Mostrar mensagens com a etiqueta Anos 80. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Anos 80. Mostrar todas as mensagens

sábado, 11 de outubro de 2014

O regresso (épico) de "Twin Peaks"

O regresso da série "Twin Peaks" em 2016 com nove novos episódios pela mão do próprio David Lynch encheu de regozijo os fãs de ambos. A expectativa é grande. Veremos quais serão os contornos narrativos da continuação desta mítica e influente série. 
Felizmente que todos os actores originais estão vivos e no activo. E os anos parece que passam por alguns actores e por outros não.
Por exemplo, o actor principal, Kyle MacLachlan, parece o mesmo, enquanto que Sheryl Lee (Laura Palmer) se constata um envelhecimento natural.
Ver aqui outras comparações com o restante elenco.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O estilo de Ryan Gosling em "Drive"


Quem viu o filme "Drive" notou, certamente, a forte presença da cultura pop dos anos 80: desde o tipo de letra do genérico, à banda sonora, ao guarda-roupa e ao próprio ambiente geral do filme, tudo em "Drive" respira à década dos "eighties".
Ryan Gosling tem uma interpretação de relevo (co-adjuvado por um bom naipe de actores secundários): é o exímio "driver" de que não se conhece o nome, frio e imperturbável, pose altiva, com um palito ao canto da boca e dono de uns olhos gélidos. Sem quase se dar por isso, o 'condutor' é envolvido numa terrível espiral de violência para defender uma família à deriva...
Para além da interpretação em si, um dos aspectos que outorga mais carisma à figura de Gosling é o guarda-roupa, o qual reflecte toda uma época (para o melhor e pior).
Este site explora ao pormenor o estilo visual de Gosling, desde o já célebre blusão prateado com um escorpião dourado (na imagem), os jeans Levi's, os óculos, luvas, botas e até ao acessório como o relógio. Tudo com marca devidamente registada.
A prova de que um apropriado guarda-roupa é fundamental para atribuir personalidade a uma personagem de cinema.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Já chega de "Só Grandes Músicas"!


O semanário Expresso publicava esta semana um interessante artigo sobre os efeitos nem sempre benignos da música em excesso. E da necessidade do nosso cérebro trabalhar em silêncio. Mas na nossa era é praticamente impossível vivermos e trabalharmos sem música de alguma espécie. E os estabelecimentos e locais públicos são grandes responsáveis deste fenómeno. Sobretudo se estiverem a transmitir músicas de certas rádios...
É o caso da inefável RFM, a estação de rádio nacional especializada em divulgar os êxitos comerciais da actualidade, perdão, dos anos 80. A RFM, cujo ambicioso lema é "Só Grandes Músicas".

Entre-se em qualquer loja comercial, repartição pública, consultório, táxi ou café e as estatísticas provam que, se houver uma rádio sintonizada – na senda de querer dar musica ambiente ao cliente – há fortíssimas probabilidades de estar sintonizada na bolorenta RFM ou na esclerosada Rádio Comercial. Não falha. Como, ainda por cima, a cultura dos eighties está na moda, estas duas estações são as “special ones” na vanguardista tarefa de divulgar os hits de antanho do Elton John, do Lloyd Cole, do Phil Collins, do Rod Stewart, dos Waterboys ou bandas afins.

A música dos 90 ou da actualidade, praticamente não existe. Há quem goste de ouvir milhares de vezes as mesmas canções pop-corn de outrora (como em tudo na vida), mas no meu caso, quando entrei há dias numa loja e ouvi o locutor, expedito e expansivo, a anunciar a próxima “grande musica”, quase me deu vontade de ir ouvir antes um discurso político do Sócrates.
Ah, a grande música a que se referia o animador radiofónico era a “Dancer in The Dark” do boss Springsteen. Pois.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Joy Division no antigo BLITZ

