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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O poder da música

"A música pode livrar-nos da depressão, é um remédio, um tónico, é 'sumo de laranja' para os ouvidos. Para muitos dos meus pacientes neurológicos, a música é ainda mais outra coisa: ela tem o poder que nenhuma medicação tem para o falar, para o movimento, para a vida. Para esses pacientes, a música não é um luxo, é uma necessidade."

Oliver Sacks (1933 - 2015)

sábado, 4 de abril de 2015

Oliver Sacks: vida, música, ciência e morte


Oliver Sacks está a morrer.

Aos 81 anos, o conhecido neurologista e escritor americano, sabe que lhe restam apenas uns meses de vida devido a um cancro terminal. Ficou mundialmente famoso com o livro "Despertares" adaptado ao cinema por Penny Marshall em 1990 que contou com os actores Robin Williams e Robert de Niro. É autor do brilhante livro "Musicofilia", o qual relaciona doenças do foro neurológico com a música.

Apesar do diagnóstico clínico ser terrível, o seu optimismo é desconcertante: "I feel intensely alive, and I want and hope in the time that remains to deepen my friendships, to say farewell to those I love, to write more, to travel if I have the strength, to achieve new levels of understanding and insight."

Oliver Sacks tem dedicado parte da sua vida a estudar a influência que a música tem nos seus doentes, nomeadamente, naqueles que sofrem de doenças degenerativas como Alzheimer ou Parkinson. O resultado das suas investigações e experiências revela que os sons são um remédio para a demência (não é novidade absoluta), mas que também podem levar à loucura uma pessoa mentalmente sã (esta afirmação já contém alguma novidade). Sacks revela um caso de um pianista que sofreu de uma variante grave de Parkinson que mal se conseguia mover com espasmos nervosos. Um dia, sentou-se ao piano e interpretou brilhantemente um "Nocturno" de Chopin. Assim que parou de tocar, voltaram os sintomas da sua doença. Este é apenas um exemplo (entre muitos) do poder que a música exerce sobre o nosso cérebro.

A mais recente técnica de pesquisa cerebral - a ressonância magnética funcional, demonstra que ainda há muito para descobrir sobre o modo como o cérebro humano responde aos estímulos sonoros e musicais. Mas uma coisa é certa - a música tem propriedades terapêuticas incríveis (a musicoterapia é uma ciência comprovada). Já Edwin Gordon, reputado teórico que dedicou a sua vida à influência da música no desenvolvimento cognitivo, provara isso mesmo.

Oxalá Oliver Sacks consiga debelar o mais possível o seu mal para ter tempo de investigação para novas e brilhantes descobertas sobre a importância da música nas nossas vidas.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Música substitui cocaína?


"Ouvir boa música desperta no ser humano sensações de euforia e adrenalina, equivalentes ao consumo de cocaína. O estudo desenvolvido pela Universidade de Montreal, no Canadá, defende que ouvir boa música solta no cérebro uma substância chamada dopamina (associada à sensação de bem-estar e de prazer), que tem como função estimular os sistema nervoso central".
(in revista Sábado).
______________
Primeira pergunta: quais os critérios para definir e identificar "boa música"?
Segunda pergunta: será que os toxicodependentes de cocaína irão passar a substituir esta substância de consumo ilegal por música?
Terceira pergunta: por associação, ouvir "má música" (seja o que se entenda por tal), pode, proporcionalmente, provocar sensações negativas e depressivas no sistema nervoso central?
Quarta pergunta: o Oliver Sacks já foi ouvido sobre este assunto?

