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segunda-feira, 25 de maio de 2015

Memórias de "Que Grande es el Cine!"


É recorrente as televisões portuguesas programarem filmes de qualidade para horários improváveis (muitas das vezes, madrugada dentro). Há muitos anos atrás, a RTP fazia verdadeiro serviço público quando passava, às quartas-feiras à noite (21h30), uma sessão de cinema. Filmes de qualidade em horário nobre com apenas um intervalo pelo meio. Isto já para não falar da programação cinéfila de cinema clássico da RTP2, que teve o seu auge até meados da década de 90. Desde que os canais privados entraram no mercado, a programação de cinema de qualidade desmoronou-se.
Desde há uns anos a esta parte a programação das televisões em horário nobre tem sido monopolizada com telelixo: telenovelas aos molhos, futebol e programas medíocres de entretenimento (reality shows e afins). E, claro, intervalos infindáveis de publicidade maçuda (um intervalo comercial da TVI dura, em média, 20 intermináveis minutos). Por isso os filmes, séries e programas de informação de qualidade são relegados para secundaríssimo plano, quase sempre depois da meia-noite. Claro que há alternativas: televisão por cabo e clubes de vídeo online. Só que há dezenas de milhares de famílias portuguesas que não podem pagar televisão por cabo. E assim estupidificam-se, de forma passiva, assistindo à boçalidade televisiva diária. A nova televisão digital e os novos pacotes multimédia (Nos e Meo) podem atenuar a nefasta formatação da televisão actual e alargar as possibilidades de visionamento do espectador, mas estes produtos vão levar muitos anos a generalizar-se por toda a população.
Como vivo perto de Espanha habituei-me a ver televisão, desde muito cedo, do país vizinho. Durante anos vi clássicos de aventuras ao sábado à tarde e durante anos vi, pela primeira vez, verdadeiras obras-primas do cinema em horário nobre. Era o caso do excelente programa "Qué Grande es el Cine!" (exibido entre 1995 e 2005 na TVE2 - a equivalente à RTP2) do jornalista e realizador José Luis Garci (na imagem).


Durante esses anos, todas as segundas-feiras à noite depois de jantar, era exibido um filme clássico (legendado) e depois comentado e discutido durante 40 minutos por parte de críticos de cinema e realizadores (como se faz agora depois de um jogo de futebol). Um notável serviço público, pedagógico e cultural, num formato quase impensável nos dias de hoje. Foi neste programa que vi grandes filmes de John Ford, Orson Welles, Murnau, Charles Laughton, Hitchcock, Capra, Truffaut, Nicholas Ray, etc. Aposto que, nos 10 anos que durou o programa, este contribuiu para formar o gosto cinéfilo de muitas pessoas (uma geração?) para a verdadeira arte do cinema. Aqui podem ver-se muitos desses programas no Youtube.
Era com critérios destes que se deveria reger toda e qualquer televisão pública.

domingo, 15 de março de 2015

A educação do meu gosto - 1

A educação do meu gosto - Cinema



Somos o que somos e gostamos do que gostamos porque estivemos sob influências de determinadas condicionantes. Ou como diria Ortega y Gasset: “Eu sou eu e a minha circunstância”.  

Durante a minha adolescência gostava de filmes do Rambo e filmes de acção em geral. Mas também nessa altura comecei a ver filmes clássicos na televisão (RTP2), épicos históricos, de gangsters e westerns. A televisão espanhola passava aos sábados à tarde grandes filmes clássicos de Hollywood que via com sofreguidão. Um dia, numa noite num bar da minha cidade encontrei-me com um amigo mais velho. Um amigo com uma cultura vasta e de qualidade. Começámos a falar de cinema e fixei para sempre uma frase que me disse: “Tens de conhecer o cinema de Andrei Tarkovski, é um cinema metafísico de grande exigência estética”. Nunca tinha ouvido falar do cineasta russo mas fiquei altamente motivado para tal. Numa época sem internet e poucas enciclopédias disponíveis, lá procurei por esse Tarkovski. Até que um outro amigo, estudante de Comunicação Social, me gravou uma cassete VHS com o filme “Stalker” (na imagem). Vi-o nessa mesma noite e quase não consegui dormir atormentado por tantas interrogações que o filme me suscitou.

