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sábado, 10 de janeiro de 2015

44 minutos de tiroteio (na realidade e na ficção)



Como muito bem referiu o Sam na caixa de comentário do meu post anterior sobre a violência na realidade e na ficção, consta-se que o filme "Heat- Cidade Sob Pressão" (1995) poderá ter servido de inspiração para um dos maiores tiroteios contemporâneos que houve nos EUA. Mais propriamente em Los Angeles, a norte de Hollywood, pelo que ficou conhecido como "The North Hollywood Shootout". 
Aconteceu em 1997 (dois anos após o filme de Michael Mann, portanto) e resultou numa troca de tiros bem real que causou diversos ferimentos em polícias e  transeuntes e na morte dos dois assaltantes do Bank of America. O assalto ao banco correu mal (como no filme), com a polícia a ripostar violentamente os dois homens vestidos de preto e fortemente armados que disparavam contra tudo o que mexia. Foram apenas 44 minutos de intenso tiroteio com milhares de balas disparadas, numa acontecimento real que quase ridiculariza, em termos de violência, o filme "Heat" (toda a história aqui).

Em 2003 um telefilme reproduziu os acontecimentos verídicos deste assalto numa manhã quente de Los Angeles. De título "44 Minutes - The North Hollywood Shootout", o telefilme é de qualidade meramente mediana (apesar de ter um actor consagrado, Michael Madsen), mas a violência dos tiroteios está bem retratada. 

PS - Agora é esperar que resulte um bom filme do caso do massacre e tiroteio de Paris, de preferência, com Michael Mann no comando da realização.

De seguida, o telefilme na íntegra que retrata o episódio real:

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Violência do real e da ficção

Três imagens. Três imagens que poderiam ser de um filme. 
Por acaso a segunda e a terceira imagens são oriundas de um grande filme de acção: "Heat - Cidade Sob Pressão" (1995) de Michael Mann. A primeira imagem também poderia ser de um qualquer filme de acção policial, mas é de um acontecimento bem real: o massacre de 12 pessoas do jornal Charlie Hebdo ocorrido ontem no centro de Paris.

Algumas semelhanças e diferenças entre a ficção e a realidade:

- No filme de Michael Mann, os atiradores estão no meio da rua, têm a cara destapada, disparam indiscriminadamente armas automáticas contra a polícia escondendo-se atrás de carros e fogem de um assalto a um banco no meio da cidade.

- Na situação real de Paris, os dois homens também se encontram no meio da rua com veículos e envergam indumentária militar com a cara tapada, usam metralhadoras contra a polícia, executam um polícia na nuca e fogem no rebuliço urbano da cidade a grande velocidade.

A violência da ficção e da realidade não é, afinal, muito diferente. O que nos leva à eterna questão: a realidade imita a ficção ou a ficção imita a realidade?



sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

O bom cinema que veremos em 2015

Agora que 2015 começou há que antecipar o ano em termos culturais. No que diz respeito ao cinema, a imprensa e as redes sociais têm indicado muitos títulos que irão marcar o ano. 
Na minha humilde opinião começo por destacar os filmes que serão totalmente dispensáveis de ver:

- "As Cinquenta Sombras de Grey"
- "Velocidade Furiosa 7"
- "Vingadores: a Era de Ultron"
- "Resident Evil 6"
- "Taken 3"
- "Rambo 5"
- "Mission Impossible 5"
- "Terminator: Genisys"
- "Paranormal Activity: The Ghost Dimensions"
- "Hitman: Agent 47"
- "The Fantastic Four"
- "[REC] 4: Apocalypse"
- "Ted 2"
- "The Hunter Games: Mockingjaxy part 2"
- "Superman vs Batman"
- "Mad Max: Fury Road"

Ou seja, fujo de tudo quanto cheire a blockbuster de entretenimento repetitivo e com fórmulas mais do que gastas, a sequelas e prequelas de blockbusters para consumir pipocas no meio da assistência apática de adolescentes imberbes.

