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sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Cinema e saúde mental

No âmbito das comemorações do Dia Mundial da Saúde Mental da Escola Superior de Saúde de Viseu, fui convidado a dissertar sobre a relação entre o cinema e a saúde mental. Aceitei o desafio como aceitei, há três anos, dissertar sobre o suicídio e o cinema (ver aqui) num simpósio sobre o tema. O título que escolhi: "A Psique Cinematográfica: A Saúde Mental Representada no Cinema".

Foi um bom desafio que me obrigou a ver (ou rever) uma série de filmes e a investigar literatura especializada. Após elaborar uma pré-selecção de 60 filmes, reduzi a apresentação para 35 títulos que me pareceram absolutamente incontornáveis. Dois critérios essenciais serviram para essa selecção: a qualidade cinematográfica/artística de cada filme escolhido e a relevância temática.

Cheguei à conclusão que os distúrbios mentais mais frequentes abordados pelo cinema são: múltiplas formas de esquizofrenia, paranóia, transtorno obsessivo-compulsivo, comportamentos psicóticos, psicose maníaco-depressiva, transtorno bipolar, transtorno dissociativo de personalidade, etc.

A minha apresentação na Escola Superior de Cinema decorreu no dia 8 deste mês num auditório com 200 lugares lotados com estudantes de saúde mental, professores, enfermeiros, psicólogos e psiquiatras. Mostrei uma apresentação visual na qual constavam o título do filme, o realizador, o ano de produção e uma imagem ilustrativa (como estas duas que ilustram este post: "Shock Corridor" de Samuel Fuller e "Spider" de David Cronenberg). Depois ia dissertando sobre cada filme...
No final apresentei uma bibliografia especializada: cinema como terapia, loucura e cinema, psiquiatria e filmes, etc. Já não houve tempo para debate com a assistência.

Para dar o mote ao início da prelecção citei uma frase de uma personagem do filme “Grand Canyon” (1991) de Lawrence Kasdan: “Se estás com problemas vai ao cinema. Os filmes têm a resposta para todos os problemas da vida.” 

Os filmes foram citados por ordem cronológica.



"O Gabinete do Dr. Caligari” (1920) – Robert Wiene
“A Page of Madness” (1926) – Teinosuke Kinugasa
“Un Chien Andalou” (1929) – Luis Buñuel
“M - Matou” (1931) – Fritz Lang
“Spellbound” (1945) – Alfred Hitchcock
“The Snake Pit” (1948) – Anatole Litvak
“Él – O Alucinado” (1952) – Luis Buñuel
“As Três Faces de Eva” (1957) – Nunnally Johnson
“Psycho” (1960) – Alfred Hitchcock
“David e Lisa” (1962) – Frank Perry
“Shock Corridor” (1963) – Samuel Fuller
“Fogo Fátuo” (1963) – Louis Malle
“Repulsa” (1965) – Roman Polanski
"Persona" (1966) - Ingmar Bergman
“Uma Mulher Sob Influência” (1974) – John Cassavetes
“Jaime” (1974) – António Reis
“Voando Sobre um Ninho de Cucos” (1976) – Milos Forman
“Eraserhead” (1977) – David Lynch
“The Shining” (1980) – Stanley Kubrick
“Nostalgia” (1983) – Andrei Tarkovsky
“Misery” (1990) – Bob Reiner
“Despertares” (1990) – Penny Marshall
“Garota, Interrompida” (1999) – James Mangold
“Uma Mente Brilhante” (2001) – Ron Howard
“K-Pax” (2001) – Iain Softley
“As Horas” (2002) – Stephen Daldry
“Spider” (2002) – David Cronenberg
“O Aviador” (2004) – Martin Scorsese
“O Maquinsta” (2004) – Brad Anderson
“Loucuras de um Génio” (Doc, 2005) – Jeff Feuerzeig
“Bug” (2006) – Wiliam Friedkin
“Cisne Negro” (2010) – Darren Aronofsky
“Take Shelter” (2011) – Jeff Nichols
“Alive Inside” (Doc, 2013) – Michael Rossato-Bennett
“Pára-me De Repente o Pensamento” (Doc, 2014) – Jorge Pelicano
“Esta é a Minha Casa” (Doc, 2014) – Pedro Renca
“Birdman” (2014) – Alejandro Gonzalez Iñárritu

