essa, convém que seja banal e inconsequente, porque nem todos conseguem aliar a inovação estética com a excentricidade visual.
Lady GaGa insere-se, perfeitamente, neste conceito. Não é por acaso que a Universidade da Carolina do Sul criou uma nova cadeira de sociologia para estudar o "fenómeno" Lady GaGa. A jovem artista, sedenta de protagonismo e holofotes sobre si própria, continua a dar que falar depois de ter dito que "que manter a virgindade porque assim assegura a sua criatividade" ou pela célebre aparição com "roupa de carne" na cerimónia dos MTV Video Music Awards.
Lady GaGa não perdeu pela demora em criar mais um "facto excêntrico", ao anunciar que vai lançar um perfume com uma fragrância à medida da "originalidade" da artista pop: com cheiro a sangue e a esperma. A minha teoria é a de que GaGa viu o filme "Anticristo" e ficou obcecada pela cena em que Williem Dafoe ejacula, não esperma, mas sangue (Freud teria, por certo, uma explicação pela opção por estes fluidos corporais em particular).
Já se especula qual será a próxima proposta "excêntrica" de Lady GaGa: exumar o cadáver de Béla Lugosi para dormir com ele? Criar um vaporizador para a casa com cheiro a larvas mortas, urina de porco chinês e umas quantas gotas de champanhe Moët & Chandon? Aparecer em palco enquanto é depilada na zona genital por um anão? Anunciar ao mundo que vai casar com um eunuco e defender a zoofilia? Fazer uma música pop com os sons dos orgasmos da actriz porno Sasha Grey? Tudo é possível. E tudo é garantido: seja o que for que GaGa venha novamente a fazer, dizer ou até cantar, é seguro que a vacuidade de ideias e de propostas se vai manter. O culto da imagem fútil vai manter-se (ou seja, o superficial invólucro que a sustenta), e a excentricidade vai continuar a ser inversamente proporcional à visão artística e à música da cantora.
Ao contrário de Franz Zappa, portanto.