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quinta-feira, 9 de abril de 2015
quinta-feira, 2 de abril de 2015
sexta-feira, 12 de dezembro de 2014
Oliveira a olhar o futuro
Manoel de Oliveira, homem e cineasta com uns impressionantes 106 anos de vida. Atravessou o século XX todo e tem quase 15 anos no século XXI. Refuta a ideia de reforma e ainda realiza filmes de forma apaixonada, como um miúdo que se maravilha perante a magia de uma câmara de filmar. Estreia esta semana a sua última obra, "O Velho do Restelo", certamente um filme que irá enriquecer (ainda mais) a sua carreira. É um homem que não olha para o passado, antes enfrenta com notável dinamismo o futuro como se fosse uma dádiva divina.
O semanário Expresso entrevistou este artista ímpar a nível mundial e o resultado, sempre surpreendente, de grande lucidez e inteligência, pode ser lido aqui.
sábado, 21 de dezembro de 2013
Carta ao Pai Natal
Querido Pai Natal: este ano de 2013 portei-me bem. Por isso peço-te gentilmente que me ofereças estas prendas em baixo descriminadas. São algumas caixas de DVDs e Blu-Ray que gostaria de receber este ano. No total serão apenas algumas centenas de euros, não é um valor significativo no teu gigantesco orçamento anual para prendas para todo o planeta. Obrigado pela tua atenção, Pai Natal.
Então faz o favor de apontar:

quinta-feira, 12 de setembro de 2013
Rancière sobre Béla Tarr
Jacques Rancière é um filósofo e ensaísta francês muito cotado nos meios académicos europeus. O meu interesse neste autor deve-se ao facto de Rancière vocacionar parte do seu pensamento e reflexão para o cinema de autor.
A editora Orfeu Negro já editou dois interessantes livros deste escritor: "O Espectador Emancipado" (2010) e "O Destino das Imagens" (2011). O filósofo tem também um texto no livro "Cem Mil Cigarros" sobre o cineasta português Pedro Costa.
A visão de Rancière sobre o cinema é uma visão multidisciplinar e marcada pela análise estética e filosófica dos signos e simbolismos das imagens de realizadores como Tarkovski, Hitchcock, Bresson ou Oliveira. Explora de igual modo a teoria da comunicação e as artes visuais contemporâneas.
Já sabia há uns meses que Jacques Rancière tinha editado um livro em França sobre o cinema do húngaro Béla Tarr.
Na altura enviei um mail à editora Orfeu Negro perguntando se estaria prevista uma tradução portuguesa. Responderam positivamente. Eis, pois, a prova: vai ser lançado no mercado nacional dentro de dias a obra "Béla Tarr: O Tempo do Depois" de Rancière.
A comprar definitivamente.
domingo, 28 de julho de 2013
Manoel de Oliveira: 15 curiosidades

1 – A família de Manoel de Oliveira descende de Afonso Henriques.
2 – Foi campeão nacional de salto à vara, pelo Sport Club do Porto.
3 – A montagem do filme “Douro, Faina Fluvial”, foi feita em casa dos pais, em cima de uma mesa de bilhar.
4 – Nos anos 30, escreveu “Prostituição”, a história real que lhe contou uma prostituta. O filme nunca foi feito.
5 – O regime fechou-lhe as portas e passou 14 anos sem filmar, Em 1946, dedicou-se à viticultura, na quinta da família, no Douro.
6 – Em 1958 fez um documentário sobre uma operação de coração aberto – “Coração” – mas nunca o terminou.
7 – A mulher salvou-o de cair ao rio durante as filmagens de “Acto da Primavera” (1963). O brilho do sol na água ofuscou-o.
8 – A PIDE considerou “Acto da Primavera” um filme subversivo e prendeu Oliveira na cadeia do Aljube. Saiu da prisão graças a uma cunha do amigo Manuel Meneres.
9 – Realizou “Memórias e Confissões” (1981), história da sua família, que só será divulgado depois da sua morte.
10 – Com 7 minutos de duração, “A Propósito da Bandeira Nacional” (1987) é o seu filme mais curto. O mais longo é “Le Soulier de Satin” (1985), com 6 horas e 50 minutos.
11 – Dedicou o filme “O Dia do Desespero” ao neto David, falecido em 1990.
12 – Nas filmagens do filme “O Convento” (1995) teve uma discussão acesa com a actriz francesa Catherine Deneuve.
