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sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

O bom cinema que veremos em 2015

Agora que 2015 começou há que antecipar o ano em termos culturais. No que diz respeito ao cinema, a imprensa e as redes sociais têm indicado muitos títulos que irão marcar o ano. 
Na minha humilde opinião começo por destacar os filmes que serão totalmente dispensáveis de ver:

- "As Cinquenta Sombras de Grey"
- "Velocidade Furiosa 7"
- "Vingadores: a Era de Ultron"
- "Resident Evil 6"
- "Taken 3"
- "Rambo 5"
- "Mission Impossible 5"
- "Terminator: Genisys"
- "Paranormal Activity: The Ghost Dimensions"
- "Hitman: Agent 47"
- "The Fantastic Four"
- "[REC] 4: Apocalypse"
- "Ted 2"
- "The Hunter Games: Mockingjaxy part 2"
- "Superman vs Batman"
- "Mad Max: Fury Road"

Ou seja, fujo de tudo quanto cheire a blockbuster de entretenimento repetitivo e com fórmulas mais do que gastas, a sequelas e prequelas de blockbusters para consumir pipocas no meio da assistência apática de adolescentes imberbes.

Posto isto, vamos ao verdadeiro cinema enquanto Arte. E assim, os filmes que vão estrear (pelo menos em Portugal) em 2015 que mais me suscitam (muita) vontade de ver são (e não digam que não vai ser um grande ano de cinema!):

- "Flashmob" - Michael Haneke
- "Onomatopoeia" - Jean-Luc Godard 
- "Blackhat" - Michael Mann 
- "Leviathan" - Andrey Zvyagintsev
- "Silence" - Martin Scorsese
- "The Hateful Height" - Quentin Tarrantino
- "American Sniper" - Clint Eastwood
- "Inherent Vice" - Paul Thomas Anderson
- "Olhos Grandes" - Tim Burton
- "Queen of the Desert" - Werner Herzog 
- "I Walk With The Dead" - Nicolas Winding Refn
- "Sierra-Nevada" - Cristi Puiu
- "The Early Years" - Paolo Sorrentino
- "Sea of Trees" - Gus Van Sant 
- "Life" - Anton Corbijn
- "Francophonia: Le Louvre Under German Occupation" - Aleksandr Sokurov
- "The Assassin" - Hou Hsiao-hsien 
- "Idol's Eye" - Olivier Assayas
- "Dance of Reality" - Alejandro Jodorwosky 
- "Ferryman" - Wong Kar-Wai
- "D" - Roman Polanski
- "Sunset Song" - Terence Davies 
- "Mountains May Depart" - Jia Zhangke 
- "Crimsom Peak" - Guillermo del Toro
- "The Lost City of Z" - James Gray
- "Uma Dívida de Honra" - Tommy Lee Jones
- "Regression" - Alejandro Aménabar
- "Pasolini" - Abel Ferrara
- "Babi Yar" - Sergei Loznitsa 
- "Birdman" - Alejandro Gonzales Iñarritu
- "Cemetery of Kings" - Apichatpong Weerasethakul 
- "Knight of Cups" - Terrence Malick 
- "Women’s Shadow" - Philippe Garrel 
- "Three Memories of Childhood" - Arnaud Desplechin 
- "Louder Than Bombs" - Joachim Trier 
- "Arabian Nights" - Miguel Gomes 
- "Montanha" - João Salaviza
- "Carol" - Todd Haynes  
- "The Last Vampire" - Marco Bellocchio 


E certamente que esta lista não está fechada. 
Outros filmes de qualidade serão anunciados para enriquecer ainda mais este ano cinematográfico. 


terça-feira, 15 de abril de 2014

Estórias e Misérias de Hollywood #4

"O cineasta alemão Werner Herzog é detentor de uma audácia conhecida: despreza o perigo e envolve os seus colaboradores em situações de risco extremo. Outras vezes, é ele próprio que está em perigo, mesmo sem o saber - e sobrevive: durante a promoção de 'Grizzly Man' (2005), sobre um homem que convive com ursos até ao dia em que é devorado por um deles, Herzog foi alvejado por um atirador enquanto dava uma entrevista para a BBC. Mais tarde, vangloriou-se: 'ser alvejado com pouco êxito é extremamente vivificante para um homem".

