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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

James Dean e Dennis Stock

Dennis Stock (1928 - 2010) foi um importante fotógrafo da prestigiada agência Magnum e da revista Life que fotografou algumas das figuras mais fulgurantes do cinema, da música e do espectáculo da segunda metade do século XX. Foi amigo pessoal de James Dean e é dele uma das fotografias mais célebres e icónicas do actor - aquela em que se vê Dean a passear debaixo da chuva em Times Square (Nova Iorque, 1955).

Acontece que o realizador Anton Corbijn ("Control") fez um filme intitulado "Life" no qual retrata a amizade entre Dennis Stock e James Dean. Robert Pattinson interpreta o fotógrafo, enquanto que Dane DeHaan encarna o mítico actor falecido aos 24 anos vítima de acidente de automóvel. Apesar de ainda não haver trailer do filme, já se especula pela internet acerca da forma como Corbijn terá retratado a relação entre ambos no grande ecrã (a única imagem que se conhece do filme é esta).

Enquanto esperamos pelo filme, deleitemo-nos com as maravilhosas fotografias de Stock (ordem): 
- Dennis Stock e James Dean
- Audrey Hepburn
- James Dean em Times Square
- James Dean
- Miles Davis

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

O bom cinema que veremos em 2015

Agora que 2015 começou há que antecipar o ano em termos culturais. No que diz respeito ao cinema, a imprensa e as redes sociais têm indicado muitos títulos que irão marcar o ano. 
Na minha humilde opinião começo por destacar os filmes que serão totalmente dispensáveis de ver:

- "As Cinquenta Sombras de Grey"
- "Velocidade Furiosa 7"
- "Vingadores: a Era de Ultron"
- "Resident Evil 6"
- "Taken 3"
- "Rambo 5"
- "Mission Impossible 5"
- "Terminator: Genisys"
- "Paranormal Activity: The Ghost Dimensions"
- "Hitman: Agent 47"
- "The Fantastic Four"
- "[REC] 4: Apocalypse"
- "Ted 2"
- "The Hunter Games: Mockingjaxy part 2"
- "Superman vs Batman"
- "Mad Max: Fury Road"

Ou seja, fujo de tudo quanto cheire a blockbuster de entretenimento repetitivo e com fórmulas mais do que gastas, a sequelas e prequelas de blockbusters para consumir pipocas no meio da assistência apática de adolescentes imberbes.

Posto isto, vamos ao verdadeiro cinema enquanto Arte. E assim, os filmes que vão estrear (pelo menos em Portugal) em 2015 que mais me suscitam (muita) vontade de ver são (e não digam que não vai ser um grande ano de cinema!):

- "Flashmob" - Michael Haneke
- "Onomatopoeia" - Jean-Luc Godard 
- "Blackhat" - Michael Mann 
- "Leviathan" - Andrey Zvyagintsev
- "Silence" - Martin Scorsese
- "The Hateful Height" - Quentin Tarrantino
- "American Sniper" - Clint Eastwood
- "Inherent Vice" - Paul Thomas Anderson
- "Olhos Grandes" - Tim Burton
- "Queen of the Desert" - Werner Herzog 
- "I Walk With The Dead" - Nicolas Winding Refn
- "Sierra-Nevada" - Cristi Puiu
- "The Early Years" - Paolo Sorrentino
- "Sea of Trees" - Gus Van Sant 
- "Life" - Anton Corbijn
- "Francophonia: Le Louvre Under German Occupation" - Aleksandr Sokurov
- "The Assassin" - Hou Hsiao-hsien 
- "Idol's Eye" - Olivier Assayas
- "Dance of Reality" - Alejandro Jodorwosky 
- "Ferryman" - Wong Kar-Wai
- "D" - Roman Polanski
- "Sunset Song" - Terence Davies 
- "Mountains May Depart" - Jia Zhangke 
- "Crimsom Peak" - Guillermo del Toro
- "The Lost City of Z" - James Gray
- "Uma Dívida de Honra" - Tommy Lee Jones
- "Regression" - Alejandro Aménabar
- "Pasolini" - Abel Ferrara
- "Babi Yar" - Sergei Loznitsa 
- "Birdman" - Alejandro Gonzales Iñarritu
- "Cemetery of Kings" - Apichatpong Weerasethakul 
- "Knight of Cups" - Terrence Malick 
- "Women’s Shadow" - Philippe Garrel 
- "Three Memories of Childhood" - Arnaud Desplechin 
- "Louder Than Bombs" - Joachim Trier 
- "Arabian Nights" - Miguel Gomes 
- "Montanha" - João Salaviza
- "Carol" - Todd Haynes  
- "The Last Vampire" - Marco Bellocchio 