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Ver um filme... sem ver

A revista Sábado desta semana publica uma curiosa reportagem sobre a experiência de uma jornalista que viu um filme no cinema com... os olhos vendados. Ou seja, só percepcionou o filme apenas através do som. O filme em causa foi "O Americano", segunda obra sofrível do realizador de "Control", Anton Corbijn.
A jornalista que se sujeitou a esta experiência, Andreia Costa, relata as sensações vividas. Refere que o facto de não ter tido contacto visual com as imagens e ser estimulada, apenas, pelos sons, a levou a exercitar o seu imaginário. Isto é, face a determinado som, a jornalista imaginava a acção, só que confundiu inúmeras situações: o som de um berbequim pareceu-lhe tratar-se de um homem a fazer a barba, e imaginou situações e detalhes que, na verdade, nunca aconteceram no filme. Ainda assim, assegura que "percebeu" 80% da história (desconfio desta percentagem...).
Andreia Costa diz também que sentiu algum desconforto por ter estar o tempo todo do filme com os olhos tapados. No dia seguinte, a jornalista voltou à sala de cinema para ver normalmente o filme de forma a comparar as versões.
Esta experiência é interessante, até pelo simples facto de que a visão é o sentido mais utilizado pelo homem para entender o mundo que o rodeia. Privados deste poderoso sentido, perdemos referências fundamentais à nossa volta. E a verdade é que a experiência de ver um filme apenas com o som provoca no espectador novos estímulos cerebrais e incrementa a sua capacidade de imaginação (como aconteceu com o filme "Branca de Neve" de João César Monteiro).
Esta experiência leva-me a pensar noutra vertente muito importante da questão: como é que os cegos percepcionam um filme ou uma série de televisão? Perante a ausência de imagens, os cegos podem compreender a essência de um filme só com os estímulos sonoros? (acho que o neurologista Oliver Sacks seria capaz de dar uma resposta conclusiva).
E mais: quem de nós seria capaz de aceitar este desafio de ver um filme de olhos vendados? Dependeria do tipo de filme a ver (imaginem um filme de terror)? Da predisposição psicológica ou emocional? Do gosto pela experiência?...

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Que grande ano literário...

Que grande ano literário seria 2011 se surgirem edições de novos livros de Oliver Sacks, Sam Harris, Bret Easton Ellis, Paul Auster, Martin Amis, Antonio Tabuchi, Slavoj Zizek, Alex Ross, Günter Grass, Richard Dawkins, Ian Kershaw, Philip Roth, Comarc McCarthy, Denis Johnson, Jonathan Littell, Julio Cortázar, Kjell Askildsen, Chuck Palahniuk, Gilles Lipovetsky, Cristopher Hitchens, Jonah Lherer, Orhan Pamuk, Imre Kertész, Francis Fukuyama, Umberto Eco, Bill Bryson, J.M. Coetzee, Bernard-Henri Levy, Le Clézio, Pedro Mexia, Eduardo Lourenço, Maria Filomena Mónica, António Barreto ou José Gil.
Era bom, não?

sábado, 25 de setembro de 2010

Música e loucura


Oliver Sacks, conhecido neurologista e escritor americano, ficou mundialmente famoso com o livro "Despertares" adaptado ao cinema por Penny Marshall em 1990, e que contava com os actores Robin Williams e Robert de Niro. É autor do brilhante livro "Musicofilia", o qual relaciona doenças do foro neurológico com a música.
Sacks tem dedicado parte da sua vida a estudar a influência que a música tem nos seus doentes, nomeadamente, naqueles que sofrem de doenças degenerativas como Alzheimer ou Parkinson. O resultado das suas investigações e experiências revela que os sons são um remédio para a demência (não é novidade absoluta), mas que também podem levar à loucura uma pessoa mentalmente sã (esta afirmação já contém alguma novidade).
Sacks revela um caso de um pianista que sofreu de uma variante grave de Parkinson que mal se conseguia mover com espasmos nervosos. Um dia, sentou-se ao piano e interpretou brilhantemente um "Nocturno" de Chopin. Assim que parou de tocar, voltaram os sintomas da sua doença. Este é apenas um exemplo (entre muitos) do poder que a música exerce sobre o nosso cérebro. A mais recente técnica de pesquisa cerebral - a ressonância magnética funcional, demonstra que ainda há muito para descobrir sobre o modo como o cérebro humano responde aos estímulos sonoros e musicais. Mas uma coisa é certa - a música tem propriedades terapêuticas incríveis (a musicoterapia é uma ciência comprovada). Já Edwin Gordon, reputado teórico que dedicou a sua vida à influência da música no desenvolvimento cognitivo, provara isso mesmo.
Por seu lado, o livro "O Efeito Mozart", editado há uns anos em Portugal, já demonstrara inúmeras provas de como a música exerce um poder curativo e regenerador no homem (e não só no homem, uma vez que está comprovado que a música de Mozart incrementa o crescimento de plantas e a produção de leite nas vacas).
Quanto à questão da música poder levar à loucura é algo muito mais difícil de comprovar. É o mesmo que afirmar que a pintura ou a escultura ou o cinema levam também à loucura. Se não há predisposição para qualquer tipo de esquizofrenia ou paranóia, se não há outros estímulos e circunstâncias que ajudem a desenvolver comportamentos de loucura clínica em alguém, como se pode afirmar que a música, por si mesma, "leva à loucura"? Ficaremos loucos se ouvirmos de forma patológica determinado disco, género musical ou grupo? Será que o death metal ouvido pelos jovens influencia actos de violência (como já foi sugerido?). Será que ouvindo obsessivamente Leonard Cohen ou Erik Satie entramos em depressão? Neste campo teórico, é muito mais perigoso e difícil comprovar laços de causa-efeito.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Música e cegueira