A descoberta de Tarkovski foi, certamente, o início da minha formação de gosto pelo bom cinema. A partir daí comecei a ler religiosamente as críticas de cinema nos jornais e revistas, os catálogos da Cinemateca, a procurar todos os livros sobre cinema da biblioteca pública e a conhecer cada vez mais a história do cinema desde as suas origens. Ou seja, o gatilho que me despertou para o cinema de qualidade foi o encontro com esse amigo num bar em finais dos anos 80. 
Obrigado, António.

sábado, 10 de janeiro de 2015

44 minutos de tiroteio (na realidade e na ficção)



Como muito bem referiu o Sam na caixa de comentário do meu post anterior sobre a violência na realidade e na ficção, consta-se que o filme "Heat- Cidade Sob Pressão" (1995) poderá ter servido de inspiração para um dos maiores tiroteios contemporâneos que houve nos EUA. Mais propriamente em Los Angeles, a norte de Hollywood, pelo que ficou conhecido como "The North Hollywood Shootout". 
Aconteceu em 1997 (dois anos após o filme de Michael Mann, portanto) e resultou numa troca de tiros bem real que causou diversos ferimentos em polícias e  transeuntes e na morte dos dois assaltantes do Bank of America. O assalto ao banco correu mal (como no filme), com a polícia a ripostar violentamente os dois homens vestidos de preto e fortemente armados que disparavam contra tudo o que mexia. Foram apenas 44 minutos de intenso tiroteio com milhares de balas disparadas, numa acontecimento real que quase ridiculariza, em termos de violência, o filme "Heat" (toda a história aqui).

Em 2003 um telefilme reproduziu os acontecimentos verídicos deste assalto numa manhã quente de Los Angeles. De título "44 Minutes - The North Hollywood Shootout", o telefilme é de qualidade meramente mediana (apesar de ter um actor consagrado, Michael Madsen), mas a violência dos tiroteios está bem retratada. 

PS - Agora é esperar que resulte um bom filme do caso do massacre e tiroteio de Paris, de preferência, com Michael Mann no comando da realização.

De seguida, o telefilme na íntegra que retrata o episódio real:

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Um musical desconhecido de David Lynch

Lá por me considerar um bom cinéfilo e seguidor da obra, por exemplo, de David Lynch, não quer dizer que conheça tudo o que já criou. Prova do que acabei de dizer (escrever) é que desconhecia por completo um musical de Lynch intitulado "Industrial Symphony Nº1: Dream of The Broken Hearted" (1989). Para minha surpresa, fiquei a saber hoje mesmo.
Trata-se de uma peça teatral-musical concebida quando o realizador filmava "Wild At Heart" nesse mesmo ano. Teve a sua estreia na Brooklyn Academy of Music em 1989 e a sua versão televisiva foi exibida em 1990, o mesmo ano da estreia da série "Twin Peaks".
Este musical, que em nada é um musical convencional (ou não se tratasse de uma obra de Lynch), baseia-se num conjunto de canções (ambiente cool-jazz nocturno) do compositor Angelo Badalamenti (que compôs para "Twin Peaks"), interpretadas por Julie Cruise (que cantou na banda sonora da mesma série). As letras são do próprio David Lynch.
Como seria de esperar, o universo visual e estético deste musical deve muito à criatividade bizarra e surreal que Lynch sempre demonstrou nos seus filmes. Aliás, ao longo da peça, vemos desfilar alguns dos seus actores, como Nicholas Cage e Laura Dern logo no início do musical.

Eis o registo integral de "Industrial Symphony Nº1: Dream of The Broken Hearted":

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Fnac: as boas promoções

Talvez fruto da crise, a Fnac tem revelado sentido de oportunidade com uma política de promoções particularmente interessante (como já dei nota aqui várias vezes). É claro que muitos dos produtos que vende continuam caros, mas é preciso estar sempre atento às boas promoções, sobretudo da secção de DVDs (agora que o mercado anda em queda...).
É o caso destes dois produtos da imagem: fiquei espantado com estes dois títulos a preços altamente convidativos e, por isso, não hesitei em adquiri-los: um pack da série de televisão de culto "The Twilight Zone" (série 2) - são 6 discos e 19 episódios.
E o pack "Fados" do realizador espanhol Carlos Saura, com dois DVDs (o filme e outro com montes de extras) e dois magníficos livros com mais de 100 páginas cada um. Por apenas 5€!
Assim vale a pena fazer compras na Fnac.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Scorsese e o perfume

