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sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Cinema e saúde mental

No âmbito das comemorações do Dia Mundial da Saúde Mental da Escola Superior de Saúde de Viseu, fui convidado a dissertar sobre a relação entre o cinema e a saúde mental. Aceitei o desafio como aceitei, há três anos, dissertar sobre o suicídio e o cinema (ver aqui) num simpósio sobre o tema. O título que escolhi: "A Psique Cinematográfica: A Saúde Mental Representada no Cinema".

Foi um bom desafio que me obrigou a ver (ou rever) uma série de filmes e a investigar literatura especializada. Após elaborar uma pré-selecção de 60 filmes, reduzi a apresentação para 35 títulos que me pareceram absolutamente incontornáveis. Dois critérios essenciais serviram para essa selecção: a qualidade cinematográfica/artística de cada filme escolhido e a relevância temática.

Cheguei à conclusão que os distúrbios mentais mais frequentes abordados pelo cinema são: múltiplas formas de esquizofrenia, paranóia, transtorno obsessivo-compulsivo, comportamentos psicóticos, psicose maníaco-depressiva, transtorno bipolar, transtorno dissociativo de personalidade, etc.

A minha apresentação na Escola Superior de Cinema decorreu no dia 8 deste mês num auditório com 200 lugares lotados com estudantes de saúde mental, professores, enfermeiros, psicólogos e psiquiatras. Mostrei uma apresentação visual na qual constavam o título do filme, o realizador, o ano de produção e uma imagem ilustrativa (como estas duas que ilustram este post: "Shock Corridor" de Samuel Fuller e "Spider" de David Cronenberg). Depois ia dissertando sobre cada filme...
No final apresentei uma bibliografia especializada: cinema como terapia, loucura e cinema, psiquiatria e filmes, etc. Já não houve tempo para debate com a assistência.

Para dar o mote ao início da prelecção citei uma frase de uma personagem do filme “Grand Canyon” (1991) de Lawrence Kasdan: “Se estás com problemas vai ao cinema. Os filmes têm a resposta para todos os problemas da vida.” 

Os filmes foram citados por ordem cronológica.



"O Gabinete do Dr. Caligari” (1920) – Robert Wiene
“A Page of Madness” (1926) – Teinosuke Kinugasa
“Un Chien Andalou” (1929) – Luis Buñuel
“M - Matou” (1931) – Fritz Lang
“Spellbound” (1945) – Alfred Hitchcock
“The Snake Pit” (1948) – Anatole Litvak
“Él – O Alucinado” (1952) – Luis Buñuel
“As Três Faces de Eva” (1957) – Nunnally Johnson
“Psycho” (1960) – Alfred Hitchcock
“David e Lisa” (1962) – Frank Perry
“Shock Corridor” (1963) – Samuel Fuller
“Fogo Fátuo” (1963) – Louis Malle
“Repulsa” (1965) – Roman Polanski
"Persona" (1966) - Ingmar Bergman
“Uma Mulher Sob Influência” (1974) – John Cassavetes
“Jaime” (1974) – António Reis
“Voando Sobre um Ninho de Cucos” (1976) – Milos Forman
“Eraserhead” (1977) – David Lynch
“The Shining” (1980) – Stanley Kubrick
“Nostalgia” (1983) – Andrei Tarkovsky
“Misery” (1990) – Bob Reiner
“Despertares” (1990) – Penny Marshall
“Garota, Interrompida” (1999) – James Mangold
“Uma Mente Brilhante” (2001) – Ron Howard
“K-Pax” (2001) – Iain Softley
“As Horas” (2002) – Stephen Daldry
“Spider” (2002) – David Cronenberg
“O Aviador” (2004) – Martin Scorsese
“O Maquinsta” (2004) – Brad Anderson
“Loucuras de um Génio” (Doc, 2005) – Jeff Feuerzeig
“Bug” (2006) – Wiliam Friedkin
“Cisne Negro” (2010) – Darren Aronofsky
“Take Shelter” (2011) – Jeff Nichols
“Alive Inside” (Doc, 2013) – Michael Rossato-Bennett
“Pára-me De Repente o Pensamento” (Doc, 2014) – Jorge Pelicano
“Esta é a Minha Casa” (Doc, 2014) – Pedro Renca
“Birdman” (2014) – Alejandro Gonzalez Iñárritu

sábado, 3 de outubro de 2015

Bergman - O som e o silêncio

Foi publicado há apenas um mês e só agora o descobri: magnífico e original livro sobre o cinema de Ingmar Bergman e a sua relação com a música, o som, a voz, o ruído e o silêncio. Que eu tenha conhecimento é o primeiro ensaio aprofundado sobre esta temática da estética de Bergman e por certo é uma obra imperdível para os fãs do cineasta sueco.   
Está disponível via Amazon.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Bergman e os espelhos