13 – Guarda os recortes de jornais com as criticas aos seus filmes.
14 – Foi mau aluno e começou a ler tarde. Para alem de realizador, foi atleta, trapezista, piloto de automóveis, actor, vinicultor e negociante.
15 – Passou o centésimo aniversário na rodagem do seu filme, “Singularidade de Uma Rapariga Loura”, a partir da obra de Eça de Queiroz.
domingo, 21 de abril de 2013
Mastroianni e Oliveira
Na autobriografia "Eu Lembro-me, Sim, Bem Me Lembro" de Marcello Mastroianni, o actor italiano divaga sobre as suas incríveis aventuras (na vida e no cinema) com actores, actrizes, e realizadores como Fellini, Marco Ferreri ou o português Manoel de Oliveira.
Quando Mastroianni veio em 1996 a Portugal realizar o filme "Viagem ao Princípio do Mundo" de Manoel Oliveira, nunca imaginaria que seria o seu último filme em 50 anos de carreira (morreu pouco depois de participar no filme).
Na altura, Mastroianni tinha 72 anos e Oliveira 88 anos. No livro que mencionei, eis o que Mastroianni escreve sobre Oliveira pouco antes do início da rodagem do filme:
Na altura, Mastroianni tinha 72 anos e Oliveira 88 anos. No livro que mencionei, eis o que Mastroianni escreve sobre Oliveira pouco antes do início da rodagem do filme:
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"Manoel de Oliveira tem 88 anos. Nunca vi os filmes dele, mas conheço-e de nome, é um papa do cinema internacional. Achei a ideia de trabalhar com um realizador de 88 ano um privilégio. Trabalhar com um homem de trinta ou trinta e cinco anos é normal. Mas digo: oitenta e oito anos! Chega a ser irritante ver a sua energia. De manhã à 8h já está na piscina a tomar banho, e faz frio!"
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
50 filmes que passaram ao lado
Quando pensamos que em Portugal estreiam demasiados filmes por semana (por mês e por ano...), como já por diversas vezes comentei, afinal de contas, trata-se de uma ideia algo errada.
Ou então, não estreiam os filmes 'certos'. Isto porque, segundo a revista (e site) Film Comment, em 2012 houve muitos filmes interessantes que tiveram uma distribuição complicada ou, inclusive, sem nenhuma distribuição.
Seguindo a lista sugerida pela Film Comment, existem pelo menos 50 bons filmes deste ano - oriundos de países muito diferentes (está referenciado Manoel de Oliveira) - que os espectadores desconhecem ou dificilmente tiveram possibilidade de ver (a não ser que tenha sido em festivais de cinema ou em ciclos de cinema especializados).
Eis a lista.sábado, 1 de dezembro de 2012
Parabéns, Woody
Woody Allen comemora hoje 76 anos de idade.
Parabéns, Woody. E que se concretize o teu desejo expresso de continuar a fazer filmes até atingires a bela idade do nosso Manoel de Oliveira.
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
O "Doodle" que faltava
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Há Oliveira e há os outros
A idade é um posto, diz-se na gíria popular. E é verdade.
No universo do cinema, apesar do português Manoel de Oliveira liderar a lista mundial dos realizadores mais velhos no activo com os seus (quase) impensáveis 103 anos de idade, outros há que também deitaram para trás das costas a palavra "reforma" e continuam a fazer filmes com a experiência acumulada de muitas décadas de trabalho: Clint Eastwood (81 anos), Alain Resnais (89), Jean-Luc Godard (81), Roger Corman (85), Chris Marker (91), Jacques Rivette (83), Agnès Varda (83), Claude Chabrol (80), Jonas Mekas (88), Frederick Wiseman (81), Jean-Marie Straub (78), Carlos Saura (80), Roman Polanski (78), William Friedkin (76), entre outros.
Cineastas que são verdadeiros modelos a seguir - na vida como na arte - para os jovens aspirantes a realizadores.
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Manoel, 103 anos

Manoel de Oliveira festeja uns impressionantes 103 anos no próximo dia 11 de Dezembro. Eis 15 factos/curiosidades interessantes sobre a vida e obra do Mestre:
1 - A família de Manoel de Oliveira descende de Afonso Henriques.
2 – Foi campeão nacional de salto à vara, pelo Sport Club do Porto.
