Mostrar mensagens com a etiqueta U2. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta U2. Mostrar todas as mensagens

sábado, 2 de maio de 2015

O legado de uma canção



Ben E. King faleceu e o seu maior legado foi a famosa canção "Stand By Me" composta em 1961. Canção plena de soul obteve imenso sucesso até aos dias de hoje. Consta que existem mais de 400 gravações oficiais com versões e milhares de interpretações de músicos e cantores amadores.
O jornal espanhol El País reuniu 10 icónicas versões, desde John Lennon aos U2, de Eric Clapton aos Imagine Dragons (versão que tem apenas uns meses).
Para ver e ouvir aqui.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Tom Waits e o novo videoclip

Matt Mahurin é um reconhecido ilustrador, fotógrafo e realizador americano de videoclips musicais. O seu percurso foi sobretudo cimentado através de um considerável currículo na realização de videoclips para músicos e bandas como os U2, Peter Gabriel, Metallica, Lou Reed ou Tom Waits.
Para este último icónico músico, Matt Mahurin realizou dois videoclips em 1999: "Hold On" e "What's He Building". Agora acaba de consumar a sua terceira colaboração com Tom Waits: criou as imagens para a música "Hell Broke Luce" (do álbum "Bad as Me"). E que imagens! Matt Mahurin recorreu à sua diversificada experiência acumulada como ilustrador e realizador e conseguiu criar um espantoso e surpreendente manifesto visual para os sons (e palavras) de Tom Waits. A música "Hell Broke Luce" é densa e negra e as imagens correspondem na perfeição a estas premissas, naquele que é já considerado um dos melhores videoclips dos últimos anos de Tom Waits:

sábado, 7 de janeiro de 2012

A banda irlandesa em documentário

É um documentário que gostava muito de ver mas ainda não tive oportunidade: "From The Sky Down" de David Guggenheim. Teve estreia no Festival de Cinema de Toronto em Setembro de 2011 e aborda o difícil período de criação e gravação do álbum "Achtung Baby" (1991) da banda irlandesa, disco que seria de vital importância para a evolução musical do grupo.
O realizador foi convidado pela própria banda para fazer este filme com vista à comemoração do vigésimo aniversário da edição do célebre álbum. Por isso, teve acesso livre aos arquivos vídeos dos U2 daqueles anos e gozou de liberdade total na montagem final. O resultado, segundo rezam as crónicas mais optimistas, é um dos melhores documentários musicais jamais feitos sobre a criação de um álbum rock.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Máquina do tempo


Se existisse uma máquina do tempo na qual pudesse viajar e assistir/vivenciar os momentos que quisesse no campo estritamente musical, gostaria de:
- Assistir aos loucos anos 60 na Factory de Andy Warhol.
- Ver os longos concertos improvisados dos The Velvet Underground.
- Ver os primeiros concertos dos Sex Pistols e à explosão punk em Lodnres
- Assistir aos concertos dos Warsaw (posteriormente Joy Division) em Manchester .
- Ver a actuação de Jimi Hendrix no festival Woodstock.
- Assistir aos concertos de John Coltrane e Charlie Parker nos clubes de jazz fumarentos da downtown nova-iorquina.
- Presenciar uma sinfonia de guitarras de Glenn Branca nos anos 80.
- Assistir aos primeiros concertos de John Zorn e Elliott Sharp na Knitting Factory de Nova Iorque.
- Ver os Mão Morta, Pop Dell'Arte, Echo & The Bunnymen, Killing Joke e The Sound no mítico Rock Rendez-Vous.
- Assistir às performances místicas e excêntricas das orquestras de jazz de Sun Ra.
- Assistir à intensidade dos grandes momentos do free-jazz de Cecil Taylor, Ornette Coleman e Albert Ayler.
- Assistir ao primeiro "concerto" da peça 4'33'' de John Cage
- Assistir à estreia da obra "Bolero" de Ravel e "A Sagração da Primavera" de Stravinsky.
- Assistir aos primeiros concertos de música industrial dos Einsturzende Neubauten em Berlin no início dos anos 80.
- Assistir ao concerto dos U2 no "Live Aid" em 1985 (sobretudo pelo tema "Bad").
- Assistir à estreia da ópera "Einstein on the Beach" de Philip Glass (1976).
Etc, etc, etc... (podem continuar a lista)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