Posto isto, vamos ao verdadeiro cinema enquanto Arte. E assim, os filmes que vão estrear (pelo menos em Portugal) em 2015 que mais me suscitam (muita) vontade de ver são (e não digam que não vai ser um grande ano de cinema!):

- "Flashmob" - Michael Haneke
- "Onomatopoeia" - Jean-Luc Godard 
- "Blackhat" - Michael Mann 
- "Leviathan" - Andrey Zvyagintsev
- "Silence" - Martin Scorsese
- "The Hateful Height" - Quentin Tarrantino
- "American Sniper" - Clint Eastwood
- "Inherent Vice" - Paul Thomas Anderson
- "Olhos Grandes" - Tim Burton
- "Queen of the Desert" - Werner Herzog 
- "I Walk With The Dead" - Nicolas Winding Refn
- "Sierra-Nevada" - Cristi Puiu
- "The Early Years" - Paolo Sorrentino
- "Sea of Trees" - Gus Van Sant 
- "Life" - Anton Corbijn
- "Francophonia: Le Louvre Under German Occupation" - Aleksandr Sokurov
- "The Assassin" - Hou Hsiao-hsien 
- "Idol's Eye" - Olivier Assayas
- "Dance of Reality" - Alejandro Jodorwosky 
- "Ferryman" - Wong Kar-Wai
- "D" - Roman Polanski
- "Sunset Song" - Terence Davies 
- "Mountains May Depart" - Jia Zhangke 
- "Crimsom Peak" - Guillermo del Toro
- "The Lost City of Z" - James Gray
- "Uma Dívida de Honra" - Tommy Lee Jones
- "Regression" - Alejandro Aménabar
- "Pasolini" - Abel Ferrara
- "Babi Yar" - Sergei Loznitsa 
- "Birdman" - Alejandro Gonzales Iñarritu
- "Cemetery of Kings" - Apichatpong Weerasethakul 
- "Knight of Cups" - Terrence Malick 
- "Women’s Shadow" - Philippe Garrel 
- "Three Memories of Childhood" - Arnaud Desplechin 
- "Louder Than Bombs" - Joachim Trier 
- "Arabian Nights" - Miguel Gomes 
- "Montanha" - João Salaviza
- "Carol" - Todd Haynes  
- "The Last Vampire" - Marco Bellocchio 


E certamente que esta lista não está fechada. 
Outros filmes de qualidade serão anunciados para enriquecer ainda mais este ano cinematográfico. 


domingo, 24 de julho de 2011

O realizador do massacre de Oslo

É uma mania que eu tenho: sempre que ocorre um acontecimento violento e trágico, ponho-me a pensar que realizador seria o ideal para adaptar ao grande ecrã esse mesmo acontecimento.
A propósito do recente massacre de Oslo, lembrei-me que o Michael Mann seria perfeito para levar a cabo um filme sobre esta carnificina inqualificável. Não só porque é um notável realizador de filmes de acção, mas também porque tem um sensibilidade especial para filmar cenas épicas de tiroteios e matanças ("Heat", "Colateral" ou "Inimigos Públicos" são bons exemplos).
E já agora: Johnny Depp estaria à altura de interpretar o papel do frio e impiedoso assassino Breivik.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Inception = Deception