Edgar Pêra in "Hollywood: Estórias de Glamour e Miséria no Império do Cinema"


segunda-feira, 6 de maio de 2013

Scorsese e o storyboard

Martin Scorsese atribui muita importância ao storyboard (desenhos que antecipam as cenas captadas pela câmara), ao contrário de outros realizadores, como Werber Herzog, que rejeita simplesmente a ideia de o utilizar.
É o próprio cineasta norte-americano que explica que o storyboard expressa a forma como ele pretende comunicar. Para compreender a importância que esta técnica tem para Scorsese, basta visualizar esta sequência do filme "Taxi Driver", em que podemos comprovar que a realização seguiu, praticamente à risca, os desenhos do storyboard:

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Klaus Kinski dixit


Um dos actores mais expressivos de sempre, Klaus Kinski, era tido como irascível e de mau génio (chegou ao confronto físico com o realizador Werner Herzog).

Eis algumas das suas tiradas mais interessantes:

"Eu faço filmes por dinheiro. Exclusivamente por dinheiro. Vendo-me pelo mais alto dinheiro, exactamente como uma prostituta. Não há nenhuma diferença. Por isso gostava de ganhar um dia o Prémio Nobel. Vale 400 mil dólares!"

"Prefiro andar de táxis. Detesto limunises. Cheiram mal e os seus condutores conduzem pessoas mortas aos seus cemitérios".

"Podia estar na cama com uma mulher durante semanas, mas sempre me pareceriam três segundos. Ou 300 anos".

"As dimensões dos meus sentimentos são demasiado violentos. Detesto filmar sem intervalos. Por isso gritei com o Herzog e bati-lhe. Mais do que tudo, gostava que Herzog apanhasse a peste".

"Eu sei que tenho dentro de mim a alma de milhões de pessoas que viveram em séculos passados. Não apenas de pessoas, mas também de plantas, animais, coisas, e até matéria. Todas estas coisas existem em mim".

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Música para grutas



Ainda não vi o documentário "A Gruta dos Sonhos Perdidos" de Werner Herzog. Mas um amigo meu, cujo gosto cinéfilo tenho muito em conta, contou-me que já o viu e, ainda por cima, na versão disponível em 3D.

Garantiu-me que se trata de um belo filme sobre as fascinantes e misteriosas Grutas Chauvet, em França, e que a utilização do 3D está muito bem conseguida ("Parece mesmo que o espectador está lá em baixo nos abismos da gruta", disse-me).

Outro aspecto que salientou do documentário de Herzog é a utilização da música original, a qual contribui para o envolvimento quase espiritual da exploração das grutas. E como também confio no gosto musical do meu amigo, fui pesquisar quem é o autor da música: Ernst Reijseger (na imagem), um violoncelista e compositor holandês com larga experiência no jazz de vanguarda, na música improvisada e na erudita contemporânea (já não é a primeira vez que faz música para filmes de Werner Herzog).

Ouvi vários excertos da música original de Ernst Reijseger e gostei bastante. Poderia dizer que, mesmo não tendo visto o documentário, senti que a sua música evoca fortes imagens, ambientes misteriosos e uma especial dialéctica lírica entre homem e natureza. Gosto especialmente da força espiritual que emana desta composição:

Agora que já ouvi a música, resta-me ver o filme...

