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quinta-feira, 24 de setembro de 2015
Movie Phone Call
E agora um pouco de história do cinema com imagens de telefonemas numa excelente montagem:
quarta-feira, 3 de junho de 2015
"The Grand Overlook Hotel"
O que têm em comum os filmes "The Shining" de Stanley Kubrick e "The Grand Budapest Hotel" de Wes Anderson? Talvez o facto de ambos se passarem em hotéis (O filme de Kubrick no Overlook Hotel). Mas há mais do que isso. Pelo menos é o que pensa Steve Ramsden que fez uma brilhante montagem dos dois filmes como se fossem um só. Segundo o autor, os filmes de Anderson e Kubrick têm vários pontos em comum, nomeadamente os ambientes, a mise-en-scène e a realização (planos).
E assim surgiu o falso trailer de "The Grand Overlook Hotel", um delicioso e muito verosímil trailer onde tudo encaixa como se fosse um filme único: diálogos e imagens num só. É este o poder da montagem.
quarta-feira, 13 de maio de 2015
Da comédia ao filme épico histórico
Imagine que o caro leitor nunca viu o filme "Monty Python e o Cálide Sagrado" (Monty Python and The Holy Grail) dos Monty Python. Se vir este trailer vai achar que se trata de um épico histórico de grande produção de Hollywood (ao jeito de "Gladiador", por exemplo). Porém, como se sabe, nada mais errado: trata-se de uma remontagem do clássico de comédia anárquica da trupe de humoristas britânicos.
Com uma montagem cuidada e o recurso a música épica o trailer transforma "Monty Python e o Cálice Sagrado" num autêntico e grandioso blockbuster de acção medieval.
Ora veja:
terça-feira, 28 de abril de 2015
As motas no cinema
Quem gosta de motas e cinema vai deliciar-se com este vídeo: o Canal francês Arte pegou na iconografia das motas no cinema e realizou uma soberba montagem de 14 minutos com as melhores cenas que o cinema nos revelou. São dezenas de exemplos que comprovam que a mota teve um papel determinante em muitos filmes (num ou noutro modo) de todos os géneros.
No final desta magnífica montagem constam as 5 melhores cenas com motas e eu não podia concordar mais com as escolhas. Quem souber francês retirará maior prazer no visionamento (porque a narração é nesta língua).
PS - Agora gostava de ver um ensaio audiovisual sobre a relação entre o cinema e a bicicleta (tema que também tem muito por onde explorar).
quinta-feira, 5 de março de 2015
Bergman e os espelhos
Depois de ter feito uma montagem com as perspectivas e características visuais de vários realizadores (mostrei num post abaixo), o videasta japonês Kagonada apresenta agora um trabalho à volta da obsessão do realizador sueco Ingmar Bergman por espelhos.
Mas há mais: a acompanhar esta deliciosa montagem de vários dos filmes de Bergman, podemos escutar uma peça musical para dois mandolins de Vivaldi e a recitação de um poema da poetisa Sylvia Plath intitulado... "Mirrors".
Perfeito.
segunda-feira, 10 de março de 2014
O leão na praça da revolta

Desde logo, a manifestação de massas; depois, a escadaria; e por fim, as estátuas dos leões. A única coisa que não é igual relativamente ao filme (e ainda bem), é que em Lisboa não houve massacre nem violência. E também os leões não se "levantaram indignados" como no filme de Eisenstein.
O realizador russo, exímio esteta da montagem, criou a ilusão do movimento das estátuas dos leões através de uma rápida montagem sequencial: primeiro o leão deitado, depois o leão a acordar, e por fim o leão já erguido - como que a insurgir-se contra a violência que observava.
O realizador russo, exímio esteta da montagem, criou a ilusão do movimento das estátuas dos leões através de uma rápida montagem sequencial: primeiro o leão deitado, depois o leão a acordar, e por fim o leão já erguido - como que a insurgir-se contra a violência que observava.
Eis os três planos sequenciais do filme de Eisenstein:
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Os actores que Woody lançou
O que têm em comum os nomes de Jeff Goldblum, Lewis Black, Paul Giamatti, Sigourney Weaver, Christopher Walken, J.T. Walsh, William Macy, Larry David, Steve Carel, Jennifer Garner, Sylvester Stallone, Sharon Stone, Kirsten Dunst e John C. Reilly?