Depois de ter feito uma montagem com as perspectivas e características visuais de vários realizadores (mostrei num post abaixo), o videasta japonês Kagonada apresenta agora um trabalho à volta da obsessão do realizador sueco Ingmar Bergman por espelhos.
Mas há mais: a acompanhar esta deliciosa montagem de vários dos filmes de Bergman, podemos escutar uma peça musical para dois mandolins de Vivaldi e a recitação de um poema da poetisa Sylvia Plath intitulado... "Mirrors". 
Perfeito.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O top 10 de Fellini

A lista dos 10 filmes favoritos de Federico Fellini.


Longe de uma lista surpreendente, não deixa de ser uma boa lista com referência a bons filmes e bons realizadores. Apenas se constata o espanto que advém do facto de Fellini escolher para este top 10 um filme realizado... por ele próprio.

1. The Circus/City Lights/Monsieur Verdoux (1928, 31,47, Charles Chaplin)
2  Any Marx Brothers or Laurel and Hardy 
3. Stagecoach (1939, John Ford)
4. Rashomon (1950, Akira Kurosawa)
5. The Discreet Charm of the Bourgeoisie (1972, Luis Bunuel)
6. 2001: A Space Odyssey (1968, Stanley Kubrick)
7. Paisan (1946, Roberto Rossellini)
8. The Birds (1963, Alfred Hitchcock)
9. Wild Strawberries (1957, Ingmar Bergman)
10. 8 1/2 (1963, Federico Fellini)

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Cinéfilo, eu?

Por vezes discute-se o que é ser cinéfilo. Segundo João Bénard da Costa, ex-Director da Cinemateca Portuguesa, há uma significativa diferença entre "gostar" de cinema e "amar" o cinema.
E é verdade que esta diferença define o que é um verdadeiro cinéfilo e um espectador vulgar de cinema.
Repare-se na seguinte tabela comparativa que elaborei. Não se trata de um estudo científico e académico. É aquilo que a minha intuição e experiência dizem: uma pessoa que goste de cinema e que tenha alguns conhecimentos, fará uma lista de preferências como aquelas que estão na tabela da esquerda. Será, por assim dizer, um Cinéfilo QB (quanto baste). Mas para os mesmo filmes haverá o verdadeiro Cinéfilo, aquele que tem um conhecimento mais profundo da história do cinema e um gosto mais definido, por isso, escolhe outros filmes menos conhecidos dos mesmos cineastas.

Cinéfilo QB                                                                          Cinéfilo
"Citizen Kane"-------------------Orson Welles ------------------"Macbeth" (1948)
"2001 - Odisseia no Espaço"---Stanley Kubrick---------------"The Killing" (1956)
"O Sétimo Selo"-----------------Ingmar Bergman-------------"A Fonte da Donzela" (1959)
"Manhattan"----------------------Woody Allen-------------------"Zelig" (1983)
"Janela Indiscreta"---------------Alfred Hitchcock--------------"The Lodger" (1927)
"A Lista de Schindler"----------Steven Spielberg---------------"Duel" (1971)
"Nosferatu"-----------------------F.W. Murnau-------------------"Tabu" (1933)
"O Padrinho"---------------------Francis Coppola----------------"Rumble Fish" (1983)
"O Touro Enraivecido"---------Martin Scorsese-----------------"Mean Streats" (1973

Depois há outra facção de cinéfilos, que são os hardcore, aqueles "ratos de cinemateca" que acham que até os filmes da coluna da direita são demasiado mainstream para o seu gosto refinado. Estes cinéfilos hardcore gostam é dos clássicos mais obscuros, dos títulos de culto das sessões da meia-noite e de festivais de cinema independentes. São os amantes incondicionais do cinema mais alternativo/vanguardista, formando uma espécie de elite cinéfila.