domingo, 8 de janeiro de 2012

As imagens de Chris Marker


Na minha última visita à Fnac deparei-me com esta maravilhosa edição em DVD (Atalanta): dois DVDs com três filmes de Chris Marker, cineasta experimental que há um ano foi alvo de uma importante retrospectiva no Estoril Film Festival. O preço é bastante simpático: 19,99€. Só não comprei porque já tenho os filmes "Sans Soleil" e "La Jetée" que adquiri na Amazon há uns anos por um preço, ainda por cima, elevado.
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Mas afinal quem é Chris Marker?
Nasceu em França em 1922 e vive actualmente em Paris. Combateu na 2ª Guerra Mundial, estudou filosofia com Jean Paul Sartre e Guy Debord mas especializou-se em documentários, sendo ainda produtor, escritor, operador de câmara, artista multimédia e jornalista.
Jean-Luc Godard, Orson Welles, Federico Fellini, Pasolini, Chantal Akerman, Wim Wenders, Werner Herzog, Errol Morris, Abbas Kiarostami, e Agnès Varda referem que é um dos melhores cineastas do mundo - um "ensaísta das imagens". Trabalhou com Alain Resnais no sublime documentário sobre Auschwitz - “Noite e Nevoeiro” (1955). Deu muito poucas entrevistas ao longo da vida e quando lhe pedem uma fotografia, dá a do seu gato Guillaume.

Marker realizou em 1962 um dos mais enigmáticos, originais e belos filmes de sempre: "La Jetée". É um filme de ficção científica (aborda dois temas recorrentes: o holocausto nuclear e a viagem no tempo), feito com imagens estáticas, fotografias filmadas, à excepção de um único movimento. A curta-metragem narra a aventura de um sobrevivente da Terceira Guerra Mundial que vive como prisioneiro nos subterrâneos de uma Paris destruída. Esse homem guarda lembranças de uma infância feliz na superfície, em tempos anteriores à guerra, quando costumava ser levado pelos pais para admirar os aviões no aeroporto de Orly. Numa dessas idas ao aeroporto, quando criança, ele vê um homem ser assassinado.

Em virtude dessas memórias, cientistas do pós-guerra escolhem-no como cobaia para experiências de viagem no tempo. Como a superfície do planeta foi devastada pela guerra e pela radioactividade, a humanidade vive reclusa no subsolo e com parcos recursos. A viagem pelo tempo do protagonista irá levá-lo ao encontro da sua mais funda memória do amor, transformando a sua percepção da vida e do mundo.
Se o cinema permite uma sofisticada manipulação do tempo através da montagem, "La Jetée" demonstra que mesmo imagens estáticas são capazes de fluir e de se submeter ao transcorrer do tempo. Mas este é apenas um dos trunfos estéticos desta obra maior do cinema mundial. A poética das imagens, a soberba montagem, a história envolvente, a voz off subtil, fazem deste filme uma experiência artística única.
"La Jetée" é um filme sonoro a preto e branco, mas que prescinde de uma característica inerente à linguagem do cinema: o movimento. Neste aspecto, o crítico Raymond Bellour terá razão ao afirmar que não é o movimento que define o cinema de forma mais profunda, mas sim o tempo. E é sobre manipulação do tempo, concebida através de uma rigorosa montagem, que este filme se revela, provando que mesmo imagens estáticas são capazes de fluir e de se submeter ao transcorrer do tempo.
As novas gerações talvez saibam da existência do filme porque "La Jetée" de Marker inspirou o filme que Terry Gilliam (ex-Monty Python) fez em 1995, "12 Macacos", com Brad Pitt e Bruce Willis. O realizador Terry Gilliam diz mesmo que "La Jetée" de Marker “tem a melhor montagem que alguma vez viu, com a música e a voz a marcar o ritmo e a deslumbrar o espectador”. As influências estéticas e plásticas do filme de Chris Marker perduram até aos dias de hoje, não só no seio do próprio cinema, como na música, na fotografia e nas artes plásticas.
No caso da música, David Bowie tem um vídeo intitulado “Jump They Say” com referências directas ao filme de Marker; o grupo de jazz Chicago Underground Trio e os Isotope 217 têm um disco chamado "La Jetée" (1999 e 1999, respectivamente); o projecto de pós-rock Tortoise editou um disco intitulado "Jetty" (1998).
Em 1982, Chris Marker realiza outra obra seminal,“Sans Soleil”, que resulta numa complexa reflexão sobre a cultura da imagem na sociedade pós-moderna – filme, vídeo e fotografia. E volta a abordar os seus temas de eleição: ficção científica, memória, tempo, viagem, culturas de África e Japão. Realizou ainda um notável documentário sobre a vida do realizador russo Andrei Tarkovski - "One Day in the Life of Andrei Arsenevitvh" (2000) e em 2005 criou um trabalho multimédia e digital para o MoMa – Museu of Modern art de New York.
Chris Marker é um cineasta que continua activo mesmo com 90 anos de idade. Continua a pesquisar novas formas de expressão audiovisual, recorrendo às novas tecnologias digitais de tratamento de imagem e som. Um artista com visão quase táctil da experiência cinematográfica.
Primeira parte do filme "La Jetée" (as outras duas estão no youtube):