Velhos tempos, estes do semanário BLITZ. Eis um suplemento, em forma de revista, do então jornal sobre os Joy Division.
Não sei há quanto tempo, mas foi publicado, certamente, há perto de 20 anos. Lembro-me bem de ler e guardar este suplemento, num época em que a internet era um sonho e o acesso à informação era crucial ser efectuado através deste tipo de publicação.
O magnífico blog Misterioso Impossível, disponibiliza esta revista de 15 páginas sobre a banda de Ian Curtis (para saudosistas - do jornal ou do grupo) assim como uma enorme diversidade de discos (música alternativa), livros e jornais editados na década de 80.


quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Joy Division ao peito


No último verão cruzei-me na rua com um miúdo que vestia uma t-shirt dos Joy Division igualzinha a esta. Não tinha mais de 16 ou 17 anos, exactamente a idade com que eu me tornei fanático do grupo de Ian Curtis e que envergava, de igual modo, as t-shirts da mítica banda de Manchester.
Há anos e anos que não vejo ninguém vestido com uma t-shirt de um grupo de que gosto e, especialmente, dos Joy Division. E mais especialmente ainda, por se tratar de um adolescente, e não de um trintão saudosista das bandas de que gostava quando jovem. Nos anos 80 havia o culto das t-shirts das bandas preferidas. E havia t-shirts dos grupos mais estranhos e obscuros. Era como que um ritual de identificação à volta dos gostos musicais cuja representação visual era sustentada, de forma orgulhosa e altiva, pelas inevitáveis t-shirts.
Era assim com a comunidade de amantes de rock alternativo, como era para a de música experimental ou para o grupo de fãs de death-metal. De há uns bons anos a esta parte, parece-me que este fenómeno se esbateu sobremaneira (menos nos jovens que gostam de metal). Os rituais de identificação da cultura juvenil assumiram outros códigos na era da tecnologia digital, talvez mais voláteis e abstractos e, por isso, menos identitários e duradouros.
Claro que o "hype" à volta do filme "Control" de Anton Corbijn e do documentário "Joy Division" de Grant Gee promoveram a banda de Ian Curtis como nunca antes acontecera (recentemente, o filme "(500) Days With Summer" também promoveu a banda com o protagonista envergando uma t-shirt igual a esta).
Mas há uma grande diferença entre a experiência de conhecer a música de "Closer" hoje ou a de ter conhecido em meados dos anos 80, quando ainda se faziam sentir os despojos estéticos da geração pós-Manchester.
Seja como for, confesso que gostei de ver o tal miúdo envergar Joy Division ao peito. Só espero é que fosse por gostar mesmo da música e não por questões meramente estéticas. Fico sempre com esta dúvida desde que perguntei a uma jovem que ostentava uma mala com a figura de Jack Skellington se gostava do filme "Nigthmare Before Christmas" e me respondeu que não sabia o que isso era...

sábado, 26 de dezembro de 2009

Já não se aguenta a música dos 80


Distraidamente vi na televisão, no inenarrável programa Top +, que este CD duplo, "Anos 80: A Década de Ouro", entrou directamente para o quarto lugar do top de vendas das compilações. Primeiro: gostava de saber quem é que ainda tem paciência para verificar se o disco A ou B sobe ou desce de posição de venda. Que diferença faz e a quem interessa? Segundo: não me admira nada que os anos 80 continuem a vender bem. Sempre venderam, mesmo antes da nostalgia cultural pelos "eighties" ter regressado em força nos últimos tempos. Basta ouvir a música que passa nas lojas, nos hipermercados, nas rádios nacionais, nos programas de televisão, para perceber que os anos 80 continuam na crista da onda. Demasiado na crista (como referi neste post).
A década de 80 foi particularmente paradoxal. Houve da melhor e da pior produção artística. Música excelente e música horrivelmente insuportável. E este tipo de CDs com os êxitos dos anos 80 são já insuportáveis porque representam o pior da música pop dessa década: Europe, Modern Talking, Starship, Jennifer Rush, Deacon Blue, Foreigner, Cyndi Lauper, Wham e tantos outros grupos afins.
A minha dúvida existencial é esta: quem continua a ouvir, repetidamente, os mesmos êxitos musicais de há 20/25 anos? Os mesmos que ouviam nos anos 80, por mero saudosismo (sádico, diria)? Ou uma nova geração alegadamente deslumbrada com este riquíssimo espólio musical?

