Interesso-me particularmente pela história da Segunda Guerra Mundial. Devoro informação sobre muitos temas relativos à guerra que devastou (pela segunda vez) a Europa: livros, filmes e documentários (ainda há poucas semanas terminei de ver o monumental documentário de 9 horas
"Shoah" de
Claude Lanzamann sobre o Holocausto). Gosto sobretudo de ler sobre a Alemanha nazi, a ascenção e queda de Hitler, dos seus colaboradores, das batalhas decisivas, da componente militar, económica, social e do holocausto que a Segunda Guerra suscitou.
Não esquecer que há apenas 2 anos sairam dois excelentes filmes enquadrados historicamente na Segunda Guerra Mundial:
"Hannah Arendt" de Margarethe von Trota sobre o julgamento de mentor do Holocausto nazi,
Adolf Eichmann, e
"Lore" de
Cate Shortland sobre uma adolescente em fuga da invasão nazi - ambos abordados neste blogue.
No que toca a literatura, o último livro sobre o assunto publicado em Portugal é este "Entrevistas de Nuremberga - Revelações dos Nazis a Um Psiquiatra". O seu autor (na imagem em cima), o psiquiatra americano Leon Goldensohn, foi o responsável por entrevistar (entre 1945-46), durante os julgamentos naquela cidade alemã, alguns dos mais cruéis e fanáticos militares da cúpula do temível Terceiro Reich como Goering, Ribbentrop, Donitz, Speer, Hess entre outros.
O livro foi lançado no mercado há dias pela editora
Tinta da China em formato de bolso (mesmo assim são 500 páginas). O fascínio da sua leitura prende completamente a atenção do leitor (e ainda apenas li a introdução e dois capítulos): em discurso directo, os criminosos nazis explicam a sua visão das atrocidades do regime de Hitler, assim como se tenta compreender a mentalidade e a ideologia que os guiou antes e durante a terrível guerra. Estamos, pois, perante um documento histórico ímpar, frio, cerebral e puramente analítico sobre os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial e alguns dos seus mais detacados protagonistas. Sem espinhas, portanto.
Existe um razoável filme (para televisão) de 2000 com base nos julgamentos de Nuremberga (com Alec Baldwin como protagonista) e um excelente filme realizado por Stanley Kramer em 1961. Mas porventura nenhum explorou esta faceta inédita estudada por Leon Goldensohn, uma vez que não é propriamente a análise do julgamento judicial que é o foco de estudo, mas sim o descortinar dos perfis psicológicos (e psiquiátricos) e das motivações político-ideológicas destas altas patentes militares nazis responsáveis por crimes abomináveis.
Altamente recomendável, sobretudo para os interessados no tema.
E quem sabe não poderá sair deste livro uma bela adaptação par cinema? Steven Spielberg como realizador? Martin Scorsese?...