Esqueçam Björk e o álbum "Medulla". Camille, nome singelo de uma cantora francesa que faz da voz o seu instrumento, ao qual junta beatbox, percussão corporal, melodias pop e muita criatividade à mistura, vai mais longe que a cantora islandesa. Admito que a não conhecia. Li hoje um inflamado artigo de página inteira no Expresso e tive de procurar toda a informação disponível. O entusiasmo compreende-se. Camille não se restringe às regras da canção pop, é uma inventora de soluções sonoras (tem um tema, "Cats and Dogs", que é um prodígio musical com vozes desses animais feitas com recursos vocais humanos), faz com a voz um trabalho similar ao do francês Bernard Massuir ou do americano Bobby McFerrin (já se encontra mais distante do experimentalismo de uma Meredith Monk). O álbum "Music Hole" (título que brinca com a expressão "music hall"), o seu terceiro trabalho recentemente editado, é um sério candidato a disco mais surpreendente do ano e está repleto de pérolas como esta música:
sábado, 31 de maio de 2008
Camille - voz e muito talento
Esqueçam Björk e o álbum "Medulla". Camille, nome singelo de uma cantora francesa que faz da voz o seu instrumento, ao qual junta beatbox, percussão corporal, melodias pop e muita criatividade à mistura, vai mais longe que a cantora islandesa. Admito que a não conhecia. Li hoje um inflamado artigo de página inteira no Expresso e tive de procurar toda a informação disponível. O entusiasmo compreende-se. Camille não se restringe às regras da canção pop, é uma inventora de soluções sonoras (tem um tema, "Cats and Dogs", que é um prodígio musical com vozes desses animais feitas com recursos vocais humanos), faz com a voz um trabalho similar ao do francês Bernard Massuir ou do americano Bobby McFerrin (já se encontra mais distante do experimentalismo de uma Meredith Monk). O álbum "Music Hole" (título que brinca com a expressão "music hall"), o seu terceiro trabalho recentemente editado, é um sério candidato a disco mais surpreendente do ano e está repleto de pérolas como esta música:
Cidades criativas
sexta-feira, 30 de maio de 2008
O cinema pedagógico de Buñuel
quinta-feira, 29 de maio de 2008
A outra utilização do vinil
Inspiração vs. trabalho
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Um tiroteio para a posteridade
Vinho ao sabor da música
Durante um dos testes, foram tocadas quatro músicas diferentes para os mesmos vinhos: "Carmina Burana" de Carl Orff ("poderosa e pesada"); "Valsa das Flores", de Tchaikovsky ("subtil e refinada"); "Just Can`t Get Enough", dos Nouvelle Vague ("energética e refrescante") e, por fim, "Slow Breakdown", de Michael Brook ("melosa e leve").
Ao som de "Just Can`t Get Enough", dos Nouvelle Vague, o vinho branco foi considerado, em mais de 40 por cento, "energético e refrescante". Já ao som de "Slow Breakdown", de Michael Brook, apenas 26 por cento o considerou "meloso e leve". Por seu lado, o vinho tinto teve uma variação de 60 por cento do sabor quando acompanhado por Carmina Burana.
Adrian North foi o professor que liderou o estudo e, depois destes resultados, acredita que os produtores de vinhos podem e devem começar a imprimir recomendações musicais nos rótulos dos vinhos. Agora só faltam estudos que comprovem a relação entre o consumo de tremoços e a música de Quim Barreiros.
Tom Waits - um bilhetinho s.f.f.
Má notícia: não passa por Portugal (talvez com uma petiçãozinha viesse, mas já não há tempo).
July 14 & 15 - BARCELONA, SPAIN - Auditorium Forum - Ticket Hotline 902 10 12 12. International enquiries +34 933 262 946. Tickets also available online from http://www.telentrada.com/. Tickets on sale Monday 2nd June at 9.00AM.
terça-feira, 27 de maio de 2008
Os mais inlfuentes da História da Música
Outra espantosa surpresa mas absolutamente justificável: o segundo lugar atribuído a uma das mais importantes pedagogas e professoras musicais do século XX: Nadia Boulanger. Apesar do seu trabalho de composição não ter sido influente na evolução estética da música erudita, a sua pedagogia foi-o de forma determinante. Basta constatar a impressionante lista de alunos que lhe passaram pelas mãos e que formou em termos académicos: Philip Glass, Aaron Copland, Astor Piazzolla, Igor Stravinsky, Leonard Bernstein, Quincy Jones, Egberto Gismonti, John Eliot Gardiner, Burt Bacharach, entre outros.