O spot publicitário que está a passar na televisão promovendo o perfume "The One" da Dolce & Gabbana tem apenas 30 segundos. Mas o que poucos sabem é que o realizador deste anúncio é Martin Scorsese. Com as estrelas Matthew McConaughey e Scarlett Johansson, Scorsese filmou uma versão com maior duração (2'35'') mas por motivos comerciais não passa nas televisões. 
Esta curta-metragem foi filmada numa cidade italiana (não especificada) e conta com uma canção italiana famosa, "Il Cielo in Una Stanza" da cantora Mina.

sábado, 9 de novembro de 2013

A música de "Dexter"



Daniel Licht compôs uma notável banda sonora para a série televisiva "Dexter" (actualmente a Fox transmite a oitava e última temporada).
Dada a temática sinistra e violenta da série, qualquer compositor mais exibicionista teria criado uma música histriónica para "meter medo" ao espectador.
Daniel Licht evitou, de forma inteligente, esse lugar-comum e criou uma banda sonora de grande envolvência e subtileza tímbrica, conseguindo captar a essência do carácter de Dexter Morgan. Uma música que acentua as emoções contraditórias de Dexter, que enfatiza os momentos de inquietação e incerteza, sem grandes devaneios melodramáticos. 
Daniel Licht usa vários instrumentos e objectos no seu trabalho de criação musical, inclusive ossos humanos! Licht criou um instrumento musical a partir de um fémur que, segundo ele, "produz um som horripilante e diferente".
Para compor o acompanhamento musical do Trinity Killer, na quarta temporada, Licht optou por usar vozes agonizantes, como se estivessem numa tortura, resultando num som "distorcido, demoníaco e gélido", segundo o compositor. O resultado só poderia ser um sucesso, tanto para o personagem como para a série.
Eis uma excelente versão do tema principal ("Morning Routine") interpretada por Adam Ben Ezra
A música de puro terror de Licht para aquela que é considerada a melhor temporada de Dexter:  

sábado, 8 de junho de 2013

O carismático Mr. Spock

Hoje estreia o novo filme da saga "Star Trek - Além da Escuridão" de J.J. Abrams. Nunca fui fã de Star Trek, mas via a série televisiva, há muitos anos, com os carismáticos actores William Shatner como Capitão Kirk e Leonard Nimoy como o fascinante Mr. Spock (na imagem).
Era um miúdo e ficava fascinado com a presença física de Mr. Spock, a sua voz assertiva, o seu olhar gélido, as suas sobrancelhas pontiagudas, a sua peculiar forma de saudar (com os dedos abertos da mão) e a sua pose compenetrada. Era uma personagem com grande poder de sedução e repartia com o Capitão Kirk o protagonismo das aventuras intergalácticas pelo Universo (claro que a nova saga Star Trek já não tem nenhuma personagem com a personalidade de Nimoy).
Fui espreitar o perfil de Nimoy, e hoje é um veterano actor de 82 anos que também se dedica à poesia e literatura, à pintura e fotografia. 
Um homem de muitos ofícios e sabedoria.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Buster Keaton na "Twilight Zone"



Talvez não seja algo que toda a gente conheça, mas o actor e realizador Buster Keaton – génio da comédia muda burlesca a par de Charlie Chaplin – protagonizou um episódio da famosa série televisiva “Twilight Zone”.
Foi em 1961, tinha Keaton 65 anos de idade. O episódio em causa tinha por título “Once Upon a Time” e conta a história de um vulgar homem que vive no final do século XIX e que é transladado para meados do século XX através de um capacete que permite viajar no tempo. “Once Upon a Time” tem 25 minutos e a primeira metade é a mais interessante porque é aquela na qual Buster Keaton se sente como peixe na água.
Ou seja, como a acção se desenrola no final do século XIX, a narrativa decorre como se de um filme mudo se tratasse, sem palavras e muitos gags visuais.
A segunda parte, já com diálogos e sonoplastia, é mais desequilibrada mas, no cômputo geral, este episódio da célebre Twilight Zone cumpre na ousadia de uma fórmula original: juntar a ficção científica, o mistério e o humor burlesco.
E claro, por ser também um dos últimos momentos de brilhantismo no pequeno ecrã de Buster Keaton – só suplantado, 4 anos depois, por essa maravilhosa curta-metragem chamada “The Railrodder”.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Hitchcock predador sexual?