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

The Horrors


Qual o resultado da mistura destas referências - The Cure (primeira fase), Joy Division, The Cramps, Jesus and Mary Chain, Spiritualized e My Blood Valentine? O resultado pode ser - é mesmo - The Horrors, a banda que há dois anos tem dado que falar no circuito indie rock. Longe de original, o look destes músicos ingleses não engana. A filiação numa certa tendência gótica (via Bauhaus) é notória. O revivalismo pela cultura urbano-depressiva dos anos 80 é manifestada através das roupas negras em contraste com a pela branca como a cal, as calças justíssimas, os cabelos milimetricamente despenteados, o visual "fashionable", quais modernos "dark dandies".
A música dos The Horrors faz o cruzamento das bandas (e de outras tantas) citadas. Um rock directo, por vezes com reminiscências punk, outras vezes com ambiências mais melódicas com direito a órgão Farfisa para dar uma áurea estética mais "arty". Claro que não têm a visceralidade sónica de uns primeiros Jesus and Mary Chain, a criatividade de uns The Cure e, muito menos, a profundidade artística de uns Joy Division. Ainda assim, com dois álbuns editados (o último, "Primary Colours", recentemente editado) e muito hype à mistura, os The Horrors conquistam fãs por todo o lado (muito à custa de intensos concertos ao vivo). Pessoalmente, gosto muito de alguns temas e não gosto nada de outros. Do que gosto mesmo é do cuidado estético dos seus videoclips. Para isso não será alheio o facto de terem muito bom gosto nos realizadores que escolhem, como o fantástico videoclip "Sheena is a Parasite", da autoria do aclamado realizador Chris Cunningham. Ou este sublime videoclip "She is the New Thing", realizado por Corin Hardy. Uma verdadeira trip alucinogénica "dark gore" em animação (poderia ter sido realizado por Tim Burton):

domingo, 1 de novembro de 2009

A marca da Lista Rebelde


A famosa Lista Rebelde do programa "Som da Frente" que viciou uma geração nos anos 80 com a divulgação das bandas mais interessantes daqueles anos, representava a diversidade de propostas musicais do panorama alternativo. Na Lista Rebelde, cabiam os Dead Can Dance como os Motorhead, os Joy Division ou os This Mortal Coil, os X-Mal Deutschland ou o Glenn Branca. Este interesse pelo eclectismo estético que Sérgio promovia sempre me interessou.
O blogue Vivathe80s reuniu 500 temas que passaram pela Lista Rebelde do radialista. Aqui estão apenas representados 30, mas há mais 470 para descobrir aqui. E pensar que tempos houve em que se podia ouvir estas músicas, em horário nobre, na rádio!
1 – Gun Club – Sex Beat
2 – Scritti Pollitti – Sweetest Girl
3 – U2 – Pride (In The Name Of Love)
4 – Bronski Beat – Smalltown Boy
5 – Wah! – 7000 Names Of Wah!
6 – Joy Division – Atmosphere
7 – The The – Perfect
8 – Tone On Tails – Performance
9 – Bauhaus – Kick In The Eye
10 – Cure – Faith (Live)
11 – Associates – Party Fears Two
12 – This Mortal Coil –Song To The Siren
13 – Comateens – Late Night City
14 – Waterboys – A Pagan Place
15 – Virginia Astley – Love’s A Lonely Place To Be
16 – Motorhead – Please Don’t Touch
17 – Psychadelic Furs – Love My Way
18 – Echo & The Bunnymen – Back To Love
19 – Talking Heads – Great Curve
20 – U2 – Glória
21 – R.E.M. – Radio Free Europe
22 – B52’s – Future Generation
23 – Cure – Love Cats
24 – Waterboys –December
25 – Cure – Charlotte Sometimes
26 – New Order – Ceremony
27 – Siouxsie & The Banshees – Israel
28 – Teardrop Explodes – Passionate Friend
29 – DB’s – Neverland
30 – Teardrop Explodes – Tiny Children