Edgar Varèse, referido na segunda posição, é um compositor essencial do século XX e, de facto, a sua obra influenciou gerações de compositores e músicos de várias latitudes musicais, desde Stockhausen a Frank Zappa. Varèse foi um criador visionário, ávido em experimentar novas fórmulas estéticas e soluções sonoras (foi com este compositor que a percussão e a electrónica começaram a introduzir-se na linguagem musical erudita). Por sua vez, John Cage, em primeiro lugar, acaba também por ser um lugar merecido, dada a importância teórica e as revoluções estéticas que o compositor americano levou a cabo ao longo da sua profícua carreira. Mas listas são listas, sempre subjectivas, mutáveis e ao sabor dos tempos e pontos de vista. Esta é mais uma e, ainda que não seja uma referência absoluta, tem o mérito de suscitar a discussão e a reflexão.
Por ordem decrescente:
15 - Saint Hildegard Von Bingen (1098 - 1179)
14 - Guillaume Dufay (1397 - 1474)
13 - Giovanni Pierluigi da Palestrina (1525? - 1594)
12 - Antonio Vivaldi (1678 - 1741)
11 - George Frideric Handel (1685 - 1759)
10 - Carl Philipp Emanuel Bach (1714 - 1788)
9 - Franz Joseph Haydn (1732 - 1809)
8 - Wolfgang Amadeus Mozart (1756 - 1791)
7 - Giuseppe Verdi (1813 - 1901)
6 - Richard Wagner (1813 - 1883)
5 - Gustav Mahler (1860 - 1911)
4 - Igor Stravinsky (1882 - 1971)
3 - Edgard Varèse (1883 - 1965)
2 - Nadia Boulanger (1887 - 1979
1 - John Cage (1912 - 1992)
Pollack
segunda-feira, 26 de maio de 2008
Selecção - alguém pediu informação rigorosa?
Notícia musical do dia
domingo, 25 de maio de 2008
Cannes e os prémios
sábado, 24 de maio de 2008
sexta-feira, 23 de maio de 2008
Um novo "Bad Lieutenant"?
Arte, valor, contexto
O que gostaria era de ver uma experiência ao "contrário": um músico amador e sem currículo a tocar com uma grande orquestra numa grande instituição consagrada à fruição erudita das elites bem pensantes. O contexto estava definido, a arte bem enquadrada. E o valor? Dependeria dos dois primeiros pressupostos? Pois...
Obscena - virtual e física
A avalanche psiquiátrica
quinta-feira, 22 de maio de 2008
A genealogia do beijo no cinema
2: OMAR SHARIF and JULIE CHRISTIE - DR ZHIVAGO
3: HUMPHREY BOGART and INGRID BERGMAN - CASABLANCA
4: HUMPHREY BOGART and AUDREY HEPBURN - SABRINA
5: ROCK HUDSON and DORIS DAY - PILLOW TALK
6: JUSTIN HENRY and MOLLY RINGWALD - SIXTEEN CANDLES
7: ELIZABETH TAYLOR and MONTY CLIFT - A PLACE IN THE SUN
8: JUDD NELSON and MOLLY RINGWALD - THE BREAKFAST CLUB
9: GENE KELLY and DEBBIE REYNOLDS - SINGIN' IN THE RAIN
10: ETHAN HAWKE and WINONA RYDER - REALITY BITES.