E certamente que esta lista não está fechada. 
Outros filmes de qualidade serão anunciados para enriquecer ainda mais este ano cinematográfico. 


sábado, 30 de agosto de 2014

Bio-pics musicais



Martin Scorsese anunciou que se prepara para fazer um filme sobre os Ramones, mítica banda punk.
Neste contexto, gostava de ver a vida dos seguintes músicos em cinema adaptados pelos seguintes realizadores:

- Sun Ra, por Spike Lee.
- Lou Reed (The Velvet Underground), por Steven Soderbergh.
- John Coltrane, por Clint Eastwood.
- Freddy Mercury (Queen), por Anton Corbijn.
- Sex Pistols, por Quentin Tarantino.
- Maria Callas, por Milos Forman.
- John Lee Hooker, por Joel e Ethan Coen.
- Elvis Presley, por Wes Anderson.
(...)

terça-feira, 10 de junho de 2014

Biopic sobre os VU?

Os biopics de personalidades musicais estão na moda em Hollywood. Os próximos sonantes são os filmes sobre a vida de James Brown e de Whitney Houston
Na realidade, há poucos bons filmes biográficos de músicos que me interessam. O melhor dos últimos anos foi "Control" sobre Ian Curtis/Joy Division. Haveria um biopic que me interessaria muito: The Velvet Underground.
Mas para tal era preciso saber qual seria o realizador ideal para tal empreitada (e numa segunda fase, saber quais seriam os actores). Que cineasta poderia reunir os requisitos artísticos e a sensibilidade (cinematográfica e musical) para levar a bom porto um projecto destes? 
Eu arrisco: 

- Anton Corbijn 
- Gus Van Sant 
- Paul Thomas Anderson
- Abel Ferrara
- Martin Scorsese 
- Jim Jarmusch 
- Clint Eastwood 
- Darren Aronofsky 
- Steven Soderbergh 
- Joel e Ethan Coen

sábado, 18 de maio de 2013

A filha de Ian Curtis



Hoje, 18 de Maio, assinalam-se 33 anos da morte de Ian Curtis, carismático líder e vocalista da banda Joy Division. E ontem revi no canal Fox Movies o filme biográfico "Control" (2007) de Anton Corbijn. Sobre este filme escrevi tudo neste post, e sobre o impacto que a música dos Joy Division teve em mim escrevi isto.
Depois de rever o brilhante filme de Anton Corbijn, suscitou-me a curiosidade de saber o que faz hoje a filha do vocalista da banda, Natalie Curtis. Natalie tem a mesma expressão dos olhos de Ian, um olhar melancólico que parece ter herdado do pai. Tentou seguir música e aprender piano, mas nunca teve talento nem predisposição. 
Neste momento Natalie Curtis tem 34 anos e é uma conceituada fotógrafa na Inglaterra. Interessa-se por fazer retratos de cidadãos comuns mas também de personalidades da música. 
Eis o seu site e trabalhos fotográficos da filha de Ian Curtis. 