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Cinema - Desejos para 2012


Seria bom se 2012 nos trouxesse novos filmes de James Gray, Guy Maddin, Paul Thomas Anderson, Hal Hartley, Todd Solondz, Richard Linklater, Michael Haneke, Larry Clark, Carlos Reygadas, Spike Jonze, Alejandro Jodorowsky, François Ozon, Spike Lee, Wong Kar Wai, Todd Haynes, Richard Kelly, Terry Gilliam (na imagem), Abel Ferrara, Bryan Singer, Jim Jarmusch, Werner Herzog, Godfrey Reggio, Julian Schnabel, Wes Anderson, Chris Marker, Peter Greenaway, Andrei Zvyagintsev, Jean-Claude Brisseau, Kim Ki-Duk, André Téchiné, Bruno Dumont, Christian Mungiu, Emir Kusturica ou Frank Darabont.

domingo, 28 de agosto de 2011

A rentrée do cinema


No último suplemento Ípsilon do jornal Público foi publicado um destaque à chamada "rentrée" cultural que se avizinha (de Setembro a Dezembro deste ano).
De todas as dezenas de referências enumeradas ao nível de filmes, as que eu mais aguardo ansiosamente são:
- "O Hospício" - John Carpenter
- "Meia-Noite em Paris" - Woody Allen
- "Cave of Forgotten Dreams" - Werner Herzog
- "Sangue do Meu Sangue" - João Canijo
- "Restless" - Gus Van Sant
- "La Piel que Habito" - Pedro Almodóvar
- "Habemus Papam" - Nanni Moretti

domingo, 19 de junho de 2011

Werner Herzog: dois livros

A propósito do livro do Chaplin (ver post em baixo), tenho em vista ainda a aquisição de dois outros títulos de um outro grande cineasta (muito diferente de Chaplin): Werner Herzog.
Um dos títulos, "Sinais de Vida", representa uma longa entrevista conduzida pela jornalista Grazia Paganelli sobre a vida e obra do realizador alemão.
Já o livro "Caminhar no Gelo" foi escrito pelo próprio Herzog sobre uma longa viagem a pé que se transformou numa viagem introspectiva.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Balanço 2010 - Os filmes


De referir que ainda não vi certos filmes que, potencialmente, poderiam ser incluídos na lista dos melhores do ano, como "Lola" de Brillante Mendoza, "O Mágico" de Sylvain Chomet, "Eu Sou o Amor" de Luca Guadagnino, "O Segredo dos Teus Olhos" de Juan José Campanelleou ou "Mistérios de Lisboa" de Raúl Ruiz.