O meu primeiro professor de música era cego. Teria uns 9 ou 10 anos e recordo-me da impressão que me fazia ver um cego a tocar tão bem piano e guitarra. “Como é que ele consegue?”, perguntava na minha ingenuidade infantil. A verdade é que só mais tarde percebi que os cegos têm uma aptidão especial para a aprendizagem musical. Mais tarde, já no curso superior de música, estudei os mecanismos cerebrais para a aquisição e desenvolvimento da linguagem musical, que nos cegos são particularmente desenvolvidos. Reporto-me, uma vez mais, ao livro Musicofilia de Oliver Sacks. Nem de propósito, no capítulo 13 do livro, o neurologista aborda o tema: “Um Mundo Auditivo: Música e Cegueira”. Oliver Sacks começa por dizer que, quando era miúdo e aprendeu musica, julgava que todos os afinadores de piano eram cegos. Diz ainda que num estudo, descobriu que 40 a 60 por cento das crianças cegas tinham ouvido absoluto (a capacidade de identificar notas musicais isoladas e seus intervalos só pela audição). Nos músicos com visão normal essa capacidade é de apenas 10 por cento, enquanto que nos músicos cegos sobe para uns incríveis 60 por cento. É a prova de que o córtex cerebral responsável pela aprendizagem da linguagem musical se desenvolve mais nas pessoas cegas.

A imagem do músico cego (e do poeta cego) tem uma ressonância histórica quase mítica no imaginário popular. Durante séculos foram os músicos cegos que animavam as festas populares. Tocadores cegos de flauta, harmónica, harpa, cavaquinho, sanfona ou concertina existiam um pouco por todos os povos europeus (assim como na Ásia). O encaminhamento das pessoas cegas para a interpretação é, em parte, um fenómeno social, visto que os cegos eram considerados como estando impedidos de exercer muitas outras profissões. Já durante o século XX, talentosos cantores e tocadores cegos conseguiram fama e reconhecimento artístico, sobretudo, no blues, jazz e gospel: Stevie Wonder, Ray Charles, Art Tatum, José Feliciano, Doc Watson, Ronnie Milsap ou Rahsaan Roland Kirk. Muitos outros músicos juntaram ao seu nome a palavra “Blind”, quase como um título honorífico: Blind Lemon Jefferson, Blind Willie McTell, Blind Willie Johnson e Blind Boys of Alabama. Em Portugal houve uma considerável tradição de músicos e bardos cegos que tocavam nas aldeias. De forma a homenagear o papel desses músicos cegos, o cantor e músico César Prata (ex-elemento dos Chuchurumel) efectuou uma pesquisa de canções tocadas por cegos e dinamizou o projecto “Canções do Ceguinho”, no qual canta canções que outrora fizeram parte do repertório de cegos. Uma forma especial de preservar parte do património musical popular e tradicional português. São canções que contam histórias de faca e alguidar e que povoavam o universo sonoro das feiras e romarias de antigamente.

O poder da música

"Li muitas vezes que a musica é uma realidade completamente distinta. Foi só nos últimos dias de vida do meu pai que comecei a compreender o poder da musica. Quase com cem anos, o meu pai começara a perder a noção da realidade. Devido à doença de Alzheimer, o seu discurso começou a ficar desconexo, os pensamentos isolados, a memória fragmentada e confusa. Quando a conversa começava a ficar dispersa colocava um CD de musica clássica de que ele gostasse, carregava no play e via a transformação.O mundo do meu pai passava a ser lógico e claro. Já não havia confusão, falhas, não ficava perdido e, o mais surpreendente de tudo, não se esquecia. Era um território familiar. Por vezes o meu pai respondia à beleza da musica chorando simplesmente. Como é que podia emocionar-se com esta musica se se tinha esquecido de todas as outras emoções da sua vida – a minha mãe, a minha irmã e eu em crianças, as alegrias do trabalho, da comida, do viajar e da família? Onde é que a música lhe tocava? Onde está a paisagem onde não há esquecimento? Como é que se libertou de outra memória, uma memória do coração que não está presa ao tempo ou ao lugar, aos acontecimentos ou mesmo aos seus amados?"

