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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Dia Mundial da Música - 30 discos

Neste Dia Mundial da Música resolvi fazer uma lista de 30 discos da minha vida. É uma lista de discos que, sobretudo, marcaram a minha adolescência e juventude, que me formaram melómano e me fizeram acreditar no poder da música como expressão estruturante das nossas vidas.
São 30 títulos - podiam ser 50 ou 80 - muito eclécticos. Mas estes são discos que considero, cada um no seu género, obras-primas intemporais às quais ainda hoje regresso com inesgotável prazer.
Estão listados por ordem cronológica.

Captain Beefheart - “Safe as Milk” (1967)
The Velvet Underground – “White Light/White Heat” (1968)
Miles Davis – “Bitches Brew” (1970)
Suicide – “Suicide” (1977)
Joy Division - "Closer" (1980)
The Loung Lizards – “The Lounge Lizards” (1981)
David Byrne & Brian Eno - "My Life in the Bush of Ghosts" (1981)
Virgin Prunes – “…If I Die I Die” (1982)
Tom Waits – “Swordfishtrombones” (1983)
Philip Glass – “Songs From The Liquid Glass” (1984)
Cocteau Twins – “Treasure” (1984)
Prefab Sprout – “Steve McQueen” (1985)
Love & Rockets - "Seventh Dream of Teenage Heaven" (1985)
XTC - "Skylarking" (1986)
The Cure – “The Head on The Door” (1986)
Public Enemy – “It Takes a Nation of Millions To Hold Us Back” (1986)
Diamanda Galás - “The Divine Punishment” (1986)
The Young Gods – “The Young Gods” (1987)
Dead Can Dance – “Within The Realm of a Dying Sun” (1987)
Spacemen 3 – “Playing With Fire” (1988)
Wim Mertens – “Maximizing The Audience” (1988)
Naked City – “Naked City” (1990)
Cheikha Rimitti – "Sidi Mansour” (1994)
Danny Elfman – “The Nightmare’s Before Christmas” (1995)
Aphex Twin – “Richard D. James Album” (1996)
Squarepusher – “Feed Me Weird Things” (1996)
Mr. Bungle – “California” (1999)
Amon Tobin – “Supermodified” (2000)
Fantômas – “The Director’s Cut” (2001)
Swans - "To Be Kind" (2014)

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Top 2013 - Discos









Como tem sido tónica em anos anteriores, uma lista muito pouco ortodoxa. Isto porque, musicalmente falando, me interessam muitas e diversificadas estéticas: jazz, rock, metal, fusão, electrónica, pop, hip-hop, crossover, ambiental, drone, clássica, blues, etc.

Estes são os 40 discos que mais gostei de ouvir ao longo de 2013 (havia mais...). Esta ordem de preferências, porventura, teria outra disposição se fosse elaborada amanhã, daqui a uma semana ou um mês. 
Mas grosso modo, é isto (quem não conhecer alguns dos artistas, basta aceder ao Youtube):

1 - Matt Elliott – “Only Myocardial Infarction Can Break Your Heart”
2 - Fire! Orchestra – “Exit!”
3 - James Holden – “The Inheritors”
4 - Boards Of Canada – “Tomorrow's Harvest”
5 - Fuck Buttons – “Slow Focus”
6 - Savages – “Silence Yourself”
7 - Julia Holter – “Loud City Song”
8 - Secret Chiefs 3 – “Book Of Souls Folio A”
9 - Föllakzoid – “II”
10 - Queens of The Stone Age – “...Like Clockwork”
11 - The Fall – “Re-Mit”
12 - Deafheaven – “Sumbather”
13 - My Bloody Valentine - “mbv”
14 - Melt Yourself Down – “Melt Yourself Down”
15 - Shining – “One One One”
16 - Death Grips – “Government Plates”
17 - Flat Earth Society – “13”
18 - M.I.A. – “Matanga”
19 - Arcade Fire – “Reflector”
20 - Lustmord – “The Word as Power”
21 - Anna Calvi - "One Breath"
22 - Man Man – “On Oni Pond”
23 - Tim Hecker – “Virgins”
24 - Mogwai – “Les Revenants Soundtrack”
25 - Colin Stetson – “New History Warfare Vol. 3 To See More Light”
26 - Akasha – “Into the Web”
27 - Ganja White Night – “Mystic Herbalist”
28 - Melt Banana – “Fetch”
29 - Hugh Laurie“Didn't It Rain”
30 - Pascal Comelade – “El Pianista Del Antifaz”
31 - Four Tet - "Beautiful Rewind"
32 - The Tiger Lillies – “Either Or”
33 - The Dillinger Escape Plan – “One of Us Is the Killer”
34 - Chelsea Light Moving – “Chelsea Light Moving”
35 - Matmos – “The Marriage of True Minds”
36 - Nick Cave And The Bad Seeds – “Push The Sky Away”
37 - LITE – “Instalation”
38 - Amon Tobin and Two Fingers - "Synch Sampler"
39 - Ben Harper and Charlie Musselwhite - "Get Up!"
40 - David Bowie - "The Next Day"