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O estilo visual de cada cineasta

Eis uma reportagem bem interessante do site informativo O Observador: o realizador coreano Kogonada resolveu facilitar a vida a todos os cinéfilos do mundo e fez uma série de vídeos que ajudam a entender o principal traço visual que caracteriza o trabalho de alguns dos principais realizadores da história. 
Nascido em Seul, Kogonada é conhecido por seus vídeo-ensaios sobre cinema para a Internet e colabora para a revista Sight & Sound. A sua página do Vimeo contém os seus melhores vídeos, muitos deles escolhidos como destaque pela equipa do site.

Basicamente, em vídeo de um ou dois minutos, Kogonada revela, numa cuidada montagem, um determinado estilo visual de um realizador. Assim, o realizador mostra e prova que:

- Stanley Kubrick trabalha as perspectivas de ponto de fuga (centro).
- Wes Anderson tem uma especial fixação pela simetria do ecrã e pelos planos de cima.
- Quantin Tarantino recorre muitas vezes aos planos contra-picados.
- Robert Bresson denota uma obsessão em filmar mãos (que se tocam... ou não).
- Terrence Malick aborda a dicotomia entre o fogo e a água.
- Yasujiro Ozu filma com a câmara estática corredores ao fundo.
- Darren Aronofsky tem um cuidado minucioso com os sons de cada objecto e situação (ver vídeo em baixo).

Em suma, um exercício bem interessante para quaisquer cinéfilos.

Para ver os restantes exemplos em vídeo, ir aqui.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Top 2011 - Os filmes

De ano para ano, o número de estreias de filmes nas salas aumenta: em 2009 estrearam 347 filmes; em 2010, 440; e em 2011, passaram pelas salas portuguesas nada menos do que 509 filmes!
Claro que em meio milhar de películas, haverá 10 ou 15 filmes realmente fora de série. Não que eu tenha visto os 500 filmes de todo o ano, muito longe disso. Mas dos que vi, dá para concluir que foi um bom ano cinematográfico.
Convém fazer uma nota prévia dizendo que ainda não vi filmes possíveis candidatos à lista dos melhores do ano, como "Sangue do Meu Sangue", "Restless", "Nos Idos de Março", "O Tio Boonmee Que se Lembra das Suas Vidas Anteriores", "The Artist", "A Autobiografia de Nicolae Ceausescu", "Aurora", "Temos Papa", "Isto Não é Um Filme", "O Miúdo da Bicicleta", "As Serviçais" ou "Um Método Perigoso".
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Assim, do que já vi destacaria 12 títulos.
A saber:
12 - "Super 8" - J.J. Abrams (Uma feliz revisitação pela memória do cinema à mistura com ficção científica: um bom divertimento para miúdos e graúdos).
11 - "50/50" - Jonathan Levine (Porventura um dos melhores e mais honestos filmes sobre a sensível temática do cancro. Joseph Gordon-Levitt arranca uma brilhante interpretação).
10 - "O Cisne Negro" - Darren Aronofsky (Um retrato inquietante sobre a degradação psicológica de uma mulher que apenas almeja a perfeição).

9 - "Meia-Noite em Paris" - Woody Allen (O regresso de Woody Allen ao mais fino humor intelectual numa obra que compete com as suas melhores comédias de sempre).
8 - "Essential Killing" - Jerzy Skolimowski (Vincent Gallo é portentoso no soldado fugitivo que procura salvação sem dizer uma palavra. Realização prodigiosa de Skolimowski).
7 - "Uma Separação" - Asghar Farhadi (É um retrato sem espinhas sobre uma separação que é também uma metáfora dos problemas da sociedade moderna).
6 - "A Árvore da Vida" - Terrence Malick (Filme metafísico sobre as questões da vida e da morte, do homem e do amor, com a natureza elegíaca como pano de fundo).
5 - "48" - Susana Sousa Dias (Um dos mais originais documentários sobre a tortura a que foram sujeitas as vítimas do salazarismo. Inovação estética sem paralelo no cinema português).
4- "Drive" - Nicolas Winding Refn (Sofisticado e visualmente arrojado filme que deve tanto a Michael Mann como a "Taxi Driver". Violento e mordaz, num filme em que o silêncio conta).
3 - "Melancolia" - Lars Von Trier (Obra apocalíptica, negra e completamente nihilista sobre as relações humanas, mais do que sobre o fim do mundo).
2 - "O Deus da Carnificina" - Roman Polanski (É Polanski "vintage", realização segura e interpretações de elevado nível. É sobre a natureza psicológica das relações humanas).
1 - "O Cavalo de Turim" - Béla Tarr (Último filme de um profeta do cinema. Obra austera e difícil, mas de alcance artístico inigualável, Béla Tarr é um visionário raro do cinema actual).

