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quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Arcade Fire em documentário

"The Reflektor Tapes" é um documentário sobre os Arcade Fire, uma das mais interessantes bandas pop-rock dos últimos anos. O filme é realizado por Kahlil Joseph. Vai estrear no final de Setembro nas salas. Uma boa notícia para os fãs da banda. 
Eis o trailer:

terça-feira, 28 de julho de 2015

Documentário: a vez de Brando

E eis que um dos maiores actores de sempre de Hollywood tem direito a um documentário: Marlon Brando. E não é um documentário construído de forma convencional, com depoimentos e entrevistas. Ao longo da sua atribulada vida o actor de "O Padrinho" foi gravando os seus pensamentos no que resultou em mais de 300 horas de gravações. 
O que o realizador Stevan Riley fez foi um trabalho colossal de montagem para reduzir as 300 horas a apenas 1h45. Ou seja, durante todo o filme apenas ouvimos a voz do próprio Brando a falar de mil e uma coisas da sua vida pessoal e artística com imagens de aruivo. Com certeza um dispositivo narrativo original nos documentários modernos.
Chama-se "Listen to Me Marlon".

sexta-feira, 22 de maio de 2015

O cinema vira-se para a música

Nunca como agora houve tantos documentários e filmes sobre figuras marcantes da música mundial. O mais recente exemplo foi o documentário sobre Kurt Cobain, líder e vocalista dos Nirvana. Mas outros estão quase concluídos (ou em vias de tal) como um filme sobre a vida da cantora de ópera Maria Callas (com Noomi Rapace no papel da diva); dois biopic sobre as curtas vidas de Jimi Hendrix e Amy Winehouse; um outro sobre a conturbada vida e carreira do rei da soul James Brown e, por fim, um filme já anunciado (estreia em 2016) sobre a lendária cantora dos anos 60, Janis Joplin (interpretada por Amy Adams).

E é quase certo que o filão não vai terminar por aqui... 




domingo, 3 de maio de 2015

Moondog: o músico viking


À primeira impressão este homem parece um figurante de um filme antigo de Vikings ou de guerreiros medievais. Nada mais errado. Trata-se de Louis Hardin, mais conhecido pelo nome artístico Moondog. Morreu em 1999 com 82 anos e ficou conhecido por viver quase três décadas nas ruas de Nova Iorque (Sixth Avenue - "O Viking da Sexta Avenida"). Ficou cego ao 16 anos e renunciou à educação cristã vestindo-se com roupas e adereços nórdicos (lanças e tudo) que o próprio criava.

Na realidade, Moondog foi das personagens de rua mais fotografadas dos anos 40, 50 e 60 nos EUA.
Pode parecer um louco excêntrico, mas trata-se de um genial e lúcido compositor que desafia convenções ainda hoje. Inventou instrumentos e gravou dezenas de discos com peças musicais que fundiam o jazz com música clássica e ritmos tribais. Apesar de cego, Moondog foi um criador visionário, admirado por artistas ilustres como Stravinsky, Philip Glass, Bob Dylan, Frank Zappa, Leonard Bernstein, Steve Reich, Charlie Parker, entre muitos outros. Um dos seus temas mais conhecidos é o seu tributo a Charlie Parker com esta esplêndida música "Bird's Lament".

Moondog viveu os últimos 25 anos na Alemanha, país que lhe possibilitou a concretização de uma verdadeira carreira artística através do contributo de uma fã. Actualmente está a ser feito um documentário da realizadora Holly Elson sobre a vida incrível de Moondog. Chama-se "The Viking of Sixth Avenue: Moondog and His Music".

Músico imenso, de uma criatividade que ultrapassa barreiras estilísticas, a obra de Moondog merece ser ouvida e apreciada (só no Youtube há mais de cem músicas disponíveis). Eis duas facetas musicais distintas de Moondog: o primeiro vídeo é de uma música de cariz clássico com um toque jazzístico. Pura criatividade em dois minutos de música:


O segundo vídeo representa outra vertente da visão criativa de Moondog: baseado nos sons e no ritmo do quotidiano de Nova Iorque, "Invocation" é um tema longo, fascinante, hipnótico e tribal que antecipa a estética da música minimalista (que surgiria apenas uma década depois):

terça-feira, 10 de março de 2015

Snowden merecia mais



Vi o documentário "Citizenfour" de Laura Poitras (estreia para a semana em Portugal) sobre o ex-analista informático da NSA Edward Snowden. Este documentário ganhou o Óscar na sua categoria e eu ainda estou para saber como. Só tenho uma explicação: pela controvérsia política e actual que o filme suscita (a famigerada vigilância electrónica à escala global).
Achei o filme de uma vulgaridade tremenda, aborrecido na sua estrutura (entrevista atrás de entrevista), verborreico até à sonolência (são citados dezenas de termos técnicos de espionagem que desnorteiam o espectador). Nem o facto de Steven Soderbergh ser o produtor salva o documentário da pobreza estética. A singular figura de Edward Snowden merecia outro tratamento e outro realizador mais ousado.

Enfim, há um outro documentário nomeado aos Óscares bem mais interessante: "Finding Vivian Maier" sobre a fotógrafa com o mesmo nome (falei dele mais abaixo). Está bom de ver que na Academia de Hollywood preferem os temas políticos quentes do que fotografia enquanto arte...

terça-feira, 3 de março de 2015

À procura de Vivian Maier


Vivian Maier (1926 - 2009) era até há dois ou três anos uma autêntica anónima. Agora passou a ser conhecida por ter sido uma das melhores fotógrafas dos EUA durante décadas. Personalidade reservada e bizarra (tinha um lado sombrio e enigmático - não conseguia estar ao lado de homens), Vivian Maier era uma simples ama que nos tempos livres se dedicava a fotografar as ruas e as pessoas de Nova Iorque e de outras cidades. O incrível é que ela tirou mais de 100 mil fotografias e guardou todos os rolos em dezenas de caixotes. Ou seja, não revelou praticamente nenhuma fotografia! O seu comportamento era compulsivo, doentio, quase como uma obsessão vital em registar momentos quotidianos da sociedade norte-americana.

Sempre a preto e branco e num ângulo sempre idêntico (tinha uma máquina Leica), as suas fotografias denotam um olhar perspicaz sobre rostos anónimos, pessoas comuns (entre burguesia e mendigos) e paisagens urbanas. Também fazia auto-retratos (vulgo selfies hoje). Todo o seu gigantesco espólio - grande parte ainda por revelar - foi descoberto por acaso por um jovem chamado John Mallof, co-autor do documentário sobre a sua vida. Comprou-o num leilão e agora dedica a sua vida a divulgar o seu trabalho e a exibir as fotografias de Vivian em museus e galerias de arte. 

"Finding Vivian Maier" ("À Procura de Vivian Maier") é o título do documentário candidato aos Óscar deste ano na mesma categoria. Procura desvendar quem foi esta mulher estranha e contraditória através de depoimentos de pessoas que lidaram com ela em vida. Provavelmente Vivian Maier nunca autorizaria em vida a publicação das suas fotografias. O motivo desconhece-se. Uma coisa é certa: o seu legado só veio enriquecer a história da fotografia do século XX.





domingo, 22 de fevereiro de 2015

Luiz Pacheco - As entrevistas

Luiz Pacheco foi um provocador por natureza que soube como poucos espicaçar sem pudores o meio literário português, como quando inventou o “Neo-Abjeccionismo” para gozar com o Neo-Realismo (na altura vigente). Foi uma das personalidades mais insurrectas, marginais e criativas da literatura portuguesa do século XX (na esteira de Almada Negreiros e Mário Cesariny).
Pacheco foi um verdadeiro meteoro da escrita e da crítica, fulgurante espírito de sagaz mordacidade, capaz de descarnar as palavras da língua mãe como quem tosquia a lã de uma ovelha. 

Acaba de ser lançado um livro editado pela editora Tinta da China - "O Crocodilo Que Voa" - que compila as entrevistas (politicamente incorrectas) mais importantes que a comunicação social lhe fez durante os seus últimos anos de vida. Altamente recomendável.

No longínquo ano de 2007 foi realizado um documentário sobre a figura icónica de Luiz Pacheco e eu escrevi dois posts sobre o autor e o referido documentário: aqui e aqui.

domingo, 9 de novembro de 2014

Picasso sob o olhar de Clouzot


"Le Mystère Picasso" (1956) é um dos mais inspirados e belos documentários sobre arte que conheço. Filmado pelo conceituado cineasta francês Henri-Georges Clouzot, este filme mantém, ainda hoje, uma frescura e uma originalidade invulgares.
Clouzot filma, de forma insuperável, o genial Pablo Picasso em continuadas sessões de pintura. O espectador apercebe-se facilmente quão excepcional é a veia criativa do pintor espanhol, quão espontânea e perfeita. O método pictórico de Picasso é captado pela câmara de Clouzot como um olhar distanciado, mas ao mesmo tempo minucioso, na captura da leveza do traço, das cores e dos movimentos.