3 – A montagem do filme “Douro, Faina Fluvial”, foi feita em casa dos pais, em cima de uma mesa de bilhar.
4 – Nos anos 30, escreveu “Prostituição”, a história real que lhe contou uma prostituta. O filme nunca foi feito.
5 – O regime fechou-lhe as portas e passou 14 anos sem filmar, Em 1946, dedicou-se à viticultura, na quinta da família, no Douro.
6 – Em 1958 fez um documentário sobre uma operação de coração aberto – “Coração” – mas nunca o terminou.
7 – A mulher salvou-o de cair ao rio durante as filmagens de “Acto da Primavera” (1963). O brilho do sol na água ofuscou-o.
8 – A PIDE considerou “Acto da Primavera” um filme subversivo e prendeu Oliveira na cadeia do Aljube. Saiu da prisão graças a uma cunha do amigo Manuel Meneres.
9 – Realizou “Memórias e Confissões” (1981), história da sua família, que só será divulgado depois da sua morte.
10 – Com 7 minutos de duração, “A Propósito da Bandeira Nacional” (1987) é o seu filme mais curto. O mais longo é “Le Soulier de Satin” (1985), com 6 horas e 50 minutos.
11 – Dedicou o filme “O Dia do Desespero” ao neto David, falecido em 1990.
12 – Nas filmagens do filme “O Convento” (1995) teve uma discussão acesa com a actriz francesa Catherine Deneuve.
13 – Guarda os recortes de jornais com as críticas aos seus filmes.
14 – Foi mau aluno e começou a ler tarde. Para alem de realizador, foi atleta, trapezista, piloto de automóveis, actor, vinicultor e negociante.
15 – vai passar o centésimo terceiro aniversário na rodagem e produção dos seus dois (!) novos filmes (a estrear em 2012) - "A Igreja do Diabo" e "O Gebo e a Sombra".
(Fonte: revista Sábado)
terça-feira, 26 de julho de 2011
A poesia de Jean Vigo

Jean Vigo, que morreu com apenas 29 anos, fez parte da primeira vaga da vanguarda francesa do cinema, com Jean Cocteau, René Clair e Luís Buñuel (apesar de este ser espanhol, foi em França que começou a carreira de realizador). E é para mim um dos mais espantosos realizadores franceses de sempre, apesar da sua curta vida e carreira.
O pai de Jean Vigo era anarquista e esta ideologia influenciou determinantemente a sua visão artística, resultando num cinema libertário, de recusa de regras académicas, fazendo um cruzamento de linguagens entre o realismo de um Jean Renoir, a poesia de um Baudelaire e o surrealismo de um Buñuel. A sua escassa filmografia é de uma riqueza singular: o documentário “A propósito de Nice” (1929) que tanto influenciou Manoel de Oliveira na sua obra “Douro, Faina Fluvial”; o documentário “Taris” sobre um nadador famoso (1931); “Zero em Conduta” (1933), obra fundamental que reflecte sobre o autoritarismo da escola; e o maravilhoso “Atalante” (1934), última obra de Vigo.
Não admira que, com esta escassa mas riquíssima filmografia, Jean Vigo se tornasse num cineasta tão amado pelos realizadores da "Nova Vaga" da década de 60. Uma curiosidade: todos os filmes de Jean Vigo tiveram como operador de câmara Boris Kaufman, irmão do fundamental cineasta russo Dziga Vertov. E desde 1951 foi instituído o “Prémio Jean Vigo” para o melhor realizador francês, atribuído anualmente.
Eis o belíssimo documentário mudo "A Propos de Nice" (1939), com música de Mark Perrone:
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Entrevistas Póstumas (8) - Luis Buñuel

O Homem Que Sabia Demasiado - É verdade que os seus filmes são anti-clericais?
Luis Buñuel - Como sabe, eu sou ateu graças a Deus, e em muitos dos meus filmes manifesto esta minha inquetude. Acredito que é preciso ter fé, mas uma fé não necessariamente de cariz religiosa, cristã. Eu fui educado na mais fundamentalista fé cristã, até que fui para Paris muito novo e comecei a ter contacto com a fascinante vida mundana e artística. Este contacto abriu-me novas portas de percepção, de entendimento do mundo.
O Homem Que Sabia Demasiado - O facto de ter conhecido um artista tão especial como Salvador Dalí contribuiu para isso?