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

"Cisne Negro": jogo de espelhos


Não é por acaso que Darren Aronofsky intitulou o seu último filme "Cisne Negro" e não "Cisne Branco". É bom de ver que o que interessou ao realizador foi explorar (como já o fizera em filmes seus anteriormente) o lado mais obscuro e negro da mente humana. É essa estranha força negra que tudo absorve, que tudo destrói. Daí o fascínio pelo lado negro e desconhecido da realidade...
A frágil e doce bailarina Nina é arrastada para o abismo, precisamente, quando sabe que tem de encarnar o cisne negro. É é nesta dicotomia entre dois mundos opostos que o filme de Aronofsky ganha pontos: na forma como encena o bailado como plataforma de uma terrível e alucinada luta interior de uma mulher dilacerada e dividida por duas pulsões antagónicas.
Natalie Portman é sublime na forma como encarna as duas facetas da personagem e o jogo de espelhos que a levará à loucura (a própria refere que o facto de ter estudado psicologia a ajudou na construção da mesma).
Darren Aronofsky é prodigioso no modo como constrói uma narrativa progressivamente opressiva, angustiante e devastadora.
Na minha memória ficará guardada, durante muito tempo, a espantosa sequência na qual Nina se transforma em cisne negro - a dançar no palco e a ficar coberta de penas negras, enquanto a câmara a filma em movimentos circulares.
São bem evidentes, em "Cisne Negro", a influência directa de grandes obras do cinema sobre paranóia e alucinação, como os notáveis "O Inquilino" (1976) e "Repulsa" (1965), ambos de Roman Polanski, "Don't Look Now" (1973) de Nicolas Roeg e alguns filmes de David Cronenberg (pelo lado da metamorfose da carne). O filme de Aronofsky espelha, de certo modo, o ambiente de crescente paranóia e desagregação de personalidades que os filmes citados abordam.
E uma certeza é inabalável: o Óscar não irá fugir a Natalie Portman.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Dois cartazes

São dois filmes que vão estrear brevemente em Portugal. Dois filmes de realizadores de gerações e formações bem diferentes (cada um no seu território de exploração cinematográfica): Darren Aronofsky e Jean-Luc Godard.
Ainda não vi nenhum destes filmes, por isso aproveito apenas para comentar os respectivos cartazes. Cada um à sua maneira, são dois notáveis cartazes: “Black Swan” pela inegável qualidade plástica da imagem, pelo olhar doce de Natalie Portman e pela inquetante cratera no seu rosto; “Film Socialism”, de Godard, pelo conceito gráfico minimalista – fundo negro, letras vermelhas e as iniciais do cineasta francês entrelaçadas com as do título da película. Ideias aparentemente simples, despojadas e que, ao mesmo tempo, revelam criatividade ao nível das soluções visuais.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Música épica para um jogo de futebol

Clint Mansell, ex-músico pop dos Pop Will Itself e actualmente um dos mais interessantes compositores de bandas sonoras para cinema, tem um tema de culto que marcou toda a sua carreira: "Lux Aeterna", que faz parte do brilhante filme "Requiem For a Dream" de Darren Aronofsky. Esta composição foi também utilizada como música para o trailer da trilogia "O Senhor dos Anéis" (embora com arranjos orquestrais diferentes).
"Lux Aeterna" serve agora também de música de fundo para a apresentação de um jogo de futebol na SIC: Liverpool-Benfica de amanhã.
De certeza que a escolha desta música, dramaticamente épica, não terá sido mera coincidência...

