Mostrar mensagens com a etiqueta Ian Curtis. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Ian Curtis. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Ressuscitar com Kubik

Interrompo a "morte" deste blog por um motivo muito especial. Curiosamente, também para falar de morte. Mas neste caso, para dizer que a morte é aqui entendida como uma homenagem, uma dedicatória sentida ao meu pai, falecido há 8 meses. 
Como músico (projecto Kubik) senti necessidade de lhe prestar uma singela homenagem com uma música original. Só passado este tempo, com o devido distanciamento emocional, consegui compor a música que acompanha este vídeo. As imagens são evocações das memórias e das vivências do meu pai. E sendo uma homenagem, apesar de pessoal, tem mais sentido se for partilhada publicamente. 

Por isso ressuscito, momentaneamente, o meu blog para partilhar convosco esta música "Walking on Air" (a partir do poema "Atmosphere" de Ian Curtis/Joy Division). Depois o blog volta ao descanso eterno (ou talvez não)...

 

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Para conhecer 'Unknown Pleasures'

Ainda a propósito dos 35 anos da morte de Ian Curtis (Joy Division), eis uma interessante lista do New Musical Express sobre "20 Coisas Que Não Sabia Acerca do Álbum Unknown Pleasures". 
Aqui.


segunda-feira, 18 de maio de 2015

35 anos sem Ian Curtis

Lembro-me como se fosse hoje: o bloco de gelo que se abateu sobre mim com a audição de “Unknown Pleasures”. A minha formação de ouvinte tivera vários estágios, mas nada me tinha preparado para o embate que foi a audição do primeiro disco dos Joy Division. Quando somos adolescentes julgamos que temos o tempo todo do mundo para desfrutar das grandes descobertas musicais. E, na verdade, eu tinha esse tempo todo. Viver em casa dos pais, fechado num quarto hermético, com centenas de discos, cassetes, livros e posters, era mundo suficiente para mim. Claro, a vida de estudante também se fazia, suportada à custa de muita condescendência e resignação.

Daí que, com 15 ou 16 anos, ouvir música significava um refúgio tão revigorante e enérgico como julgo já não existir hoje. Representava marcar um território delimitado à base da militância severa do prazer estético partilhado com um círculo restrito de amigos. A descoberta da figura de Ian Curtis, mais do que a de Jim Morrisson, Iggy Pop, Lou Reed, David Bowie ou Peter Murphy, foi uma descoberta quase de cariz religiosa. Lia aqueles artigos incensados e devotos do Miguel Esteves Cardoso sobre a intensa e criativa movida de Manchester e fiquei, automaticamente, siderado. Ansioso por conhecer tudo numa era em que Internet nem figurava nos livros de ficção científica.

Porém, a devoção pelo prazer da descoberta levou-me a mover mundos e fundos até conseguir pôr os ouvidos na música de Ian Curtis. Primeiro com a banda Warsaw, ainda reminiscente da fúria punk; depois, sim, com a era estilizada, superlativamente estética, de “Unknown Pleasures” e, postumamente à morte de Curtis, com o legado “Closer”. Para um adolescente como eu, de temperamento algo sorumbático e reflexivo, a música dos Joy Division revelou-se como a suprema bênção identitária. Nenhuma outra música, nenhumas outras letras, nenhum outro disco se poderia colar melhor à minha alma do que aqueles discos. A poesia (porque de poesia se trata) de Ian Curtis resultava numa espécie de elegia sobre a presença terrena desta vida.

E tocava-me nas mais profundas das vísceras (porque a poesia não toca apenas na alma). Via Curtis como um criador ambicioso mas permanentemente insatisfeito, um angustiado feliz que tentava libertar os seus demónios interiores. Gostava das preocupações existenciais de Ian, devedoras das suas leituras de Kerouac, Burroughs, Ballard ou Camus. Cantava o sonho e o pesadelo, o amor e a morte, o desejo de existir e o medo de existir. Comprei um livro com as letras das canções, e li-as uma e outra vez, até sugar toda a essência daquelas palavras (decorava, na íntegra, algumas letras). E ouvia repetidamente, obsessivamente, algumas das canções. A agulha do gira-discos pousava, uma e outra vez, nas mesmas faixas dos vinis: “Isolation”, “Passover”, “Heart and Soul”, “A Means to na End”, “Disorder”, “Shadowplay”, etc.