Luis Buñuel - Sem dúvida. Fui grande amigo do Salvador nos anos 20, assim como do Garcia Lorca, grande poeta de língua espanhola. Com o Dalí realizei o meu primeiro filme, "Un Chien Andalou", que escrevi a meias com ele. Depois ainda começámos a escrever o argumento de "L'age D'or" mas depressa me zanguei com o Salvador. O seu ego era, já nessa altura, insuportável de aturar.Nas décadas seguintes só falei umas poucas vezes com ele.
O Homem Que Sabia Demasiado - É verdade que tinha pedras no bolso durante a estreia de "Un Chien Andalou", para o caso do público não gostar do filme e assobiar?
Luis Buñuel - Eh eh eh... É verdade. Estava escondido atrás do ecrã, ansioso pelo final do filme para perceber a reacção do público. Mas para meu espanto, quase todos gostaram e aplaudiram. Mas essa estreia não fez com que tivesse imensos problemas com as autoridades morais e religiosas nos meus filmes seguintes.
O Homem Que Sabia Demasiado - Por causa da sua veia irreverente e até subversiva...
Luis Buñuel - Hum... Não sei se me qualifico como tal. Sempre fiz o cinema em que acreditei, sobre as minhas próprias obsessões, sem pensar em chocar mentalidades específicas. E como já sei que me vai perguntar quais são as minhas obsessões, digo-lhas já: sexo, morte, religião, padres, liberdade, Deus, burguesia, mendigos, surrealismo, freiras, erotismo, fé...
O Homem Que Sabia Demasiado - Arrepende-se de alguma coisa?
Luis Buñuel - Bom... Talvez de não ter casado com a Catherine Deneuve. Ela era fogo, um verdadeiro vulcão de sensualidade.
O Homem Que Sabia Demasiado - O que achou do facto de Manoel de Oliveira ter feito uma espécie de continuidade ao seu filme "Belle de Jour" com o filme "Belle Toujours"?
Luis Buñuel - Achei óptimo. O Oliveira é um cineasta com uma forte identidade, mas eu sei que o meu cinema o influenciou. Para mim funcionou como uma homenagem.
O Homem Que Sabia Demasiado - Filmou em Espanha, México e França. Foram experiências muito diferentes?
Luis Buñuel - Sim. O meu exílio forçado no México acabou por ser benéfico, uma vez que fiz lá um dos meus filmes preferidos, "Los Olvidados". E em França foi o país onde realizei os filmes com mais sucesso.
O Homem Que Sabia Demasiado - Na sua autobiografia, "O Meu Último Suspiro", refere no final do último capítulo, que gostaria que, depois de morrer, voltar ao mundo de dez em dez anos para ler os jornais e saber em que estado se encontram o homem e a sociedade. Ainda faz isso?
Luis Buñuel - Oh, não! Já não sinto saudade deste mundo, não me interessa. A última vez que li notícias sobre o estado do mundo prometi desistir de voltar a fazê-lo. É um mundo deprimente, cheio de injustiças, de sofrimento, de selvajaria, de intolerância a todos os níveis. Deixe-me cá estar sossegadinho!
quinta-feira, 26 de maio de 2011
O realizador - criatura
"O cinema só trata daquilo que existe, não daquilo que poderia existir. Mesmo quando mostra fantasia, o cinema agarra-se a coisas concretas. O realizador não é criador, é criatura"
Manoel de Oliveira
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Resistir a ver filmes

O Guinness Book of Records está a tornar-se previsível e sem interesse. Qualquer pessoa com boa resistência (física ou psicológica) ou com alguma habilidade fora do normal, arrisca-se a entrar no livro dos recordes sem grande esforço. Um canadiano e uma alemã inscreveram os seus nomes no livro de recordes do Guinness porque conseguiram ver 57 filmes em 123 horas e 10 minutos. Ou seja, 5 dias sem dormir. Parece um feito extraordinário, mas não é.
O segredo consistiu na selecção criteriosa dos filmes. Que filmes foram esses? Filmes de acção e de aventuras, suficientemente barulhentos e agitados para não provocarem sonolência aos resistentes espectadores.
O primeiro filme que o casal viu foi o do super-herói "Iron Man", seguido da trilogia "Bourne", a aventura "Kill Bill Vol. 1 e 2", "O Paciente Inglês", "Hulk", e por aí fora. Quanto mais "blockbuster" de Verão, melhor.