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Waits na objectiva de Corbijn

Uma excelente novidade para quem gosta do músico Tom Waits ou do fotógrafo (e realizador) Anton Corbijn. Ou então para quem gosta de ambos, como é o meu caso: vai ser editado dentro de uma semana um fantástico álbum de fotografias com 200 páginas contendo fotografias de Tom Waits tiradas por Anton Corbijn (autor do filme "Control" sobre os Joy Division)
As fotografias, todas as preto e branco como é marca estética de Corbijn, retratam mais de três décadas de relação (1977 - 2011), resultando agora neste precioso livro limitado a apenas 6.600 cópias. Mais: tem prefácio do realizador Jim Jarmusch, amigo de Waits e de Corbijn. 
O problema neste tipo de edições de coleccionador é o preço: nos EUA, via Amazon, custa 179 Dólares.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Entrevistas Póstumas (10) - Ian Curtis


O Homem Que Sabia Demasiado - Ian Curtis, 30 anos depois, a sua arte continua a fascinar gerações de amantes de música. Como explica isto?

Ian Curtis - Listen to the silence, let it ring on. Eyes, dark grey lenses frightened of the sun. We would have a fine time living in the night, Left to blind destruction, Waiting for our sight.

O Homem Que Sabia Demasiado - E o que me diz das suas letras plenas de negrume existencial, de deseperada lassidão emocional?

Ian Curtis - Heart and soul, one will burn. An abyss that laughs at creation, A circus complete with all fools, Foundations that lasted the ages, Then ripped apart at their roots. Beyond all this good is the terror.

O Homem Que Sabia Demasiado - Era considerado, nos Joy Division, o músico mais tímido e reservado. Como se tornou no líder carismático da banda?

Ian Curtis - Is this the role that I wanted to live? I was foolish to ask for so much. Without the protection and infancy's guard, It all falls apart at first touch.

O Homem Que Sabia Demasiado - A música dos Joy Division tornou-se na marca de uma geração e influenciou dezenas de bandas. Que sentimento e que responsabilidades isto lhe traz?

Ian Curtis - Walk in silence, Don't walk away, in silence. See the danger, Always danger, Endless talking, Life rebuilding, Don't walk away.

O Homem Que Sabia Demasiado - A sua viúva, Deborah Curtis, disse ter odiado o filme "Control" de Anton Corbijn. Que comentário quer fazer?

Ian Curtis - Confusion in her eyes that says it all. She's lost control. And she's clinging to the nearest passer by, She's lost control. And she gave away the secrets of her past, And of a voice that told her when and where to act, She's lost control, again.

O Homem Que Sabia Demasiado - Sei que tinha uma boa relação com a sua mãe. O que lhe diria caso a encontrasse?

Ian Curtis - Mother I tried please believe me, I'm doing the best that I can. I'm ashamed of the things I've been put through, I'm ashamed of the person I am.

O Homem Que Sabia Demasiado - A sua arte como músico e poeta foi construída segundo as suas próprias experiências de vida. Sente que as emoções, a vida e o amor são destruídos pela presença da rotina e pela certeza da morte?

Ian Curtis - When routine bites hard, And ambitions are low, And resentment rides high, But emotions won't grow, And we're changing our ways, Taking different roads. Then love, love will tear us apart again. Love, love will tear us apart again.

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Com esta décima e especial entrevista, termina a série de Entrevistas Póstumas.

Para ler as restantes nove, abrir aqui.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

"Kavkazskaya Plennitsa, Ili Novye Priklyucheniya Shurika"


O portal de cinema Imdb.com é um colossal site de informação sobre cinema. Já o sabemos. Por vezes dou-me ao trabalho de averiguar o que referem os tops e as listagens que estão anexadas ao portal - "os melhores filmes por décadas", "o top dos western, comédias", entre outras.
Quando há tempos vi o top de melhores filmes sob o género de "Music" (atenção que não é o mesmo que "Musical") deparei-me com duas surpresas e uma perplexidade: a primeira surpresa é que no primeiro lugar desta listagem encontrei um filme sobre a Segunda Guerra Mundial, "O Pianista" de Roman Polanski.
É certo que o filme de Polanski tem música tocada por um pianista, mas daí a compará-lo com "Amadeus" ou "Walk the Line", parece-me abusivo. A segunda (boa) surpresa foi ver o filme "Control" de Corbijn na 7ª posição.
A perplexidade tem a ver com o segundo lugar dessa peculiar lista: o famosíssimo e conhecidíssimo filme do realizador russo Leonid Gadai - "Kavkazskaya Plennitsa, Ili Novye Priklyucheniya Shurika", de 1966, do mesmo cineasta que em 1990 realizou o blockbuster mundial "Chastnyy Detektiv, Ili Operatsiya Kooperatsiya".
Deveras desconcertante...