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Misterioso Impossível - tesouros musicais dos anos 80


Para quem gosta de música experimental, electrónica, ambiental e industrial dos anos 80, o blogue de referência só pode ser o Misterioso Impossível. Na década de 80 ouvi muita dessa música, ou em discos, ou em cassetes gravadas por amigos com os quais trocava gravações. No blogue citado, encontram-se verdadeiras preciosidades raras de encontrar hoje em disco, que o autor do mesmo digitaliza e disponibiliza para os amantes das sonoridades mais estranhas.
Por exemplo, podemos encontrar registos que só foram editados em cassete áudio (como era prática comum numa editora independente e alternativa), não só edições de grupos marcantes do panorama internacional, como português. E quanto ao panorama nacional, destacam-se as edições de grupos experimentais como Osso Exótico, Ode Filípica, Hesskhé Yadalanah, Vítor Rua, Ik Mux, Telectu, Croniamantal, Pedro Tudela, entre outros projectos diluídos em colectâneas de editoras da altura (Tragic Figures, Ananana, Área Total, Grito Tapes, Ama Romanta, K7 Pirata...).
Por seu turno, Misterioso Impossível é também irresistível para quem gosta (ou gostava e quer agora ouvir de novo) projectos de culto (alguns passaram pelo mítico Rock Rendez-Vous) como Muslimgauze, Zone, Einstürzende Neubauten, Psychic TV, La Fura Dels Baus, Nurse With Wound, Current 93, Von Magnet, Sol Invictus, The Hafler Trio, Teste Department, Swans, Sprung Aus Den Wolken, Controlled Bleeding, Bourbonese Qualk, entre muitos outros.
Convém ainda dizer que o blogue não se limita apenas à música mais experimental da década de 80, pois a sua abrangência abarca também edições importantes dos anos 90. E ainda referir que, nos links amigos, são divulgados outros blogues que disponibilizam discos em mp3 de grupos essenciais destas duas décadas. Verdadeiro serviço público, assim como um tesouro infindável para os nostálgicos desta era musical.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Os Yo La Tengo e a capa

O novo disco dos Yo La Tengo, "Popular Songs", tem uma capa, ao mesmo tempo, bela e deprimente. Bela porque, visualmente, acho-a muito bem conseguida e sugestiva. Deprimente porque me faz lembrar as minhas (quase) mil cassetes que estão arquivadas na garagem em processo de... apodrecimento. É o final inevitável da fita analógica: um dia todas as cassetes áudio irão ficar num estado de degradação como esta (ou quase). Parece-me também que esta imagem remete para uma eventual metáfora sobre o declínio do suporte físico da música.
Testemunho pessoal aqui e aqui.
PS - Não tenho nenhum disco em vinil ou em CD dos Yo La Tengo. Nem mp3. Mas tenho muitas k7 gravadas desta banda indie-rock. Que já não ouço, claro.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Obrigado Sony Walkman