1 - "Shutter Island" - Martin Scorsese
2 - "O Laço Branco" - Michael Haneke
3 - "O Escritor Fantasma" - Roman Polanski
4 - "Filme do Desassossego" - João Botelho
5 - "Whatever Works" - Woody Allen
6 - "As Ervas Daninhas" - Alains Resnais
7 - "Fantasia Lusitana" - João Canijo
8 - "Um Homem Singular" - Tom Ford
9 - "Ruínas" - Manuel Mozos
10 - "Polícia Sem Lei" - Werner Herzog
11 - "Toy Story 3"- Lee Unkrich
12 - "A Rede Social" - David Fincher
13 - "The Road" - John Hillcoat
14 - "Buried" - Rodrigo Cortés
15 - "Cela 211" - Daniel Monzón

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Instituições e comunidade


O British Film Institute comemora este ano 77 anos de existência.
Há dois anos, esta autêntica instituição do cinema europeu solicitou a 75 personalidades ligadas ao cinema e às artes, uma votação intitulada "Visions For The Future", para cada uma delas nomear apenas um filme que fosse uma marca para o futuro do cinema.
Entre artistas consagrados e outros desconhecidos, revelaram-se algumas boas surpresas: a actriz Cate Blanchett escolheu "Stalker" de Tarkovski; o realizador Ken Russell optou por "Metropolis"; Julien Temple seleccionou a obra-prima de Jean Vigo, "L'Atalante"; para o compositor Michael Nyman, o filme que marcaria o futuro é "Silent Light" do mexicano Carlos Reygadas (de quem se diz ser o maior discípulo de Tarkovski); o produtor Mark Herbert escolheu um dos últimos filmes de Werner Herzog, "Grizzly Man".
Outros filmes escolhidos: "Do The Right Thing" de Spike Lee, "Pulp Fiction" de Tarantino, "Raging Bull" de Scorsese, entre dezenas de outros.
Este é um tipo de iniciativa que raramente vemos acontecer no panorama cultural e institucional nacional. A título de exemplo: a Cinemateca vive encerrada sobre si mesma, não solicita ou desafia a comunidade artística e muito menos a sociedade em geral. Era importante que as estruturas culturais se abrissem mais à comunidade artística (e não só), lançando desafios de colaboração e de envolvimento, apelando à contribuição dos cidadãos (anónimos ou reconhecidos) para uma dinâmica cultural mais interactiva e actuante na sociedade.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

"Grizzly Into The Wild Man"



O que têm em comum os filmes "Grizzly Man" (2005) de Werner Herzog e "Into The Wild" (2007) de Sean Penn? Numa primeira análise, pouco, na verdade. Mas nesse pouco, parece-me a mim, é capaz de caber uma vida inteira. Quase arriscaria dizer que os títulos destes dois filmes poderiam ser trocados que não se notaria grande diferença.
O "Grizzly Man" vive "Into The Wild" e o personagem deste filme sente, basicamente, as mesmas pulsões do defensor dos ursos. No fundo, os protagonistas destes dois filmes renunciam às comodidades da civilização para explorarem outro rumo às suas vidas. Cada um à procura da sua própria felicidade.
Ambos questionam o lugar do homem no seio da civilização em confronto com a natureza, tentando compreendê-la, frui-la, senti-la. De dois modos muito distintos, é certo, mas com desfechos dramáticos muito semelhantes. Em suma, a vida humana à procura de um verdadeiro sentido no contacto com a natureza primordial e selvagem.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Cage vs. Keitel


Vi o filme "Bad Lieutenant - Port of Call New Orleans" de Werner Herzog.
Apesar de não ser, propriamente, um remake de "Bad Lieutenant" (1992) de Abel Ferrara, não posso deixar de dizer que gosto muito mais do filme de Ferrara do que o do Herzog. Achei Nicholas Cage demasiado histriónico, pouco convincente na pele de um polícia que se deixa arrastar para o abismo das drogas e da corrupção. Cage é também secundado por uma débil interpretação de Eva Mendes e por um argumento deveras contido, pouco libertário e fragmentário, como nos acostumou o cinema de Herzog.
Prefiro a visão negra de Ferrara, a interpretação explosiva de Harvey Keitel (em baixo) como polícia que tem alucinações religiosas e que tenta expiar os seus pecados numa escalada de loucura e degradação moral.
A meu ver, Keitel bate Cage aos pontos, portanto.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Bad Lieutenant - versão musical