E foi “Closer”, mais do que “Unknown Pleasures”, a deixar-me incondicionalmente devoto dos Joy Division. Tamanha devoção deveu-se, igualmente, à icónica arte gráfica de Peter Saville expressa na capa e no design, na produção inovadora de Martin Hannett, que concebeu aquela sonoridade única do disco, com a voz intensa e enxuta de Curtis, a bateria marcial de Stephen Morris, o baixo-tocado-como-uma-guitarra de Peter Hook, e a guitarra assanhada de Bernard Summer. Só mais tarde conheceria os tema-hinos, “Atmosphere” e “Love Will Tear us Apart”.

Ian Curtis só podia ter-se transformado em mártir do rock. Não havia outra solução. Como dizia Albert Camus, o suicídio é o único problema filosófico importante – saber se a vida merece ou não ser vivida. Curtis viveu intensamente e sempre no fio da navalha das emoções. O seu derradeiro acto foi o consumar de um fogo que tinha dentro de si. Lembro-me de que, no dia 18 de Maio de cada ano, sentia uma espécie de respeito e reverência espiritual para com a alma dos Joy Division. Era um dia especial.

E lembro-me de comemorar, com um amigo, os dez anos desse dia fatídico (Maio de 1990). Agora assinalam-se já 35 anos e a intensidade passional continua viva, ainda que algo indolente pela natural passagem do tempo. E os sonhos continuam vívidos, imersos numa realidade ainda por revelar, como se expressa na canção “Dead Souls”: “Someone Take These Dreams Away / That Point me To Another Day / A Duel of Personalities / That Strech all True Realities”.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

A entrevista de Ian Curtis

Eis uma das raríssimas entrevistas transcritas que Ian Curtis - mítico vocalista dos Joy Division - concedeu à BBC Radio. Além de outras curiosidades, Ian assume-se fã dos Bauhaus. Dada a raridade da entrevista, resolvi transcrever na íntegra.


WHAT SORT OF RELATIONSHIP DO YOU HAVE WITH OTHER MANCHESTER BANDS? 
We tend to be pretty isolated now really…apart from the Factory groups. We have a lot to do with the other groups on Factory. We tend to play a lot of gigs with them and … there’s other things like erm the Durutti Column LP – the sandpaper sleeve – we stuck that on. So everyone there, with each other, and groups they got booked with, groups like the Buzzcocks, that we knew when we started really. You know when we sort of see them, we talk to them, but it’s not very often. We’d like to, you know, see a lot more of other Manchester groups. Any other groups in general. 

WHAT DO YOU THINK OF THE STATE OF NEW WAVE? 
Don’t know. I think it’s, a lot of it tends to have lost its edge really. There’s quite a few new groups that I’ve heard.. odd records. Record or have seen maybe such as, eh, I like, I think it’s mostly old Factory groups really, I like the groups on Factory; A Certain Ratio and Section 25. I tend not to listen, when I’m listening to records, I don’t listen to much new wave stuff, i tend to listen to the stuff I used to listen to a few years back but sort of odd singles. I know someobody who works in a record shop where I live and I’ll go in there and he’ll play me “have you heard this single?” singles by er the group called The Tights, so an obscure thing … and a group called, I think, er Bauhaus, a london group, that’s one single. 