É provável que geração do mp3 não faça ideia do que é este objecto (ok, é um exagero, mas...). Mas este Walkman da Sony (e muitos outros modelos subsequentes), que agora comemora 30 anos, marcou a história dos objectos culturais do século XX. Está para a música analógica como o i-Pod para a era digital. No fundo, ambos desempenharam a mesma função - a de dar música, mas com características muito distintas.
O que teria sido da minha geração sem o Walkman com as velhinhas cassetes áudio que funcionavam a pilhas? O que seria das férias de Verão, quando era adolescente, sem que pudesse levar a música portátil para ouvir algumas das minhas 1000 K7's? Teria sido muito difícil de suportar um mês sem música, certamente. Nos tempos que correm, este objecto é arqueológico, mas faz parte da nostalgia de consumo musical. Com o Walkman (outro modelo que não este) ouvi muita música nos anos 80 e gastei centenas de pilhas. A mudança de cassetes era todo um ritual, para ouvir aquele álbum ou aquele artista:
Half Man Half Biscuit, Test Department, Red Lorry Yellow Lorry, Captain Beefheart, Devo, Philip Boa and the Voodoo Club, Death in June, The Triffids, Robert Ashley, George Crumb, Christian Death, Dissidenten, Front 242, Camper Van Beethoven, Beatnigs, Anne Clark, Dif Juz, 23 Skidoo, The Wolfgang Press, Asmus Tietchens, in The Nursery, SPK, And Also The Trees, The Band of Holy Joy, John Adams, Elliott Sharp, Butthole Surfers, Mick Karn, Minimal Compact, Hugo LArgo, Graeme Revell, Rapeman, Coil, Steven Brown, Felt, The Residents, Can, Holger Czukay, The Feelies, Art Zoyd, Miso Ensemble, Meredith Monk, Nurse With Wound, Laibach, Christian Marclay, Harold Budd, Robert Fripp, Lights in a Fat City, Jon Hassel, Somei Satoh, Cathy Berberian, La Monte Young, Henry Cow, Negativland, Clock DVA, Biota, Moroccan Trance Music, Demetrio Stratos, Sixth Comm, Z'Ev, Skinny Puppy, Milton Babbit, Clair Obscur, Swans, Virgin Prunes, Hector Zazou, Bill Frisell, Chalres Mingus, Holger Hiller, The Gun Club, Sol Invictus, Barry Adamson, Cranioclast, Lydia Lunch, O Yuki Conjugate, No Means No, Lou Harrison, Psychic TV, Muslimgauze, Foetus, Delerium, Non, Anarband, Andrew Poppy, David Fulton, Zoviet France, Wire, Elvis Costello, Tom Cora, Faust, Von MAgnet, God, Ravi Shankar, Osso Exótico, Harry Partch, Pauline Oliveros, The Fall, Painkiller, Nicolas Collins, Peter Frohmader, David Sylvian, Kronos Quartet, Zap Mama, Jarboe, Sainkho, Jorge Reyes, Loop Guru, Carlos Zíngaro, Jane's Addiction, Ocaso Épico, Boyd Rice, FM Einheit, Alvin Lucier, Dinossaur Jr., Lush, Pengui Cafe Orchestra, Fred Frith, Pascal Comelade, Organum, Loop, The Hafler Trio, Cecil Taylor, Ala Stivell, Delerium, Tony Oxley, Pigface, Godflesh, Big Black, La Fura Dels Baus, Brian Eno, HIST, Arcace Device, Smegma, Fugazi, John Cage, Rollins Band, Yo La Tengo, John Cale, Masada, Scorn, Luciano Berio, Robert Rich, Pierre Boulez, Dead Kennedys, Telectu, Lard, Caspar Brotzman, XTC, etc, etc, etc.
E as cassetes apodrecem na gararem...