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Tom Waits e Corbijn


A revista BLITZ informa: "Tom Waits: 2011 poderá ser dele. Homenagem, livro de Corbijn e talvez disco a caminho."
Livro de Anton Corbijn sobre Tom Waits? E porque não, já agora, filme de Corbijn sobre Tom Waits? Isso é que era!

sábado, 22 de janeiro de 2011

O cinema e o filão da internet


David Fincher realizou o filme "A Rede Social" sobre o Facebook e tem havido rumores da possibilidade de surgirem outros filmes sobre a internet e a tecnologia. É provável que, com a actual crise de inspiração na indústria cinematográfica de Hollywood, se explorem novos filões que sigam o êxito do filme de Fincher.
Depois da febre dos remakes e das sequelas, os filmes sobre conteúdos, redes sociais e programas da internet poderão ser o próximo passo a explorar por produtores e realizadores. Com o exemplo de sucesso demonstrado por David Fincher, é inevitável fazer um exercício retórico sobre outros possíveis exemplos.
Do tipo:
- David Cronenberg realizar um filme sobre o Twitter
- Anton Corbijn realizar um filme sobre o Myspace
- Michael Haneke realizar um filme sobre o Blogger
- Lars Von Trier realizar um filme sobre o o Messenger
- Woody Allen realizar um filme sobre o Hi5
- Alejandro González Iñárritu realizar um filme sobre o WikiLeaks
- Pedro Almodóvar realizar um filme sobre o YouTube
- Spike Lee realizar um filme sobre o i-Tunes
- Clint Eastwood realizar um filme sobre o Flickr
_______
Passe um certo absurdo e ironia destas sugestões, a verdade é que não é assim tão descartável a ideia deste tipo de filme surgirem em catadupa nos próximos tempos.
Adenda: depois de publicar este post li esta notícia que confirma a realização de uma biografia em filme do autor do WikiLeaks, Julian Assange!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Ver um filme... sem ver

A revista Sábado desta semana publica uma curiosa reportagem sobre a experiência de uma jornalista que viu um filme no cinema com... os olhos vendados. Ou seja, só percepcionou o filme apenas através do som. O filme em causa foi "O Americano", segunda obra sofrível do realizador de "Control", Anton Corbijn.
A jornalista que se sujeitou a esta experiência, Andreia Costa, relata as sensações vividas. Refere que o facto de não ter tido contacto visual com as imagens e ser estimulada, apenas, pelos sons, a levou a exercitar o seu imaginário. Isto é, face a determinado som, a jornalista imaginava a acção, só que confundiu inúmeras situações: o som de um berbequim pareceu-lhe tratar-se de um homem a fazer a barba, e imaginou situações e detalhes que, na verdade, nunca aconteceram no filme. Ainda assim, assegura que "percebeu" 80% da história (desconfio desta percentagem...).
Andreia Costa diz também que sentiu algum desconforto por ter estar o tempo todo do filme com os olhos tapados. No dia seguinte, a jornalista voltou à sala de cinema para ver normalmente o filme de forma a comparar as versões.
Esta experiência é interessante, até pelo simples facto de que a visão é o sentido mais utilizado pelo homem para entender o mundo que o rodeia. Privados deste poderoso sentido, perdemos referências fundamentais à nossa volta. E a verdade é que a experiência de ver um filme apenas com o som provoca no espectador novos estímulos cerebrais e incrementa a sua capacidade de imaginação (como aconteceu com o filme "Branca de Neve" de João César Monteiro).
Esta experiência leva-me a pensar noutra vertente muito importante da questão: como é que os cegos percepcionam um filme ou uma série de televisão? Perante a ausência de imagens, os cegos podem compreender a essência de um filme só com os estímulos sonoros? (acho que o neurologista Oliver Sacks seria capaz de dar uma resposta conclusiva).
E mais: quem de nós seria capaz de aceitar este desafio de ver um filme de olhos vendados? Dependeria do tipo de filme a ver (imaginem um filme de terror)? Da predisposição psicológica ou emocional? Do gosto pela experiência?...