DO YOU HAVE ANY PLANS OF GIGGING OUTSIDE THIS COUNTRY? 
We’ve played in Europe already in Holland and Germany and we are going to America. We’re only going for er, I think they wanted us to go for about 3 months or so [laughs] , but we’re only going for about about 2 weeks, 3 weeks, and Rough Trade will probably be organising that. I think we’re going with Cabaret Voltaire. I like them, they’re a good group [laughs], I forgot about them. Yeah but, we tend to do what we want really. We play the music we want to play and we play the places we want to play. I’d hate to be on the usual record company where you get an album out and you do a tour, and you do all the Odeon,s and all the this that and the others. I couldn’t just do that at all. We had experience of that supporting the Buzzcocks. It was really soul destroying, you know, at the end of it. We said we’d never tour … and we’ll never do a tour I don’t think – or if we do it won’t be longer than about two weeks. 

WHAT IS YOUR SORT OF RELATIONSHIP WITH FACTORY RECORDS 
It’s very good sort of friends everyone knows each other it’s all 50:50. Everything’s split. 

DOESN’T IT IT SEEM A BIT INSULAR SORT OF BEING IN THE FACTORY SORT OF SET UP? 
Don’t know. I suppose to somebody looking at it from the outside i suppose it is really I mean you’re not pressurised into having to sign … like you know get a normal record company – they’re always looking for the next group for the next big thing … you know … to bring the record sales in and for them to promote and everything…but Factory just sign who they want to, put records by who they want to out, package it how they want to, you know, how they like doing it. It’s just run like that. You might get sort of a spurt of 3 singles out – you might not see anything for the next 6 months. You know. I like the relationship. 

WHERE DO YOU SEE OR WHERE DO YOU FEEL YOU WANT JOY DIVISION TO END OR GO TO? 
I just want to carry on the way we are, I think. Basically we want to play and enjoy what we like playing. I think when we stop doing that I think, well, that will be the time to pack it in. That’ll be the end.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Joy Division - A visão de Peter Hook

O baixista Peter Hook dos míticos Joy Division lançou há um ano este livro que aprofunda a vida atribulada da banda e dos seu carismático vocalista, Ian Curtis.

“Vivid, funny, and unexpectedly touching, Peter Hook’s memoir strips away the shroud of myth surrounding Joy Division to offer a refreshingly gritty perspective on the story of four ordinary young men who together made extraordinary music.” 
Simon Reynolds 

À venda aqui.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Ian Curtis: livro essencial


O livro "So This is Permanence" (Faber & Faber) de Ian Curtis é já uma das melhores edições do ano. A edição é da viúva do líder dos Joy Division, Deborah Curtis e do reputado jornalista musical Jon Savage. São quase 300 páginas em capa dura, formato A4, contendo todas as letras de Ian Curtis manuscritas, apontamentos, letras originais, cartas de fãs, textos de jornais e fanzines da época, capas dos livros de preferência de Ian, etc.

A Deborah Curtis e o Jon Savage (sobretudo este) também escrevem textos muito interessantes sobre as dimensões da lírica de Curtis no seio da banda. Essencial para os fãs dos Joy Division, portanto. 

Uma das coisas mais interessantes em Ian Curtis (falecido com apenas 23 anos de idade), é que muito do seu talento e criatividade foram conseguidos à custa de muita leitura. Ian lia compulsivamente desde a adolescência, isto porque na sua apática e pequena cidade de Macclesfield (a 40km de Manchester) pouco mais havia a fazer do que ouvir música e ler. Ian lia alguma da melhor e mais alternativa literatura do século XIX e XX, cultivando a sua mente para as fascinantes e obscuras poesias das canções dos Joy Division.

Segundo este livro "So This is Permanence", Ian Curtis leu apaixonadamente os seguintes autores:

- Friedich Nietzsche
- Franz Kafka
- Rimbaud
- Oscar Wilde
- Antonin Artaud
- H.P. Lovecraft
- Nikolai Gogol
- Baudelaire
- Edga Allan Poe
- T.S. Eliot
- J.G. Ballard
- William S. Burroughs
- Jean-Paul Sartre
- Hermann Hesse
- Dostoievsky
- Aldous Huxley
- Anthony Burgess

E pensando bem, muitos destes escritores e poetas, reflectem-se nas letras de Ian Curtis.

