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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Que grande ano literário...

Que grande ano literário seria 2011 se surgirem edições de novos livros de Oliver Sacks, Sam Harris, Bret Easton Ellis, Paul Auster, Martin Amis, Antonio Tabuchi, Slavoj Zizek, Alex Ross, Günter Grass, Richard Dawkins, Ian Kershaw, Philip Roth, Comarc McCarthy, Denis Johnson, Jonathan Littell, Julio Cortázar, Kjell Askildsen, Chuck Palahniuk, Gilles Lipovetsky, Cristopher Hitchens, Jonah Lherer, Orhan Pamuk, Imre Kertész, Francis Fukuyama, Umberto Eco, Bill Bryson, J.M. Coetzee, Bernard-Henri Levy, Le Clézio, Pedro Mexia, Eduardo Lourenço, Maria Filomena Mónica, António Barreto ou José Gil.
Era bom, não?

quarta-feira, 8 de abril de 2009

"The Pervert’s Guide to Cinema" - análise freudiana do cinema


Sophie Fiennes realizou e o psicanalista, ensaísta e escritor esloveno Slavoj Zizek apresentou. Trata-se de um dos mais estimulantes e originais documentários recentes sobre a relação entre cinema e... psicanálise: "The Pervert's Guide to Cinema". Ao longo de duas horas e meia, o inebriante freudiano Zizek disserta sobre dezenas de filmes importantes da história do cinema, desde obras do Hitchcock a David Lynch, de Charlies Chaplin a Tarkovski, dos irmãos Marx a Lars Von Trier, estabelecendo relações e conceptualizações, à primeira vista, impensáveis. De resto, este documentário comentado por Zizek, é um complemento perfeito do seu livro sobre análise fílmica, "Lacrimae Rerum", que comentei neste post.
"The Pervert’s Guide to Cinema" é uma fascinante e invulgar visão sobre o poder das imagens no nosso consciente e subconsciente, e o seu visionamento enriquece, sobremaneira, a capacidade de interpretação do espectador perante o fenómeno cultural e artístico que é o cinema. Recomendo vivamente. O documentário, datado de 2006 e já editado em DVD, pode ser descarregado neste link (tem legendas em português e tudo!).

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Top 2008

Balanço

Último dia do ano. Tal como fiz o balanço no final de 2007, estas são as minhas escolhas para o ano de 2008. Não sei se são as melhores. São aquelas que gostei de desfrutar ao longo do ano. Uma selecção pessoal. Nada mais. Mas há uma confissão a fazer: no fim de um ano de imensa produção cultural, a sensação com que fico é de uma certa frustração incómoda. Isto porque, depois das escolhas feitas, fico sempre com a nítida impressão de que ficaram muitas mais referências de fora que não tive oportunidade de conhecer. Muitos filmes que não vi, muitos discos que não ouvi, muitos livros que não li. A produção cultural é cada vez maior e torrencial a cada ano que passa. Milhares e milhares de objectos culturais são despejados para o mercado, quase indistintamente. Descortinar a qualidade no meio da quantidade é cada vez mais difícil e ingrato.

A própria comunicação social sente-se incapaz de dar vazão a tanta informação. E por isso, certos discos e filmes importantes são por vezes relegados para o fundo da prateleira por falta de espaço editorial ou por conflitos de interesses jornalísticos. Conseguir fazer uma selecção criteriosa dos produtos de qualidade dos que não têm interesse nenhum, exige esforço redobrado do cidadão comum para recolher cada vez mais informação (através de revistas, internet, jornais, rádio…) de molde a definir a sua própria opinião. O tempo é escasso para fruir (e usufruir) as propostas mais interessantes (no fundo, resume-se tudo ao que disse neste post). Ainda há filmes, discos e livros que ainda não conheço mas que provavelmente entrariam para a lista de preferências que se seguem... Agora é esperar que 2009 entre em força com boas e novas propostas.

Filmes:

Ainda não vi “Corações” de Alain Resnais, “A Turma” de Laurent Cantet, “Quatro Noites com Anna” de Jerzy Skolimowski, “O Homem de Londres” de Béla Tarr, “Destruir Depois de Ler” de Ethan e Joel Coen, “A Ronda da Noite” de Peter Greenaway, “Antes que o Diabo Saiba que Morreste” de Sidney Lumet, “Fome” de Steve McQueen, “Gomorra” de Matteo Garrone, “Em Bruges” de Martin McDonagh, “Austrália” de Baz Luhrmann…