Carta de Kathryn Koubek a Oliver Sacks, in “Musicofilia” (Relógio D’Água)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Musicofilia



Estou a ler e a adorar. O cérebro e a música, a música e o cérebro. Uma relação extraordinária, complexa, e ainda não totalmente conhecida, que o famoso neurologista inglês desvenda. Neste livro, Oliver Sacks aborda múltiplos casos clínicos acerca da influência que a música exerce nas funções cerebrais. Nesta obra, podemos também ficar a conhecer casos raros, como pacientes com doenças degenerativas cujos sintomas recuam através do seu contacto com a música, homens adultos que apanhados por um relâmpago desenvolvem um gosto obsessivo por música para piano, chegando a conseguir atingir um significativo domínio do instrumento, maestros que são atacados por estranhas formas de amnésia que os fazem tudo esquecer, menos a sua capacidade para dirigir e cantar, etc.
"Musicofilia" tem a tradução, nalguns países (como o Brasil), de "Alucinações Musicais". Não esqueçamos que Oliver Sacks é o autor de dois livros célebres sobre psiquiatria: "O Homem que Confundiu a sua Mulher Com um Chapéu" e "Despertares", este último, adaptado ao cinema por Penny Marshall em 1990 (com Robert de Niro). Um excelente livro para conhecer melhor as diferentes dimensões da audição musical e do efeito que a música tem na psicologia humana. Mais informação brevemente.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Top 2008

Balanço

Último dia do ano. Tal como fiz o balanço no final de 2007, estas são as minhas escolhas para o ano de 2008. Não sei se são as melhores. São aquelas que gostei de desfrutar ao longo do ano. Uma selecção pessoal. Nada mais. Mas há uma confissão a fazer: no fim de um ano de imensa produção cultural, a sensação com que fico é de uma certa frustração incómoda. Isto porque, depois das escolhas feitas, fico sempre com a nítida impressão de que ficaram muitas mais referências de fora que não tive oportunidade de conhecer. Muitos filmes que não vi, muitos discos que não ouvi, muitos livros que não li. A produção cultural é cada vez maior e torrencial a cada ano que passa. Milhares e milhares de objectos culturais são despejados para o mercado, quase indistintamente. Descortinar a qualidade no meio da quantidade é cada vez mais difícil e ingrato.

A própria comunicação social sente-se incapaz de dar vazão a tanta informação. E por isso, certos discos e filmes importantes são por vezes relegados para o fundo da prateleira por falta de espaço editorial ou por conflitos de interesses jornalísticos. Conseguir fazer uma selecção criteriosa dos produtos de qualidade dos que não têm interesse nenhum, exige esforço redobrado do cidadão comum para recolher cada vez mais informação (através de revistas, internet, jornais, rádio…) de molde a definir a sua própria opinião. O tempo é escasso para fruir (e usufruir) as propostas mais interessantes (no fundo, resume-se tudo ao que disse neste post). Ainda há filmes, discos e livros que ainda não conheço mas que provavelmente entrariam para a lista de preferências que se seguem... Agora é esperar que 2009 entre em força com boas e novas propostas.

Filmes:

Ainda não vi “Corações” de Alain Resnais, “A Turma” de Laurent Cantet, “Quatro Noites com Anna” de Jerzy Skolimowski, “O Homem de Londres” de Béla Tarr, “Destruir Depois de Ler” de Ethan e Joel Coen, “A Ronda da Noite” de Peter Greenaway, “Antes que o Diabo Saiba que Morreste” de Sidney Lumet, “Fome” de Steve McQueen, “Gomorra” de Matteo Garrone, “Em Bruges” de Martin McDonagh, “Austrália” de Baz Luhrmann…

1 – “Este País Não é Para Velhos” – Ethan e Joel Coen
2 – “Alexandra” – Alexander Sokurov
3 – “4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias” – Cristian Mungiu
4 – “No Vale de Elah” – Paul Haggis
5 – “Haverá Sangue” – Paul Thomas Anderson
6 – “O Segredo de um Cuzcuz” - Abdellatif Kechiche
7 – “O Lado Selvagem” – Sean Penn
8 – “Sweeney Todd” – Tim Burton
9 – “The Darjeeling Limited” – Wes Anderson
10 – “Os Falsificadores” - Stefan Ruzowitzky
11 – “Wall-E” – Andrew Stanton
12 – “Nós Controlamos a Noite” – James Gray
13 – “O Assassínio de Jesse James pelo Cobarde Robert Ford” – Andrew Dominik
14 – “O Orfanato” - Juan Antonio Bayona
15 – “Michael Clayton” – Tony Gilroy
16 – “Joy Division” – Grant Gee
17 – “The Mist” – Frank Darabont
18 – “O Acontecimento” - M. Night Shyamalan