Uma lista de filmes preferidos dos Cinéfilos Hardcore será por exemplo assim:

"Meshes of the Afternoon" (1943) - Maya Deren 
"Woman in The Dunes" (1964) - Hiroshi Teshigahara
"Pastoral: To Die In The Country" (1974) - Shuji Terayama
"Warning Shadows" (1923) - Arthur Robinson
"Thunderbolt" (1929) - Josef von Sternberg
"The Stranger on The Third Floor" (1940) - Boris Ingster
"Begotten" (1990) - E. Elias Merhige
"O Quadro Negro" (2000) - Samira Makhmalbaf
"Daisies" (1966) - Vera Chytilová
"Flaming Creatures" (1963) - Jack Smith
"O Anjo das Ruas" (1928) - Frank Borzage
"My Degeneration" (1990) - Jon Moritsugu
"Love Making"  (1969) - Stan Brakhage

E o caro leitor, em que categoria de cinéfilo se integra?

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Cinema: imagens visuais

Como muito bem defende (aqui) o crítico de cinema Mark Cousins, o que faz evoluir a história do cinema é, essencialmente, a associação de ideias visuais. 
Reparem neste exemplo: três imagens de três filmes e épocas muito diferentes demonstram isso mesmo. 

Os filmes são (por ordem):
- "Nymphomaniac" (2013) de Lars Von Trier
- "The Virgin Spring" (1960) de Ingmar Bergman  
- "The Sacrifice" (1986) de Andrei Tarkovski


domingo, 18 de maio de 2014

A lista de Woody Allen

É sabido que Woody Allen sempre manifestou grande paixão pelo cinema europeu, não só como espectador, mas também enquanto realizador. Daí que não espante que nos seus 10 filmes preferidos de sempre apenas constem dois títulos do cinema norte-americano (Welles e Kubrick). 
Outros aspecto curioso é que Allen não escolheu nenhum filme de comédia (Chaplin, irmãos Marx ou Keaton, suas referências inevitáveis).






Sem nenhuma ordem em particular:

"The 400 Blows" (François Truffaut, 1959)
"8½" (Federico Fellini, 1963)
"Amarcord" (Federico Fellini, 1972)
"The Bicycle Thieves" (Vittorio de Sica, 1948)
"Citizen Kane" (Orson Welles, 1941)
"The Discreet Charm of the Bourgeoisie" (Luis Buñuel, 1972)
"La Grand Illusion" (Jean Renoir, 1937)
"Paths of Glory" (Stanley Kubrick, 1957)
"Rashomon" (Akira Kurosawa, 1950)
"The Seventh Seal" (Ingmar Bergman, 1957)

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Os onze filmes favoritos de Bergman



Em 1994 um jornalista perguntou a Ingmar Bergman, um dos maiores cineastas do século XX, quais os seus 10 filmes preferidos de sempre. Bergman pediu para pensar um pouco e depois foi dizendo um título atrás do outro. Pensava que tinha dito 10 filmes, mas o entusiasmo levou-o a citar 11 títulos.

São os seguintes (sem ordem especial):

- Andrei Rublev (Andrei Tarkovsky, 1971)
- The Circus (Charlie Chaplin, 1928)
- The Conductor (Andrzej Wajda, 1980)
- Marianne and Juliane (Margarethe von Trotta, 1981)
- The Passion of Joan of Arc (Carl Theodor Dreyer, 1928)
- The Phantom Carriage (Victor Sjöström, 1921)
- Port of Shadows (Marcel Carné, 1938)
- Raven’s End (Bo Wilderberg, 1963)
- Rashomon (Akira Kurosawa, 1950)
- La Strada (Federico Fellini, 1954) 
- Sunset Boulevard (Billy Wilder, 1950