"O Mistério Picasso" é, basicamente, um filme sobre a imponência perene da criação artística, sendo o objecto do filme a figura ímpar de Picasso. E é, igualmente, uma notável obra de cinema (Clouzot criou técnicas inovadoras para captar as pinceladas do pintor).

Eis um excerto:

domingo, 19 de outubro de 2014

Um jovem realizador chamado Trakovsky


Há uns anos, um jovem estudante russo de cinema chamado - curioso nome - Dmitry Trakovsky, realizou um documentário sobre o cineasta Andrei Tarkovsky (a propósito do vigésimo aniversário da sua morte). O documentário procurava aprofundar o legado artístico e filosófico do realizador russo, partindo de alguns dos seus principais temas (explanados no livro "Esculpir o Tempo" e em todos os seus filmes): tempo, memória, morte, espírito, arte, fé, razão, humanidade...
Nesse sentido, o jovem Dmitry Trakovsky procurou em "Meeting Andrei Tarkovsky" um olhar poético e conciso sobre a herança do pensamento e da arte de Tarkovsky, através de inúmeras entrevistas com actores que trabalharam com o realizador e familiares directos (o filho e a irmã de Andrei). O documentário foi aclamado pela crítica e foi editado em DVD via Amazon. numa edição limitada e assinada pelo realizador.

Por certo um filme a guardar juntamente com outros três documentários (reunidos numa só edição DVD) que fazem luz sobre a obra deste realizador único: "The Andrei Tarkovsky Companion" (com filmes de Chris Marker, Sokurov e Tonino Guerra).

Links úteis: o site oficial do documentário de Dmitry Trakovsky e o Facebook respectivo.

O jovem realizador (nasceu em 1985) Dmitry Trakovsky:

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O fabuloso e desconhecido Pelechian


Há dois anos, o Lisbon Estoril Film Festival tinha no seu programa uma secção denominada "Cineastas Raros". Um dos cineastas raros que o festival promoveu foi o fascinante Artavazd Pelechian (1938), realizador arménio praticamente desconhecido (mesmo do público cinéfilo).
Tive a ocasião de conhecer o seu trabalho há uns anos devido a uma edição em DVD das obras documentais (1967 - 1993) de Pelechian (edição Costa do Castelo).

Pelechian é de facto um cineasta raro pela forma como encena e constrói os seus filmes (recorrendo a filmagens originais mas também a imagens de arquivo), pela linguagem cinematográfica que utiliza (reminiscências de Eisenstein e Vertov) e pela forma como nos revela o mundo. O seu cinema documental assenta num trabalho plástico e poético das imagens em sintonia magistral com a música e o espantoso trabalho de sonoplastia. O realizador considera indissociáveis a imagem e a música como elementos que dão ritmo e coerência estética ao seu trabalho.

Pelechian praticamente só realizou curtas-metragens (oito) e a duração total da sua filmografia não ultrapassa - imagine-se - as 3 horas. Mas não é pela curta duração do seu trabalho que o cineasta deixa de ser um grande cineasta. Os seus filmes centram-se no homem e na sua relação íntima com a natureza. Para o realizador arménio, a natureza é o laço que une todos os seres vivos. Os filmes de Pelechian revelam-nos a consciência humana através de uma sensibilidade única. Não têm diálogos nem narração. As imagens explicam tudo.

Não terá sido por acaso que Jean-Luc Godard referiu uma vez que Pelechian é "um dos maiores cineastas vivos" e que Sergei Paradjanov disse que o cineasta arménio "é um dos poucos génios do cinema universal". Por sua vez, o grande realizador da Trilogia Qatsi, Godfrey Reggio, referiu que conheceu a obra de Pelechian em 1988 e que foi uma "experiência espiritual".

Uma das suas obras mais aclamadas é "Seasons", na qual Pelechian aborda os costumes da sua terra e a ligação que une o homem com a natureza. Ou o fabuloso "The End" com o início do comboio, os incrível trabalho sonoro com os sons e a música.