Discos:

Apesar do hype da imprensa, ainda não ouvi discos como Fleet Foxes, Beach House, Dirty Projectors, Bon Iver, Evan Parker, Hercules & Love Affair, Silver Jews, The Dodos, Fennesz, Cut Copy, Hot Chip, She and Him…

1 - Secret Chiefs 3 – “Xaphan Book of Angels Volume 9”
2 - Leila – “Blood, Looms and Blooms””
3 - Clutchy Hopkins – “Walking Backwards”
4 - TV On The Radio – “Dear Science”
5 - Man Man – “Rabbit Habits”
6 - Portishead – “Third”
7 - Bombay Dub Orchestra – “3 Cities”
8 - Metaform – “Standing on the Shouders og Giants”
9 - Tricky – “Knowle West Boy”
10 - Stag Hare – “Black Medicine Music”
11 - Amon Tobin – “Foley Room Recorded Live In Brussels”
12 - Camille – “Music Hole”
13 - Nico Muhly – “Mothertongue”
14 - Gang Gang Dance – “Saint Dymphna”
15 - Devotchka – “A Mad And Faithful Telling”
16 - Girl Talk – “Feed the Animals”
17 – DJ Rupture – “Uproot”
18 - Fuck Buttons – “Street Horrrsing”
19 - Original Silence – “The Second Original Silence”
20 - Santogold – “Santogold”
21 - Firewater – “The Golden Hour”
22 - Matmos – “Supreme Baloon”
23 - Boredoms – “Super Roots #9”
25 - Paavoharju – “Laulu Laakson Kukista”
25 - Vampire Weekend – “Vampire Weekend”
26 - Ladytron – “Velocifero”
27 - The Bug – “London Zoo”
28 - Brazillian Girls – “New York City”
29 - Melvins – “Nude With Boots”
30 - Spiritualized – “Songs in A & E”

Discos portugueses:

Confesso que não fui um ouvinte regular de música portuguesa em 2008. Mas do que fui ouvindo ao longo do ano, gostei de: Deolinda, A Naifa, Mandrágora, Rocky Marsiano, peixe : avião, Linda Martini, Mesa, Melech Mechaya, Mikado Lab, Gala Drop, The Vicious Five, Mão Morta, Dead Combo…

Livros

Queria ter lido (espero ainda ler durante 2009): “Os Nus e os Mortos” de Norman Mailer, “Histórias de Amor” de Robert Wasler, “A Derrocada de Baliverna” de Dino Buzzati, “Contos Completos” de Truman Capote, “Correcção” de Thomas Bernhard, “Castelos Perigosos” de Céline, “Musicofilia” de Oliver Sacks, “O Jovem Estaline” de Simon Montefiore…

1 - “Sonderkommando” – Shlomo Venezia
2 – “Lacrimae Rerum” – Slavoj Zizek
3 – “A Monstruosidade de Cristo” – Slavoj Zizek
4 – “A Filosofia Segundo Woody Allen” - Vários autores
5 – “A Filosofia Segundo Alfred Hitchcock” – Vários autores
6 – “Em Busca do Grande Peixe” – David Lynch
7 – “A Febre” – Jean-Marie Le Clézio
8 – “O Jogo do Mundo” – Júlio Cortázar
9 – “O Homem Sem Qualidades Vol.1” – Robert Musil
10 – “Património” - Philip Roth
11 – “Toda a Música que eu Conheço” – António Victorino D’Almeida
12 – “Homem na Escuridão” - Paul Auster

Edições em DVD

Caixa “John Cassavetes”
Caixa “Hal Hartley”
Caixa “Wim Wenders”
Caixa "Mel Brooks"
“O Estranho Mundo de Jack”
– Edição Especial
“Casablanca” – Edição Coleccionador
“The General – Pamplinas Maquinista” – Ed. Especial
“Vertigo – A Mulher que Viveu Duas Vezes” – Ed. Especial
“Hstória(s) do Cinema” – Jean-Luc Godard
“Holocausto”
“Um Coração Selvagem” – Ed. Limitada
“Eraserhead” – Ed. Especial
"Vem e Vê" - Elem Klimov
“Control” – Ed. Especial
Coleccção Manoel de Oliveira
Coleccção “The Godfather – O Padrinho” – Ed. De Luxo
(...)