No meu humilde parecer, a verdadeira prova de força teria sido se estes dois espectadores maratonistas tivessem conseguido visionar, durante 5 dias consecutivos e sem soçobrar um instante, filmes de Manoel de Oliveira, Pedro Costa, Kieslowski, Peter Greenaway, Andy Warhol, Straub, Bergman, Antonioni, Kiarostami, Pasolini, Tarkovski, Angelopoulos, Nuri Bilge Ceylan, e o cinema mudo de D. W. Griffith.
Não que estes realizadores sejam de pouco interesse ou de qualidade (muitíssimo pelo contrário), mas porque, pelas suas características intrínsecas de exigência ao nível da concentração, se fossem visionados sem descanso, poderiam causar danos emocionais e psicológicos irreversíveis.
Aí é que eu os queria ver a resistir...
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Três homens - 307 anos



Estes três homens perfazem, juntos, um total de 307 anos de idade. Três homens cuja envergadura artística e humana perdurará décadas. Três homens que nasceram nos anos inimaginavelmente longínquos de 1907 e 1908.
Na entrada da segunda década do século XXI, estas três personalidades não só continuam vivas como activas profissionalmente:
- Manoel de Oliveira tem 102 anos, cineasta de renome mundial com projectos para os próximos 4 anos (como gosta de referir o próprio).
- Óscar Niemeyer, o único com 103 anos cumpridos, continua a trabalhar afanosamente nos seus projectos arquitectónicos vanguardistas (o último dos quais em Espanha).
- Elliott Carter, já viveu 102 primaveras, é um compositor consagradíssimo de música erudita contemporânea e continua a viajar pelo mundo a mostrar a sua arte.
2011 está aí. E estes homens, estes profissionais e artistas, não se reformaram nem se acomodaram por causa da idade avançada. Continuam a ter vontade de viver, revelando ao mundo novos projectos de vida e de trabalho para este ano que começa e outros que hão-devir.
Afinal, quem disse que o futuro é apenas reservado aos jovens?
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
75 anos de Woody Allen

Woody Allen comemora hoje 75 anos de vida, numa altura em que finalizou o seu 40º filme da carreira ("You Will Meet a Tall Dark Stranger") e já deitou mãos à sua próxima película ("Midnight in Paris").
Dos grandes mestres do cinema, Allen é um dos meus cineastas favoritos, juntamente com Tati, Kubrick, Tarkovski, Murnau e uns quantos mais. Basta constatar que a categoria "Woody Allen" deste blogue tem 8o entradas.
Na sua diversificada filmografia contam-se filmes menores (e "menores" significa melhores do que os "melhores" de outros realizadores) e uma série de obras-primas: "Annie Hall" (1977), "Manhattan" (1979), "Crimes e Escapadelas" (1989), "Ana e as Suas Irmãs" (1986), "Match Point" (2005), "A Rosa Púrpura do Cairo" (1985), "Zelig" (1983) ou "Dias da Rádio" (1987).
Um cineasta que explorou, como (quase) ninguém os domínios do desejo, do amor, da morte, da religião, das relações humanas, da psicanálise, da filosofia, dos valores morais, da fidelidade, da traição, da angústia existencial, etc. Um cineasta que deve tanto a Groucho Marx quanto a Ingmar Bergman. Um cineasta que soube tão bem fazer comédia "non sense" sobre temas sérios como filmes dramáticos com uma intensidade psicológica bergmaniana.
Para além disso, como em Martin Scorsese, Woody Allen é um cinéfilo esclarecido, com um gosto estético extremamente aguçado. Basta ver os seus filmes preferidos da História do Cinema.
Em suma: parabéns Woody Allen pelos 75 anos de vida e de muitos filmes. Que continue a fazer bom cinema até à idade do Manoel de Oliveira!
terça-feira, 2 de novembro de 2010
A Antologia Cinematográfica de Gérard Courant
Gérard Courant, 59 anos (na imagem), é um dos realizadores mais prolíferos da História do Cinema. No entanto, nem este facto o torna particularmente conhecido, mesmo nos meios académicos e cinéfilos.