"The Girl" é um telefilme realizado por Julian Jarrold para o canal HBO Films que retrata a relação do cineasta Alfred Hitchcock com a actriz Tippi Hedren durante a rodagem do clássico "The Birds" (1963).
Neste filme, Toby Jones encarna um convincente Hitchcock (mais convincente do que Anthony Hopkins no filme "Hitchcock"): conseguiu quase na perfeição imitar os trejeitos do realizador, a pose e a forma tão peculiar de falar (demorava 4 horas na maquilhagem). Por sua vez, Sienna Miller interpreta a loura Tippi Hedren, com grande personalidade e carisma. 
"The Girl" é baseado no livro de Donald Spoto sobre a conturbada relação que Hitchcock manteve, ao longo da sua carreira, com as suas actrizes. O filme não é nada condescendente para com Hitch, uma vez que mostra um homem com uma relação turbulenta (e ciumenta) com a sua mulher Alma Reville e, mais importante, quer provar que o realizador era um implacável predador sexual repleto de fantasias eróticas bizarras e com uma fixação obsessiva com jovens louras e atraentes. De tal forma que, a dada altura, Hitchcock força um beijo na boca de Tippi Hedren, diz-lhe que a ama e faz chantagem emocional com ela durante as filmagens de "The Birds". Aliás, "The Girl" demonstra o estado de crueldade a que Hitchcock chegava para humilhar a actriz no estúdio, sujeitando-a a difíceis filmagens com pássaros reais que a atacavam fisicamente durante vários dias seguidos. 
Apesar deste telefilme ter tido globalmente críticas positivas, a verdade é que não se livrou de controvérsia, uma vez que muitas vozes se levantaram a defender a imagem pública de Alfred Hitchcock, negando este retrato negro e retorcido do realizador (que não corresponderá à realidade plena dos factos).
Polémicas de lado, a verdade é que vale a pena visionar "The Girl", não só porque nos mostra uma faceta aparentemente menos nobre de Hitchcock (em contraponto com um Hitchcock muito menos sombrio que Hopkins interpretou), como dá a conhecer a figura algo misteriosa e ambígua da actriz Tippi Hedren.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

O blues de Hugh Laurie




Hugh Laurie ficou mundialmente conhecido por interpretar o Dr. House na série de sucesso com o mesmo nome. Porém, Hugh Laurie não é apenas um carismático actor, é também um talentoso músico de blues. Há dois anos editou um promissor álbum de estreia intitulado "Let Them Talk". 
Agora acaba de lançar o segundo disco de nome "Didn't It Rain". É um disco de homenagem ao blues de Nova Orleães, com referências directas a alguns mestres deste género musical (entre temas originais e versões de "standards"). 
Já tive a oportunidade de ouvir o álbum na íntegra (pode ser ouvido aqui) e confirma-se o brilhantismo do actor-agora-músico: Hugh Laurie tem uma voz que encarna o verdadeiro espírito do blues, toca exemplarmente bem guitarra e piano e faz-se rodear de músicos de primeira categoria. E tem canções irresistíveis de expressivo feeling blues.
Como aperitivo, eis um videoclip quase em registo de curta-metragem:

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Não pensar, não existir, só assistir




Hoje fui surpreendido por um graffiti numa parede da minha cidade. É um graffiti tão simples mas inteligente e que transmite uma imensa verdade: hoje a televisão é sobretudo um veículo comunicacional que potencia o embrutecimento da população (já o referi várias vezes neste blogue, aliás). À frente do televisor o indivíduo deixa de ter "existência" própria e age consoante a ditadura da informação e do entretenimento que são veiculados pela "caixa mágica". Isto é, através de uma lavagem cerebral mais ou menos oculta, deixa de "pensar" e assume um papel totalmente submisso e passivo ("só assisto"). E quando falo em pensar, falo em pensar de forma crítica e racional. 
A televisão é um instrumento que estupidifica, que se submete ao controlo dos grandes grupos económicos e se rege unicamente pela ditadura das audiências, produzindo cada vez mais lixo, cada vez mais conteúdos fúteis e supérfluos. Ver televisão é cada vez mais uma actividade boçal e de total perda de tempo. 
Isto leva-me a pensar no magnífico - e premonitório - filme "Eles Vivem" (1988) de John Carpenter. Filme em que todos os meios de comunicação social eram dominados por extraterrestres que mantinham a aparência de um mundo real quando, na realidade, o que existia era um conjunto de ordens subliminares para a população "obedecer", "não protestar", "consumir", "ver televisão", "não pensar", "dormir"... A verdadeira realidade, tenebrosa e refém de interesses iníquos, só podia ser contemplada com uns óculos especiais...
Voltando ao graffiti e contrariando a sua mensagem: devemos cada vez mais "pensar" (criticamente e pelas nossas próprias cabeças), cada vez mais "existir" (em conformidade com os tempos actuais) e cada vez menos "assistir" (passivamente, sem reacção).