O seu cinema está repleto de pura poesia visual e é um cineasta de génio que urge conhecer.

(No Youtube encontram-se outros filmes do realizador, inclusive um documentário sobre a sua obra).

Recensão crítica da sua filmografia.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

A vida e morte de Aaron Swartz



Aaron Swartz foi uma criança prodígio, inteligente e ávida de conhecimento. Porém, aos 26 anos, em Janeiro de 2013, suicidou-se (foi encontrado enforcado no seu apartamento de Nova Iorque).

Talvez a maioria não o conheça, mas o trabalho de Aaron está presente na nossa vida quotidiana há bastante tempo. Desde os 14 anos que Aaron trabalhava como programador informático criando ferramentas, programas e organizações na Internet. Isso significa que, aos 26 anos, Aaron já tinha trabalhado praticamente metade da sua vida. E, nesta metade ele participou na criação da especificação RSS (que nos permite receber actualizações do conteúdo de sites e blogs), do Reddit (plataforma aberta em que se pode votar em histórias e discussões importantes), e do Creative Commons (licença que libera conteúdos sem a cobrança de alguns direitos por parte dos autores). Mas não só...

A grande luta de Aaron Swartz durante a sua curta vida foi uma luta eminentemente política e activista: ele queria mudar o mundo através do poder da internet e acreditava que era possível. Defendeu o acesso à informação livre na internet, fez o download de grande quantidade de artigos do MIT que lhe valeu um processo judicial, era considerado como uma das mentes mais brilhantes da sua geração. Em Janeiro deste ano, uma ano após a trágica morte de Aaron, foi apresentado no festival de cinema de Sundance o documentário "The Internet's Own Boy: The Story of Aaron Swartz", realizado por Brian Knappenberger, autor do controverso documentário "We Are Legion - The Story of the Hacktivists" (2012 - pode ser visto online aqui) sobre o grupo de activistas da internet Anonymous.

Este filme sobre a vida e visão de Aaron obteve a elevada classificação no Imdb de 8.3 e é de facto um documentário brilhante para compreender a evolução da internet nos últimos anos e as questões fracturantes da mesma (direitos de autor, liberdade de expressão, livre circulação da informação, etc). Teorias da conspiração, habituais em situações semelhantes, indicam que o governo dos EUA terá morto Aaron por este se estar a tornar demasiado perigoso para os interesses americanos (e globais). No entanto, tudo indica que Aaron sofria de depressão e que, fruto da fortíssima pressão social e mediática que era vítima (por causa também do processo judicial que decorria e que o poderia meter 30 anos na prisão), esses factores terão precipitado Aaron para a morte voluntária.

O documentário entrevista a família, as namoradas e colegas de trabalho que explicam a personalidade genial  e visionária de Aaron, para além de inúmeros depoimentos e entrevistas do próprio activista.

O documentário tem download gratuito (como gostaria Aaron) e pode ser visto com legendas em português.
Altamente recomendável, portanto.

 

terça-feira, 5 de agosto de 2014

10 Melhores Documentários de Sempre

340 realizadores e críticos de cinema escolheram os 10 melhores documentários da História do Cinema. Desta lista não vi ainda 4 dos filmes referenciados, mas concordo totalmente com os cinco primeiros eleitos (sobretudo com a obra-prima absoluta do número 1).

Eis a lista:

10 - "Grey Gardens" - Albert e David Maysles, Muffie Meyer (1975)
9 - "Dont Look Back" - D.A. Pennebaker (1967)
8 - "The Gleaners and I" - Agnès Varda (2000)
7 - "Nanook of the North" - Robert Flaherty (1922)
6 - "Chronicle of a Summer" - Jean Rouch e Edgar Morin (1961)
5 - "The Thin Blue Line" - Errol Morris (1989)
4 - "Night and Fog" - Alain Resnais (1955)
3 - "Sans Soleil" - Chris Marker (1982)
2 - "Shoah" - Claude Lanzmann (1985)
1 - "Man With a Movie Camera" - Dziga Vertov (1929)

Oportunidade para ver ou rever uma das melhores obras cinematográficas de todos os tempos, acrescida da extraordinária banda sonora do trio Alloy Orchestra (especializado em musicar filmes mudos) que eu já tive o privilégio de ver actuar ao vivo:

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Um Holocausto Brasileiro


Acaba de ser editado em Portugal um livro de uma jornalista brasileira, Daniela Arbex, sobre um tema de grande perturbação social, histórica e psicológica: um genocídio de 60 mil brasileiros ocorrido durante décadas num... manicómio. Chama-se "Holocausto Brasileiro" e nele conta-se que milhares de crianças, mulheres e homens foram violentamente torturados e mortos, no Brasil, no hospital de doenças mentais de Colônia, em Barbacena (Minas Gerais), fundado em 1903. A maioria foi internada sem diagnóstico de doença mental: eram meninas violadas que engravidaram dos patrões, homossexuais, epilépticos, mulheres que os maridos não queriam mais, alcoólicos, prostitutas. Ou simplesmente seres humanos em profunda tristeza. Sem documentos, sem roupa e sem destino, tornaram-se filhos de ninguém. 

Os internados  bebiam água do esgoto. Comiam ratos. Morriam ao frio e à fome. Eram exterminados com electrochoques tão fortes, que toda a cidade ficava sem luz, por sobrecarga da rede. Os bebés eram roubados às mães logo à nascença. Nos períodos de maior lotação, morriam 16 pessoas por dia dentro dos muros do Colônia. Ao morrer, davam lucro. Os cadáveres eram vendidos às faculdades de medicina. Quando o número de corpos excedia a procura, eram decompostos em ácido, no pátio, diante dos pacientes. Os ossos eram comercializados. Nada ali se perdia. Excepto a vida. O hospício de Colônia só foi transformado em verdadeiro Centro Hospitalar Psiquiátrico em 1980. 

Em "Holocausto Brasileiro", a premiada jornalista de investigação Daniela Arbex resgata do esquecimento esta chocante e macabra história do século XX brasileiro: um genocídio feito pelas mãos do Estado, com a conivência de médicos, funcionários e população, que roubou a dignidade e a vida a 60.000 pessoas. Eis um testemunho em vídeo da jornalista explicando o conteúdo do livro.

Sobre este fenómeno macabro existe um documentário intitulado "Em Nome da Razão" (1979) de Helvécio Ratton. Neste curto filme podem ver-se imagens duras das crianças, jovens, adultos e velhos que viviam em condições miseráveis naquele infame manicómio. Há também testemunhos de familiares de doentes:

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O Fim da Odisseia



E pronto.

Finalizei  o visionamento dos 5 DVDs (15 horas!) do monumental documentário "The Stoty of Film: An Odissey" sobre a história do cinema. Foi deveras uma odisseia saborosa, uma experiência enriquecedora. O balanço é muito positivo, como referi numa análise mais detalhada neste post.
O autor de tamanha obra, Marc Cousins (na imagem), merece todas as honras pelo incrível trabalho que realizou. Claro que já conhecia muitos dos filmes e histórias que são abordados, mas o olhar peculiar de Marc Cousins fez-me compreender de forma diferente esses mesmos filmes e histórias. Por outro lado, fiquei também a conhecer cinematografias do mundo não ocidental que Cousins abordou, assim como dar mais atenção a alguns realizadores que julgava menores.
Claro que em 15 horas de documentário sobre uma história tão complexa e diversificada como a do cinema, não é fácil fazer uma selecção de temas a explorar. Tanto mais que nessa selecção há sempre a necessidade de deixar de fora filmes e cineastas.
Sem querer condenar o trabalho e as opções do autor sobre as suas legítimas escolhas, não deixo por isso de manifestar a minha surpresa pela não referência de realizadores que julgo importantes e que Cousins nunca mencionou ao longo do documentário. 
Isto porque Marc Cousins sempre privilegiou neste documentário os realizadores mais criativos e inventivos ao longo das várias décadas.
Daí que me pergunto porque é que nunca falou de cineastas como:

- Alejandro Jodorowsky
- Guy Maddin
- Maya Deren
- Chris Marker
- Wes Craven
- Roger Corman
- John Carpenter
- Dario Argento
- Béla Tarr (fez apenas uma referência ultra-rápida!)
Entre outros.