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Dois filmes com o "mesmo final"


Quando terminei de ver o filme "O Americano" (por sinal, bem fraquinho), de Anton Corbijn, não pude deixar de reparar que o realizador terminou o filme exactamente da mesma forma que a sua primeira película, "Control".
Ou seja, com um movimento de câmara ascendente. No último plano do filme sobre Ian Curtis, a câmara filma a chaminé com um movimento de baixo para cima até fixar o céu e a nuvem de cinza. Por seu lado, no final do filme com George Clooney, Anton Corbijn opta pela mesma solução, só que noutro contexto visual: a câmara eleva-se filmando uma árvore e uma borboleta a voar, até que a imagem se extingue por via do "fade out".
No final, fiquei com dúvidas: não sei se estas duas formas praticamente idênticas de terminar um filme é um exemplo de coerência estética por parte do realizador ou se se tornou um recurso técnico banal...

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Joy Division ao peito


No último verão cruzei-me na rua com um miúdo que vestia uma t-shirt dos Joy Division igualzinha a esta. Não tinha mais de 16 ou 17 anos, exactamente a idade com que eu me tornei fanático do grupo de Ian Curtis e que envergava, de igual modo, as t-shirts da mítica banda de Manchester.
Há anos e anos que não vejo ninguém vestido com uma t-shirt de um grupo de que gosto e, especialmente, dos Joy Division. E mais especialmente ainda, por se tratar de um adolescente, e não de um trintão saudosista das bandas de que gostava quando jovem. Nos anos 80 havia o culto das t-shirts das bandas preferidas. E havia t-shirts dos grupos mais estranhos e obscuros. Era como que um ritual de identificação à volta dos gostos musicais cuja representação visual era sustentada, de forma orgulhosa e altiva, pelas inevitáveis t-shirts.
Era assim com a comunidade de amantes de rock alternativo, como era para a de música experimental ou para o grupo de fãs de death-metal. De há uns bons anos a esta parte, parece-me que este fenómeno se esbateu sobremaneira (menos nos jovens que gostam de metal). Os rituais de identificação da cultura juvenil assumiram outros códigos na era da tecnologia digital, talvez mais voláteis e abstractos e, por isso, menos identitários e duradouros.
Claro que o "hype" à volta do filme "Control" de Anton Corbijn e do documentário "Joy Division" de Grant Gee promoveram a banda de Ian Curtis como nunca antes acontecera (recentemente, o filme "(500) Days With Summer" também promoveu a banda com o protagonista envergando uma t-shirt igual a esta).
Mas há uma grande diferença entre a experiência de conhecer a música de "Closer" hoje ou a de ter conhecido em meados dos anos 80, quando ainda se faziam sentir os despojos estéticos da geração pós-Manchester.
Seja como for, confesso que gostei de ver o tal miúdo envergar Joy Division ao peito. Só espero é que fosse por gostar mesmo da música e não por questões meramente estéticas. Fico sempre com esta dúvida desde que perguntei a uma jovem que ostentava uma mala com a figura de Jack Skellington se gostava do filme "Nigthmare Before Christmas" e me respondeu que não sabia o que isso era...

terça-feira, 18 de maio de 2010

Dissecar "Control"


Quando revi em DVD os extras do filme "Control" de Anton Corbijn, fiquei a conhecer inúmeros pormenores e curiosidades em relação aos Joy Divison, a Ian Curtis e à concepção do próprio argumento e filme:
- Sam Riley (que interpreta Ian Curtis) passou várias noites em clínicas de cura de epilepsia para melhor compreender os sintomas e detalhes da doença.