Já havia o filme Bad Lieutenant do Abel Ferrara; depois houve o Bad Lieutenant do Werner Herzog; agora (quer dizer, só agora dei conta disso) há a banda Bad Lieutenant, fundada por um músico ex-Joy Division, Bernard Summer. O álbum de estreia é lançado no próximo dia 12 de Outubro. E esta, hã?

quarta-feira, 15 de julho de 2009

domingo, 21 de junho de 2009

Herzog ao alcance de um clique


Werner Herzog - cineasta que esteve no último Festival Indie Lisboa - foi considerado um dos mais originais cineastas do chamado "movimento do novo cinema alemão", com Wim Wenders, Fassbinder ou Schlöndorff. Nunca fui um admirador incondicional, ainda que goste imenso dos filmes que fez com Klaus Kinski e de dois filmes recentes - "Grizzly Man" e "Rescue Dawn". Desconheço alguns títulos importantes da sua filmografia. Agora terei possibilidade de colmatar esta falha: para quem quiser conhecer melhor a bora de Werner Herzog, um dos mais iconoclastas e originais realizadores alemães dos últimos 30 anos, pode acompanhar o ciclo especial que o blogue My One Thousand Movies está a dedicar ao realizador. Está prevista a colocação online de 19 filmes de Herzog, número considerável no âmbito da sua filmografia de cerca de 50 títulos. O autor do blogue promete colocar alguns filmes de culto de Herzog como "Fritzcarraldo", "Aguirre", ou "Kaspar Hauser", assim como um punhado de curtas-metragens raras do cineasta alemão, como o filme da estreia absoluta de Herzog no cinema - a curta-metragem "Herakles" de 1962.
Serviço público de primeira categoria, portanto.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Chris Marker - o manipulador do tempo