Embirrações do ano: Amy Winehouse, Tony Carreira, Tokio Hotel e "Rock in Rio"
Conflito do ano: concertos simultâneos de Leonard Cohen e Lou Reed
Acontecimento do ano: centenário de Manoel de Oliveira e Elliott Carter
Adeus: Luiz Pacheco, Bettie Page, Paul Newman, Sydney Pollack, Heath Ledger, Eartha Kitt, Albert Cossery, Harold Pinter, Humberto Solas, Pedro Bandeira Freire, Arthur C. Clarke
Boa notícia: regresso às bancas da revista de cinema Premiere e experiência 3D no cinema ("Bolt", "Viagem ao Centro da Terra"...). Abertura da Cinemateca do Porto.
Má notícia: encerramento da livraria Byblos. Preço dos livros, DVDs e CDs.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

A futura condição pós-humana


Na sequência do post sobre Oliver Sacks, sugiro a leitura do livro "O Nosso Futuro Pós-Humano" de Francis Fukuyama (sim, o mesmo de "O Fim da História e o Último Homem"). Neste livro, o autor disserta sobre como a biotecnologia, a nanotecnologia, a genética molecular, entre outras ramificações avançadas da ciência, vão revolucionar (estão já a revolucionar) a condição humana, e gerar a condição pós-humana.
Na esteira deste livro (e de outros que serão abordados oportunamente), está a crescer cada vez mais uma corrente (simultaneamente) filosófica e tecnológica designada Transhumanismo: tem como ideal a superação das limitações físicas e mentais do homem com a ajuda da ciência e da razão com vista à eliminação da doença, do envelhecimento e, um dia quem sabe, da própria morte. Não é ficção científica e alguns dos mais reputados cientistas do mundo trabalham com vista à consumação dos objectivos transhumanistas: aqui e aqui.

Oliver Sacks - a música cura e enlouquece


A última revista Sábado traz uma entrevista com Oliver Sacks, conhecido neurologista americano. Ficou mundialmente famoso com o livro "Despertares" adaptado ao cinema por Penny Marshall em 1990, e que contava com os actores Robin Williams e Robert de Niro. Sacks tem dedicado parte da sua vida a estudar a influência que a música tem nos seus doentes, nomeadamente, naqueles que sofrem de doenças degenerativas como Alzheimer ou Parkinson. O resultado das suas investigações e experiências revela que os sons são um remédio para a demência (não é novidade absoluta), mas que também podem levar à loucura uma pessoa mentalmente sã (esta afirmação já contém alguma novidade). Conta um caso de um pianista que sofre de uma variante grave de Parkinson que mal se conseguia mover com espasmos nervosos. Um dia senta-se ao piano e interpreta brilhantemente um "Nocturno" de Chopin. Assim que parou de tocar, voltaram os sintomas da sua doença. Este é apenas um exemplo (entre muitos) do poder que a música exerce sobre o nosso cérebro. A mais recente técnica de pesquisa cerebral - a ressonância magnética funcional, demonstra que ainda há muito para descobrir sobre o modo como o cérebro humano responde aos estímulos sonoros e musicais. Mas uma coisa é certa - a música tem propriedades terapêuticas incríveis (a musicoterapia é uma ciência comprovada). Já Edwinn Gordon, reputado teórico
O livro "O Efeito Mozart", editado há uns anos em Portugal, demonstra inúmeras provas de como a música exerce um poder curativo e regenerador no homem (e não só no homem, uma vez que está comprovado que a música de Mozart incrementa o crescimento de plantas e a produção de leite nas vacas). Quanto à questão da música poder levar à loucura é algo muito mais difícil de comprovar. É o mesmo que afirmar que a pintura ou a escultura ou o cinema levam também à loucura. Se não há predisposição para qualquer tipo de esquizofrenia ou paranóia, se não há outros estímulos e circunstâncias que ajudem a desenvolver a loucura em alguém, como se pode afirmar que a música, por si mesma, "leva à loucura"? Ficaremos loucos se ouvirmos de forma patológica determinado disco, género musical ou grupo? Será que o Death Metal ouvido pelos jovens influencia actos de violência (como já foi sugerido?). Será que ouvindo obsessivamente Leonard Cohen ou Erik Satie entramos em depressão? Neste campo teórico, é muito mais perigoso e difícil comprovar laços de causa-efeito.
Oliver Sacks terá de trabalhar ainda muito para provar esta premissa teórica.