De todos estes filmes, só não conheço o filme do Andrzej Wajda, do Bo Wilderberg (nem sei quem é!) e da Margarethe von Trotta (de quem ainda ontem publiquei na rubrica Genealogia de Fotogramas imagens do seu último filme, "Hannah Arendt").
Todos os outros filmes citados são obras-primas indiscutíveis. Confesso a minha surpresa pela escolha de um filme aparentemente menor de Charlie Chaplin - mas que eu adoro - "The Circus", assim como o maravilhoso (e pouco reverenciado) "La Strada" de Fellini. 
Estas escolhas provam o gosto cinematográfico ecléctico do grande Ingmar Bergman.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Carta de Kubrick a Bergman

February 9, 1960

Dear Mr. Bergman,
 
You have most certainly received enough acclaim and success throughout the world to make this note quite unnecessary. But for whatever it’s worth, I should like to add my praise and gratitude as a fellow director for the unearthly and brilliant contribution you have made to the world by your films.
 
Your vision of life has moved me deeply, much more deeply than I have ever been moved by any films. I believe you are the greatest film-maker at work today. Beyond that, allow me to say you are unsurpassed by anyone in the creation of mood and atmosphere, the subtlety of performance, the avoidance of the obvious, the truthfullness and completeness of characterization.
 
To this one must also add everything else that goes into the making of a film. I believe you are blessed with wonderfull actors. Max von Sydow and Ingrid Thulin live vividly in my memory, and there are many others in your acting company whose names escape me.
 
I wish you and all of them the very best of luck, and I shall look forward with eagerness to each of your films.
 
Best Regards,
 
(Signed, ‘Stanley Kubrick’)

domingo, 9 de junho de 2013

Artistas: rituais bizarros




Ao ler a revista Sábado fiquei a conhecer um livro deveras interessante: "Daily Rituals: How Artists Work" de Mason Currey Pode ser adquirido na Amazon). Um livro que, basicamente, conta os rituais, métodos e manias dos artistas para alcançarem inspiração criativa. Mason Currey demorou 10 anos na pesquisa e escrita do livro, numa investigação histórica séria e aprofundada. 
O resultado deste estudo foi a elaboração de uma criteriosa lista de 160 artistas e criadores de todas as áreas: escritores, pintores, músicos, filósofos, realizadores, poetas, arquitectos, dramaturgos, actores, coreógrafos, cientistas, etc. 
Estão listados nomes como Woody Allen, Agatha Christie, Lev Tolstoy, Ingmar Bergman, Charles Dickens, Pablo Picasso, George Gershwin, Charles Darwin, Andy Warhol, John Updike, Benjamin Franklin, William Faulkner, Jane Austen, Anne Rice, Igor Stravinsky, Glenn Gould, entre muitos outros.
E que tipo de rituais estranhos estamos a falar? Bom, quando pensamos na ideia lírica de que os artistas têm uma espécie de musa inspiradora espontânea, nada mais errado. Os artistas revelam rituais muito estranhos e originais.
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Exemplos:
- Thomas Wolfe escrevia acariciando os órgãos genitais.
- Igor Stravinsky fazia o pino quando estava a compor música.
- Woody Allen toma vários banhos por dia enquanto pensa nos argumentos.
- Patricia Highsmith costumava ficar a olhar para caracóis até ter inspiração.
- David Lynch medita e bebe grandes doses de batidos de chocolate.
- Truman Capote (na imagem) escrevia na cama e passava horas sem se levantar.
- Frank Lloyd Wright tinha, aos 85 anos, sexo três vezes por dia enquanto acabava um projecto.
- Friedrich Schiller cheirava maçãs podres para se inspirar.
- Somerset Maugham só conseguia escrever em frente a uma parede totalmente branca.

sábado, 27 de abril de 2013

Os preferidos de Kubrick

A meio dos anos 1970, um jornalista perguntou a Stanley Kubrick quais os seus filmes preferidos de sempre. Eis as escolhas do cineasta:

- "Os Inúteis" (1953) - Federico Fellini
- "Morangos Silvestres" (1958) - Ingmar Bergman
- "Citizen Kane" (1941) - Orson Welles
- "O Tesouro de Sierra Madre" (1948) - John Huston
- "Luzes da Cidade" (1931) - Charlie Chaplin
- "Henrique V" (1948) - Lawrence Olivier
- "A Noite" (1961) - Michelangelo Antonioni
- "The Bank Dick" (1940) - Edward Cline
- "Roxie Hart" (1942) - William Wellman
- "Os Anjos do Inferno" (1939) - Howard Hughes