Entretanto, se estes são os dez beijos mais glamorosos e românticos do cinema, eu elejo o beijo mais macabro e arrepiante de sempre:
Canções depressivas
quarta-feira, 21 de maio de 2008
O Woody Allen sem esperança
“Match Point” e “O Sonho de Cassandra” podem ser considerados um díptico e, se juntarmos o referido “Crimes e Escapadelas”, teremos a configuração de um portentoso tríptico. É a veia mais lúgubre e arrasadora de Woody Allen, que destila crimes sem sentido, mortes por “obrigação moral”, ódios mundanos e metafísicos, desnorte existencial e pitadas de um subtil humor negro. São obras que ficarão para a história do cinema como referências absolutas de um cinema de autor extremamente pessoal, que desenvolveu uma abordagem temática própria. Uma temática com preocupações filosóficas e morais que belisca (se é que não queima) o conceito que temos de natureza humana, de esperança na vida, no mundo e no homem. É o Woody Allen mais exitencialista que se possa imaginar, sem esperança de redenção nem fé no que quer que seja.
O videoclip da polémica
terça-feira, 20 de maio de 2008
Lomografia - fotografar ao sabor do instante
Gastar uns trocos para satisfazer a namorada
As ideias surrealistas à venda
André Breton (na imagem) lançou petróleo para a fogueira das artes de vanguarda quando, em 1924, editou o "Manifesto do Surrealismo". Um verdadeiro manual de insurreiçãoo artística, intelectual e estética que viria a influenciar grande parte da criação artística do restante século XX. Os manuscritos deste célebre documento estavam na posse de Simone Collinet, primeira mulher do artista, e vão ser leiloados, hoje mesmo, na capital francesa. O preço de licitação situa-se entre os 200 mil e os 300 mil euros (gostava de saber qual seria a reacção de Breton, caso fosse vivo, a esta exorbitância de dinheiro por um manifesto que, claramente, repudiava os valores relacionados com o vil metal e bens materiais de consumo).
O texto do "Manifesto do Surrealismo" é um texto muito interessante e rico em princípios de intenções, mas lido hoje, é-o sobretudo para estudantes de artes e curiosos. Foi um texto extremamente efémero e datado, visto que o Surrealismo, enquanto movimento artístico oficial e organizado, durou poucos anos. No entanto, mantém importância histórica pela forma como deixou o legado e marcou o pensamento artístico do século XX e grande parte da literatura, pintura, poesia e cinema. No mesmo manifesto, Breton define Surrealismo da seguinte forma: "Automatismo psíquico pelo qual alguém se propõe a exprimir, seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento".
Quem quiser ler online ou descarregar o "Manifesto do Surrealismo", basta clicar aqui.
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Foto do dia
Canibalismo - o último dos tabus
Música caleidoscópica
Não é por acaso que no youtube os dois primeiros comentários a este vídeo são antagónicos: “This is super cool!” vs. “The horror, the horror”. Nem podia ser de outra forma: o compositor americano Philip Glass divide paixões, entre o fervor fanático e o ódio avassalador. A sua música esteve ancorada na estética minimal repetitiva para depois evoluir em distintas ramificações estilísticas ao longo dos anos. O que este vídeo documenta é a fase criativa mais febril e estonteante de Glass. O Philip Glass Ensemble interpreta o trecho “Train Spaceship Part 2” da ópera-que-revolucionou-a-ópera “Einstein on The Beach”, escrita em 1976 com encenação de Robert Wilson. Neste vídeo vemos um Philip Glass jovem e transbordante de energia a tocar órgão e a coordenar os restantes instrumentistas. Cabe dizer que se trata de 6 minutos de grande intensidade sonora, com flutuações melódicas, harmónicas e rítmicas subtis e hipnotizantes (era esse um dos efeitos da música repetitiva). O domínio do ritmo e das dinâmicas da composição de Glass é impactante, a forma como a voz se vai enquadrando na densa estrutura sonora é digna de nota. Existe uma ilusão de repetição, já que a cada sequência melódica Glass inflitra pequenas variações de molde a que surjam, paulatinamente, novos motivos de interesse musical, num processo quase caleidoscópico. É preciso abrir a mente para fruir esta descarga sonora de Glass. E já deu para perceber que, com estas palavras, me encontro do lado da barricada dos que dizem: “This is super cool!”.