Como começar? Talvez dizendo que, quanto a mim, o único filme verdadeiramente extraordinário de Chris Nolan é "Memento". Não achei deslumbrante "The Dark Knight", apenas um bom filme de entretenimento que contou com a memorável interpretação de Heath Ledger. "Insomnia" e "The Prestige" foram filmes que gostei, mas não foram suficientes para ver em Nolan um novo Hitchcock como alguma imprensa quer fazer querer. Nolan é um realizador talentoso, sem dúvida, sabe mexer-se entre vários géneros cinematográficos, cultiva um gosto pelos tons sombrios da mente humana (tema que me agrada), sabe imprimir ritmo à montagem, mas ainda assim não é Scorsese quem quer (muito menos Hitchcock).
"Inception" desiludiu-me. Ponto.
Tanto alarido à volta dos (alegados) revolucionários efeitos visuais e nada que tivesse espantado por aí além. O filme conta com duas ou três cenas de efeitos especiais mais impactantes - Paris a dobrar-se, as explosões no meio dos protagonistas impávidos, as sequências com gravidade zero... Parece que Nolan iria, à semelhança do primeiro "Matrix", marcar a história do cinema com inovadoras sequências de acção. Nada mais errado. E por falar em acção: a segunda parte do filme, está demasiado recheada de cenas de acção puramente banais e repletas de clichés (excessiva cedência comercial?): tiroteios, perseguição automóvel, explosões, mais tiroteios, luta corpo a corpo... Para alguns estes momentos podem funcionar como catarse, excitação, empolgamento. Para mim foram... aborrecidos e previsíveis. Nolan ainda não atingiu a perfeição de um Michael Mann no que se refere a como filmar insuperáveis cenas de acção.
Quanto ao argumento, tido por muitos como complexo (a exigir um segundo visionamento) é, quanto a mim, um debitar de lugares-comuns sobre o consciente e subconsciente da mente, filosofar sobre o real e o virtual, uma abordagem freudiana-via-Ficção-Científica sobre os enigmas eternos do desejo, da culpa, do medo, do controlo da vontade humana, da manipulação. O filme aborda esse mundo enigmático e fascinante do sonho, mas mesmo sem a sofisticação dos efeitos especiais do filme de Nolan, há mais surrealismo, fantasia, mundos paralelos, exploração do subconsciente razão vs. onírico num qualquer filme de Luis Buñuel do que neste "Inception".
Parece óbvio que o conceito "Matrix" serviu de paradigma a Nolan para o argumento do filme: a "Alegoria da Caverna" de Platão - a dicotomia realidade - mundo das sombras (ou dos sonhos) - é esmiuçada sem grandes surpresas. Veja-se até a similitude entre a forma como, em "Matrix", Morpheus explica a Neo, nas ruas da cidade, a diferença entre a realidade e o mundo alternativo e a forma como DiCaprio explica a Ellen Page quase o mesmo nas ruas de Paris. Os pressupostos são quase idênticos. O argumento tem pontas soltas, elementos sem explicação, mesmo no contexto da fantasia dos sonhos (não quero aprofundar esta matéria para não causa "spoilers"). Leonardo DiCaprio parece repetir, em piloto automático, o papel que tivera, um ano antes, em "Shutter Island" (sem a vertente paranóica do personagem do filme de Scorsese).
Ellen Page não tem maturidade e experiência para um papel tão exigente - nunca convenceu como a grande arquitecta dos sonhos. Até Mariion Cotillard parece subaproveitada num papel previsível que se adivinhava ser o cerne do problema de toda a história (engraçado o facto da música "La Vie en Rose" servir de mote para a acção, quando foi esta actriz francesa que encarnou Edith Piaf há uns anos).
Outro aspecto que me desagrada nos filmes de Cristopher Nolan e que está bem patente em "The Dark Knight" e neste "Inception": o excesso de música. Gosto muito de música para cinema e até considero que a partitura de Hans Zimmer é expressiva e com força dramática. Só que 90% (se não for mesmo 95%) da duração do filme têm música. E o excesso de música num filme como este acaba por ser contraproducente. Sobretudo na última meia hora de película, a música quase que se sobrepõe à acção e aos diálogos, sem dar descanso ao espectador, sem dar importância aos sons do meio ambiente do filme (sonoplastia), ao silêncio, tão importante quanto a banda sonora. À força de o realizador querer incutir emoção e dramatismo com a omnipresença da música, acaba, quanto a mim, a produzir um efeito contrário: indiferença, previsibilidade e cansaço. Senti-me mesmo esgotado no final do filme (e não era só porque o filme acabou às 3 da manhã), sensação idêntica à que senti no final do "The Dark Knight".
Jorge Mourinha, do Público, refere que Nolan será dos poucos cineastas a trabalhar no "mainstream" de Hollywood com marca de autor. Percebo o teor desta afirmação, mas custa-me a acreditar nela. Nolan é um realizador competente, um artífice com créditos firmados, tem ideias interessantes para os seus filmes, mas "Inception" não me arrebatou nem me fez convencer que estamos na presença de um "novo" Hitchcock (pelos motivos apontados). A grandiosidade operática em jeito de thriller revelou-se, afinal, uma opereta superficial-arty sem resultados artísticos irrefutáveis. "Inception" valoriza o lado frio, matemático e cerebral da narrativa, em detrimento da emoção, da fruição, do prazer estético.
E mais surpreendente, para mim, é constatar que "Inception" esteja já no terceiro lugar da lista dos 250 melhores filmes de sempre do Imdb.com. Um exagero apenas com justificação no reino dos sonhos mais profundos...

domingo, 27 de dezembro de 2009

2009 - Os filmes

Confesso que não pensei muito para fazer esta lista. Fiz umas pesquisas rápidas, tomei o pulso aos filmes que mais gostei de ver no ano e pronto. Por isso é provável que falte algum título nesta lista (se tiver paciência farei uma selecção dos filmes da década).
Convém dizer que ainda não vi filmes muito esperados e elogiados (lá fora) e que deverão estrear no próximo ano em Portugal: "Serious Man" de Joel e Ethan Coen, "The Lovely Bones" de Peter Jackson, "Um Profeta" de Jacques Audiard, "Invictus" de Clint Eastwood, "The Road" de John Hillcoat, "Shutter Island" de Martin Scorsese, "The Fantastic Mr. Fox" de Wes Anderson, "Imaginarium of Doctor Parnassus" de Terry Gilliam, "Precious" de Lee Daniels, "Up in the Air" de Jason Reitman (...).