A entrada dos "4 astronautas"


A entrada dos U2 no Estádio de Coimbra foi simples mas triunfal: os quatro músicos passaram pelo meio da multidão, dois à frente, dois atrás, impávidos e impassíveis face aos gritos da multidão.
Pareciam quatro astronautas compenetrados a caminho de uma difícil missão espacial. A música que acompanhou o momento da passagem dos camarins até à subida ao palco foi o tema "Space Oditty" de David Bowie - uma das minhas músicas preferidas de Bowie.
E fez todo o sentido escolher esta fabulosa música de Bowie - composta e editada em 1969, "Space Oddity" coincidiu com a alunagem, pela primeira vez, de um austronauta na Lua. Conta a história de um fictício Major Tom que, em viagem pelo espaço sideral, se sente solitário e deprimido face à magnitude do Universo face ao Homem.
Foi o mote imagético para uma odisseia especial (e espacial) com que os U2 presentearam o público.

Under a Blood Red Sky












Coimbra: 3 de Outubro de 2010
Fotos: Victor Afonso

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O segredo das capas

De quem são os rostos e os corpos que surgem em famosas capas de disco? Alguns exemplos:

Artista: The Smiths
Álbum: "Strangeways, Here We Come" (1987)
Capa: O actor Richard Davalos, que contracenou com James Dean no clássico filme "A Leste do Paraíso" (1955).
Artista: U2
Álbum: "Boy" (1980)
Capa: o rapaz da capa é o irmão de um artista amigo de Bono, Peter Rowan (actualmente um artista de renome). A imagem do rapaz foi retirada no mercado americano devido a receios de acusações de pedofilia.

Artista: The Smiths
Álbum: "The Smiths" (1984)
Capa: Morrissey criou o grafismo da capa do disco de estreia dos Smiths, tendo como base um fotograma do filme "Flesh" de Andy Warhol com o actor Joe Dallesandro.

Artista: Roxy Music
Álbum: "Country Life" (1974)
Capa: Bryan Ferry conheceu as modelos Constanze Karoli e Eveline Grunwald em Portugal e convenceu-as a posar para a memorável (e posteriormente censurada) capa dos Roxy Music.

Artista: Radiohead
Álbum: "The Bends" (1995)
Capa: O artista Stanley Downood criou uma imagem de fusão entre o rosto de Thom Yorke e um "medical dummy".

Artista: Pixies
Álbum: "Surfer Rosa" (1988)
Capa: uma amiga de amigos dos músicos posou em topless em pose de bailarina de flamenco. A fotografia é da autoria de Simon Larbalestier, responsável pela maior parte do "artwork" da banda.

Artista: Pantera
Álbum: "Vulgar Display Of Power" (1992)
Capa: o homem que leva o murro é anónimo mas sabe-se que recebeu dinheiro para a sessão fotográfica que resultaria na capa dos Pantera. Consta-se que levou trinta murros até conseguir a imagem perfeita (da capa).

Artista: Black Grape (Shaun Ryder)
Álbum: "It's Great When You're Straight… Yeah" (1995).
Capa: o rosto da capa é a do terrorista Carlos, o Chacal, pintado num estilo "pop art"

Artista: "The Rolling Stones
Álbum: "Sticky Fingers" (1971)
Capa: o actor fetiche de Andy Warhol, Joe Dallesando, posou para a capa do disco.

Artista: Rage Against The Machine"
Álbum: "Rage Against The Machine" (1992)
Capa: Thích Quung Dúc, monge budista vietnamita que se auto-imolou pelo fogo em Saigão (1963) em protesto pela opressão exercida sobre os monges.