O cineasta francês realizou e produziu cerca de 300 filmes desde os anos 70 até à actualidade, mas a sua obra mais reconhecida e ambiciosa continua a ser a verdadeira antologia cinematográfica chamada “Cinématon”, iniciada em Fevereiro de 1978. O conceito por detrás do “Cinématon” é simples (mas não simplista): uma câmara filma um único plano fixo de uma dada personalidade durante uns rigorosos 3 minutos e 20 segundos (a duração de uma bobine do formato Super 8). Enquanto Gérard Courant filma as personalidades, estas são livres de fazer o que quiserem em frente da câmara (os filmes são sempre mudos, mesmo que as pessoas falem). Não existe encenação ou artificialismos de imagem.
O projecto inicial de Gérard Courant, no final dos anos 70, resumia-se a filmar uma série de apenas 100 “Cinématons”. Contudo, este limite rapidamente foi ultrapassado com o entusiasmo do realizador, a adesão dos participantes e a originalidade inerente ao projecto. No total, Courant filmou, ao longo dos anos, o impressionante número de 4000 “Cinématons”, cuja duração total ascende a perto de 150 horas de filme. Corresponde a seis dias consecutivos de visionamento - a última exibição integral destes filmes foi apresentada em 2009, em Avignon (França).
Nesta monumental série de “retratos filmados” (uma tradução livre aproximada ao conceito de “Cinématon”) concebida ao longo dos últimos 30 anos (média de 100 por ano), Courant filmou milhares de pessoas: primeiro com amigos, familiares e realizadores em início de carreira; depois com intelectuais e personalidades artísticas (realizadores, músicos, actores) de renome internacional: Jean-Luc Godard, Wim Wenders, Terry Gilliam, Fernando Arrabal, Sandrine Bonnaire, Félix Guattari, Joseph Losey, Nagisa Oshima, Ken Loach, Roberto Benigni, Samuel Fuller, Gaspar Noé, Sergueï Paradjanov, Derek Jarman, entre muitos outros.
O projecto inicial de Gérard Courant, no final dos anos 70, resumia-se a filmar uma série de apenas 100 “Cinématons”. Contudo, este limite rapidamente foi ultrapassado com o entusiasmo do realizador, a adesão dos participantes e a originalidade inerente ao projecto. No total, Courant filmou, ao longo dos anos, o impressionante número de 4000 “Cinématons”, cuja duração total ascende a perto de 150 horas de filme. Corresponde a seis dias consecutivos de visionamento - a última exibição integral destes filmes foi apresentada em 2009, em Avignon (França).
Nesta monumental série de “retratos filmados” (uma tradução livre aproximada ao conceito de “Cinématon”) concebida ao longo dos últimos 30 anos (média de 100 por ano), Courant filmou milhares de pessoas: primeiro com amigos, familiares e realizadores em início de carreira; depois com intelectuais e personalidades artísticas (realizadores, músicos, actores) de renome internacional: Jean-Luc Godard, Wim Wenders, Terry Gilliam, Fernando Arrabal, Sandrine Bonnaire, Félix Guattari, Joseph Losey, Nagisa Oshima, Ken Loach, Roberto Benigni, Samuel Fuller, Gaspar Noé, Sergueï Paradjanov, Derek Jarman, entre muitos outros.
O realizador português Manoel de Oliveira também colaborou neste projecto, participando no 102º “Cinématon”, em 1981.
O trabalho de Gérard Courant lembra a pureza realista dos primeiros documentários da história do cinema, nos quais a acção é captada em plano fixo, sem artifícios de montagem e filmando a total espontaneidade natural do momento (ainda que alguma pessoa filmada possa encenar alguma situação). Não admira, por isso, que Raphäel Bassan, realizador e crítico de cinema francês, tenha referido que o autor do conceito “Cinématon” é o “descendente mais puro do cinema dos Irmãos Lumière”. Isto porque “cada retrato filmado” é como uma pintura em movimento que, durante três minutos e meio, regista as nuances da pessoa filmada, abrindo espaço para a sua interpretação ou, simplesmente, para a captação natural da sua presença física. E o realizador, numa minúcia de relojoeiro, aponta o dia, a hora e a profissão de cada "Cinématon" filmado.