O livro encontra-se à venda na Fnac online por apenas 16,43€ (já com portes incluídos).



terça-feira, 14 de outubro de 2014

O livro de notas de Ian Curtis

Para os fãs incondicionais dos Joy Division e, especialmente, do seu carismático cantor e líder, Ian Curtis, aqui está um objecto que fará as delícias de todos: um livro escrito pela viúva de Ian, Deborah Curtis, e pelo reputado jornalista musical Jon Savage. 
Trata-se de um livro que contém os manuscritos das letras que Ian Curtis escreveu para a banda de Manchester, para além de material escrito original e nunca publicado. intitula-se "So This is Permanence" - primeira frase da letra "Twent-Four Hours" - conta com 300 páginas e está à venda online esta mesma semana (pode ser encomendado via Amazon). A revista New Musical Express dedicou esta semana a capa a Ian Curtis com uma grande reportagem sobre o livro.
Imperdível, portanto.

Aqui uma entrevista com o co-autor do livro, Jon Savage.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Biopic sobre os VU?

Os biopics de personalidades musicais estão na moda em Hollywood. Os próximos sonantes são os filmes sobre a vida de James Brown e de Whitney Houston
Na realidade, há poucos bons filmes biográficos de músicos que me interessam. O melhor dos últimos anos foi "Control" sobre Ian Curtis/Joy Division. Haveria um biopic que me interessaria muito: The Velvet Underground.
Mas para tal era preciso saber qual seria o realizador ideal para tal empreitada (e numa segunda fase, saber quais seriam os actores). Que cineasta poderia reunir os requisitos artísticos e a sensibilidade (cinematográfica e musical) para levar a bom porto um projecto destes? 
Eu arrisco: 

- Anton Corbijn 
- Gus Van Sant 
- Paul Thomas Anderson
- Abel Ferrara
- Martin Scorsese 
- Jim Jarmusch 
- Clint Eastwood 
- Darren Aronofsky 
- Steven Soderbergh 
- Joel e Ethan Coen

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Peter Hook e o livro sobre os Joy Division

Numa visita à Fnac deparei-me com este livro que Peter Hook escreveu sobre a sua banda, os míticos Joy Division. Trata-se de uma abordagem na primeira pessoa de alguém que conviveu de perto com a revolução musical que a banda de Manchester significou, revelando pormenores divertidos, surpreendentes e outros mais sórdidos, sobre a curta carreira artística dos Joy Division. 
São mais de 400 páginas escritas pelo ex-baixista da banda de Ian Curtis, numa edição negra belíssima em capa dura. O problema é o preço: tratando-se de um livro de importação, custa 31€. No entanto, recorrendo a livrarias internacionais online, consegue-se comprar esta mesma edição a metade do preço (!) e com portes grátis (!!), como nesta Book Depository.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

(Inebriantes) Savages

São quatro intrépidas mulheres que se juntaram para fazer música. Existem há menos de dois anos e editaram um EP e um álbum (este ano) aclamado pela crítica - "Silence Yourself". Deram um dos melhores concertos do festival Optimus Primavera Sound em Junho e voltam a Portugal (Lisboa) no dia 13 de Outubro. A sua música, misto de energia de riffs possantes e de uma voz que deve tudo a Siouxsie Sioux e Ian Curtis (Joy Division), vai beber directamente à sonoridade pós-punk. 
Apesar das óbvias influências das bandas de guitarra independentes dos anos 80, as Savages criaram uma identidade estética própria com muito carisma e são já uma confirmação do actual panorama do rock. E isso nota-se em temas fantásticos como este "Husbands":

sexta-feira, 13 de julho de 2012

A t-shirt

É como se tivesse voltado à época militante da adolescência: comprei a mítica t-shirt "Unknown Pleasures" dos Joy Division. Claro que fiquei muito mais orgulhoso depois de saber que a actriz Kristen Stewart se passeia com uma igual.