domingo, 18 de outubro de 2009

The Edge - o guitarrista inimitável


The Edge dos U2 foi sempre a minha grande referência no universo dos guitarristas de rock. Os dois primeiros três discos dos U2 (tenho-os em vinil) marcaram-me, e mais do que a voz de Bono Vox, era a guitarra de The Edge que me impressionava. O seu estilo de tocar guitarra é único. Não é um virtuoso tecnicista (característica que nunca apreciei em guitarristas). Privilegia a (aparente) simplicidade técnica, e prefere a exploração rítmica dos acordes, os solos curtos e contundentes. Depois há a sonoridade da guitarra. Poucos guitarristas sabem fazer uso tão original de efeitos como o delay, que é minuciosamente modulado em stereo, de forma a criar os ambientes tão característicos das canções dos U2.
The Edge recorre a uma grande variedade de pedais de efeitos e de amplificadores no seu "setup", ao que se junta a sua incrível colecção particular de guitarras (modelos clássicos e modernos, sobretudo Gibson e Fender). Um guitarrista vulgar de uma banda vulgar, pode mudar 5 ou 6 vezes de guitarra durante um concerto. O guitarrista dos U2 não faz por menos e, numa actuação de duas horas, pode alternar entre 17 e 19 das 45 guitarras que leva para o palco (no seu estúdio contam-se mais de 200 guitarras). Muitos guitarristas famosos tentaram imitar o som de The Edge (mesmo com o material que ele usa), mas as tentativas foram fracassadas. E há quem faça análises pormenorizadas de todo o equipamento de som utilizado por The Edge, como este desenvolvido estudo do som do guitarrista.
Na discografia dos U2 há muitas canções em que a criatividade de The Edge sobressai, como os riffs dos temas "I Will Follow", "Pride", "Streets", "Bad", "New Year's Day", "Where The Streets Have No Name", entre muitas outras. Mas há um tema que eu gosto particularmente, da primeira fase da banda irlandesa, em que a guitarra adquire uma função avassaladora: "Electric Co." Esta versão ao vivo (Chicago, 2005) é deveras espantosa, na qual o som de The Edge exulta potentíssima energia com os riffs iniciais e o magnífico solo a meio da música. Por isso Edge é único e provavelmente um dos melhores guitarristas rock dos últimos 25 anos.

quarta-feira, 11 de março de 2009

"Bad"

Para mim os U2 ficarão para sempre guardados na minha memória por causa da interpretação do tema épico “Bad” no mítico Festival Live Aid 1985, uma das melhores canções jamais escritas pela banda de Bono e The Edge (que é magnífico nas malhas de guitarra). Esta música ressoou durante anos na minha cabeça:

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

U2 e as capas de discos


E por esta ninguém esperava! O que une e distingue estas duas imagens? Ambas correspondem a capas de discos baseados numa mesma fotografia do fotógrafo e designer japonês Hiroshi Sugimoto. A capa de cima corresponde à capa do álbum "Specification Fifteen", disco de música electrónica ambiental do duo Taylor Deupree y Richard Chartier. Foi editado em 2006. A imagem em baixo foi divulgada há dias como sendo a futura capa do novo e muito aguardado disco dos U2 - "No Line on The Horizon".
Qual a diferença com a capa de cima? Aparentemente, Sugimoto acrescentou apenas as duas barras horizontais no centro da fotografia, e pronto. Quem ficou surpreendido e maravilhado com o design gráfico minimalista e abstracto desta capa dos U2, terá agora motivos para ficar ainda mais perplexo perante esta flagrante falta de originalidade. Ainda nenhuma das partes envolvidas neste processo criativo (músicos e fotógrafo) veio a terreiro explicar este estranho acontecimento. No entanto, já circulam pela net acusações veladas de auto-plágio de Sugimoto e de displicência criativa dos próprios U2. Agora só esperemos que este processo de pouca transparência não seja transposto para o conteúdo do disco, ou seja, para a música...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

U2 afinam por novo diapasão?


Era previsível a controvérsia. “Get On Your Boots”, single extraído do novo álbum “No Line On The Horizon”, dos U2, foi lançado há dias e tem gerado reacções contraditórias. Por se tratar de um tema de tendência mais rock, com riffs mais pesados e ritmo tenso, os fãs acostumados à veia pop do grupo de Bono, ficaram desiludidos. Por outro lado, os amantes do rock mais enérgico e alternativo, saúdam esta aparente viragem de estilo dos U2. Mas ainda é cedo para avaliar o verdadeiro rumo estético deste novo disco dos U2.
Da parte que me toca, a música “Get On Your Boots” não me desagradou, mas também não me exaltou sobremaneira. Fiquei como que na expectativa do que poderá ser o resto do novo disco. Palpita-me que o guitarrista The Edge, que considero um dos melhores guitarristas rock dos últimos 25 anos, vai de certeza ter um papel fundamental na sonoridade do álbum “No Line On The Horizon” (editado dia 3 de Março). Para ouvi o tema, ir ao site da banda.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Música para 2009