sexta-feira, 29 de março de 2013

A última aparição de Truffaut



Em 1984, o realizador francês François Truffaut, pouco tempo antes de morrer, fez a sua última aparição pública na televisão francesa. Foi no célebre programa cultural "Apostrophe" do não menos célebre jornalista Bernard Pivot. Neste programa, emitido em pleno horário nobre da televisão pública francesa (coisa rara hoje em dia),  discutiam-se temas culturais como literatura, teatro, cinema e música e com artistas de relevo em estúdio.
Em Abril de 1984, Truffaut foi convidado a falar sobre as entrevistas que fez a Alfred Hitchcock e que foram publicadas em livro. No mesmo programa estava também o realizador Roman Polanski. Entre todos (Pivot, Truffaut e Polanski), estabeleceu-se um diálogo muito interessante à volta do cinema de Hitchcock.
Depois desta entrevista ao programa de Pivot, o cineasta francês nunca mais apareceu na televisão nem realizou mais nenhum filme. Truffaut já sofria de um tumor cerebral maligno o qual, seis meses mais tarde, em Outubro de 1984, lhe tiraria a vida com apenas 51 anos de idade.
Eis um excerto da referida entrevista.

quinta-feira, 28 de março de 2013

"A Vida de Brian"

Fui ver ao cinema (TMG) o clássico dos Monty Python, "A Vida de Brian" (1979). Depois da exibição do filme, houve um debate (que eu próprio moderei) com convidados e com o público acerca do filme e da relação entre o humor e as religiões.
Já tinha visto o filme duas vezes há muitos anos, mas nunca me ri tanto como neste visionamento. O humor dos Monty Python exala inteligência a rodos, um humor por vezes provocatório, outras vezes, extremamente subtil e cirúrgico. Os jogos de equívocos, de linguagem/comunicação e o absurdo de situações sempre fizeram parte da estratégica cómica do grupo, mas neste filme estão mais vincados do que nunca (e o resultado é irresistivelmente cómico).
Além do mais, uma das conclusões do debate teve a ver com o facto de "A Vida de Brian" não ser apenas uma paródia sarcástica sobre as religiões (cristã e judaica), mas também uma sátira aos costumes sociais  políticos e culturais da época de Jesus Cristo, sem desvirtuar o contexto histórico em que a história se insere.
Daí que, mais de 30 anos após a realização desta obra magistral dos Python, esta mantenha uma assombrosa actualidade no contexto social, político e religioso. Os Python nunca quiseram que este filme fosse blasfemo (apesar das acusações injustas) ou insultuoso para com as crenças e dogmas religiosos. O que fizeram foi um filme sarcástico sobre o fundamentalismo de rituais e a alienação das massas perante a necessidade, a todo o custo, de criar e seguir Messias vazios de conteúdo.
E é um filme que faz pensar e aguça a inteligência (ao mesmo tempo que diverte) nesta quadra Pascal, ao contrário dos já maçadores pastelões mais do que repetidos nesta época nas televisões, como "Ben Hur" e quejandos.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Woody e o canguru

Em 1966, um jovem cómico em ascensão de nome Woody Allen participa no programa britânico "Hippodrome" dedicado a variados números de circo. Allen escolheu um duelo de boxe com um... canguru. Já Charlie Chaplin e Jacques Tati tinham demonstrado em seus filmes cenas hilariantes num ringue de boxe. Woody Allen não tem a mesma expressividade física que os dois autores citados, mas este torneio de boxe de um só round tem momentos bem divertidos com um final surpreendente (ou talvez não). 

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Não gosto...