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Top 2012  
Top 2011

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Nos bastidores imaginários de "The Shining"

Eu sei que o caro leitor já viu o filme "The Shining" de Stanley Kubrick. E que conhece bem toda a sua iconografia visual e estética.
Mas de certo que nunca viu isto: um curto spot publicitário no qual um canal de televisão (Channel 4) promove um ciclo dedicado ao cineasta inglês. Está todo realizado num único plano-sequência e encena uma câmara que deambula pelos corredores dos (supostos) bastidores das filmagens deste filme mítico. Reconhecemos actores, figurantes, cenários e adereços. É uma brilhante ideia promocional, superiormente bem feita e que, ainda por cima, tem música de Amon Tobin a acompanhar.
Merece ser visto em ecrã inteiro aqui.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Jazz rock

Amon Tobin (enquanto projecto Cujo) a fazer jazz rock? Talvez sim. Ou não. Isto porque Amon Tobin faz de tudo e sempre bem. Mas a verdade é que se trata de alguém que pegou na música "Traffic" do álbum "Adventures in Foam" (1996) e a colou a um videoclip saído de um clube de jazz dos anos 40.
O contraste entre as imagens rústicas e a sofisticação da música é desconcertante, e a sincronia entre os instrumentos que supostamente "tocam" o que ouvimos bem divertida.
 Uma outra forma de ouvir e "ver" a música de Tobin.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Isto. É. Grande. Arte.

"Isam" de Amon Tobin continua a deslumbrar. Concebido para ser uma arrebatadora experiência visual e sonora, "Isam" é um espectáculo "futurista", um novo e apoteótico conceito de espectáculo ao vivo. Música electrónica acutilante e imagens em "video mapping" de tirar o fôlego. Em Março Amon Tobin e "Isam" apresentam-se ao vivo em Londres e Paris. Infelizmente, Portugal e Espanha ainda não constam no mapa desta digressão...

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Amon Tobin em registo de violência

Eis um videoclip para a polémica: o novo videoclip do projecto Two Fingers de Amon Tobin. Musicalmente não traz grandes novidades, com o estilo habitual electrónico (breakbeat/dubstep) a que nos habituou Amon.
É nas imagens que a controvérsia se instalou. A violência gráfica desmedida num contexto claramente infantil. Uma espécie de massacre gore e sanguinário sem escrúpulos com brinquedos de criança. Claro que é preciso ver o videoclip até ao fim para perceber o significado de tanta violência, mas não deixa, por isso, de ser um notável trabalho de animação (porventura com uma mensagem subliminar...).
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Já agora, eis o que o press release informa:
Amon Tobin presents the next brutalist masterpiece wired up under his Two Fingers guise, "Vengeance Rhythm." A low-slung exercise in violence, brooding power and pure production smarts, in the words of a recent Resident Advisor feature, it's "a little like dubstep built on an interplanetary scale." The tune has been brought to life (and death) in a truly jaw-dropping video from stop-frame animator and director Chris Ullens. Ullens transforms a pile of toys, a love of super slo-mo explosions and a huge pile of mince into the funniest, most eye-popping and shocking exercise in animated ultra-violence since Walt Disney discovered Mickey and Donald were engaged in Un-American Activities together

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Glass remisturado


Philip Glass, um dos maiores compositores vivos (muitas vezes comentado neste blogue), vai cumprir 75 anos no dia 31 de Janeiro de 2012.
Para comemorar a data e servir, ao mesmo tempo, de homenagem merecida, está a ser preparado um disco de remisturas de obras de Glass por parte de alguns dos maiores nomes da música electrónica actual: Amon Tobin, Tim Hecker, Memory Tapes, Cornelius e Tyondai Braxton (dos Battles). A produção do disco é da responsabilidade do músico Beck.
Aguardemos, pois, com muita expectativa, o resultado aliciante e promissor projecto.