2008 já é passado. Olhemos, pois, para 2009 e o que este ano nos vai trazer em termos de música e filmes. No que diz respeito às edições discográficas, vai ser um ano em cheio que promete muitos e bons discos. Das muitas dezenas de álbuns programados para lançamentos durante 2009, eis os títulos que destaco: Morrissey (na imagem), Animal Collective, Squarepusher, Andrew Bird, Sonic Youth, Tori Amos, Massive Attack, A.C. Newman, Antony and the Johnsons, Calexico, Raymond Scott, Bloc Party, Franz Ferdinand, Of Montreal, Madlib, The Prodigy, Neko Case, U2, Grizzly Bear, Wilco, Devendra Banhart, Diamanda Galás, Caetano Veloso, Vetiver, Oneida, Belle and Sebastian, Beirut, Bonnie Prince Billy, Final Fantasy, Lisa Germano, God is an Austronaut, Madness, entre muitas outras novidades. No panorama nacional, destaque total para o muito aguardado novo álbum de originais dos Pop Dell'Arte.
Quanto a filmes já agendados para o decorrer de 2009, a oferta ainda é maior e diversificada, como se pode comprovar nesta lista do site Movieweb. A seu tempo ficaremos a par das novidades mais interessantes...

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Guitarra e guitarristas


Aprendi a tocar guitarra com 10 anos. Como é habitual no ensino deste instrumento, primeiro aprendi guitarra clássica, para depois passar para a eléctrica. Nunca primei pela técnica ou pelo virtuosismo. Toco o suficiente para a música que faço. Ponto. Sempre menosprezei o virtuosismo pelo virtuosismo, a técnica pela técnica, como é apanágio de muitos músicos (e ouvintes). E nunca apreciei os chamados "guitar heroes". Por isso nunca gostei de Eric Clapton, Carlos Santana, Steve Vai, Joe Satriani, Jeff Beck, Stevie Ray Vaughan e afins. É certo que têm o seu lugar na história da música rock e da guitarra eléctrica, mas musicalmente dizem-me praticamente zero. É aqui que reside o fulcro da questão: posso reconhecer capacidades instrumentais num guitarrista mas não me identificar, de todo, com a sua música. De resto, esta premissa é válida para muitos outros instrumentistas e intérpretes.
Aos tecnicistas ferozes, que debitam 30 notas diferentes a cada segundo (escalas atrás de escalas), prefiro sempre os guitarristas que fazem da guitarra um instrumento de combate sonoro. Guitarristas que dão mais importância à exploração tímbrica e rítmica do instrumento. Que abordam a guitarra com total emoção em detrimento da técnica. Guitarristas que preferem a subtileza e a simplicidade eficaz do que os solos intermináveis. Bastam dois ou três acordes para fazer música interessante - depende é de como se utilizam e exploram esses acordes (o punk-rock é um exemplo). Neste capítulo, há melhores guitarristas do que os de blues? Bo Diddley (recentemente falecido), Buddie Guy, (o grande) Robert Johnson, Lightnin' Hopkins, B.B. King, Big Bill Broonzy, Johnny Lee Hooker, Muddy Waters. Todos os grandes guitarristas - do rock ao jazz - aprenderam com os mestres do blues. Foram os verdadeiros visionários no dedilhar das cordas da guitarra, como se esta fosse a manifestação sonora da alma humana.
Na história do rock há um nome incontornável e decisivo: Jimi Hendrix, considerado por muitos o melhor guitarrista de sempre. Tinha técnica, é verdade, mas a sua mestria foi posta ao serviço de ideias musicais incendiárias e de formas de tocar revolucionárias. Os densos riffs de guitarra dos The Velvet Underground, as malhas noise de Glenn Branca, de Lee Ranaldo e Thruston Moore (Sonic Youth), os primeiros Jesus and Mary Chain, o inventivo The Edge (U2), o rítmico Dick Dale, os inovadores Robert Fripp, Fred Frith, Jim O'Rourke e John Fahey, o elegante Ry Cooder, são apenas exemplos de guitarristas que tocam com o coração nas mãos. Com um estilo totalmente distinto da mediania dos guitarristas mundiais, "guitar heroes" incluídos.
A revista Rolling Stone, citada pelo site Hotguitarrist.com, lançou mais uma das suas habituais listas em que se seleccionam os 100 melhores guitarristas de sempre. A questão é que nunca se sabe quais os critérios destas listas: o que significa "melhor guitarrista"? Aquele que corresponde ao paradigma da capacidade técnica ou aquele que priveligia a criatividade e a inovação? Seja como for, subjectividades à parte, o certo é que o primeiro lugar é inquesionável: o guitarrista canhoto que um dia cantou "Hey Joe, where you're walking with that gun in your hand?". Ver aqui lista