domingo, 27 de dezembro de 2009

2009 - Os filmes

Confesso que não pensei muito para fazer esta lista. Fiz umas pesquisas rápidas, tomei o pulso aos filmes que mais gostei de ver no ano e pronto. Por isso é provável que falte algum título nesta lista (se tiver paciência farei uma selecção dos filmes da década).
Convém dizer que ainda não vi filmes muito esperados e elogiados (lá fora) e que deverão estrear no próximo ano em Portugal: "Serious Man" de Joel e Ethan Coen, "The Lovely Bones" de Peter Jackson, "Um Profeta" de Jacques Audiard, "Invictus" de Clint Eastwood, "The Road" de John Hillcoat, "Shutter Island" de Martin Scorsese, "The Fantastic Mr. Fox" de Wes Anderson, "Imaginarium of Doctor Parnassus" de Terry Gilliam, "Precious" de Lee Daniels, "Up in the Air" de Jason Reitman (...).

Os links remetem para posts sobre os respectivos filmes:

1 - "Anticristo" de Lars Von Trier
2 - "O Laço Branco" de Michael Haneke
3 - "Gran Torino" de Clint Eastwood
4 - "Whatever Works" de Woody Allen
5 - "Inglorious Basterds" de Quentin Tarantino
6 - "The Wrestler" de Darren Aronofsky
7 - "Inimigos Públicos" de Michael Mann
8 - "Two Lovers" de James Gray
9 - "Deixa-me Entrar" de Tomas Alfredson
10 - "Where The Wild Things Are" de Spike Jonze
11 - "The Hurt Locker" de Kathryn Bigelow
12 - "A Orfã" de Jaume Collet-Serra

Fiascos do ano: "Actividade Paranormal" e "2012"
Filme revelação do ano: "Moon" de Duncan Jones
Melhor filme de animação: "Mary and Max", seguido de "Coraline" e "Up"
Interpretação do ano: Christoph Waltz em "Inglorious Basterds"

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Um filme sobre drogas (mas não só)


É um filme de 2006, mas só ontem o vi em DVD. Realizado por um desconhecido Neil Armfield, conta com notáveis interpretações de Heath Ledger e de Abbie Cornish (co-adjuvados por um não menos brilhante Geoffrey Rush). Baseado num romance de Luke Davies, "Candy" narra a trágica (mas ao mesmo tempo poética) história de amor entre dois jovens que julgam poder viver todos os sonhos do mundo. Mas a insuperável dependência das drogas interrompe a possibilidade de qualquer sonho, de qualquer vivência digna. Amam-se e odeiam-se, sempre com a obsessão do consumo de drogas como obstáculo inultrapassável. Pensava que "Requiem For a Dream" (2000) de Darren Aronofsky fosse o melhor filme da última década sobre as drogas. E de facto é. "Candy" não tem a sofisticação formal e a intensidade dramática quase surreal do filme de Aronofsky, mas em certos aspectos, consegue ser mais realista e contundente. É um relato cru e nu de um homem e uma mulher que lutam contra um desígnio difícil de ultrapassar. Um filme sobre um destino sinuoso de duas almas perdidas (e tem um dos finais mais desoladores que tenho visto). Está longe de ser um filme sobre a dependência de drogas. À semelhança de "Requiem For a Dream", também tem uma excelente (e diversificada) banda sonora, com Tim Buckley, Mozart, Soul Coughing e Amon Tobin.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Perguntas indiscretas - 12

Na sequência do post anterior, lanço uma pergunta: qual seria o realizador ideal para fazer um filme sobre os The Velvet Underground? Que cineasta reúne os requisitos artísticos e a sensibilidade (cinematográfica e musical) para levar a bom porto um projecto destes?
Eu arrisco:
- Anton Corbijn
- Julian Schnabel
- Gus Van Sant
- Martin Scorsese
- Jim Jarmusch
- Clint Eastwood
- Darren Aronofsky
- Steven Soderbergh
- Joel e Ethan Coen
(...)