- A cena final de Deborah Curtis (a actriz Samantha Morton) a gritar desesperadamente na rua quando se apercebe do suicídio de Ian, foi uma das primeiras cenas a ser filmadas. Corbijn revela que Samantha Morton revelou grande domínio emocional para interpretar esta difícil cena logo no início das filmagens.

- A maior parte dos figurantes que constituem a assistência dos concertos dos Joy Division são verdadeiros fãs actuais do grupo, recrutados pelo realizador em vários sites de devoção à banda de Ian Curtis. Este facto tornou mais exigente a interpretação de Sam Riley, uma vez que os figurantes eram verdadeiros fãs do grupo e não meros figurantes.

- Numa das cenas finais de um concerto dos Joy Division (quando interpretam a canção "DeadSouls"), vê-se na primeira fila do público a filha de Ian Curtis, Natalie Curtis, vestida de punk, numa simbólica homenagem ao pai.

- O filme foi filmado em película a cores e só depois transferido para preto e branco em formato 35m, uma vez que o preto e branco inicial tornava-se demasiado granulado.

- Devido à formação de fotógrafo de Anton Corbijn, o próprio assume que o filme parece mais como uma sequência de fotografias do que propriamente uma montagem de planos em movimento (há de facto uma grande predominância de planos fixos).

- As cenas do interior da casa de Ian e Deborah foram filmados em estúdio devido à exiguidade da verdadeira casa, na Barton Street de Macclesfielfd.

- Os actores que interpretam os vários elementos da banda aprenderam a tocar os instrumentos em apenas 2 meses (só o actor Joe Henderson sabia tocar guitarra, mas ainda assim teve de aprender a tocar baixo para encarnar Peter Hook).

- A guitarra eléctrica branca que Sam Riley segura aquando da filmagem do videoclip "Love Will Tear Us Apart" é a mesma guitarra que Ian Curtis tocou no videoclip original.

- As letras do genérico do filme piscam (como uma lâmpada fraca a ascender aos soluços). A ideia foi criar uma analogia com os sintomas da epilepsia.

- Não se vê no filme (sente-se, porém), mas Ian Curtis teve um ataque de choro compulsivo logo após o nascimento da sua filha Natalie - acontecimento que viria a agravar a sua depressão.

- A namorada de Tony Wilson que surge no filme é Gillian Gilbert, mais tarde teclista dos New Order. No filme é interpretada pela gerente da empresa de Anton Corbijn.

- Anton Corbijn assistiu na realidade a um dos ataques de epilepsia de Ian Curtis e foi o fotógrafo que documentou o videoclip "Love Will Tear us Apart".

- O realizador refere que foi ele quem escolheu as canções dos Joy Division no filme. A mítica canção "Love Will Tear us Apart" ouve-se em "Control" quando surgem os primeiros sinais de ruptura entre Ian e Deborah. Corbijn menciona que é uma canção óbvia para essa situação, mas também o seria para qualquer outra, uma vez que o filme aborda, essencialmente, o tema do amor e da sua degenerescência (pessoalmente concordo com a opção).

- Os três músicos dos actuais New Order (Hook, Moris, Summer) praticamente não contribuíram em nada para o filme e nem se encontraram com os actores que os interpretam. No entanto, gostaram muito do resultado final.

- Apesar de ser moda no final dos ano 70 a colocação de posters e cartazes nas paredes dos quartos, a dado momento, Ian Curtis tirou todos os posters dos seus ídolos (Jim Morrison, Iggy Pop, David Bowie) e pintou as paredes com um azul celeste.

- O fumo negro a sair da chaminé do crematório do cemitério foi colocado digitalmente.

- O argumentista de "Control" encontrou-se durante um dia com a amante de Curtis, a belga Annick Honoré, para recolher informação para o filme.

- Grande parte das filmagens foram realizadas na cidade de Nottingham, uma vez que se parece mais com a Manchester do final dos anos 70 do que a Manchester actual.