segunda-feira, 16 de março de 2009

MacGyver para o grande ecrã

Lembro-me bem: estávamos em 1986, 87. Por aí. Não perdia um episódio, antes mesmo de fazer os trabalhos de casa escolares. Passava aos sábados à tarde na RTP, num tempo em que não tinha concorrência do tele-lixo dos canais privados. "MacGyver" era uma série de ficção exemplar. Um entretenimento televisivo que voava à frente do espectador. Longe da banalidade repetitiva e artificial da série "Knight Rider" com o canastrão David Hasselhoff, "MacGyver" era sempre uma fonte de surpresa e imprevisibilidade. As aventuras do agente secreto da Fundação Phoenix, que detestava armas de fogo, violência gratuita, e revelava grandes conhecimentos de química e física, tinham o condão de ser sempre diferentes e entusiasmantes. Sobretudo pela forma como conseguia desenvencilhar-se das situações mais complexas recorrendo aos objectos mais inofensivos (para construir uma bomba, por exemplo) - uma pastilha elástica, um clip, um elástico, uma esferográfica, uma pequena ferramenta, bastavam para MacGyver escapar de qualquer aperto. Por isso, era sempre interessante ver a inteligência e as soluções engenhosas que MacGyver punha em prática a cada novo episódio da série.
Richard Dean Anderson, o actor que encarnou durante cerca de sete anos o papel do mítico MacGyver, tornou-se um dos actores televisivos mais carismáticos e conhecidos da década de 80 e a série facilmente se transformou num ícone da cultura popular dessa década. Soube-se agora, através do "Hollywood Reporter", que a New Line, com Raffaella De Laurentiis (filha de Dino De Laurentiis) ao leme, está a desenvolver o projecto de transformação da série num filme. Ainda não há realizador, nem argumento ou elenco (sempre estou curioso para ver qual o actor que irá interpretar MacGyver). No entanto, não deixo de ter sempre reserva quando uma série de culto do imaginário televisivo popular passa para o grande ecrã. Há sempre riscos inerentes de desvirtuar o conceito do produto original.
Por causa desta notícia, fiz uma breve pesquisa sobre a série e o Google devolveu-me mais de seis milhões de resultados. Mesmo considerando que nem todos se referem à série, convenhamos que é um número que atesta o interesse que ainda hoje "MacGyver" desperta. Há até vários sites e fóruns de fãs que disponibilizam toda a informação sobre o herói televisivo dos 80, como este excelente "MacGyver Online". Está lá tudo para quem quer saber tudo sobre MacGyver. Como saber qual o tipo de blusão usado pelo agente secreto, ou porque é que nunca apareceu na série com uma namorada.

Winning


What holds your hope together
Make sure it's strong enough
When you reach the end of your tether
It's because it wasn't strong enough

I was going to drown Then
I started swimming
I was going down
Then I started winning
Winning - winning!

When you're on the bottom
Crawl back to the top
Something pulls you up
And a voice you can't stop

I was going to drown
Then I started swimming
I was going down
Then I started winning
Winning - winning!

Adrian Borland (1957 - 1999) - Vocalista e letrista dos The Sound

segunda-feira, 9 de março de 2009

Robert Mapplethorpe



Robert Mapplethorpe, um dos mais controversos e criativos fotógrafos americanos da década de 80, morreu faz hoje 20 anos. Amigo de Andy Wharol e amante de Patti Smith, bissexual e artista pop, polémico e provocador, adepto do sadomasoquismo, dos circuitos intelectuais mais alternativos mas também das festas sociais mundanas, Robert Mapplethorpe morreu de Sida com apenas 42 anos. Algumas das suas fotografias mais ousadas, com actos sexuais explícitos homossexuais, são ainda hoje proibidas em muitos espaços culturais de vários países. As suas fotografias a preto e branco revelam uma esplêndida sensibilidade plástica, com um rigor quase geométrico na composição e encenação das imagens. Ao saber que estava infectado pelo vírus da Sida (em 1986), criou uma fundação - The Robert Mapplethorpe Foundation, Inc -, a qual se destina a preservar e difundir a sua obra artística, assim como recolher fundos para acções de caridade.
Há precisamente um ano, abordei aqui uma fotografia famosa que Mapplethorpe tirou a Philip Glass e Robert Wilson.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Anos 80 inesgotáveis?