sábado, 21 de maio de 2011

Amon Tobin - escultor sonoro

É o regresso em grande do músico Amon Tobin, depois do excelente álbum "Foley Room" de 2007. Amon gosta de referir que "ISAM" é mais um trabalho de "escultura sonora" do que propriamente musical. E faz sentido. Depois das incursões geniais na manipulação de samples, do trabalho meticuloso ao nível dos ambientes jazzísticos, dos intricados ritmos e das atmosferas cinematográficas (David Lynch é o seu cineasta preferido), Amon Tobin vira-se, agora, para uma exploração sonora mais pessoal, revelando uma evolução estética verdadeiramente assinalável (Amon deixou de lado a manipulação alheia dos samples e procurou gravar e criar os seus próprios sons).
"ISAM" é, por isso, um complexo manifesto sonoro extremamente rico na estrutura e em pormenores que dão corpo a uma música electrónica original, consumando, assim, uma viragem mais experimental e vanguardista no trabalho habitual de Amon Tobin.
Amon Tobin é um espantoso "cientista dos sons", um pesquisador da matéria sonora mais inaudita, e "ISAM"está aí para provar todo o seu talento criativo e para proporcionar novas descobertas a cada audição do álbum.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Que grande ano musical...

Que grande ano musical seria 2011 se forem editados novos discos de John Cale, Pascal Comelade, Public Enemy, Sonic Youth, Tom Waits, Aphex Twin, Leonard Cohen, Fantômas, Mr. Bungle, Jon Spencer Blues Explosion, Spiritualized, Squarepusher, Amon Tobin, Anoushka Shankar, Elvis Costello, Diamanda Galás, Kimmo Pohjonen, Leila, Man Man, Robert Wyatt, Michael Nyman, Tinariwen, TV on the Radio, Beirut, Camille, Animal Collective, Six Organs of Admittance, David Byrne, Arvo Part, Philip Glass, Neurosis, Jarboe, The Fall, Underworld, Nine inch Nails, Matmos, Herbert, John Zorn, Scott Walker, Dan Deacon, Gang Gang Dance, Santogold, Fleet Foxes, Queens of the Stone Age, Stereolab, Nico Muhly, Danny Elfman ou Bjork.
Era bom, não?

domingo, 10 de outubro de 2010

"Nightlife" e o videoclip amador

Amon Tobin compôs o tema "Nightlife" para o álbum "Permutation" (1998). É um tema prodigioso na forma como estrutura uma sonoridade cool-jazz e a transforma, em imparável crescendo, numa minuciosa e impressiva manifestação drum'n'bass. Diria mais: é música para um clube de jazz futurista.
Que eu saiba, nunca houve um videoclip oficial para esta fabulosa peça musical (e os videoclips de Amon Tobin são conhecidos por serem visualmente sofisticados). No entanto, vários fãs de Amon Tobin - videastas amadores - fizeram um videoclip para este tema.
O melhor de todos é este interessante exercício visual concebido por um tal Periperiholloway, que até pediu autorização oficial à editora Ninja Tune para utilizar a música de Tobin.
A ideia para este videoclip foi a de representar, visualmente, cada elemento musical. Isto é, para cada parte instrumental da música (sopros, bateria, teclados...), surgem formas visuais em sincronia com a música. Não é um conceito original, claro, mas está bem conseguido.
Pena, pena, é o facto do autor deste trabalho ter apenas utilizado metade da musica original de Amon Tobin.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Amon Tobin num clube de jazz

Amon Tobin (enquanto projecto Cujo) a fazer jazz rock? Talvez sim. Ou não. Isto porque Amon Tobin faz de tudo e sempre bem. Mas a verdade é que se trata de alguém que pegou na música "Traffic" do álbum "Adventures in Foam" (1996) e a colou a um videoclip saído de um clube de jazz dos anos 40. O contraste entre as imagens rústicas e a sofisticação da música é desconcertante, e a sincronia entre os instrumentos que supostamente "tocam" o que ouvimos bem divertida. Uma outra forma de ouvir e "ver" a música de Tobin.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Amon Tobin - notícias empolgantes