terça-feira, 15 de julho de 2008

Políticos e música


Política e música não combinam muito bem. Melhor dizendo: políticos e gostos musicais. Na esmagadora maioria dos casos (para não dizer a totalidade) os políticos tem um gosto musical previsível, que é o mesmo que dizer, banal, sem grandes exigências estéticas. Nas entrevistas, nos inquéritos, quando questionados sobre os gostos musicais, os políticos referem que gostam "um pouco de tudo" (como José Sócrates) – sintoma claro de ignorância musical (ninguém consegue “gostar um pouco de tudo”). Referências musicais são sempre as óbvias e politicamente correctas – os grandes nomes da música portuguesa e internacional, os grupos e cantores dos tops, e um ou outro político mais erudito que diz gostar de ópera ou de musica clássica. O que vemos são políticos comodamente instalados nos lugares VIP dos estádios a ver concertos dos U2 ou dos Rolling Stones. Nunca ouviremos um político de primeira linha, seja de que partido for, a dizer que é fã de Krautrock, de Ornette Coleman, de world music, de Tom Waits, de Meredith Monk, de Arcade Fire, de Philip Glass, de Robert Wyatt, entre tantos outros exemplos. Os políticos tendem a gostar da música que a maioria da população gosta (música comercial), para que este se identifique com ele. Não quero com isto dizer que haja uma relação directa entre o gosto musical e as qualidades do político, mas creio que uma formação humana de base terá sempre de passar por uma formação cultural exigente e de qualdiade, diversificada, sensível à multiplicidade de estímulos estéticos, aberta a experiências e conhecimentos variados. E o que é válido para o gosto musical é-o também para o gosto literário e cinematográfico.
Ainda há dias li uma entrevista de um político importante da nossa praça que dizia, taxativamente, não gostar de cinema e de só ler livros de carácter técnico. Mesmo quando os políticos assumem responsabilidades no Ministério da Cultura, os resultados são muitos semelhantes. São meros tecnocratas que vão aos eventos culturais por obrigação (exposições, festivais, concertos) e dever de estado. Excepção terá sido, nos últimos anos, o caso de Manuel Maria Carrilho, alguém com sólida formação académica e cultural e com uma visão abrangente da acção governativa para a área cultural. Para além de ser um melómano de gosto respeitável (ao contrário do que revelou a célebre gaffe de Pedro Santana Lopes enquanto secretário de Estado da Cultura).
Vem este texto a propósito de uma entrevista que Barack Obama deu à revista americana Rolling Stone (numa capa que deu que falar pelo arrojo gráfico: apenas o nome da revista e o rosto de Obama, sem quaisquer outros títulos). O candidato democrata às próximas eleições, questionado sobre o que anda a ouvir e que tem no iPod, responde: “tenho gostos musicais eclécticos. Quando estava no liceu, comecei a interessar-me por jazz. Por isso tenho muito Coltrane, muito Miles Davis, muito Charlie Parker. Tenho tudo do Howlin’ Wolf ao Yo Yo Ma, da Sheryl Crow ao Jay-Z.” Ou seja: blues, jazz, rock, pop, erudita, soul e hip-hop. Obama refere ainda que o seu ídolo musical foi Stevie Wonder, sendo também grande admirador de Bob Dylan e de Bruce Springsteen.
Curiosa é a sua resposta sobre o motivo pelo qual tem um grande apoio na área musical: “os músicos e as pessoas criativas, em geral, tendem estar dispostos à mudança ou, pelo menos, estão abertos a ela – não se conformam com o que é, mas com o que pode ser”. Receio bem que esta é uma resposta (a qual encerra todo um enunciado de ideias) que dificilmente alguma vez ouviremos da boca de um político português.