- As actrizes Samantha Morton (Deborah Curtis) e Alexandra Maria Lara (Annick Honoré) foram as únicas actrizes que nunca se encontraram nas filmagens.

- Segundo Corbijn, Ian Curtis nunca revelou claramente para onde pendia a sua relação amorosa. Na verdade, quer Deborah quer Honoré, ambas reclamam a paixão que Ian nutria por elas.

- Apesar de Ian Curtis ter mantido uma relação amorosa com Annick Honoré, esta afirmou ao argumentista do filme que nunca tiveram relações sexuais.

- Apesar de ter sido um filme com baixo orçamento e sobre um músico que se suicida de um grupo como os Joy Division, Anton Corbijn revela que nunca imaginou que "Control" viria a ser um sucesso de público e de crítica.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Corbijn e Dreyer


Há várias sequências prodigiosas no filme "Control" de Anton Corbijn. Uma delas é no momento em que Ian Curtis inicia a sessão de hipnose com a ajuda do amigo e músico Bernard Summer. Curtis está sentado num sofá preto, e a câmara começa a circular à volta do cantor dos Joy Division. Pela profundidade emocional do momento, pelo preto e branco imaculado da fotografia, fez-me de imediato pensar numa sequência similar do filme "A Palavra" de Carl Dreyer (na foto): o personagem que se julga Cristo está sentado no meio da sala a falar com a sobrinha, e a há um movimento de câmara que gira em volta da sua figura, lentamente. Percebo porque é que alguns críticos referiram Dreyer como influência para certas imagens de "Control". Depois, o final do filme, com a câmara a subir pela chaminé crematória até se fixar no respectivo fumo negro, com a música "Atmosphere" em fundo, é um espantoso exercício de mise-en-scène. E um dos mais belos e comoventes finais de filme dos últimos anos (na sala de cinema onde assisti ao filme de Corbijn havia uma rapariga à minha frente a chorar copiosamente).

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Joy Division vs Amália Hoje


O projecto "Amália Hoje", que pretende recriar algum do reportório da grande Amália Rodrigues, poderá ter os seus méritos, mas estes não passam, quanto a mim, pelos videoclips. O mais recente, "Foi Deus", clássico da diva do fado, plagia (é esse o termo) a estética do videoclip "Atmosphere" (tema dos Joy Division, na imagem) realizado por Anton Corbijn. Segundo Nuno Gonçalves, músico do projecto, "Foi Deus" foi inspirado no videoclip "Atmosphere", sendo uma alusão óbvia e propositada ao mesmo. Que fosse inspirado ou que constituísse uma alusão, ainda se compreendia. Agora que seja praticamente plagiado, quase imagem a imagem, em termos estéticos, plásticos e de conteúdo, é que já acho um despropósito abusivo e um total descaramento que deveria resultar no pagamento de direitos de autor (se é que não resultou mesmo) a Anton Corbijn.
Não houve mesmo inspiração criativa para conceber um videoclip totalmente original ou o objectivo deliberado foi o de ligar-se o mais possível aos Joy Division para dar uma pretensa legitimidade artística ao resultado final?
O videoclip dos "Amália Hoje" pode ser visto aqui e o dos Joy Division aqui.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Perguntas indiscretas - 12

Na sequência do post anterior, lanço uma pergunta: qual seria o realizador ideal para fazer um filme sobre os The Velvet Underground? Que cineasta reúne os requisitos artísticos e a sensibilidade (cinematográfica e musical) para levar a bom porto um projecto destes?
Eu arrisco:
- Anton Corbijn
- Julian Schnabel
- Gus Van Sant
- Martin Scorsese
- Jim Jarmusch
- Clint Eastwood
- Darren Aronofsky
- Steven Soderbergh
- Joel e Ethan Coen
(...)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Woody Allen vai fazer um filme sobre o Hi5