sábado, 19 de maio de 2012

A música eterna

Já escrevi isto várias vezes neste blogue: a banda da minha vida são os Joy Division. Para perceber porquê, basta ler o que escrevi neste post.
No dia 18 de Maio assinalam-se 32 anos da morte do vocalista da banda, Ian Curtis, eterno poeta maldito das entranhas da alma. Ainda hoje, tantos anos depois, a música dos Joy Division me emociona como nenhuma outra.
"This is the way, step inside":

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Entrevistas Póstumas (10) - Ian Curtis


O Homem Que Sabia Demasiado - Ian Curtis, 30 anos depois, a sua arte continua a fascinar gerações de amantes de música. Como explica isto?

Ian Curtis - Listen to the silence, let it ring on. Eyes, dark grey lenses frightened of the sun. We would have a fine time living in the night, Left to blind destruction, Waiting for our sight.

O Homem Que Sabia Demasiado - E o que me diz das suas letras plenas de negrume existencial, de deseperada lassidão emocional?

Ian Curtis - Heart and soul, one will burn. An abyss that laughs at creation, A circus complete with all fools, Foundations that lasted the ages, Then ripped apart at their roots. Beyond all this good is the terror.

O Homem Que Sabia Demasiado - Era considerado, nos Joy Division, o músico mais tímido e reservado. Como se tornou no líder carismático da banda?

Ian Curtis - Is this the role that I wanted to live? I was foolish to ask for so much. Without the protection and infancy's guard, It all falls apart at first touch.

O Homem Que Sabia Demasiado - A música dos Joy Division tornou-se na marca de uma geração e influenciou dezenas de bandas. Que sentimento e que responsabilidades isto lhe traz?

Ian Curtis - Walk in silence, Don't walk away, in silence. See the danger, Always danger, Endless talking, Life rebuilding, Don't walk away.

O Homem Que Sabia Demasiado - A sua viúva, Deborah Curtis, disse ter odiado o filme "Control" de Anton Corbijn. Que comentário quer fazer?

Ian Curtis - Confusion in her eyes that says it all. She's lost control. And she's clinging to the nearest passer by, She's lost control. And she gave away the secrets of her past, And of a voice that told her when and where to act, She's lost control, again.

O Homem Que Sabia Demasiado - Sei que tinha uma boa relação com a sua mãe. O que lhe diria caso a encontrasse?

Ian Curtis - Mother I tried please believe me, I'm doing the best that I can. I'm ashamed of the things I've been put through, I'm ashamed of the person I am.

O Homem Que Sabia Demasiado - A sua arte como músico e poeta foi construída segundo as suas próprias experiências de vida. Sente que as emoções, a vida e o amor são destruídos pela presença da rotina e pela certeza da morte?

Ian Curtis - When routine bites hard, And ambitions are low, And resentment rides high, But emotions won't grow, And we're changing our ways, Taking different roads. Then love, love will tear us apart again. Love, love will tear us apart again.

-------------------

Com esta décima e especial entrevista, termina a série de Entrevistas Póstumas.

Para ler as restantes nove, abrir aqui.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Ian Curtis inédito

"I can feel an emptiness and see heads held in shame, trapped inside a legacy of everyone to blame.
In the distance see myself just washed up on the shore, a picture in my mind of what will come before the storm."

Poema inédito de Ian Curtis. Para ler o restante, aqui.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

27

(A propósito dos recentes posts sobre suicídio e 'entrevista póstuma' a Jimi Hendrix):
É um fenómeno recorrente os ícones da cultura popular serem imortalizados quando morrem. Mesmo que sejam famosos e talentosos em vida, se morrerem jovens e, sobretudo, de causa trágica e misteriosa (suicídio, acidente, homicídio), é certo e sabido que se tornam ícones eternos no imaginário popular.
O fenómeno só podia ter começado com uma arte de massas: o cinema. Rudolfo Valentino, primeiro ídolo do cinema mudo morreu aos 31 anos em 1926 e deixou em total histeria milhões de admiradoras (conta-se que várias mulheres cometeram suicídio devido ao desespero). Depois, foi James Dean que morreu vítima de um acidente de carro com 24 precoces anos, em 1955, imortalizando a sua figura como referência incontornável da cultura do século XX. De resto, foi com Dean que se incutiu no imaginário das estrelas pop a máxima : "live fast, die young and leave a good-looking corpse". Muitos levaram à risca esta filosofia de vida.