O revivalismo dos ano 80 invade tudo sem pedir licença. Há quem goste, há quem deteste e há ainda quem se sinta indiferente. Incluo-me no último rol. Passei parte da minha juventude na década de 80 e sei bem distinguir entre o lixo musical e as referências de qualidade. Mas a onda de revivalismo que temos assistido nos últimos tempos no que concerne aos anos 80 (no cinema, música, moda, televisão...) começa a ser já cansativa e despropositada. E oportunista comercialmente. Basta constatar o que a Fnac está a fazer no seu site: a promoção de uma secção inteira dedicada aos êxitos dos 80. São dezenas de colectâneas de músicas (algumas com 5 CDs!), seleccionadas por grupos musicais, músicas de séries de televisão e do cinema. Quem quiser abastecer-se a rodos dos sucessos retumbantes da música dos 80, aqui deverá encontrar tudo o que tocou até à exaustão nas rádios e televisões daqueles anos. A RFM já deve ter comprado o stock todo.
Agora ficaria bem à Fnac aproveitar a onda e proceder a uma promoção da música dos anos 80 que realmente interessa (pelo menos para mim). E a lista até podia ser mais vasta do que esta referente aos êxitos dos 80. Não tenho grandes dúvidas...

domingo, 5 de outubro de 2008

Revivalismo a quanto obrigas


Qual a impressão com que se fica quando se entra pela primeira vez num bar que se pensa ser diferente e se ouve (e vê) pelo LCD pendurado na parede o videoclip - em altos berros - "Boys Boys Boys" da Sabrina (não confundir com a concorrente Samantha Fox), hit incontornável do pior dos eighties? E que durante o resto do tempo em que se tomou um café o dito LCD só debitava os êxitos mais insuportáveis e pirosos dos 80, num volume de tal forma ameaçador que só por megafone se conseguia ouvir a própria voz? Fica-se com uma uma impressão suficientemente esclarecedora para não mais lá voltar, isso é certo. O horror, o horror...

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Discos que mudam uma vida - 25


Dissidenten - "Sahara Electrik" (1983)

Alguém me gravou este disco numa cassete áudio pelos meados dos anos 80. Das várias centenas de cassetes que acumulei durante essa década, confesso que a cassete com o viciante disco "Sahara Electrik" dos Dissidenten foi das que mais rodou na aparelhagem (ao ponto da fita se ter estragado). À altura, era para mim um disco com uma sonoridade totalmente nova e estimulante, em que sons do Médio Oriente e da Ásia se misturavam com ritmos electrónicos, na esteira do álbum "My Life in the Bush of Ghosts" (editado dois anos antes) de David Byrne e Brian Eno.
Os Dissidenten são um colectivo alemão (ainda em actividade) que criou alguns álbuns essenciais (este é o principal) para a evolução da estética "fusionista" entre a world music e a sensibilidade puramente pop (que viria a desenvolver-se posteriormente com outros grupos). De resto, o tema "Fata Morgana" dos Dissidenten foi um dos temas mais populares nas pistas de dança alternativas da primeira metade dos 80 em países como Espanha, Itália, Alemanha e Canadá. Ouça-se "Fata Morgana" aqui. "Sahara Electrik" é um disco de pura energia e encantamento melódico e rítmico, concebido por um grupo de alemães fascinados pela tradição musical de Marrocos, Argélia e Índia (colaboraram com alguns músicos destes países).
Para quem quiser conhecer ou recuperar este disco dos Dissidenten, basta carregar neste link e o disco estará pronto a ser degustado em todo o seu esplendor!

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Conhecer música nova: o papel dos amigos