Uma das notícias do cinema mais relevantes dos últimos dias diz respeito à probabilidade quase certa do realizador David Fincher fazer um filme sobre o... Facebook (chamado, claro está, "The Social Network"). Estou para ver que filme sairá da imaginação sempre fértil de Fincher tendo como base um tema (ou um conceito) da internet.
É provável que, com a actual crise do cinema, a indústria explore novas possibilidades e novos filões. Depois da febre dos remakes e das sequelas, os filmes sobre conteúdos e programas da internet poderão ser o próximo passo dos produtores. Com este exemplo do David Fincher a realizar um filme sobre o Facebook, lembrei-me que seria bem curioso que outros exemplos acontecessem.
Do tipo:
- David Cronenberg realizar um filme sobre o Twitter
- Anton Corbijn realizar um filme sobre o Myspace
- Michael Haneke realizar um filme sobre a blogosfera
- Lars Von Trier realizar um filme sobre o MSN
- Woody Allen realizar um filme sobre o Hi5
- Pedro Almodóvar realizar um filme sobre o sistema operativo Linux
- Michael Mann realizar um filme sobre o i-Tunes

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Sobre filmes biográficos



Não sei se se pode considerar o "biopic" (filme biográfico sobre uma personalidade) um género cinematográfico. Seja como for, assumo que gosto de "biopics", e ao longo da história do cinema existem múltiplos exemplos de bons filmes que focam o percurso da vida (ou um determinado período de tempo dessa vida) de personalidades influentes, essencialmente, ligadas às artes ou à política. Há filmes biográficos que prezam o respeito pela precisão histórica dos factos, enquanto que há outros que misturam esses factos com elementos ficcionais. Das muitas dezenas de "biopics" que já se fizeram, destaco os meus preferidos, que podem não ser os melhores ou mais representativos do "género", mas são os que gosto mais (e só do Martin Scorsese menciono três títulos!):

Kundun (1997) de Martin Scorsese sobre Dalai Lama
Raging Bull (1980) de Martin Scorsese sobre Jack LaMotta
O Aviador (2004) de Martin Scorsese sobre Howard Hughes
Amadeus (1984) de Milos Forman sobre Wolfgang Amadeus Mozart
Ed Wood (1994) de Tim Burton sobre Edward D. Wood
Control (2007) de Anton Corbijn sobre Ian Curtis
Chaplin (1992) de Richard Attenborough sobre Charlie Chaplin
Basquiat (1996) de Julian Schnabel sobre Jean-Michel Basquiat
Malcolm X (1992) de Spike Lee sobre Malcom X
Lenny (1974) de Bob Fosse sobre Lenny Bruce
American Splendour (2003) de Shari Springer sobre Harvey Pekar
A Paixão de Joana D'Arc (1928) de Carl Dreyer sobre Joana D'Arc
I'm Not There (2007) de Todd Haynes sobre Bob Dylan
The Life and Death of Peter Sellers (2004) de Stephen Hopkins sobre Peter Sellers
Bird (1988) de Clint Eastwood sobre Charlie Parker
Pollock (2000) de Ed Harris sobre Jackson Pollock
Shine (1996) de Scott Hicks sobre David Helfgott
JFK (1991) de Oliver Stone sobre John F. Kennedy
Gandhi (1982) de Richard Attenbourgh sobre Mahatma Gandhi
Walk the Line (2005) de James Mangold sobre Johnny Cash
O Homem Elefante (1980) de David Lynch sobre John Merrick
Citizen Kane (1941) de Orson Welles "sobre" William R. Hearst
Young Mr. Lincoln (1939) de John Ford sobre Abraham Lincoln
Tucker: The Man and His Dream (1988) de Francis Coppola sobre Preston Tucker
O Pianista (2002) de Roman Polanski sobre Wladyslaw Szipilman
Ray (2004) de Taylor Hackford sobre Ray Charles
Milk (2008) de Gus Van Sant sobre Harvey Milk
Zelig (1983) de Woody Allen sobre Leonard Zelig
Lawrence da Arábia (1962) de David Lean sobre Thomas Edward Lawrence
Como habitualmente, os contributos e sugestões dos leitores serão bem vindos.