terça-feira, 28 de julho de 2009

O filme definitivo sobre drogas

Há muitos filmes sobre drogas. Há muitos filmes sobre o tráfico, o consumo, os efeitos, as dependências e os tipos de drogas (como se pode comprovar nesta lista). Porém, quanto a mim, não há nenhum filme que supere a mestria narrativa, interpretativa e visual de "Requiem For a Dream" (2000), de Darren Aronofsky. Este segundo filme do autor de "The Wrestler" é um autêntico murro no estômago sobre a dependência das drogas e os sonhos destrutivos que estas acarretam para os diversos personagens. Um filme perturbador e único, numa abordagem inovadora ao universo das drogas que revelou Aronofsky como um autor de grande calibre artístico (já a sua estreia no cinema tinha sido fulgurante, com o filme independente "Pi", de 1998).
Nota: lembrei-me deste filme porque acabei de ler o magnífico livro "As Portas da Percepção - Céu e Inferno" de Aldous Huxley, no qual o autor disserta sobre a sua própria e delirante experiência de consumo de drogas.

sábado, 7 de março de 2009

Grandes filmes antes dos 30 anos

Neste post - bastante comentado - abordei os primeiros grandes filmes realizados por jovens cineastas. Aquelas primeiras obras fabulosas que marcaram a restante filmografia do cineasta e até da história do cinema. Mas nem todos esses realizadores eram jovens realizadores. Quantos realizadores se podem orgulhar de terem feito primeiras obras de inexcedível qualidade antes dos 30 anos de idade?
Eis doze filmes da minha preferência pessoal no rol de cineastas que assinaram filmes superlativos antes dos 30 anos de idade (ordenados por ordem crescente de preferência, título do filme, ano, realizador e respectiva idade):

12 - "American Graffiti" (1973) - George Lucas (29)
11 - "Os 400 Golpes" (1959) - François Truffaut (27)
10 - "Sherlock Jr." (1924) - Buster Keaton (29)
9 - "Magnolia" (1999) - Paul Thomas Anderson (29)
8 - "Reservoir Dogs" (1992) - Quentin Tarantino (29)
7 - "Pi" (1998) - Darren Aronofsky (30)
6 - ""Duel" (1971) - Steven Spielberg (25)
5 - "Sexo, Mentiras e Vídeo" (1989) - Steven Soderbergh (26)
4 - "Magnificent Ambersons" (1942) - Orson Welles (27)
3 - "Un Chien Andalou" (1929) - Luís Buñuel (29)
2 - "Citizen Kane" (1941) - Orson Welles (26)
1 - "O Couraçado Potemkine" (1925) - Sergei Eisenstein (27)
Mais contributos?

sábado, 3 de janeiro de 2009

A febre dos "remakes"


É este o sintoma do prenúncio do fim de Hollywood? Quando a criatividade no cinema se esgota em modelos já batidos, só resta explorar ideias já concretizadas no passado. Segundo o Ípsilon online, Hollywood prepara os anos de 2009 e 2010 com uma inacreditável avalanche de "remakes" de filmes que outrora foram de culto ou de sucesso comercial. Já não chegavam as sequelas que todos os anos inundam as salas de cinema, agora é o ataque aos "remakes". O pior é que os inteligentes dos produtores da indústria cinematográfica de Hollywood querem "mexer" em filmes clássicos e de culto, não se sabe muito bom com que propósito ou finalidade. Imagine-se que estão previstas reinterpretações de obras como "Os Pássaros" e "39 Degraus" de Alfred Hitchcock. Uma heresia desnecessária, a meu ver. A minha opinião é de que só o próprio Hitchcock, se pudesse regressar ao mundo dos vivos, poderia alguma vez refazer um filme da sua autoria. Aliás, fê-lo uma única vez, com o filme que dá título a este blogue: "O Homem Que Sabia Demasiado". O filme original é de 1934 e o remake americano foi realizado em 1956.
Se por um lado Hollywood tenciona refazer esses dois clássicos absolutos do mestre Hitch, por outro, pretende também refazer clássicos de culto do terror como "Pesadelo em Elm Street", "Hellraiser", "Sexta-feira 13" e "Poltergeist". Parece que se esgotou o filão do terror "gore" série "Saw" e "Hostel" e agora os produtores sentem necessidade de olhar para ao passado. "Conan, o Bárbaro", "Robocop" (com Darren Aronofsky a realizar!), "Footloose" e o inenarrável "Porky's" também fazem parte do menu de "remakes".
Com esta série verdadeiramente industrial de "remakes" já anunciada (é provável que os títulos aumentem com o passar do tempo), é oficial que se instalou um clima de pura histeria nas mentes dos produtores de Hollywood. Os "remakes" são meros exercícios de reinterpretação quase sempre inferiores aos filmes originais. Mais a mais, quando se trata de reinterpretar obras-primas clássicas. É a tentativa clara de, através do marketing e do recurso a títulos conhecidos do imaginário cinéfilo do espectador, tentar salvar o modelo actual da indústria cinematográfica tal como a conhecemos.
Remake de "Porky's"! E já agora, porque não da série completa da "Academia de Polícia"?...