Para além de serem todos actores e actrizes, entraram em filmes de Woody Allen. Melhor: são nomes de actores e actrizes (agora conhecidos e - alguns - consagrados) que foram projectados, ainda novos, por terem entrado em filmes de Allen. É a marca Woody Allen a funcionar.
sábado, 5 de janeiro de 2013
A Janela Indiscreta num só plano
"A Janela Indiscreta" em modo timelapse.
Foi assim que o jovem realizador Jeff Desom repensou e reconstruiu o clássico de Alfred Hitchcock. Uma experiência premiada e que dificilmente seria possível sem o recurso às ferramentas tecnológicas digitais da actualidade.
Basicamente, o que Jeff fez foi pegar nas múltiplas imagens (do mesmo ângulo) do filme e recriá-las numa única panorâmica. Com este trabalho, conseguimos visualizar num só plano todas as acções que eram vistas separadamente a partir da janela de James Stewart.
Brilhante e minucioso exercício visual.
Quem quiser ver num tamanho maior, carregar aqui.
Foi assim que o jovem realizador Jeff Desom repensou e reconstruiu o clássico de Alfred Hitchcock. Uma experiência premiada e que dificilmente seria possível sem o recurso às ferramentas tecnológicas digitais da actualidade.
Basicamente, o que Jeff fez foi pegar nas múltiplas imagens (do mesmo ângulo) do filme e recriá-las numa única panorâmica. Com este trabalho, conseguimos visualizar num só plano todas as acções que eram vistas separadamente a partir da janela de James Stewart.
Brilhante e minucioso exercício visual.
Quem quiser ver num tamanho maior, carregar aqui.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Travis Bickle como "Ghost Rider"
Eis uma excelente montagem do filme "Taxi Driver" com o tema de fundo "Ghost Rider" dos Suicide. Na verdade, em dois minutos e meio é captada a essência perturbada do personagem Travis Bickle (Robert De Niro) e a música encaixa na perfeição no ambiente inquietante das imagens emanadas do filme de Scorsese. Brilhante.
domingo, 4 de novembro de 2012
303 filmes em dois minutos e meio
Jonathan Keogh fez algo impensável: conseguiu fazer uma montagem das cenas mais famosas de 303 filmes listados no top 250 do Imdb com uma duração de 2,5 minutos (para ser rigoroso: listou os 250 filmes e mais 53, todos com classificação mínima de 8). Esta montagem valeu a Jonathan um mês de trabalho.
Nota: Jonathan ficou conhecido por ter feito a montagem de 162 filmes de terror com a mesma duração.
Nota: Jonathan ficou conhecido por ter feito a montagem de 162 filmes de terror com a mesma duração.
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Reconstruir "O Espelho"
Aqui está um exemplo do poder da montagem e da música. O filme "O Espelho" ("Zerkalo", 1975), obra maior de Andrei Tarkovski, foi editado por Romana Vujasinovic e, recorrendo à excelente música "One of These Days" dos Pink Floyd, atribui outro significado visual e estético às imagens e sequências do filme do cineasta russo. O resultado é brilhante, porque não desvirtua a essência do filme em causa, e revela outra abordagem de estilo muito bem conseguido (porque o ritmo das imagens como que é conduzido pelas várias dinâmicas da música):
domingo, 9 de setembro de 2012
Imagens do fim do mundo
O filme "4.44 - Último Dia na Terra"
de Abel Ferrara, ainda em exibição nas salas portuguesas, aborda o fim do mundo. Mas, à semelhança do fim do mundo de "Melancholia" de Lars Von Trier, não existem praticamente imagens de destruição do planeta Terra. Em ambos os filmes, o apocalipse é metafórico, emocional, e não de carácter visual.
Ora, um tal Zach Prewitt resolveu pegar nos muitos filmes sobre o apocalipse que se fizeram nos últimos anos e fez uma ardilosa montagem com as sequências mais destrutivas e apocalípticas (são imagens de 22 filmes), desde a destruição provocada por fenómenos devastadores da natureza, até à provocada pela acção humana e alienígena.