domingo, 11 de maio de 2008

Negativland - desconstruir para criticar


O mítico grupo norte-americano Negativland vem a Portugal pela primeira vez actuar no Porto em Serralves (dia 18) e em Lisboa (dia 17). Conheci o trabalho dos Negativland com a edição do álbum "Escape From Noise" (1987), um disco que subvertia os cânones da criação musical ao manipular fontes sonoras alheias. A crítica à religião já estava explícita nesse álbum, com o polémico tema "Christianity is Stupid". O mundo da publicidade, da cultura de massas e suas múltiplas formas de expressão foram objecto de desconstrução pelos Negativland. O conceito de "direito de autor" também foi cilindrado (polémica com os U2). Juntamente com os Residents, os Negativland constituem a referência do experimentalismo vindo dos EUA.
Entretanto, no dia dia 16 de Maio, no Anfiteatro Nobre da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Mark Hosler (na imagem), elemento fundador do grupo, vai dar uma conferência no âmbito do ciclo "Reflexões Sobre o Social". O Expresso deste Sábado traz uma interessante entrevista (conduzida pelo jornalista João Lisboa) ao próprio Mark Hosler. Ficamos a saber que a performance que os Negativland vão fazer em Lisboa e no Porto, intitulada "It's All in Your Head FM", se centra na forma como a religião e a fé condicionam os mecanismos de acção e consciência humanas. O título e o conteúdo da performance baseiam-se num programa de rádio sobre religião que existe em Berkeley. Uma crítica que se espera extremamente mordaz e frontal. Mark Hosler refere na entrevista: "Nos EUA, nestes últimos anos, a religião tornou-se um tópico extremamente presente nos media e, curiosamente, de um ponto de vista muito crítico. Subitamente, parece existir pela primeira vez uma vontade e uma nova liberdade pra criticar a religião sem se ser amaldiçoado pela população em geral. As pessoas começaram a reparar mais nos efeitos perniciosos da religião, que sempre existiram, mas que agora são muito mais evidentes."

quarta-feira, 9 de abril de 2008

3D - revolução a caminho

Há dois anos passei pela experiência de ver cinema não em 3D, mas em 4D. Foi no cinema do parque de diversões do Zoomarine, em Albufeira, naquela que é a primeira sala do país com tecnologia digital de ponta preparada para tal efeito. A quarta dimensão caracteriza-se por incluir elementos ligados aos cinco sentidos, como o vento, a água ou os cheiros para aumentar a sensação de realismo e de envolvimento sensorial. O curto filme abordava as questões do aquecimento global, da exploração dos oceanos e da destruição das florestas húmidas e tropicais. Foram apenas 15 minutos de projecção, com os tais óculos indispensáveis, mas confesso que fiquei impressionado com o poder de emersão que as imagens e todo o ambiente à volta geraram nos espectadores (e as minhas filhas pequenas que o digam!). Alturas houve em que o espectador sentia estar no meio do oceano e ter que se desviar dos tubarões ameaçadores.
O filme U23D dos U2, que neste momento se encontra em exibição em salas tecnologicamente preparadas para o efeito, não possui os elementos reais do 4D - água, vento ou cheiro. Mas pelas experiências já vividas por espectadores e críticos de cinema, consta que a experiência é avassaladora: a sala transforma-se mais numa sala de concerto (em que o espectador se sente no meio da acção) e menos numa sala convencional de cinema. A pergunta instala-se: qual o futuro do cinema? Até que limites a tecnologia continuará a desenvolver a linguagem e a experiência do cinema? Quais as fronteiras que o digital irá impôr no domínio do entretenimento?
Nota: para o Verão está já anunciado um novo filme com visionamento 3D: "Viagem ao Fundo da Terra". O fenómeno promete.