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Chaplin e Bergman: dois livros

São dois livros que descobri na livraria Bertrand, colocados estrategicamente um ao lado do outro (para chamar a atenção do leitor mais cinéfilo): "Chaplin: Os Primeiros Anos" (Ed. Bizâncio) de Stephen Weissman e "A Lanterna Mágica" (Ed. Relógio D'Água) de Ingmar Bergman.
O primeiro livro apenas folheei e pareceu-me muito interessante porque centraliza a sua análise na vida e obra de Chaplin durante a primeira década do século XX, descortinando histórias quotidianas de criança e da difícil ascensão ao estrelato.
Já sobre o livro "A Lanterna Mágica", conheço bem porque já tinha uma edição antiga deste título. Trata-se da magnífica e imperdível autobriografia do realizador sueco, que comentei num post anterior, exactamente aqui. Visto que são raras as boas edições de livros de (e sobre) cinema em Portugal, eis duas boas propostas de leitura para este verão. Para o cinéfilo e não só.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Ingmar (Iron Maiden) Bergman

O leitor é fã do cineasta Ingmar Bergman?
Agora com o calor a pedir t-shirts, eis uma sugestão certa para envergar uma igual à que esta moço enverga. E apesar do "lettering" ser igual ao do grupo de heavy-metal Iron Maiden, estou em crer que este facto só abonará em favor da distinção de quem vestir tão original t-shirt.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Playtime #71


A solução: "Fanny and Alexander" (1982) - Ingmar Bergman
Quem descobriu: César Carvalho

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Erland Josephson como Domenico


No dia de entrega dos Óscares, uma triste notícia ensombrou o dia de celebração do cinema: a morte do actor Erland Josephson.
Josephson participou em diversos filmes de Ingmar Bergman mas na minha memória cinéfila ficará para sempre as suas duas interpretações em duas obras de Andrei Tarkovski: "Nostalgia" (1983) e "O Sacrifício" (1986). Em ambos os filmes, Erland incute uma interpretação de grande entrega e intensidade emocional. Na sua primeira colaboração com Tarkovski no filme "Nostalgia", o actor sueco interpreta Domenico, um homem tido como alienado, louco, à margem da sociedade, mas que tem um entendimento do mundo e do homem próprio de um filósofo erudito.
Esta é porventura a sequência mais emblemática do filme, na qual Erland, na pele de Domenico, prepara o seu suicídio numa praça de Roma enquanto discursa palavras de ordem sobre a alienação do homem moderno. A plateia de transeuntes está estática, amorfa e sem reacção perante tão inusitada encenação trágica, como que à espera do desfecho final. É um discurso fabuloso sobre a condição humana no mundo, um momento de pura redenção e de fé numa réstia esperança na salvação do homem.
E Erland Josephson é grandioso na forma como encarna o personagem e toda a encenação (legendas em espanhol):

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Os rostos de Hitch

Quando falamos de realizadores que sabiam filmar a expressão dos rostos e dos olhos, facilmente nos lembramos de Carl Dreyer, de Eisenstein ou de Bergman.
Realizadores que iluminavam o rosto de forma superlativa, ao ponto de não haver necessidade de palavras para descrever as complexas emoções humanas.
Mas quando falamos de realizadores que sabiam filmar a expressão dos rostos, raramente nos lembramos de Alfred Hitchcock. E são dele algumas das mais poderosas imagens de rostos, de olhares e de expressões faciais de toda a história do cinema.
Eis algumas provas (quase todas associadas ao medo, à angústia e ao prenúncio de morte):







Sequência de imagens correspondem aos filmes: Rear Window, Psycho, Topaz, Stage Fright, I Confess, Psycho, The Wrong Man, Frenxy x 3, Psycho, Birds, Vertigo, Psycho, Birds e Family Plot - o último plano do último filme de Hitchcock.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O poder da Voz Off


Há várias formas de contar uma história no cinema. Uma das formas de que gosto mais é através da chamada voz off, ou seja, uma voz que narra os acontecimentos do filme. Curiosamente, este foi um recurso utilizado sobretudo após a segunda grande guerra, com especial desenvolvimento a partir dos anos 80. A voz off confere outra dimensão à dinâmica narrativa e dramática de um filme (mais ainda se o filme em questão for um drama ou um thriller). E uma boa voz representa sempre uma personagem, na forma de papel de narrador passivo ou activo na história do filme. Há vozes que narram a história tão marcantes como os personagens principais dos filmes. Mais: se juntarmos a uma voz carismática um bom texto, inspirado e acutilante, então o efeito é deveras poderoso como veículo comunicacional.