Os links remetem para posts sobre os respectivos filmes:

1 - "Anticristo" de Lars Von Trier
2 - "O Laço Branco" de Michael Haneke
3 - "Gran Torino" de Clint Eastwood
4 - "Whatever Works" de Woody Allen
5 - "Inglorious Basterds" de Quentin Tarantino
6 - "The Wrestler" de Darren Aronofsky
7 - "Inimigos Públicos" de Michael Mann
8 - "Two Lovers" de James Gray
9 - "Deixa-me Entrar" de Tomas Alfredson
10 - "Where The Wild Things Are" de Spike Jonze
11 - "The Hurt Locker" de Kathryn Bigelow
12 - "A Orfã" de Jaume Collet-Serra

Fiascos do ano: "Actividade Paranormal" e "2012"
Filme revelação do ano: "Moon" de Duncan Jones
Melhor filme de animação: "Mary and Max", seguido de "Coraline" e "Up"
Interpretação do ano: Christoph Waltz em "Inglorious Basterds"

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

A corte improvável

É comum haver traduções mal feitas (geralmente, traduções literais) nos filmes, seja em DVD, no cinema ou em séries de televisão. Mas a que assisti ontem foi a mais hilariante dos últimos tempos: na sequência do tribunal do filme "Inimigos Públicos" de Michael Mann, sempre que um advogado falava sobre o tribunal ("Court"), a tradução da legenda era... "Corte"! Do género: "Queria pedir à "corte" um pedido de adiamento...". Só faltou trocar Lawyers por reis e ficava a corte completa!

sábado, 21 de novembro de 2009

Descobrir cidades através dos filmes


Para quem acumula o gosto pelo cinema e o prazer de viajar, nada melhor do que descobrir percursos de locais de rodagem de filmes. Há guias editados dos locais de filmagem do mundo inteiro, com especial destaque para as grandes metrópoles (Londres, Nova Iorque ou Paris - afinal, as cidades mais filmadas). Mas não é preciso comprar guias quando temos à disposição um óptimo site bastante completo sobre os locais de filmagem de muitos filmes (desde "cult movies" a "blockbusters"): chama-se "Movie Locations", e neste sítio encontramos informação detalhada sobre os locais (edifícios, cafés, hoteis, ruas...) onde foram filmados filmes como "O Padrinho", "Taxi Driver", "Pulp Fiction", "Laranja Mecânica" e tantos outros.
É possível pesquisar por país (Portugal tem apenas uma entrada, num filme de 1969 da série James Bond, filmado parcialmente em Cascais), cidade, realizador, actor, ou títulos de filmes. As fotografias que encontramos relativas a determinado filme correspondem aos cenários filmados, como o restaurante onde Robert DeNiro e Al Pacino se encontram em "Heat - Cidade Sob Pressão", os locais frequentados nos bairros de Paris por Amélie (na imagem) em "O Fabuloso Destino de Amélie Poulin", etc, etc.
Assim, numa eventual viagem a Bruxelas, Londres, Amesterdão, Los Angeles, Chicago ou Barcelona, poderemos programar um guia de destino turístico para conhecer os cenários reais dos nossos filmes favoritos. Ou seja, descobrir cidades através dos filmes - alia-se o prazer da viagem ao prazer cinéfilo. Link.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Mann & Capa


Depois de "Inimigos Públicos", eis que Michael Mann se lança numa nova aventura cinematográfica: a adaptação do romance "Esperando Robert Capa" de Susana Fortes, escritora galega vencedora da 14ª edição do prémio Fernando Lara. O livro aborda a breve relação amorosa entre o célebre fotógrafo Robert Capa (na imagem, 1933) e a alemã Gerda Taro, morta na Guerra Civil espanhola. O realizador comprou os direitos para adaptação ao cinema e consta-se que vai também dirigir atrás da câmara.

sábado, 19 de setembro de 2009

Michael Mann - Taschen


A Taschen lançou, na sua colecção de cinema, um livro sobre o realizador Michael Mann. Porém, ao contrário do que acontece com outros títulos da mesma colecção, este livro não tem, até ao momento, edição no mercado português. Estranho, no mínimo...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Michael Mann, o crítico e "Miami Vice"