Mas escolhas são escolhas e respeito isso.
No fundo, Marc Cousins é um cinéfilo "old school" e não se coíbe de fazer afirmações como estas:

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

terça-feira, 26 de novembro de 2013

A vida de um padre pedófilo





















O homem da imagem exerceu o sacerdócio durante quase 40 anos no estado da Califórnia. Este homem de olhar sereno e apaziguado, de humilde origem irlandesa, chama-se Oliver O'Grady e é o mais reconhecido pedófilo da Igreja Católica moderna. Como este padre, houve muitos outros acusados de abusos sexuais a menores, mas O'Grady é o caso mais mediático e, talvez, um dos mais perturbantes dos últimos anos. Sem qualquer vergonha ou qualquer sentimento de culpa, O'Grady usava o seu charme e autoridade para violar dezenas de crianças e famílias Católicas do Norte da Califórnia.
Durante mais de duas décadas, as suas vítimas foram desde um bebé de 9 meses à mãe de um adolescente, que também tinha sido molestado. Apesar das queixas em várias comunidades, a Igreja foi dissimulando o caso para evitar críticas (mas parece que Ratzinger não teve responsabilidade neste processo), transferindo-o de paróquia em paróquia como se isso resolvesse algum problema. Oliver O'Grady acabaria por ser preso, mas cumpriu apenas metade dos 14 anos a que foi condenado. Hoje em dia passeia-se livremente pelas ruas de Dublin.
Sobre a tumultuosa vida deste ex-padre a realizadora Amy Berg realizou um fascinante documentário em 2006 que resultou numa nomeação ao Óscar para a categoria de Melhor Documentário em 2007 (para além de ter ganho cinco outros importantes prémios). O documentário tem, apropriadamente, o título "Deliver us From Evil", com tradução portuguesa literal "Livrai-nos do Mal".
Em Portugal não estreou comercialmente em sala, mas qualquer interessado poderá conhecer o filme comprando o DVD que em qualquer Fnac custa menos de 10€.
"Deliver us From Evil" é um documentário extremamente bem conseguido pela forma inteligente como aborda um tema tão delicado e sensível. A colaboração do pedófilo assumido foi essencial para o bom resultado do filme, visto que, sem pejo nem mostras de arrependimento, O'Grady revela pormenores escabrosos dos abusos que perpetrou durante décadas. Não há recurso habitual à narração em off, nem efeitos visuais vistosos, não há moralismos condescendentes, nem montagem ou música para sensibilizar emocionalmente o espectador. Nada disso.
Toda a informação do filme é transmitida de forma seca e crua, como secos e crus foram os factos vividos pelas vítimas. É um filme perturbante porque neste homem se espelhavam os valores religiosos, os quais foram brutalmente traídos, corrompendo premissas básicas como a verdade, a fé, a inocência, a moral, o amor, a devoção. Oliver O'Grady violou e abusou de dezenas de crianças (e não só), e a hierarquia da Igreja, hipocritamente, tentou sempre ocultar o problema com soluções de supérflua validade (como a transferência do padre para outras paróquias). As vítimas são agora adultas e não revelam medo no modo como manifestam as suas emoções no filme. Sentem profunda revolta, uma revolta que lhes custou a inocência perdida (como conta uma jovem vítima).
"Livrai-nos do Mal" é um exercício de exorcismo para com o padre pedófilo, mas é também um documento para compreendermos como o mal se encerra, muitas das vezes, sob a capa do humanismo e dos valores supostamente incorruptíveis da religião - de resto, a História é pródiga em comprovar este tese (e hoje cada vez com mais acuidade).
Este homem, Oliver O'Grady, que após cada violação ia à Igreja pedir perdão a Jesus Cristo, cumpriu uma parca sentença na prisão pelos seus hediondos crimes. Agora passeia-se nas ruas de Dublin... Alguém falou em justiça?
O filme pode ser visto aqui (legendas em espanhol).

domingo, 10 de novembro de 2013

Smartphone faz cinema?