Um amigo alertou-me que Amon Tobin tinha um novo projecto musical. Não sabia. Depois do projecto de colaboração intitulado Two Fingers (um dos grandes discos de 2009, quanto a mim), sobre o qual escrevi aqui, o mestre da música electrónica regressa com um novo projecto a meias, desta vez com outra referência da música electrónica dubstep - Eskmo. Da fusão do nome de ambos surgiu o conceito Eskamon e o disco "Fine Objects" que acabou de ser lançado ao mundo hoje mesmo (na imagem, Amon Tobin e Eskmo).
Entretanto, o site de Amon Tobin informa que o artista está a trabalhar num novo álbum, depois do fabuloso "Foley Room". Grandes notícias, portanto.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Amon Tobin dá música ao Qashqai

Quem está minimanente atento à publicidade televisiva já terá reparado na excelente campanha publicitária da Nissan e do seu modelo Qashqai. Os vários spots televisivos desta marca de automóveis primam pela inovação visual e por um aprumado rigor estético. Ora, anda a passar na televisão um novo anúncio publicitário ao Qashqai que, à semelhança dos anteriores, reflete uma qualidade invulgar e uma originalidade a topo.
Bem filmado, bem montado, com efeitos especiais dignos de cinema, o anúncio vende, eficazmente, um conceito em apenas 60 segundos. Para além da criatividade deste anúncio, o que mais me chamou a atenção foi a música utilizada: o tema "Four Ton Mantis" (extraído da obra-prima "Supermodified") de um dos meus músicos de electrónica preferidos - Amon Tobin. Só por causa disto sou bem capaz de comprar um Qashqai.
Já agora, para quem quiser ouvi na íntegra a música da Amon Tobin, poderá abrir aqui.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Um filme sobre drogas (mas não só)


É um filme de 2006, mas só ontem o vi em DVD. Realizado por um desconhecido Neil Armfield, conta com notáveis interpretações de Heath Ledger e de Abbie Cornish (co-adjuvados por um não menos brilhante Geoffrey Rush). Baseado num romance de Luke Davies, "Candy" narra a trágica (mas ao mesmo tempo poética) história de amor entre dois jovens que julgam poder viver todos os sonhos do mundo. Mas a insuperável dependência das drogas interrompe a possibilidade de qualquer sonho, de qualquer vivência digna. Amam-se e odeiam-se, sempre com a obsessão do consumo de drogas como obstáculo inultrapassável. Pensava que "Requiem For a Dream" (2000) de Darren Aronofsky fosse o melhor filme da última década sobre as drogas. E de facto é. "Candy" não tem a sofisticação formal e a intensidade dramática quase surreal do filme de Aronofsky, mas em certos aspectos, consegue ser mais realista e contundente. É um relato cru e nu de um homem e uma mulher que lutam contra um desígnio difícil de ultrapassar. Um filme sobre um destino sinuoso de duas almas perdidas (e tem um dos finais mais desoladores que tenho visto). Está longe de ser um filme sobre a dependência de drogas. À semelhança de "Requiem For a Dream", também tem uma excelente (e diversificada) banda sonora, com Tim Buckley, Mozart, Soul Coughing e Amon Tobin.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Discos que vão de 0,0 a 10,0


Sempre achei os critérios de classificação de discos da Pitchfork um exagero. Enquanto que na imprensa portuguesa (e não só), a classificação se situa entre a nota 0 e a 5, ou entre a 0 e a 10, na Pitchfork vai de 0,0 a 10,0. Significa que há discos com pontuação tão preciosista e minuciosa como 4,3 ou 7,7. A minha dúvida de sempre é: o que difere um disco avaliado, por exemplo, com nota 8,4 de um com 8,3? Ou 8,5?
De qualquer forma, dado o preciosismo desta classificação, fui pesquisar quais os discos que a Pitchfork pontuou com a rara nota máxima, 10,0, atribuída a discos considerados "perfeitos". Dentro desta exigente pontuação, encontrei discos de Amon Tobin, Radiohead, DJ Shadow, Bob Dylan, Sonic Youth, Glenn Branca ou Wire. No extremo oposto, com nota 0,0, a qual deve ser considerada autêntico lixo poluente, vi referências a discos de Kiss, Liz Phair, Francisco Lopez, ou The Flaming Lips.
Velhos tempos em que Miguel Esteves Cardoso, aquando da sua fase de crítico musical no livro "Escrítica Pop", classificava os discos péssimos com... baldes de excremento (desenhados e tudo!).