Em suma, um verdadeiro compêndio de "cinema-catástrofe" que fará as delícias daqueles que acreditam que o fim do mundo está agendado para o dia 21 de Dezembro de 2012!
terça-feira, 7 de agosto de 2012
Lynch e "Dirty Dancing"
E se o filme musical "Dirty Dancing" (1987), com Patrick Swayze, tivesse sido realizado por... David Lynch?
Alguém imaginou esta curiosa possibilidade e remontou o trailer, de forma a que parecesse, de facto, um filme com um ambiente tipicamente 'lynchiano'. Ou seja, ao bom estilo misterioso e bizarro de "Twin Peaks" ou "Blue Velvet".
Recorrendo a uma montagem e a uma banda sonora apropriadas, qualquer incauto seria levado a crer que se trata de um filme de Lynch:
terça-feira, 3 de julho de 2012
O poder da montagem

Soube-se agora que a mulher que surgia a chorar não o estava a fazer por causa da derrota, mas sim por resposta emocional ao momento em que o hino alemão soava no estádio. Pelo menos é o que garante a própria mulher que, regressada a casa após ter assistido ao jogo, se deparou com esta manipulação da sua imagem pela televisão polaca.
Basicamente, o que a realização televisiva da UEFA fez foi ter gravado a imagem da mulher com a lágrima durante o hino, para depois colocar a mesma imagem logo a seguir ao segundo golo de Mario Bolatelli que eliminaria a Alemanha. Chama-se a isto manipulação emocional através de um recurso básico de montagem.
O princípio teórico da montagem, estabelecido desde o período do cinema mudo, foi já muito estudado, sobretudo desde o famoso "Efeito Kuleshov" de 1929, no qual o realizador Kuleshov demonstrou o poder da montagem através de uma sucessão de imagens que, segundo a sua ordem, atribuíam significados contraditórios ao espectador (ver mais aqui). O realizador Sergei Eisenstein foi um eminente estudioso das potencialidades da montagem ao serviço da expressão estética das imagens, tão patente em filmes essenciais como "O Couraçado Potemkine" (1925) ou "Outubro" (1927). OU seja, a montagem pode atribuir significados diferentes às mesmas imagens dependendo da ordem em que estas forem... montadas.
Não sei se o realizador do jogo de futebol citado conhece estes filmes e a teoria por detrás do "Efeito Kuleshov", mas a verdade é que nem precisa. Ao manipular a imagem da mulher a chorar, o que fez foi confirmar a teoria dos russos: a de que a montagem consubstancia, porventura, a essência da linguagem cinematográfica e dos seus significados. Seja no cinema ou na televisão.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Kubrick vs Scorsese
Depois de passar 25 dias a ver os 34 filmes de Stanley Kubrick e Martin Scorsese, um cinéfilo chamado Leandro Copperfiled aventurou-se numa minuciosa montagem com 500 das mais emblemáticas cenas das filmografias de ambos.
Um trabalho que lhe levou muitas horas mas que resultou numa belíssima homenagem que é também uma amostra incrível das melhores imagens que Kubrick e Scorsese nos deixaram (Scorsese até à data).
quinta-feira, 21 de abril de 2011
"48" - Os rostos que falam

Tive a sorte de ver o filme "48" em Outubro de 2010, num encontro cinematográfico no Teatro Municipal da Guarda. Dos vários filmes exibidos, este documentário de Susana de Sousa Dias, foi o que me causou mais espanto: pela inovação estética, pelas opções de realização, pela austeridade formal e pelo lado comunicacional fortemente eficiente.
Baseado nas fotografias de arquivo que a PIDE tirou dos prisioneiros políticos durante o regime fascista de Salazar, "48" explora os rostos desses prisioneiros antes e depois da experiência prisional (que quase sempre era acompanhada por terríveis suplícios de tortura e opressão).
Ao mesmo tempo que o espectador vê, em imaculados planos fixos, os rostos de desespero e angústia, ouve o testemunho das terríveis experiências passadas pelos presos. São rostos que interpelam, incomodam, questionam a própria substância e valor de uma imagem. A montagem, minimalista e quase ascética, abdica da tradicional estratégia narrativa, optando por estruturar o filme como uma sequência rígida de fotografias (separadas por suaves "fade-out" durante 90 minutos). A sonoplastia é subtil mas suficiente para aumentar o ambiente austero e emocional das imagens e respectivos relatos. Os silêncios incómodos também abundam nos depoimentos angustiados das vítimas (chega-se a ouvir a respiração dos homens e mulheres).