Tenho em alta estima o jornalista do Público Luís Miguel Oliveira, que julgo ser um dos melhores críticos de cinema da nova geração (se é que há nova geração de críticos de cinema em Portugal: mas enfim, é ainda um jovem crítico). Tem uma vasta cultura (não só restrita à 7ª arte) e escreve muito bem. Lei-o todas as semanas e quase sempre estou de acordo com as suas análises. Como é normal em qualquer tipo de exercício crítico, o leitor pode concordar ou discordar. À crítica profissional opõe-se sempre a crítica do leitor. E de uma ou outra situação, promove-se a discussão de ideias, o combate salutar de opiniões. Isto para dizer que me, ao ler a crítica desta semana do LMO ao "Inimigos Públicos" de Michael Mann (ao qual o crítico atribui 4 estrelas), me surpreendeu o facto de, logo no início do seu texto, dizer que "Miami Vice" (de Mann) é uma obra-prima e um dos melhores filmes americanos desta década."
Apesar de não considerar o"Miami Vice" um mau filme (longe disso, mas também longe de uma obra-prima), considero que é a obra menos conseguida e interessante de Michael Mann. Muito mais interessante é o "Colateral" (2004), por exemplo, já para não falar de "Heat - Cidade Sob Pressão" (1995) ou "Manhunter" (1986). É óbvio o talento enorme de Mann na realização e na construção de universos visuais muito fortes - e nesse aspecto "Miami Vice" é também exemplo disso. A forma como a câmara capta as luzes e os cenários de Miami e se misturam com os personagens, é uma característica estimulante no trabalho do realizador (Mann é um dos cineastas que melhor partido tira das sofisticadas câmaras digitais). A fotografia de "Miami Vice" é notável, cheia de contrastes e relevância plástica, a realização competente, mas falta, quanto a mim, o sumo no meio de toda a espectacularidade estética: o argumento. O argumento de "Miami Vice" é um amontoado de lugares-comuns, formatados numa narrativa sem chama e totalmente previsível. Mesmo as sequências de acção (tiroteios) são penosamente previsíveis e primárias (longe da audácia febril que era "Heat"), resultando num objecto globalmente desequilibrado e pouco estimulante.
Mas esta é apenas a minha opinião, que por acaso não coincide com a do crítico Luís Miguel Oliveira. Quanto ao filme "Inimigos Públicos", que era o objecto principal da sua crítica gostei da abordagem crítica. Ainda não vi, mas as minhas expectativas são bastante altas (nem que seja para comprovar a qualidade dos chapéus!).

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O regresso de Jarmusch

A estreia mais esperada (sem contar com o "Public Enemies" de Michael Mann) vai acontecer já esta semana com o novo Jim Jarmusch - "The Limits of Control". Quatro anos depois de "Broken Flowers", Jarmusch regressa com um filme sobre um homem solitário que se move à margem da lei e deambula por Espanha à procura não se sabe muito bem de quê. A mestria do cineasta independente americano mais europeu volta a dar que falar. Enquanto não vemos o filme, vale a pena apreciar a qualidade gráfica do respectivo cartaz.
O trailer pode ser visto aqui.

terça-feira, 21 de julho de 2009

A chapelada no filme de Michael Mann ou o orgulho nacional


Já se sabia que o chapéu do último filme Indiana Jones e do "Public Enemies" (80 chapéus) de Michael Mann com Johnny Depp foram feitos por uma fábrica de São João da Madeira, a Fepsa. Aliás, esta fábrica granjeou tanta reputação internacional que até o antigo presidente dos EUA, George Bush, encomendava chapéus de cowboy. A RTP entrevistou um dos responsáveis da Fepsa, Ricardo Figueiredo que, sem modéstias disse, textualmente: "Acho que os chapéus são o filme. Os chapéus são a alma do filme. Não era possível fazer aquele filme sem chapéus de tão alta qualidade." Acrescente-se que o responsável ainda não viu o filme, apenas o trailer - que já sabe de cor. No entanto, tem a certeza que a alma do filme são os chapéus. É assim o pragmatismo português...

sábado, 18 de julho de 2009

O cinema na praia

Verão. Praia. Calor. Amor. Humor. Morte. O cinema retratou muitos destes temas em filmes e cenas memoráveis. A praia serviu de cenário para o amor, a morte e o humor. Assim de repente, eis algumas imagens marcantes do cinema que se passaram na praia:
A cena do beijo de Burt Lancaster e Deborah Kerr em  "From Here to Eternity""From Here to Eternity" (1953) de Fred Zinnemann:
A alucinada e misteriosa aventura do argumentista Barton Fink à volta do imaginário de uma mulher na praia, no filme "Barton Fink" (1991) dos irmãos Coen:

A angústia de Gustav von Aschenbach (Dirk Bogarde) no filme "Morte em Veneza" (1971) de Luchino Visconti, à procura de um amor utópico na areia da praia:
A areia de Omaha Beach tingida de vermelho do sangue em "Saving Private Ryan" (1998) de Steven Spielberg:

As loucas desventuras de verão do Sr. Hulot no hilariante "As Férias do Sr. Hulot" (1953) de Jacques Tati:

A morte lenta de Romain (Melvil Poupaud) na praia, no final do brilhante filme "O Tempo Que Resta" (2005) de François Ozon:

O pânico generalizado na praia de "Tubarão" (1975) de Steven Spielberg:

A música de Michael Nyman no piano no filme "O Piano" (1993) de Jane Campion:

Extra: o memorável final de "La Strada" de Fellini, com Anthony Quinn a sucumbir na praia ao desgosto pela perda da sua Gelsomina. Merece vídeo:

sábado, 11 de julho de 2009

Michael Mann - de A a Z


Agora que está quase a estrear o novo e muito esperado filme de Michael Mann, "Inimigos Públicos", sobre a vida do fora-da-lei John Dillinger (Jonnhy Depp), o site Empire divulgou um interessante dicionário de A a Z sobre o cineasta de "Heat". Uma excelente forma de conhecer melhor o universo cinematográfico do realizador.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Woody Allen vai fazer um filme sobre o Hi5

Uma das notícias do cinema mais relevantes dos últimos dias diz respeito à probabilidade quase certa do realizador David Fincher fazer um filme sobre o... Facebook (chamado, claro está, "The Social Network"). Estou para ver que filme sairá da imaginação sempre fértil de Fincher tendo como base um tema (ou um conceito) da internet.
É provável que, com a actual crise do cinema, a indústria explore novas possibilidades e novos filões. Depois da febre dos remakes e das sequelas, os filmes sobre conteúdos e programas da internet poderão ser o próximo passo dos produtores. Com este exemplo do David Fincher a realizar um filme sobre o Facebook, lembrei-me que seria bem curioso que outros exemplos acontecessem.
Do tipo:
- David Cronenberg realizar um filme sobre o Twitter
- Anton Corbijn realizar um filme sobre o Myspace
- Michael Haneke realizar um filme sobre a blogosfera
- Lars Von Trier realizar um filme sobre o MSN
- Woody Allen realizar um filme sobre o Hi5
- Pedro Almodóvar realizar um filme sobre o sistema operativo Linux
- Michael Mann realizar um filme sobre o i-Tunes

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Hannibal Lecter, by Brian Cox


Antes de Anthony Hopkins ter imortalizado a figura sinistra de Dr. Hannibal Lecter, já Brian Cox encarnava (na imagem), de forma igualmente magnética e magistral, a personagem no filme muito comentado mas pouco visto, "Manhunter" ("Caçada ao Amanhecer"), de Michael Mann (o cineasta que fez a obra-prima "Heat"). Estávamos em 1986, e nesse ano, Anthony Hopkins interpretava um papel não menos exigente (mas mais clássico): King Lear, de Shakespeare no Teatro Nacional de Inglaterra. Só em 1991, com o célebre "Silêncio dos Inocentes", é que Hopkins faria a interpretação da sua vida. Mais curioso ainda: quando Hopkins interpretou Lecter no filme de Jonathan Demme, Brian Cox interpretava King Lear no Teatro Nacional!
Curiosamente, David Lynch foi o primeiro realizador convidado pelo estúdio para adaptar ao grande ecrã o livro de Thomas Harris ("Red Dragon"), mas por impossibilidade de agenda, a realização foi parar às mãos de Mann. A verdade é que "Manhunter" se tornou rapidamente num filme de culto e, para muitos cinéfilos, é um objecto de cinema superior ao filme "Silence of the Lambs" (e respectivas sequelas). Brian Cox interpreta de forma magnética o papel do fascinante e terrível Hannibal Lecter e a realização é soberba na gestão do suspense e da tensão emocional.
Infelizmente, não existe edição em DVD deste clássico no mercado nacional. Mas do mal o menos: o site My One Thousand Movies resolveu o problema disponibilizando o filme de Michael Mann para download, com uma qualidade muito assinalável. Para descobrir e ver um dos grandes thrillers da década de 80. Abrir aqui.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Filme de acção... com boa acção


Filmes de acção de qualidade são coisa rara hoje em dia. As fórmulas estão mais que gastas, mesmo com o fenómeno Jason Bourne que se impôs ao próprio James Bond. Nos últimos dez anos foram poucos os filmes que conseguiram superar - ou mesmo igualar - a força bruta que foi "Heat - Cidade Sob Pressão" de Michael Mann, em 1995. Daí que o filme que vi ontem, "Taken", realizador pelo francês Pierre Morel (com a mão sábia de Luc Besson) tenha sido uma grande surpresa, tendo em conta o actual panorama sofrível do thriller de acção. Com o comercial título português "Busca Implacável" (só podia mesmo ser um título português), "Taken" oferece adrenalina pura e dura numa hora e meia de entretenimento total (o cinema também serve para isto), envolto num argumento coeso e realista, interpretações convincentes (Liam Neeson como vingador obsessivo) e uma realização muito conseguida (perseguições alucinantes pelas ruas de Paris). Não é uma obra-prima do género, também escorrega aqui e ali em certas convenções narrativas e visuais, mas é um claro exemplo de um filme de acção que renega o facilitismo previsível de 90% da produção do género.
De uma intensidade impressionante, "Taken" tem os primeiros 30 minutos preenchidos com uma pacata história entre a relação difícil entre um pai e uma filha. Mas tudo muda quando esta é raptada para uma rede de comércio sexual de mulheres em plena Paris... A partir deste ponto, "Taken" tem uma viragem radical, e o que parecia ser um banal drama familiar, transforma-se numa imparável perseguição sem tréguas, cuja violência e vingança são os únicos elementos abordados por parte de um homem comum.
Muito recomendável.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Top 2008