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Two Fingers - um dos dedos é de Amon Tobin


Não sou um ouvinte regular de hip-hop. Apesar disso, há muitos anos, acompanhei com muito entusiasmo a carreira de grupos essenciais como Public Enemy, De La Soul, Disposable Heroes of Hiphoprisy, MC Sollar, Us3, Digable Planets, Arrested Develpment, Beastie Boys, Consolidated, Fugees, entre outros artistas similares. Posso estar enganado, mas sou da opinião que, durante a última década, a produção de hip-hop decaiu sobremaneira com rappers que mais não fazem do que repisar os estereótipos formatados da linguagem hip-hop. A previsibilidade é um dado quase adquirido quando falamos de hip-hop. Na maior parte deste género muisical urbano (mesmo nos grupos mais underground), o fraseado rap não me surpreende, instrumentalmente, as fórmulas são repetitivas, e o discurso de rebelião não me interessa. Por isso têm sido poucos os projectos de hip-hop que tenho ouvido nos últimos anos com interesse e devoção (tirando os Subtle e os Dalek, que são projectos que arriscam uma linguagem própria).
Isto tudo para dizer que, finalmente, descobri um magnífico disco de hip-hop. Um disco que traz uma frescura criativa inusitada ao mundo do hip-hop (e não só). O projecto dá pelo nome de Two Fingers e o disco tem o título homónimo. Mas a verdade é que este álbum não é um genuíno disco de hip-hop. É breakbeat e dubstep, é trip-hop e electrónica experimental com fusões étnicas. Isto porque, na génese do trabalho musical dos Two Fingers, está um senhor chamado Amon Tobin. São da sua responsabilidade as sinuosas e irresistíveis programações rítmicas e os incríveis ambientes sonoros constantes em “Two Fingers”. Mas Amon Tobin não está sozinho neste projecto. Com ele, fazem parte "Doubleclick" Chapmam (músico que conheceu quando Amon viveu em Brighton) e conta com as colaborações de MC como Sway, Ms. Jade, Ce'Cile, Durrty Goodz e Kevin Tuffy. "Two Fingers" é um álbum poderoso, belo e agreste, e que se perfila, sem delongas, como um dos notáveis discos de 2009. Pode ser ouvido um tema aqui e descarregado o álbum na íntegra aqui.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Top 2008

Balanço

Último dia do ano. Tal como fiz o balanço no final de 2007, estas são as minhas escolhas para o ano de 2008. Não sei se são as melhores. São aquelas que gostei de desfrutar ao longo do ano. Uma selecção pessoal. Nada mais. Mas há uma confissão a fazer: no fim de um ano de imensa produção cultural, a sensação com que fico é de uma certa frustração incómoda. Isto porque, depois das escolhas feitas, fico sempre com a nítida impressão de que ficaram muitas mais referências de fora que não tive oportunidade de conhecer. Muitos filmes que não vi, muitos discos que não ouvi, muitos livros que não li. A produção cultural é cada vez maior e torrencial a cada ano que passa. Milhares e milhares de objectos culturais são despejados para o mercado, quase indistintamente. Descortinar a qualidade no meio da quantidade é cada vez mais difícil e ingrato.

A própria comunicação social sente-se incapaz de dar vazão a tanta informação. E por isso, certos discos e filmes importantes são por vezes relegados para o fundo da prateleira por falta de espaço editorial ou por conflitos de interesses jornalísticos. Conseguir fazer uma selecção criteriosa dos produtos de qualidade dos que não têm interesse nenhum, exige esforço redobrado do cidadão comum para recolher cada vez mais informação (através de revistas, internet, jornais, rádio…) de molde a definir a sua própria opinião. O tempo é escasso para fruir (e usufruir) as propostas mais interessantes (no fundo, resume-se tudo ao que disse neste post). Ainda há filmes, discos e livros que ainda não conheço mas que provavelmente entrariam para a lista de preferências que se seguem... Agora é esperar que 2009 entre em força com boas e novas propostas.