1 – “Este País Não é Para Velhos” – Ethan e Joel Coen
2 – “Alexandra” – Alexander Sokurov
3 – “4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias” – Cristian Mungiu
4 – “No Vale de Elah” – Paul Haggis
5 – “Haverá Sangue” – Paul Thomas Anderson
6 – “O Segredo de um Cuzcuz” - Abdellatif Kechiche
7 – “O Lado Selvagem” – Sean Penn
8 – “Sweeney Todd” – Tim Burton
9 – “The Darjeeling Limited” – Wes Anderson
10 – “Os Falsificadores” - Stefan Ruzowitzky
11 – “Wall-E” – Andrew Stanton
12 – “Nós Controlamos a Noite” – James Gray
13 – “O Assassínio de Jesse James pelo Cobarde Robert Ford” – Andrew Dominik
14 – “O Orfanato” - Juan Antonio Bayona
15 – “Michael Clayton” – Tony Gilroy
16 – “Joy Division” – Grant Gee
17 – “The Mist” – Frank Darabont
18 – “O Acontecimento” - M. Night Shyamalan

Discos:

Apesar do hype da imprensa, ainda não ouvi discos como Fleet Foxes, Beach House, Dirty Projectors, Bon Iver, Evan Parker, Hercules & Love Affair, Silver Jews, The Dodos, Fennesz, Cut Copy, Hot Chip, She and Him…

1 - Secret Chiefs 3 – “Xaphan Book of Angels Volume 9”
2 - Leila – “Blood, Looms and Blooms””
3 - Clutchy Hopkins – “Walking Backwards”
4 - TV On The Radio – “Dear Science”
5 - Man Man – “Rabbit Habits”
6 - Portishead – “Third”
7 - Bombay Dub Orchestra – “3 Cities”
8 - Metaform – “Standing on the Shouders og Giants”
9 - Tricky – “Knowle West Boy”
10 - Stag Hare – “Black Medicine Music”
11 - Amon Tobin – “Foley Room Recorded Live In Brussels”
12 - Camille – “Music Hole”
13 - Nico Muhly – “Mothertongue”
14 - Gang Gang Dance – “Saint Dymphna”
15 - Devotchka – “A Mad And Faithful Telling”
16 - Girl Talk – “Feed the Animals”
17 – DJ Rupture – “Uproot”
18 - Fuck Buttons – “Street Horrrsing”
19 - Original Silence – “The Second Original Silence”
20 - Santogold – “Santogold”
21 - Firewater – “The Golden Hour”
22 - Matmos – “Supreme Baloon”
23 - Boredoms – “Super Roots #9”
25 - Paavoharju – “Laulu Laakson Kukista”
25 - Vampire Weekend – “Vampire Weekend”
26 - Ladytron – “Velocifero”
27 - The Bug – “London Zoo”
28 - Brazillian Girls – “New York City”
29 - Melvins – “Nude With Boots”
30 - Spiritualized – “Songs in A & E”

Discos portugueses:

Confesso que não fui um ouvinte regular de música portuguesa em 2008. Mas do que fui ouvindo ao longo do ano, gostei de: Deolinda, A Naifa, Mandrágora, Rocky Marsiano, peixe : avião, Linda Martini, Mesa, Melech Mechaya, Mikado Lab, Gala Drop, The Vicious Five, Mão Morta, Dead Combo…

Livros

Queria ter lido (espero ainda ler durante 2009): “Os Nus e os Mortos” de Norman Mailer, “Histórias de Amor” de Robert Wasler, “A Derrocada de Baliverna” de Dino Buzzati, “Contos Completos” de Truman Capote, “Correcção” de Thomas Bernhard, “Castelos Perigosos” de Céline, “Musicofilia” de Oliver Sacks, “O Jovem Estaline” de Simon Montefiore…

1 - “Sonderkommando” – Shlomo Venezia
2 – “Lacrimae Rerum” – Slavoj Zizek
3 – “A Monstruosidade de Cristo” – Slavoj Zizek
4 – “A Filosofia Segundo Woody Allen” - Vários autores
5 – “A Filosofia Segundo Alfred Hitchcock” – Vários autores
6 – “Em Busca do Grande Peixe” – David Lynch
7 – “A Febre” – Jean-Marie Le Clézio
8 – “O Jogo do Mundo” – Júlio Cortázar
9 – “O Homem Sem Qualidades Vol.1” – Robert Musil
10 – “Património” - Philip Roth
11 – “Toda a Música que eu Conheço” – António Victorino D’Almeida
12 – “Homem na Escuridão” - Paul Auster

Edições em DVD

Caixa “John Cassavetes”
Caixa “Hal Hartley”
Caixa “Wim Wenders”
Caixa "Mel Brooks"
“O Estranho Mundo de Jack”
– Edição Especial
“Casablanca” – Edição Coleccionador
“The General – Pamplinas Maquinista” – Ed. Especial
“Vertigo – A Mulher que Viveu Duas Vezes” – Ed. Especial
“Hstória(s) do Cinema” – Jean-Luc Godard
“Holocausto”
“Um Coração Selvagem” – Ed. Limitada
“Eraserhead” – Ed. Especial
"Vem e Vê" - Elem Klimov
“Control” – Ed. Especial
Coleccção Manoel de Oliveira
Coleccção “The Godfather – O Padrinho” – Ed. De Luxo
(...)