A revista Blitz resolveu fazer uma sondagem aos seus leitores no seu site para saber qual o melhor meio para descobrir nova música. O resultado pode ler-se aqui. O resultado não é de espantar, dado que a preferência maioritária (57%) diz preferir a internet para conhecer música nova. O curioso é que, logo a seguir à utilização da internet, está o item "recomendação de amigos" (14%), bem à frente da opção "imprensa especializada" (9%), da "rádio" (6%) e da "televisão" (4%). Ou seja, esta sondagem meramente demonstrativa, vem provar algo que já se sabia: os jovens (e menos jovens) conhecem hoje música nova quase exclusivamente pela internet, e dando mais crédito aos conselhos de amigos do que às propostas da comunicação social. Acaba por não ser muito diferente de quando eu era mais novo - à excepção da internet - que não existia ainda.
Tinha 16 anos quando comecei verdadeiramente a gostar de música e a conhecer/consumir sofregamente sonoridades novas. E uma das formas mais importantes e decisivas que eu tive para conhecer música nova estimulante (dos mais variados géneros - do jazz ao rock, da electrónica à erudita experimental) foi através da tal "recomendação de amigos", geralmente, mais velhos e conhecedores. E com mais dinheiro para comprar os discos em vinil que estavam na berra (gravei centenas de cassetes áudio à custas dos amigos). Só a seguir vinha a imprensa especializada, que à altura se resumia ao então semanário BLITZ, ao fugaz LP, ou à imprensa britânica - Melody Maker e New Musical Express (sem esquecer o papel importante dos fanzines). E, claro, a rádio. Mítica foi a importância que a figura do radialista António Sérgio teve para toda a geração dos anos 80 , com programas de autor como o seminal "Som da Frente". Dantes, lia-se uma crítica no jornal sobre um disco ou grupo que despertava a minha atenção e que queria conhecer e ouvir. Para tal, esperava que tocasse na rádio ou que o disco ficasse à venda na discoteca. Este processo entre conhecer o grupo pela imprensa (ou por um amigo) e conhecer a sua música, podia levar semanas. Actualmente, este mesmo processo leva um minuto - basta abrir o myspace do grupo que queremos conhecer e pronto, está lá a informação que pretendemos. Hoje mesmo acabei de ouvir o single (que foi lançado hoje mesmo)do novo álbum da dupla Brian Eno e David Byrne, como já tinha referido neste post.
Agora o paradigma da informação/comunicação é outro e a internet monopoliza praticamente todo o espectro de preferências ao nível de pesquisa de informação e de consumo cultural. E muitas vezes penso se a minha formação musical (enquanto consumidor e músico) teria sido muito diferente se, na altura própria, tivesse acesso à inesgotável sociedade da informação digital como hoje acontece...

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Notícia musical do dia


Phill Collins, autor de algumas das mais insuportáveis e lamechas baladas e cançonetas-pop dos anos 80 e 90, divulga ao mundo que, aos 57 anos de idade, vai desistir da carreira artística (para se dedicar à família). Este amor aos seus entes queridos só lhe fica bem. Collins foi um baterista de valor quando esteve nos Genesis. Só que a sua carreira a solo, de muito sucesso comercial e de grande popularidade, diga-se, foi polvilhada com canções românticas de fazer chorar as pedras da calçada. Preciosidades como “Against All Odds”, “Another Day in Paradise”, “One More Night, ou “A Groovy Kind of Love” infernizaram as rádios e os tops de single dos anos 80 (por outro lado, embelezaram os serões radiofónicos da RFM e da Comercial). Para os fãs, será um desgosto o anúncio desta retirada de cena. Para os detractores, uma bênção. Aleluia!

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Prefab Sprout - a melodia pop perfeita


Sempre considerei como trio de referências pop dos anos 80 três grupos: XTC, The Go-Betweens e Prefab Sprout. Apesar da capa duvidosa, este é um dos discos pop mais perfeitos e viciantes da década de 80. Que digo eu? Da década de 80 e 90. "Steve McQueen" dos Prefab Sprout. Foi editado em 1985 e ainda me lembro da primeira vez que ouvi uma das canções mais belas do disco, "Appetite". Foi no saudoso programa "Som da Frente" do António Sérgio (Rádio Comercial, todos os dias às 4h) e durante semanas esteve no top de preferências dos ouvintes. Depois comprei o vinil e foi o fascínio. Paddy McAloon, líder e vocalista do grupo, era um notável letrista e cantor e este disco está recheado de canções povoadas por melodias sublimes e letras desencantadas.
Lembrei-me deste disco porque, ao entrar hoje no carro ao meio da tarde e sintonizar a Antena 3, ouvi o belíssimo tema "When Loves Breaks Down", que faz parte do alinhamento de "Steve McQueen".