Nasceu em França em 1922 e vive actualmente em Paris. Combateu na 2ª Guerra Mundial, estudou filosofia com Jean Paul Sartre e Guy Debord mas especializou-se em documentários, sendo ainda produtor, escritor, operador de câmara, artista multimédia e jornalista. Jean-Luc Godard, Orson Welles, Federico Fellini, Pasolini, Chantal Akerman, Wim Wenders, Werner Herzog, Errol Morris, Abbas Kiarostami, e Agnès Varda referem que é um dos melhores cineastas do mundo - um "ensaísta das imagens". Trabalhou com Alain Resnais no documentário sobre Auschwitz - “Noite e Nevoeiro” (1955). Deu muito poucas entrevistas ao longo da vida e quando lhe pedem uma fotografia, dá a do seu gato Guillaume.
Chama-se Chris Marker e realizou em 1962 um dos mais enigmáticos, originais e belos filmes de sempre: "La Jetée". É um filme de ficção científica (aborda dois temas recorrentes: o holocausto nuclear e a viagem no tempo), feito com imagens estáticas, fotografias filmadas, à excepção de um único movimento. A curta-metragem narra a aventura de um sobrevivente da Terceira Guerra Mundial que vive como prisioneiro nos subterrâneos de uma Paris destruída. Esse homem guarda lembranças de uma infância feliz na superfície, em tempos anteriores à guerra, quando costumava ser levado pelos pais para admirar os aviões no aeroporto de Orly. Numa dessas idas ao aeroporto, quando criança, ele vê um homem ser assassinado. Em virtude dessas memórias, cientistas do pós-guerra escolhem-no como cobaia para experiências de viagem no tempo. Como a superfície do planeta foi devastada pela guerra e pela radioactividade, a humanidade vive reclusa no subsolo e com parcos recursos. A viagem pelo tempo do protagonista irá levá-lo ao encontro da sua mais funda memória do amor, transformando a sua percepção da vida e do mundo.
Se o cinema permite uma sofisticada manipulação do tempo através da montagem, "La Jetée" demonstra que mesmo imagens estáticas são capazes de fluir e de se submeter ao transcorrer do tempo. Mas este é apenas um dos trunfos estéticos desta obra maior do cinema mundial. A poética das imagens, a soberba montagem, a história envolvente, a voz off subtil, fazem deste filme uma experiência artística única.
"La Jetée" é um filme sonoro a preto e branco, mas que prescinde de uma característica inerente à linguagem do cinema: o movimento. Neste aspecto, o crítico Raymond Bellour terá razão ao afirmar que não é o movimento que define o cinema de forma mais profunda, mas sim o tempo. E é sobre manipulação do tempo, concebida através de uma rigorosa montagem, que este filme se revela, provando que mesmo imagens estáticas são capazes de fluir e de se submeter ao transcorrer do tempo.
As novas gerações talvez saibam da existência do filme porque "La Jetée" de Marker inspirou o filme que Terry Gilliam (ex-Monty Python) fez em 1995, "12 Macacos", com Brad Pitt e Bruce Willis. O realizador Terry Gilliam diz mesmo que "La Jetée" de Marker “tem a melhor montagem que alguma vez viu, com a música e a voz a marcar o ritmo e a deslumbrar o espectador”. As influências estéticas e plásticas do filme de Chris Marker perduram até aos dias de hoje, não só no seio do próprio cinema, como na música, na fotografia e nas artes plásticas. No caso da música, David Bowie tem um vídeo intitulado “Jump They Say” com referências directas ao filme de Marker; o grupo de jazz Chicago Underground Trio e os Isotope 217 têm um disco chamado "La Jetée" (1999 e 1999, respectivamente); o projecto de pós-rock Tortoise editou um disco intitulado "Jetty" (1998).
Em 1982, Chris Marker realiza outra obra seminal,“Sans Soleil”, que resulta numa complexa reflexão sobre a cultura da imagem na sociedade pós-moderna – filme, vídeo e fotografia. E volta a abordar os seus temas de eleição: ficção científica, memória, tempo, viagem, culturas de África e Japão. Realizou ainda um notável documentário sobre a vida do realizador russo Andrei Tarkovski - "One Day in the Life of Andrei Arsenevitvh" (2000) e em 2005 criou um trabalho multimédia e digital para o MoMa – Museu of Modern art de New York.
Chris Marker é um cineasta que continua activo mesmo com quase 90 anos de idade. Continua a pesquisar novas formas de expressão audiovisual, recorrendo às novas tecnologias digitais de tratamento de imagem e som. Um artista com visão quase táctil da experiência cinematográfica.
Primeira parte do filme "La Jetée" (as outras duas estão no youtube):

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

75 anos de BFI


O British Film Institute comemora este ano 75 anos de existência. Para assinalar a efeméride, os responsáveis desta instituição dedicada ao cinema e ao audiovisual, decidiram lançar duas iniciativas: primeiro, uma promoção muito apetecível de venda de filmes (DVD)clássicos e de autor a um preço reduzido - £9,99. São 75 títulos do próprio e excelente catálogo do BFI.
Em segundo, uma votação intitulada "Visions For The Future", solicitada a 75 personalidades ligadas ao cinema e às artes, para cada uma delas, nomear apenas um filme que seja uma marca para o futuro do cinema. Entre artistas consagrados e desconhecidos, constatam-se algumas boas surpresas: a actriz Cate Blanchett escolheu "Stalker" de Tarkovski; o realizador Ken Russell, optou por "Metropolis"; Julien Temple seleccionou a obra-prima de Jean Vigo, "L'Atalante"; para o compositor Michael Nyman, o filme que marcará o futuro é "Silent Light" do mexicano Carlos Reygadas (de quem se diz ser o maior discípulo de Tarkovski); o produtor Mark Herbert escolheu um dos últimos filmes de Werner Herzog, "Grizzly Man".
Outros filmes escolhidos: "Do The Right Thing" de Spike Lee, "Pulp Fiction" de Tarantino, "Raging Bull" de Scorsese, entre dezenas de outros. A lista pode ser consultada aqui. Para além da votação das opções dos artistas, o site permite ainda a intervenção dos cibernautas através de debates online.