Filmes:

Ainda não vi “Corações” de Alain Resnais, “A Turma” de Laurent Cantet, “Quatro Noites com Anna” de Jerzy Skolimowski, “O Homem de Londres” de Béla Tarr, “Destruir Depois de Ler” de Ethan e Joel Coen, “A Ronda da Noite” de Peter Greenaway, “Antes que o Diabo Saiba que Morreste” de Sidney Lumet, “Fome” de Steve McQueen, “Gomorra” de Matteo Garrone, “Em Bruges” de Martin McDonagh, “Austrália” de Baz Luhrmann…

1 – “Este País Não é Para Velhos” – Ethan e Joel Coen
2 – “Alexandra” – Alexander Sokurov
3 – “4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias” – Cristian Mungiu
4 – “No Vale de Elah” – Paul Haggis
5 – “Haverá Sangue” – Paul Thomas Anderson
6 – “O Segredo de um Cuzcuz” - Abdellatif Kechiche
7 – “O Lado Selvagem” – Sean Penn
8 – “Sweeney Todd” – Tim Burton
9 – “The Darjeeling Limited” – Wes Anderson
10 – “Os Falsificadores” - Stefan Ruzowitzky
11 – “Wall-E” – Andrew Stanton
12 – “Nós Controlamos a Noite” – James Gray
13 – “O Assassínio de Jesse James pelo Cobarde Robert Ford” – Andrew Dominik
14 – “O Orfanato” - Juan Antonio Bayona
15 – “Michael Clayton” – Tony Gilroy
16 – “Joy Division” – Grant Gee
17 – “The Mist” – Frank Darabont
18 – “O Acontecimento” - M. Night Shyamalan

Discos:

Apesar do hype da imprensa, ainda não ouvi discos como Fleet Foxes, Beach House, Dirty Projectors, Bon Iver, Evan Parker, Hercules & Love Affair, Silver Jews, The Dodos, Fennesz, Cut Copy, Hot Chip, She and Him…

1 - Secret Chiefs 3 – “Xaphan Book of Angels Volume 9”
2 - Leila – “Blood, Looms and Blooms””
3 - Clutchy Hopkins – “Walking Backwards”
4 - TV On The Radio – “Dear Science”
5 - Man Man – “Rabbit Habits”
6 - Portishead – “Third”
7 - Bombay Dub Orchestra – “3 Cities”
8 - Metaform – “Standing on the Shouders og Giants”
9 - Tricky – “Knowle West Boy”
10 - Stag Hare – “Black Medicine Music”
11 - Amon Tobin – “Foley Room Recorded Live In Brussels”
12 - Camille – “Music Hole”
13 - Nico Muhly – “Mothertongue”
14 - Gang Gang Dance – “Saint Dymphna”
15 - Devotchka – “A Mad And Faithful Telling”
16 - Girl Talk – “Feed the Animals”
17 – DJ Rupture – “Uproot”
18 - Fuck Buttons – “Street Horrrsing”
19 - Original Silence – “The Second Original Silence”
20 - Santogold – “Santogold”
21 - Firewater – “The Golden Hour”
22 - Matmos – “Supreme Baloon”
23 - Boredoms – “Super Roots #9”
25 - Paavoharju – “Laulu Laakson Kukista”
25 - Vampire Weekend – “Vampire Weekend”
26 - Ladytron – “Velocifero”
27 - The Bug – “London Zoo”
28 - Brazillian Girls – “New York City”
29 - Melvins – “Nude With Boots”
30 - Spiritualized – “Songs in A & E”

Discos portugueses:

Confesso que não fui um ouvinte regular de música portuguesa em 2008. Mas do que fui ouvindo ao longo do ano, gostei de: Deolinda, A Naifa, Mandrágora, Rocky Marsiano, peixe : avião, Linda Martini, Mesa, Melech Mechaya, Mikado Lab, Gala Drop, The Vicious Five, Mão Morta, Dead Combo…

Livros

Queria ter lido (espero ainda ler durante 2009): “Os Nus e os Mortos” de Norman Mailer, “Histórias de Amor” de Robert Wasler, “A Derrocada de Baliverna” de Dino Buzzati, “Contos Completos” de Truman Capote, “Correcção” de Thomas Bernhard, “Castelos Perigosos” de Céline, “Musicofilia” de Oliver Sacks, “O Jovem Estaline” de Simon Montefiore…