São testemunhos pungentes de homens e mulheres vulgares que sofreram nas mãos de carrascos a mando de um sistema mais violento do que se julga. São rostos que falam, que expressam variadas emoções e provam a violência psicológica exercida pela polícia política de Salazar. O filme "48" é, por isso, um documento fascinante sobre a ditadura e uma experiência audiovisual única, exigente, original, com um grande significado histórico e que contém uma força interior serena que chega a perturbar (não admira que tenha conseguido variadíssimos prémios pelos festivais por onde tem passado).
"48" estreou esta semana e é o grande destaque do Ípsilon desta semana.
terça-feira, 8 de março de 2011
"Blue Valentine" - Salvar o amor
De quando em vez o cinema independente americano brinda-nos como pérolas como "Blue Valentine" (título retirado de um álbum de Tom Waits).
Um filme que escapa à lógica previsível dos melodramas comerciais de Hollywood e nos revela, com desarmante e cru realismo, o apogeu e a desintegração amorosa vividos por um jovem casal. Dois personagens - superiormente interpretados por Michelle Williams (nomeada ao Óscar) e Ryan Gosling - dão vida a uma relação em que o amor é substituído pela desolação dos sentimentos e pelo desmoronar dos sonhos. Um argumento simples e directo, filmado com total brilhantismo e sem recorrer aos lugares-comuns do género.
Magistralmente bem montado (com flashbacks que se encaixam na perfeição no ritmo narrativo), o realizador Derek Cianfrance construiu, em tons melancólicos e serenos, uma sólida e fascinante história sobre o amor nos tempos modernos. Um amor que se dissolve sem remissão fruto da lassidão do casal, da ausência de entrega, do desnorte causado pela monotonia quotidiana que nem o amor por uma pequena filha pode salvar.
"Blue Valentine" tem como banda sonora a música do grupo Grizzly Bear, que contribui para criar todo o ambiente de encantamento e ruptura emocional que o filme transporta para o espectador.
E como um bom filme termina apenas no fim dos créditos, vale a pena apreciar o notável trabalho gráfico do genérico final, feito de explosões de cores e sons, como que a sublimar as contradições sentimentais por que passou o casal protagonista.
Para já, um dos pequenos-grandes filmes de 2011.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
A estética de Leni

Independentemente da habitual controvérsia à volta desta fotógrafa e realizadora (amante de Hilter? Colaboracionista do regime nazi? Elemento de propaganda de Goebbels?), o que importa é que se torna necessário perceber que Leni Riefenstahl realizou dois dos mais espantosos documentos visuais da História do Século XX, designadamente, da História que precedeu a 2ª Grande Guerra Mundial.
A rigorosa composição plástica das imagens, o ritmo meticuloso da montagem, os ângulos e planos inovadores, o "zeitgeist" que transpira em cada sequência filmada, a apoteose coreográfica das paradas militares e os jogos de encenação teatral dos atletas (em "Olympia"), dos soldados e de Hitler (em "O Triunfo da Vontade"), fazem destes documentários objectos de um inigualável fascínio estético (mesmo que a ideologia do nacional-socialismo totalitário nazi que está subjacente a estes documentários seja alvo de incondicional repúdio - que é o meu próprio caso).
A rigorosa composição plástica das imagens, o ritmo meticuloso da montagem, os ângulos e planos inovadores, o "zeitgeist" que transpira em cada sequência filmada, a apoteose coreográfica das paradas militares e os jogos de encenação teatral dos atletas (em "Olympia"), dos soldados e de Hitler (em "O Triunfo da Vontade"), fazem destes documentários objectos de um inigualável fascínio estético (mesmo que a ideologia do nacional-socialismo totalitário nazi que está subjacente a estes documentários seja alvo de incondicional repúdio - que é o meu próprio caso).
Em Portugal estão editados, que eu tenha conhecimento, estes dois filmes que consagraram para a eternidade a realizadora alemã Leni Riefenstahl: "Olympia" (1938) e "O Triunfo da Vontade" (1934).