Fiz um esforço de memória e seleccionei alguns filmes, sem critério específico e de forma algo aleatória, cujas vozes off são absolutamente determinantes na consumação da qualidade geral da obra cinematográfica:

Kevin Spacey – “Usual Suspects”
Kevin Spacey - “American Beauty”
Morgan Freeman – “Shawshank Redemption”
Max Von Sydow - "Europa"
Edward Norton – “Fight Club”
Martin Sheen – “Apocalypse Now”
Richard Dreyfuss – “Stand By Me”
Harrison Ford - “Blade Runner”
Woody Allen - “Annie Hall”
F. Murray Abraham – “Amadeus”
Malcoml McDowell – “Laranja Mecânica”
William Holden - “Sunset Boulevard”
Ray Liotta – “Goodfellas”
Barry Humphries - “Mary and Max”
John Hurt - “Dogville”
Tom Hanks - “Forrest Gump”
(voz não creditada) - “O Fabuloso Destino de Amélie”
(voz não creditada) - “How Green Was My Valley”
(voz não creditada) - “Last Year at Marienbad”
(voz não creditada) - “A Barreira Invisível”
(voz não creditada) - “Morangos Silvestres”
(...)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A visão de Bergman


O realizador sueco Ingmar Bergman, para além de grande cineasta, era também um cidadão muito atento ao que o rodeava, com convicções sociais e políticas vincadas. Há muitos anos atrás, Ingmar Bergman escreveu o seguinte pensamento acerca do mundo e da política (parece que foi escrito em reacção às medidas de austeridade impostas ontem pelo e ao estado actual da política/sociedade em Portugal):

“Tenho uma forte sensação de que o nosso mundo está prestes a afundar-se. Os nossos sistemas políticos estão profundamente comprometidos e já não têm utilidade. Os nossos padrões de comportamento social revelaram-se um fracasso. A tragédia é que não podemos, nem queremos, nem temos força para mudar o rumo das coisas. Já é demasiado tarde para revoluções e, lá no fundo, já nem sequer acreditamos nos seus efeitos positivos. Ao virar da esquina temos um mundo de insectos à nossa espera e um dia ele vai abater-se sobre a nossa existência ultra-individualizada.”

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Quando Deus é Kubrick

Quando Ingmar Bergman morreu foi para o céu mas São Pedro não o deixou entrar porque Deus não gostava de realizadores de cinema.
Enquanto Bergman deseperava para entrar no céu, viu passar de bicicleta uma figura desastrada, de barbas fartas, algo obesa, vestida de calças manchadas e sapatilhas rotas.
Intrigado com tal personagem, Bergman perguntou a São Pedro:
- "Aquele ali não é Stanley Kubrick?"
São Pedro olhou para Bergman com olhar resignado e exclamou:
- "Não, é Deus. Mas pensa que é Stanley Kubrick!".

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Filosofia e cinema

Philosophical Films é um site que versa sobre filmes com conteúdos, mais ou menos óbvios, filosóficos. Filmes cujos argumentos exploram temáticas pertintentes da análise filosófica: ética, estética, moral, conhecimento, verdade, existência, morte, religião, etc.
Apesar da listagem de filmes ser algo desequilibrada (tem Bergman e Kubrick mas também "Saw II"!) e não ser particularmente extensa, o site apresenta bons textos de análise, artigos de professores e estudantes de filosofia, depoimentos de realizadores e sinopses sobre cada filme explorado (claro que qualquer cinéfilo minimamente informado dirá que faltam muitos filmes passíveis de análise filosófica).
Acaba por ser um manual interessante de informação útil para professores de filosofia que queiram (e saibam) recorrer ao cinema como poderosa ferramenta pedagógica nas suas aulas.