1 - “Sonderkommando” – Shlomo Venezia
2 – “Lacrimae Rerum” – Slavoj Zizek
3 – “A Monstruosidade de Cristo” – Slavoj Zizek
4 – “A Filosofia Segundo Woody Allen” - Vários autores
5 – “A Filosofia Segundo Alfred Hitchcock” – Vários autores
6 – “Em Busca do Grande Peixe” – David Lynch
7 – “A Febre” – Jean-Marie Le Clézio
8 – “O Jogo do Mundo” – Júlio Cortázar
9 – “O Homem Sem Qualidades Vol.1” – Robert Musil
10 – “Património” - Philip Roth
11 – “Toda a Música que eu Conheço” – António Victorino D’Almeida
12 – “Homem na Escuridão” - Paul Auster

Edições em DVD

Caixa “John Cassavetes”
Caixa “Hal Hartley”
Caixa “Wim Wenders”
Caixa "Mel Brooks"
“O Estranho Mundo de Jack”
– Edição Especial
“Casablanca” – Edição Coleccionador
“The General – Pamplinas Maquinista” – Ed. Especial
“Vertigo – A Mulher que Viveu Duas Vezes” – Ed. Especial
“Hstória(s) do Cinema” – Jean-Luc Godard
“Holocausto”
“Um Coração Selvagem” – Ed. Limitada
“Eraserhead” – Ed. Especial
"Vem e Vê" - Elem Klimov
“Control” – Ed. Especial
Coleccção Manoel de Oliveira
Coleccção “The Godfather – O Padrinho” – Ed. De Luxo
(...)

Embirrações do ano: Amy Winehouse, Tony Carreira, Tokio Hotel e "Rock in Rio"
Conflito do ano: concertos simultâneos de Leonard Cohen e Lou Reed
Acontecimento do ano: centenário de Manoel de Oliveira e Elliott Carter
Adeus: Luiz Pacheco, Bettie Page, Paul Newman, Sydney Pollack, Heath Ledger, Eartha Kitt, Albert Cossery, Harold Pinter, Humberto Solas, Pedro Bandeira Freire, Arthur C. Clarke
Boa notícia: regresso às bancas da revista de cinema Premiere e experiência 3D no cinema ("Bolt", "Viagem ao Centro da Terra"...). Abertura da Cinemateca do Porto.
Má notícia: encerramento da livraria Byblos. Preço dos livros, DVDs e CDs.

sábado, 8 de novembro de 2008

Amon Tobin - o génio revelado ao vivo


É uma extraordinária notícia vinda do mais criativo músico electrónico dos últimos 10 anos, Amon Tobin. Refiro-me à edição online gratuita do "Foley Room Recorded Live In Brussels", gravação de um registo ao vivo de uma actuação de Amon Tobin em Bruxelas. Apesar do que o título possa parecer, não se trata de uma simples apresentação live do último álbum "Foley Room" (considerado por este blogue o melhor disco de 2007), mas sim de um set polivalente de portentosa criatividade de DJing. Isto porque Amon Tobin não se limita a apresentar ao vivo o disco, optando antes por recriar as suas coordenadas sonoras com múltiplas inversões e reconstruções. Significa que Amon Tobin revela, neste set ao vivo, uma impressionante capacidade de surpreender a cada minuto, fruto de um domínio total dos pratos de DJ e das programações electrónicas. Claro que o resultado final deste mix não teria o mesmo efeito avassalador e emocional (é incrível ouvir os gritos e aplausos do público por entre as avalanches rítmicas de Amon!) se o músico não tivesse uma sensibilidade rítmica e estética capaz de extravasar fronteiras estilísticas.
Gravado numa sala de espectáculo que tem (segundo especialistas na matéria) o melhor sistema de som da Europa, "Foley Room Recorded live in Brussels" é um documento sonoro, a todos os níveis, espantoso. Um manifesto definitivo de manipulação de sons e texturas. É música electrónica com fortíssimas vibrações que abraça, com igual desenvoltura, o jazz, os sons étnicos, o dub, a música erudita, o experimentalismo ou o rock. Aconselho a ouvir este registo com headphones de boa qualidade. Só assim se conseguirá sentir a tremenda intensidade deste live act de Amon Tobin, imaginando como será sentir na espinha, ao vivo em directo, toda a descarga sonora e complexidade de ritmos e ambiências criadas pelo visionário responsável por alguns dos melhores discos de electrónica da última década.
Para descarregar directamente o ficheiro mp3 com capas da edição, basta carregar aqui.