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Remontar e construir de novo
Na era digital, a manipulação das imagens e dos sons tornou-se banal e acessível a qualquer utilizador de software de edição.
Na internet (sobretudo no YouTube), existem muitos exemplos de manipulações de filmes que têm dois propósitos (digo eu): divertir e subverter a natureza/significado original de uma obra. São exercícios que se confinam a um trailer modificado de filmes famosos, designados "trailer recut", ou remontagem em forma de trailer. E ao fazer um recut faz-se uma reconstrução da história, a qual pode ser bem verosímil para quem não conhecer o original. Assim se prova o poder da montagem no cinema (e no audiovisual, em geral).
Neste post já tinha referido o caso paradigmático do filme de terror "Shining" de Kubrick, transformado numa comédia familiar.
Neste post já tinha referido o caso paradigmático do filme de terror "Shining" de Kubrick, transformado numa comédia familiar.
Mas a verdade é que não param de crescer outros exemplos na internet, como estes três magníficos exemplos de subversão do género cinematográfico, fazendo-se valer de algum talento na remontagem de imagens, inserção de legendas, narração em off e música/efeitos sonoros. E se o trabalho ficar bem feito, em menos de dois minutos de trailer, um filme de terror pode adquirir um significado oposto ao original, ou uma comédia musical parecer um terrível filme de terror. É o que acontece ao vermos estes três exemplos de falsos trailers.
Até Mary Poppins parece ser a encarnação do mal; o filme "Seven" torna-se numa comédia familiar de Domingo à tarde da TVI e o trailer do filme "A Lista de Schindler" conta a história romântica de um sedutor mulherengo! Simples e eficaz.
Até Mary Poppins parece ser a encarnação do mal; o filme "Seven" torna-se numa comédia familiar de Domingo à tarde da TVI e o trailer do filme "A Lista de Schindler" conta a história romântica de um sedutor mulherengo! Simples e eficaz.
Nota: é importante ouvir a música e a narração em off destes trailers porque constituem elementos-chave que criam a percepção ilusória no espectador (a par da montagem).
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
"48" - Um documentário inovador

É um dos mais inovadores documentários portugueses que me recordo de ver em muito tempo. E se nem sempre a inovação acarreta originalidade, este não é o caso. Não admira que já tenha ganho vários prémios em festivais de cinema (venceu, por exemplo, o Prémio "Opus Bonum" para Melhor Documentário Internacional no Festival Internacional do Filme Documentário de Jihlava, na República Checa).
Refiro-me ao filme "48" da realizadora Susana Sousa Dias. Um documentário que aborda a tortura sobre prisioneiros (homens e mulheres) durante o Estado Novo em Portugal. Histórias muito sofridas de tortura e mutilação, de sobrevivência e tenacidade, de terror e angústia. A forma como Susana Sousa Dias revela estas histórias é deveras original: a partir das fotografias de arquivo que a PIDE tirava aos prisioneiros, a realizadora mostra essas mesmas fotografias sob diferentes ângulos. Ao mesmo tempo, ouve-se uma voz que relata a terrível experiência por que passou como preso político. Essa voz pertence à pessoa que surge na fotografia (nunca lhe vemos o rosto actual). É a voz do sobrevivente que é confrontado com as memórias das suas privações, olhando directamente para a sua própria fotografia - a imagem do passado com a voz do presente.
"48" dura mais de uma hora e meia e é construído a partir de uma narrativa visual minimalista, conceptual, de conteúdo psicológico pesado, sem música, sem efeitos especiais, com uma montagem lenta (à base de "fade in" e "fade out") que abre espaço à reflexão do espectador.
"48" é mais do que um mero filme. É uma experiência sensorial que inventa uma nova forma de contar os testemunhos da história, rejeitando a linguagem formal habitual do documentário.
Uma enorme revelação, portanto.
PS - Julgo que ainda não estreou em sala. Eu vi este filme, em sala de cinema, nos Encontros Cinematográficos do TMG.
Nota: este curto excerto do filme não revela, verdadeiramente, a dimensão estética e visual de toda a obra.
Nota: este curto excerto do filme não revela, verdadeiramente, a dimensão estética e visual de toda a obra.
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