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Estreias anacrónicas


Uma das principais e mais esperadas listas de melhores filmes do ano costuma vir do American Film Institute. Este ano a lista dos 10 melhores filmes do ano é deveras surpreendente:

1 - "O Estranho Caso de Benjamin Button", de David Fincher
2 - "O Cavaleiro das Trevas", de Christopher Nolan
3 - "Frost/Nixon", de Ron Howard
4 - "Frozen River", de Courtney Hunt
5 - "Gran Torino", de Clint Eastwood
6 - "Homem de Ferro", de Jon Favreau
7 - "Milk", de Gus Van Sant
8 - "Wall.E", de Andrew Stanto
9 - "Wendy and Lucy", de Kelly Reichardt
10 - "The Wrestler", de Darren Aronofsky

Há a destacar o facto de, entre os dez primeiros, constarem dois filmes de super-heróis ("O Cavaleiro das Trevas" e "Homem de Ferro") e um filme de animação ("Wall.E"), facto que atesta a aceitação deste género de filmes de acção no seio da crítica. Contudo, pessoalmente, não me parecem dois filmes merecedores de constarem nos 10 melhores do ano. Depois, dizer que dos 10 filmes referidos, apenas dois estrearam já em Portugal ("Wall.E" e "Cavaleiro dos Trevas"). Os outros oito filmes vão estrear nas próximas semanas e meses. É um sintoma da incoerência das estreias de cinema em Portugal, quando sabemos que em cada mês estreiam dezenas de filmes totalmente dispensáveis, constatamos que as obras referenciadas há muito como grandes obras (os novos de Eastwood, Van Sant, Aronofsky ou Fincher) acabam por estrear muito tardiamente por cá. São estreias anacrónicas...

sábado, 8 de novembro de 2008

Diário de "Blindness"


"Ensaio Sobre a Cegueira” permite tantas leituras que a toda hora me pego conferindo se este ou aquele viés da história estão contemplados no que tenho filmado. Cada vez que me asseguro de um ponto, outras quatro dúvidas aparecem.