Não gosto de ouvir mexer e mastigar pipocas ao meu lado na sala de cinema.
Não gosto de levar com gargalhadas histriónicas do espectador ao meu lado.
Não gosto da dificuldade de retirar o papel celofane dos CDs e de embalagens de gadgets.
Não gosto do excesso de publicidade dos canais televisivos durante os intervalos das séries ou filmes.
Não gosto das músicas que acabam em ‘fade-out’.
Não gosto das músicas com solos intermináveis de guitarra ou de 'gritinhos' estridentes do vocalista.
Não gosto de ler livros com mais de 500 páginas e com menos de 60.
Não gosto de revivalismos musicais serôdios e inconsequentes.
Não gosto de ver sempre os mesmos clichés nos filmes de acção.
Não gosto de telenovelas nem de séries juvenis.
Não gosto de sair da sala de cinema logo que o filme termina.
Não gosto de ouvir rádio que passa sempre as mesmas músicas durante anos.
Não gosto de locutores ignorantes que querem passar por inteligentes.
Não gosto da cultura imposta pela sociedade de consumo e do espectáculo.
Não gosto de ler poesia que não comunica com o leitor.
Não gosto de filósofos herméticos e impenetráveis.
Não gosto da quantidade absurda de livros editados por dia em Portugal.
Não gosto de ver as prateleiras das livrarias abarrotadas de best-sellers.
Não gosto de certos filmes menos inspirados de Woody Allen.
Não gosto de quem não gosta de discos de vinil.
Não gosto da exploração comercial de sequelas e prequelas.
Não gosto dos preços excessivos das caixas de DVD de colecção.
Não gosto de canções lamechas e de filmes lamechas.
Não gosto da música em alto volume nos espaços públicos.
Não gosto da presença da televisão nos restaurantes.
Não gosto de ouvir “Eu ouço todos os tipos de música”
Não gosto de ficar decepcionado com um filme ou um disco que julgava excelente.
Não gosto de comentários autoritários e ‘sabidões’ sobre um filme.
Não gosto de quem não aceita a opinião contrária.
Não gosto de filmes "franchizados".
Não gosto de ver animais “morrer” no cinema.
Não gosto de políticos vendidos, evangelizadores, padres moralistas, falsos messias, vendedores da banha da cobra, economistas presunçosos, delatores, neo-liberais e pseudo-intelectuais de esquerda.
Não gosto…
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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

"Homeland", a boa ficção em televisão

Há quem defenda que, desde há uns anos a esta parte, se tem visto melhor ficção em certas séries de televisão do que no cinema. Estou tentado a concordar. Não só pelo exemplo de excelentes séries recentes ("The Sopranos", "Lost", "Dexter", "Mad Men", "House", etc), como séries que têm pouco mais de um ano de vida.
Refiro-me especificamente a "Homeland" ("Segurança Nacional") transmitida em Portugal pelo canal Fox. Com excelentes interpretações dos protagonistas, Claire Danes e Damian Lewis, "Homeland" é um prodígio de boa escrita para televisão. Não terá sido por acaso que, ao fim da primeira temporada, ganhou os Emmys que pareciam destinados à consagrada série "Mad Men".
Em Portugal apenas está a ser exibido o terceiro episódio da segunda temporada (quase em simultâneo da exibição nos EUA), e a qualidade geral mantém-se sempre a crescer.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O papel da televisão

"A televisão tem um papel muito educativo para mim: sempre que alguém a liga em minha casa corro à prateleira buscar um livro para ler".
Groucho Marx


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Um clássico musical de espionagem

É sempre uma questão subjectiva de gosto pessoal, mas este é o meu tema preferido de música que se encaixa no género de "espionagem" (cinema e televisão). Esta música é o tema principal da série policial "The Man From "U.N.K.L.E." (exibida na televisão norte-americana entre 1964 e 1968).
O ambiente musical criado - com os sopros a pontuar o suspense, os riffs de guitarra e a parte rítmica bem vincada - é soberbo. A composição é do americano Hugo Montenegro, figura importante da música para cinema e televisão dos anos 60, mas pouco conhecido face a outros nomes mais sonantes como Lalo Schifrin ou Henry Mancini (ficou também conhecido por ter feito uma remistura de sucesso para o clássico tema "The Good, the Bad and the Ugly" de Ennio Morricone). 

quinta-feira, 19 de julho de 2012

A colecção Monty Python

Em Portugal, as melhores colecções de filmes em DVD nos últimos anos (de iniciativa dos jornais) tem sido da responsabilidade do jornal Público. As colecções deste jornal manifestam critério rigoroso e instinto de qualidade ao mais alto nível: filmes de culto, clássicos intemporais, cinema independente contemporâneo, etc.
Por isso, a nova colecção promete ser histórica, uma vez que se trata de editar 7 DVDs (todas as sextas, a partir de amanhã, 20 de Julho, por apenas mais 2,99€) contendo a primeira serie televisiva "Malucos do Circo" ("Monty Python Flying Circus") dos Monty Python, verdadeiro manifesto do humor revolucionário e "non sense" que iria caracterizar a obra destes "terroristas do humor britanico". Imperdível para fãs dos Monty Python (John Cleese e companhia) e imperdível para quem quer começar a conhecer o humor surrealista deste colectivo ímpar de humoristas.
Porque, afinal de contas, como o titulo desta colecção indica, "O humor nasceu com os Monty Python".