Mas seria a partir de 1969 que a morte de artistas famosos - nomeadamente músicos - tomaria um rumo verdadeiramente iconográfico. Começou em 1960 com a morte de Brian Jones (Rolling Stones), seguiu-se a morte de Jimi Hendrix e Janis Joplin em 1970. O líder carismático dos The Doors, Jim Morrison, morreria em circunstâncias misteriosas um ano depois. Este quarteto de mortes foi apelidado de "Clube 27", pelo facto de todas estas figuras da música terem morrido com a idade de 27 anos. Mera coincidência?
Conta-se que foi um desejo mórbido de se juntar a este clube que o líder dos Nirvana, Kurt Cobain, se matou em 1994, também com 27 anos. Que insondável e misterioso desígnio se esconde por detrás deste fenómeno que leva à morte artistas populares como estes aos 27 anos? Apesar deste ser o quinteto mais famoso do fatídico e mórbido clube, muitos outros artista/músicos se podiam incluir no rol dos falecidos com 27 anos (por suicídio ou acidente). A saber:

- Pete de Freitas, guitarrista dos Echo and The Bunnymen

- Robert Johnson, guitarrista de blues

- Dave Alexander, baixista dos The Stooges

- Gary Thain, baixista dos Uriah Heep

- Kristen Pfaff, baixista das Hole

- Jeremy Michael Ward, músico dos The Mars Volta

- Mia Zapata, vocalista do grupo punk The Gits

- Ron McKernan, teclista dos Grateful Dead

- D. Boon, vocalsita do grupo punk Minutemen

- Rupert Brooke, poeta inglês

- Jean-Michel Basquiat, artista plástico

- Jonathan Gregory Brandis, actor americano

- (...)


Ian Curtis não quis esperar para entrar no "Clube 27" e, 4 anos antes de chegar a essa idade, cometeu suicídio. Mesmo não havendo nenhum "Clube 23" no qual pudesse estar representado, não é por este facto que o espírito do cantor dos Joy Division não vive no panteão mais alto dos ícones musicais de toda a história.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Joy Division no antigo BLITZ

Velhos tempos, estes do semanário BLITZ. Eis um suplemento, em forma de revista, do então jornal sobre os Joy Division.
Não sei há quanto tempo, mas foi publicado, certamente, há perto de 20 anos. Lembro-me bem de ler e guardar este suplemento, num época em que a internet era um sonho e o acesso à informação era crucial ser efectuado através deste tipo de publicação.
O magnífico blog Misterioso Impossível, disponibiliza esta revista de 15 páginas sobre a banda de Ian Curtis (para saudosistas - do jornal ou do grupo) assim como uma enorme diversidade de discos (música alternativa), livros e jornais editados na década de 80.


segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Dois filmes com o "mesmo final"


Quando terminei de ver o filme "O Americano" (por sinal, bem fraquinho), de Anton Corbijn, não pude deixar de reparar que o realizador terminou o filme exactamente da mesma forma que a sua primeira película, "Control".
Ou seja, com um movimento de câmara ascendente. No último plano do filme sobre Ian Curtis, a câmara filma a chaminé com um movimento de baixo para cima até fixar o céu e a nuvem de cinza. Por seu lado, no final do filme com George Clooney, Anton Corbijn opta pela mesma solução, só que noutro contexto visual: a câmara eleva-se filmando uma árvore e uma borboleta a voar, até que a imagem se extingue por via do "fade out".
No final, fiquei com dúvidas: não sei se estas duas formas praticamente idênticas de terminar um filme é um exemplo de coerência estética por parte do realizador ou se se tornou um recurso técnico banal...