Esta é apenas uma passagem do blogue "Blindness" que o realizador brasileiro Fernando Meirelles manteve durante a realização do filme baseado na obra "Ensaio Sobre a Cegueira" de José Saramago. O blogue mantém-se online neste sítio. Li-o quando soube da adaptação ao cinema do livro, mas devido à longa ausência de actualizações, acabei por ser um leitor muito irregular...
Já é prática relativamente comum os realizadores produzirem informação sobre o desenrolar das filmagens e produção de um determinado filme. Na era da globalização cultural, da comunicação digital e inerente velocidade de informação, é imperioso que os artistas desenvolvam estratégias actualizadas de relacionamento com o público. Nada melhor do que criar um blogue pessoal no qual seja possível fornecer informações sobre o ritmo de criação do filme, numa espécie de diário dos acontecimentos. O problema é que as actualizações nem sempre são frequentes, dado o natural escasso tempo disponível dos realizadores. É o caso do realizador Darren Aronofsky que desde que ganhou o Leão de Ouro do último Festival de Veneza com o filme "The Wrestler", nunca mais actualizou o seu blogue.
Regressando a Fernando Meirelles: o interessante desde cineasta é que, para além da escrita para o suporte digital que era o blogue acerca da produção de "Blindness", acabou também por editar um livro a que chamou, sem surpresas, "Diário de Blindness" (Edições Quasi). Trata-se de um livro que aborda as rodagens diárias da ambiciosa adaptação ao cinema do livro de Saramago. Como é natural, o livro, de apenas 96 páginas, é um prolongamento informativo dos conteúdos constantes no blogue. A diferença é que os textos estão mais escorreitos e desenvolvidos, com um cuidado na escrita que ultrapassa a leviandade dos textos diarísticos. Na verdade, não deixa de ser um óptimo complemento informativo em relação ao filme e ao próprio livro de Saramago, uma vez que Meirelles revela segredos das filmagens, dúvidas artísticas (como aquela que encabeça este post), explica processos criativos, relaciona a adaptação com a obra literária e disserta sobre o seu relacionamento com o próprio escritor.
Seria bem interessante que começassem a florescer livros como este no mercado editorial.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Darren Aronofsky - o primeiro capítulo














O Leão de Ouro da 65ª edição do festival de Veneza foi para o filme "The Wrestler" de Darren Aronofsky. O filme retrata os dias decadentes de um ex-combatente de wrestling, interpretado por um - ao que parece- excelente Mickey Rourke. Como não vi o filme, resta-me apenas dizer que este prémio confirma o extraordinário talento do realizador Darren Aronofsky (apesar do apelido é nova-iorquino de gema), após o seu primeiro filme "Pi" (1998) ter ganho o Prémio de Melhor Realizador do Festival de Cinema de Sundance. "Pi", filmado numa inquietante fotografia a preto e branco, é uma incrível viagem surreal pela mente de um génio matemático que tenta compreender a natureza, o homem e os mecanismos da bolsa (!) através de uma fórmula matemática. Foi uma estreia estrondosa por parte de Aronofsky, com um filme altamente engenhoso, uma montagem frenética e uma notável utilização da banda sonora (de Clint Mansell, ex-elemento do grupo Pop Will Eat Itself). Quando vi o filme pela primeira vez, confesso ter pensado imediatamente que Aronofsky se tinha estreado no cinema com uma obra independente tão retumbante como a primeira obra do David Lynch, o mítico "Eraserhead" (1977).
"Requiem for a Dream" (2000) conseguiu o difícil feito de superar a originalidade do primeiro filme. Espantosa meditação sobre o mundo das dependências (drogas, televisão, substâncias diversas) e do universo degradante (físico e psicológico) que provocam a quem se submete a elas. A actriz Ellen Burstyn foi nomeada ao Óscar de Melhor Actriz pela sua impressionante interpretação. Darren Aronofsky consegue, neste "Requiem for a Dream", construir aquele que será o filme definitivo (e sem moralismos primários) sobre um certo mundo actual, desfasado da realidade e repleto de mentes alienadas. Dois anos depois, surge "The Fountain - O Último Capítulo", o realizador e argumentista Darren Aronofsky decide repartir a narrativa em três momentos e espaços distintos: a época das conquistas quinhentistas, o presente e o futuro. Com uma qualidade visual e plástica deslumbrante, "The Fountain" debruça-se sobre temas eternos como a transcendência da alma, a ideia do amor como linha condutora de todas as nossas acções, a memória como elemento catalisador e uma certa reflexão filosófica sobre a mortalidade.
Por conseguinte, com "Pi", "Requiem for a Dream" e "The Fountain", Aronofsky criou uma trilogia de grande coerência estética (ainda que possa não parecer) e de invulgar fulgor artístico. Uma espécie de primeiro capítulo para uma longa carreira. Com o recente e já premiado "The Wrestler", Aronovsky volta a dar cartas no cinema contemporâneo. Vamos ver o que nos espera, daqui a dois anos, o seu próximo projecto chamado... "RoboCop". Esperemos que este filme de cariz manifestamente comercial e de encomenda, não desvirtue as imensas qualidades deste cineasta que um dia disse "When I go to movies I generally want to be taken to another world". Não queremos todos?