Balanço

Último dia do ano. Tal como fiz o balanço no final de 2007, estas são as minhas escolhas para o ano de 2008. Não sei se são as melhores. São aquelas que gostei de desfrutar ao longo do ano. Uma selecção pessoal. Nada mais. Mas há uma confissão a fazer: no fim de um ano de imensa produção cultural, a sensação com que fico é de uma certa frustração incómoda. Isto porque, depois das escolhas feitas, fico sempre com a nítida impressão de que ficaram muitas mais referências de fora que não tive oportunidade de conhecer. Muitos filmes que não vi, muitos discos que não ouvi, muitos livros que não li. A produção cultural é cada vez maior e torrencial a cada ano que passa. Milhares e milhares de objectos culturais são despejados para o mercado, quase indistintamente. Descortinar a qualidade no meio da quantidade é cada vez mais difícil e ingrato.

A própria comunicação social sente-se incapaz de dar vazão a tanta informação. E por isso, certos discos e filmes importantes são por vezes relegados para o fundo da prateleira por falta de espaço editorial ou por conflitos de interesses jornalísticos. Conseguir fazer uma selecção criteriosa dos produtos de qualidade dos que não têm interesse nenhum, exige esforço redobrado do cidadão comum para recolher cada vez mais informação (através de revistas, internet, jornais, rádio…) de molde a definir a sua própria opinião. O tempo é escasso para fruir (e usufruir) as propostas mais interessantes (no fundo, resume-se tudo ao que disse neste post). Ainda há filmes, discos e livros que ainda não conheço mas que provavelmente entrariam para a lista de preferências que se seguem... Agora é esperar que 2009 entre em força com boas e novas propostas.

Filmes:

Ainda não vi “Corações” de Alain Resnais, “A Turma” de Laurent Cantet, “Quatro Noites com Anna” de Jerzy Skolimowski, “O Homem de Londres” de Béla Tarr, “Destruir Depois de Ler” de Ethan e Joel Coen, “A Ronda da Noite” de Peter Greenaway, “Antes que o Diabo Saiba que Morreste” de Sidney Lumet, “Fome” de Steve McQueen, “Gomorra” de Matteo Garrone, “Em Bruges” de Martin McDonagh, “Austrália” de Baz Luhrmann…

1 – “Este País Não é Para Velhos” – Ethan e Joel Coen
2 – “Alexandra” – Alexander Sokurov
3 – “4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias” – Cristian Mungiu
4 – “No Vale de Elah” – Paul Haggis
5 – “Haverá Sangue” – Paul Thomas Anderson
6 – “O Segredo de um Cuzcuz” - Abdellatif Kechiche
7 – “O Lado Selvagem” – Sean Penn
8 – “Sweeney Todd” – Tim Burton
9 – “The Darjeeling Limited” – Wes Anderson
10 – “Os Falsificadores” - Stefan Ruzowitzky
11 – “Wall-E” – Andrew Stanton
12 – “Nós Controlamos a Noite” – James Gray
13 – “O Assassínio de Jesse James pelo Cobarde Robert Ford” – Andrew Dominik
14 – “O Orfanato” - Juan Antonio Bayona
15 – “Michael Clayton” – Tony Gilroy
16 – “Joy Division” – Grant Gee
17 – “The Mist” – Frank Darabont
18 – “O Acontecimento” - M. Night Shyamalan

Discos:

Apesar do hype da imprensa, ainda não ouvi discos como Fleet Foxes, Beach House, Dirty Projectors, Bon Iver, Evan Parker, Hercules & Love Affair, Silver Jews, The Dodos, Fennesz, Cut Copy, Hot Chip, She and Him…