Embirrações do ano: Amy Winehouse, Tony Carreira, Tokio Hotel e "Rock in Rio"
Conflito do ano: concertos simultâneos de Leonard Cohen e Lou Reed
Acontecimento do ano: centenário de Manoel de Oliveira e Elliott Carter
Adeus: Luiz Pacheco, Bettie Page, Paul Newman, Sydney Pollack, Heath Ledger, Eartha Kitt, Albert Cossery, Harold Pinter, Humberto Solas, Pedro Bandeira Freire, Arthur C. Clarke
Boa notícia: regresso às bancas da revista de cinema Premiere e experiência 3D no cinema ("Bolt", "Viagem ao Centro da Terra"...). Abertura da Cinemateca do Porto.
Má notícia: encerramento da livraria Byblos. Preço dos livros, DVDs e CDs.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Zizek: um novo olhar sobre o cinema


É o filósofo do momento. O filósofo que não se resigna apenas a ser filósofo, uma vez que se tornou quase numa espécie de figura académica da cultura pop contemporânea. Por onde passa a dar conferências - desde universidades conceituadas de todo o mundo a espaços culturais alternativos - como a portuguesa Fábrica de Braço de Prata (onde esteve em Julho último), deixa um rasto de inteligência, cultura e humor (há vídeos no YouTube que comprovam o seu sentido de humor "nonsense"). Extravasa, com a mais desconcertante facilidade intelectual, as fronteiras rígidas dos objectos de estudo convencionais da filosofia, e acrescenta ao seu método de análise temas como psicanálise, cinema experimental, música pop, sexo, literatura, linguística, sociologia, teoria da cultura de massas, cibernética, entre outros.
O esloveno Slavoj Zizek representa esta figura cultural pluridisciplinar, observando a realidade social, política e cultural sob os mais diversos ângulos possíveis, como se fosse o rosto crítico da globalização neo-liberal. Conheci o autor quando editou em Portugal o livro "Bem-Vindo ao Deserto do Real" (Relógio D'Água, 2006). Uma obra em que, partindo do filme "Matrix" e de toda a sua ideologia da "falsa realidade", propunha uma análise crítica das complexidades do mundo actual, sobretudo a partir dos desafios políticos impostos com o 11 de Setembro e suas consequências. A sua escrita, apesar das múltiplas referências à cultura popular, nem sempre é de fácil inteligibilidade, dado que o seu pensamento se desdobra em conceitos filosóficos, psicanalíticos, sociológicos e culturais. No entanto, da explanação das suas ideias saltam sempre motivos fortes de reflexão para o leitor, seja em que terreno temático for. A argúcia como interliga conceitos tão dispersos e os liga de forma coerente, revela um pensador que tem consciência clara que escreve/fala tanto para o público erudito/iniciado, como para o público leigo/popular (à falta de melhor classificação...).
O seu último livro, recentemente editado pela editora Orfeu Negro, "Lacrimae Rerum", é um conjunto de quatro ensaios sobre a semiótica do cinema, particularmente, de quatro realizadores: Kieslowski, Hitchcock, Lynch e Tarkovski. Sendo que três dos meus cineastas preferidos são os três últimos referenciados, não poderia deixar de me aventurar na leitura do livro. O ensaio que achei mais interessante foi o que Zizek escreveu sobre o universo de David Lynch, talvez porque o seu cinema estabeleça uma ponte, mais ou menos óbvia e directa, com a psicanálise. Sobre o cineasta russo Tarkovski, Zizek aprofunda as raízes e motivações de ordem política e cultural da Rússia do realizador de "Stalker" para caracterizar a essência de um autor metafísico e complexo. Sobre os ensaios de Hitchcock e Kieslowski, ainda só li passagens inconclusivas.
Seja como for, o livro "Lacrimae Rerum", com os seus ensaios focados na estética e na semiótica das imagens, levanta novas perspectivas críticas em relação ao cinema, ao seu poder de intervenção no real e ao simbolismo filosófico que representa na cultura contemporânea. Uma leitura surpreendente, desafiadora e exigente.