A revista Sábado conta que o documentário "A vida de Rafi" foi filmado apenas em três dias com o recurso de um smartphone. Sem lentes, tripés, câmara de filmar ou equipa técnica especializada. Foi divulgado pelas redes sociais e vai ser exibido num festival de curtas-metragens de Amesterdão.
A ideia partiu de duas irmãs, Daniela e Inês Leitão (realizadora e guionista). Rafi é uma graffiter da Maia, estudou arquitectura, canta hip-hop, usa saltos altos e tem 47 (!) gatos em casa. Este documentário mostra, durante 17 minutos, o espaço onde Rafi gosta de pintar, entrevistas à artista e a Sam The Kid. 
Eu vi o documentário, achei interessante o conteúdo mas fiquei a reflectir sobre um assunto sério: apesar da qualidade técnica de um smartphone moderno, será que se pode considerar "cinema" a este documentário? 
Sinceramente, julgo que não. Este suposto filme tem diversos problemas (som, luz, montagem...), parece um vídeo escolar feito com algum esmero e planificação, mas sem os meios considerados ideais nem uma ideia estrutural para o documentário. O cinema é outra linguagem, é outra exigência formal e estética que dificilmente um smartphone, algum dia, poderá garantir ou proporcionar. 
Segundo a notícia, as irmãs Daniela e Inês Leitão acabam de filmar um documentário sobre o bairro do Zambujal. Este foi filmado com uma câmara tradicional, e não com o telemóvel. Sendo assim, esperemos que tenha havido um considerável salto qualitativo.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

"Shoah" em DVD nacional

Vai ser editado em DVD, finalmente, um dos maiores e mais importantes documentários da segunda metade do século XX: "Shoah" (1985), de Claude Lanzmann. Cópia integralmente restaurada com 9 horas de duração, "Shoah" foi filmado ao longo de mais de dez anos entrevistando centenas de sobreviventes do Holocausto nazi.

Claude Lanzmann nasceu em Paris em 1925. Jornalista, resistente, realizador, intelectual amigo de Sartre e Beauvoir, disse em 1985 que matava “nazis com a sua câmara de filmar”. A sua obra cinematográfica é o maior monumento que se pode erguer contra o esquecimento, uma obra admirável que permitiu mostrar e dizer o inconcebível, essencial para compreender o Holocausto e o extermínio de 6 milhões de judeus. 
A edição vem ainda acompanhada dofilme "Sobibor, 14 de Outubro de 1943, 16 Horas", que dá conta da única revolta de prisioneiros num campo de concentração nazi instalado na Polónia ocupada pelos alemães.
Mais informação no site da editora Midas.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

11 de Setembro: 12 anos


Passam hoje 12 anos dos ataques do 11 de Setembro e o cinema ainda não produziu assim tantos filmes quanto isso sobre este trágico acontecimento. Mas talvez não seja de admirar: doze anos ainda é um tempo relativamente curto para o devido amadurecimento emocional, um sarar das feridas e para um distanciamento mais objectivo dos factos (não esqueçamos que os grandes filmes sobre a guerra do Vietname só surgiram depois de mais de dez anos sobre o fim do conflito).
Sem contar com os documentários televisivos e de canais temáticos (foram muitos, com o controverso "Loose Change" à cabeça) os filmes que considero mais interessantes feitos sobre os ataques ao World Trade Cebter e ao Pentágono (e todo o seu contexto social e emocional posterior) foram os seguintes - por ordem de preferência pessoal:

1 - "Voo 93" (2006) - Paul Greengrass
2 - "11/09/01 - 11 Perspectivas" (2002) - Vários realizadores
3 - "Fahrenheit 9/11" (2004) - Michael Moore
4 - "A Última Noite" (2002) - Spike Lee
5 - "World Trade Center" (2006) - Oliver Stone
6 - "9/11: The Falling Man" (2006) - Henry Singer
7 - "A Caminho de Guantánamo" (2006) - Michael Winterbottom

segunda-feira, 13 de maio de 2013

A história de um álbum mítico

"The Story of Wish You Were Here" é um documentário realizado por John Edginton para a televisão britânica (BBC Four) e que estreou em DVD e Blu-Ray no Verão de 2012.
Trata-se de um documentário que revela, em apenas 59 minutos, os bastidores da criação do álbum com o mesmo nome (lançado em 1975), um dos mais aclamados dos Pink Floyd e de toda a música popular da segunda metade do século XX.
Revela como foram as sessões de gravação (no mítico estúdio Abbey Road), como os músicos criaram as músicas e a decisão de dividir a clássica música "Crazy Diamond" em duas partes.
Além disso, o realizador John Edginton entrevistou os três membros remanescentes - Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason - e incluiu imagens dos falecidos Richard Wright e do mítico Syd Barret.
Sem dúvida um documentário de visionamento obrigatório para todos os fãs dos Pink Floyd, uma das bandas mais influentes da história da cultura pop. 
O documentário pode ser visto - integralmente em inglês - neste link.