1 - Secret Chiefs 3 – “Xaphan Book of Angels Volume 9”
2 - Leila – “Blood, Looms and Blooms””
3 - Clutchy Hopkins – “Walking Backwards”
4 - TV On The Radio – “Dear Science”
5 - Man Man – “Rabbit Habits”
6 - Portishead – “Third”
7 - Bombay Dub Orchestra – “3 Cities”
8 - Metaform – “Standing on the Shouders og Giants”
9 - Tricky – “Knowle West Boy”
10 - Stag Hare – “Black Medicine Music”
11 - Amon Tobin – “Foley Room Recorded Live In Brussels”
12 - Camille – “Music Hole”
13 - Nico Muhly – “Mothertongue”
14 - Gang Gang Dance – “Saint Dymphna”
15 - Devotchka – “A Mad And Faithful Telling”
16 - Girl Talk – “Feed the Animals”
17 – DJ Rupture – “Uproot”
18 - Fuck Buttons – “Street Horrrsing”
19 - Original Silence – “The Second Original Silence”
20 - Santogold – “Santogold”
21 - Firewater – “The Golden Hour”
22 - Matmos – “Supreme Baloon”
23 - Boredoms – “Super Roots #9”
25 - Paavoharju – “Laulu Laakson Kukista”
25 - Vampire Weekend – “Vampire Weekend”
26 - Ladytron – “Velocifero”
27 - The Bug – “London Zoo”
28 - Brazillian Girls – “New York City”
29 - Melvins – “Nude With Boots”
30 - Spiritualized – “Songs in A & E”

Discos portugueses:

Confesso que não fui um ouvinte regular de música portuguesa em 2008. Mas do que fui ouvindo ao longo do ano, gostei de: Deolinda, A Naifa, Mandrágora, Rocky Marsiano, peixe : avião, Linda Martini, Mesa, Melech Mechaya, Mikado Lab, Gala Drop, The Vicious Five, Mão Morta, Dead Combo…

Livros

Queria ter lido (espero ainda ler durante 2009): “Os Nus e os Mortos” de Norman Mailer, “Histórias de Amor” de Robert Wasler, “A Derrocada de Baliverna” de Dino Buzzati, “Contos Completos” de Truman Capote, “Correcção” de Thomas Bernhard, “Castelos Perigosos” de Céline, “Musicofilia” de Oliver Sacks, “O Jovem Estaline” de Simon Montefiore…

1 - “Sonderkommando” – Shlomo Venezia
2 – “Lacrimae Rerum” – Slavoj Zizek
3 – “A Monstruosidade de Cristo” – Slavoj Zizek
4 – “A Filosofia Segundo Woody Allen” - Vários autores
5 – “A Filosofia Segundo Alfred Hitchcock” – Vários autores
6 – “Em Busca do Grande Peixe” – David Lynch
7 – “A Febre” – Jean-Marie Le Clézio
8 – “O Jogo do Mundo” – Júlio Cortázar
9 – “O Homem Sem Qualidades Vol.1” – Robert Musil
10 – “Património” - Philip Roth
11 – “Toda a Música que eu Conheço” – António Victorino D’Almeida
12 – “Homem na Escuridão” - Paul Auster

Edições em DVD

Caixa “John Cassavetes”
Caixa “Hal Hartley”
Caixa “Wim Wenders”
Caixa "Mel Brooks"
“O Estranho Mundo de Jack”
– Edição Especial
“Casablanca” – Edição Coleccionador
“The General – Pamplinas Maquinista” – Ed. Especial
“Vertigo – A Mulher que Viveu Duas Vezes” – Ed. Especial
“Hstória(s) do Cinema” – Jean-Luc Godard
“Holocausto”
“Um Coração Selvagem” – Ed. Limitada
“Eraserhead” – Ed. Especial
"Vem e Vê" - Elem Klimov
“Control” – Ed. Especial
Coleccção Manoel de Oliveira
Coleccção “The Godfather – O Padrinho” – Ed. De Luxo
(...)

Embirrações do ano: Amy Winehouse, Tony Carreira, Tokio Hotel e "Rock in Rio"
Conflito do ano: concertos simultâneos de Leonard Cohen e Lou Reed
Acontecimento do ano: centenário de Manoel de Oliveira e Elliott Carter
Adeus: Luiz Pacheco, Bettie Page, Paul Newman, Sydney Pollack, Heath Ledger, Eartha Kitt, Albert Cossery, Harold Pinter, Humberto Solas, Pedro Bandeira Freire, Arthur C. Clarke
Boa notícia: regresso às bancas da revista de cinema Premiere e experiência 3D no cinema ("Bolt", "Viagem ao Centro da Terra"...). Abertura da Cinemateca do Porto.
Má notícia: encerramento da livraria Byblos. Preço dos livros, DVDs e CDs.