Apesar de parecer um conceito ancorado em previsibilidade e monotonia, a verdade é que os “Cinématons” de Gérard Courant se prestam a muitos momentos distintos e surpreendentes, como as caretas feitas por Terry Gilliam, o “discurso mudo” de Roberto Benigni, a descontracção de Godard a fumar, a pintura facial efectuada pelo músico e performer Gérome ou a quase imobilidade física do realizador Robert Kramer. Alguns “Cinematons” são, por isso, mais exuberantes e interessantes do que outros, mas deste facto não decorre de nenhuma responsabilidade directa do realizador, visto que a liberdade de actuação perante a câmara é atribuída, inteiramente, à pessoa filmada. E é esta veracidade do momento filmado, esta autenticidade da imagem filmada que outorga a esta colossal série de “Cinématons” de Gérard Courant, uma originalidade quase neo-realista em formato de documentário de curta duração, num projecto único na História do Cinema: uma verdadeira Antologia Cinematográfica.
Apesar de parecer um conceito ancorado em previsibilidade e monotonia, a verdade é que os “Cinématons” de Gérard Courant se prestam a muitos momentos distintos e surpreendentes, como as caretas feitas por Terry Gilliam, o “discurso mudo” de Roberto Benigni, a descontracção de Godard a fumar, a pintura facial efectuada pelo músico e performer Gérome ou a quase imobilidade física do realizador Robert Kramer. Alguns “Cinematons” são, por isso, mais exuberantes e interessantes do que outros, mas deste facto não decorre de nenhuma responsabilidade directa do realizador, visto que a liberdade de actuação perante a câmara é atribuída, inteiramente, à pessoa filmada. E é esta veracidade do momento filmado, esta autenticidade da imagem filmada que outorga a esta colossal série de “Cinématons” de Gérard Courant, uma originalidade quase neo-realista em formato de documentário de curta duração, num projecto único na História do Cinema: uma verdadeira Antologia Cinematográfica.
"Cinématon" de Terry Gilliam:
Nota: Este texto foi publicado originalmente no jornal do Teatro Municipal da Guarda, a propósito dos "Encontros Cinematográficos".
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
As opiniões de Botelho

Ouvi quase na íntegra a entrevista do realizador João Botelho no programa "Prova Oral" da Antena 3, a propósito do seu último filme - "O Filme do Desassossego". E gostei do que ouvi. O João Botelho é um cineasta formado na velha e boa cinefilia dos anos 60, no "Cinema Novo", no gosto pelo cinema clássico europeu.
Eis algumas das opiniões e frases soltas que proferiu (desgarradas do contexto, eu sei, mas pronto, não consegui captar tudo...):
- O filme que gostaria de ter feito é "Amor de Perdição" de Manoel de Oliveira.
- O seu realizador preferido é John Ford e o seu filme preferido de sempre é "Young Mr. Lincoln" do mesmo realizador.
- Considera que hoje em dia os adultos já não vão ao cinema como antigamente; os filmes de Hollywood são direccionados para os adolescentes e jovens (faixa 14 - 22 anos). Referiu que certas séries televisivas norte-americanas são de melhor qualidade do que a maior parte do cinema de Hollywood.
- Preferia fazer um filme em Bollywood do quem em Hollywood.
- Conviveu, todos os dias, durante 4 anos, com João César Monteiro.
- Adora o cinema de Buñuel, Ozu, Bresson, Welles, Rossellini, Visconti, Ophuls, Oliveira...
- Aprendeu muito com o mestre Manoel de Oliveira. Uma vez este disse-lhe: "Se não tiveres dinheiro para filmar uma carroça, filma apenas a roda, mas tem é de ser bem filmada!"
- Teve contacto com o conteúdo da Arca de Fernando Pessoa há 30 anos, com os manuscritos, os óculos, e canetas do escritor.
- Considera que o actor que interpreta Bernardo Soares, Cláudio da Silva, é um misto dos actores Gael Garcia Bernal e Johnny Depp. Disse-lhe para nunca pestanejar durante as filmagens. O actor só pestanejou quando acendeu um cigarro.
- Podiam-se fazer dezenas de filmes diferentes a partir do "Livro do Desassossego" de Pessoa.
- Manoel de Oliveira "inventou" a "5ª idade" à qual espera chegar.
- Questionado sobre se gostaria de fazer um filme sobre futebol, Botelho referiu que não, porque o futebol é muito difícil de filmar, de captar as emoções do jogo. Gostou moderadamente do documentário de Kusturica sobre Maradona e do "Zidane - Um Reatrato do Século XXI".
- Do cinema contemporâneo gosta dos irmãos Coen, de Tim Burton e de Wes Anderson.
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