segunda-feira, 31 de agosto de 2015
O poder da música
sábado, 4 de abril de 2015
Oliver Sacks: vida, música, ciência e morte
Aos 81 anos, o conhecido neurologista e escritor americano, sabe que lhe restam apenas uns meses de vida devido a um cancro terminal. Ficou mundialmente famoso com o livro "Despertares" adaptado ao cinema por Penny Marshall em 1990 que contou com os actores Robin Williams e Robert de Niro. É autor do brilhante livro "Musicofilia", o qual relaciona doenças do foro neurológico com a música.
Oliver Sacks tem dedicado parte da sua vida a estudar a influência que a música tem nos seus doentes, nomeadamente, naqueles que sofrem de doenças degenerativas como Alzheimer ou Parkinson. O resultado das suas investigações e experiências revela que os sons são um remédio para a demência (não é novidade absoluta), mas que também podem levar à loucura uma pessoa mentalmente sã (esta afirmação já contém alguma novidade). Sacks revela um caso de um pianista que sofreu de uma variante grave de Parkinson que mal se conseguia mover com espasmos nervosos. Um dia, sentou-se ao piano e interpretou brilhantemente um "Nocturno" de Chopin. Assim que parou de tocar, voltaram os sintomas da sua doença. Este é apenas um exemplo (entre muitos) do poder que a música exerce sobre o nosso cérebro.
A mais recente técnica de pesquisa cerebral - a ressonância magnética funcional, demonstra que ainda há muito para descobrir sobre o modo como o cérebro humano responde aos estímulos sonoros e musicais. Mas uma coisa é certa - a música tem propriedades terapêuticas incríveis (a musicoterapia é uma ciência comprovada). Já Edwin Gordon, reputado teórico que dedicou a sua vida à influência da música no desenvolvimento cognitivo, provara isso mesmo.
Oxalá Oliver Sacks consiga debelar o mais possível o seu mal para ter tempo de investigação para novas e brilhantes descobertas sobre a importância da música nas nossas vidas.
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Música substitui cocaína?

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Ver um filme... sem ver
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Que grande ano literário...
sábado, 25 de setembro de 2010
Música e loucura

Quanto à questão da música poder levar à loucura é algo muito mais difícil de comprovar. É o mesmo que afirmar que a pintura ou a escultura ou o cinema levam também à loucura. Se não há predisposição para qualquer tipo de esquizofrenia ou paranóia, se não há outros estímulos e circunstâncias que ajudem a desenvolver comportamentos de loucura clínica em alguém, como se pode afirmar que a música, por si mesma, "leva à loucura"? Ficaremos loucos se ouvirmos de forma patológica determinado disco, género musical ou grupo? Será que o death metal ouvido pelos jovens influencia actos de violência (como já foi sugerido?). Será que ouvindo obsessivamente Leonard Cohen ou Erik Satie entramos em depressão? Neste campo teórico, é muito mais perigoso e difícil comprovar laços de causa-efeito.
sábado, 21 de fevereiro de 2009
Música e cegueira

O meu primeiro professor de música era cego. Teria uns 9 ou 10 anos e recordo-me da impressão que me fazia ver um cego a tocar tão bem piano e guitarra. “Como é que ele consegue?”, perguntava na minha ingenuidade infantil. A verdade é que só mais tarde percebi que os cegos têm uma aptidão especial para a aprendizagem musical. Mais tarde, já no curso superior de música, estudei os mecanismos cerebrais para a aquisição e desenvolvimento da linguagem musical, que nos cegos são particularmente desenvolvidos. Reporto-me, uma vez mais, ao livro “Musicofilia” de Oliver Sacks. Nem de propósito, no capítulo 13 do livro, o neurologista aborda o tema: “Um Mundo Auditivo: Música e Cegueira”. Oliver Sacks começa por dizer que, quando era miúdo e aprendeu musica, julgava que todos os afinadores de piano eram cegos. Diz ainda que num estudo, descobriu que 40 a 60 por cento das crianças cegas tinham ouvido absoluto (a capacidade de identificar notas musicais isoladas e seus intervalos só pela audição). Nos músicos com visão normal essa capacidade é de apenas 10 por cento, enquanto que nos músicos cegos sobe para uns incríveis 60 por cento. É a prova de que o córtex cerebral responsável pela aprendizagem da linguagem musical se desenvolve mais nas pessoas cegas.
A imagem do músico cego (e do poeta cego) tem uma ressonância histórica quase mítica no imaginário popular. Durante séculos foram os músicos cegos que animavam as festas populares. Tocadores cegos de flauta, harmónica, harpa, cavaquinho, sanfona ou concertina existiam um pouco por todos os povos europeus (assim como na Ásia). O encaminhamento das pessoas cegas para a interpretação é, em parte, um fenómeno social, visto que os cegos eram considerados como estando impedidos de exercer muitas outras profissões. Já durante o século XX, talentosos cantores e tocadores cegos conseguiram fama e reconhecimento artístico, sobretudo, no blues, jazz e gospel: Stevie Wonder, Ray Charles, Art Tatum, José Feliciano, Doc Watson, Ronnie Milsap ou Rahsaan Roland Kirk. Muitos outros músicos juntaram ao seu nome a palavra “Blind”, quase como um título honorífico: Blind Lemon Jefferson, Blind Willie McTell, Blind Willie Johnson e Blind Boys of Alabama. Em Portugal houve uma considerável tradição de músicos e bardos cegos que tocavam nas aldeias. De forma a homenagear o papel desses músicos cegos, o cantor e músico César Prata (ex-elemento dos Chuchurumel) efectuou uma pesquisa de canções tocadas por cegos e dinamizou o projecto “Canções do Ceguinho”, no qual canta canções que outrora fizeram parte do repertório de cegos. Uma forma especial de preservar parte do património musical popular e tradicional português. São canções que contam histórias de faca e alguidar e que povoavam o universo sonoro das feiras e romarias de antigamente.
O poder da música

Carta de Kathryn Koubek a Oliver Sacks, in “Musicofilia” (Relógio D’Água)
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Musicofilia

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
Top 2008
Último dia do ano. Tal como fiz o balanço no final de 2007, estas são as minhas escolhas para o ano de 2008. Não sei se são as melhores. São aquelas que gostei de desfrutar ao longo do ano. Uma selecção pessoal. Nada mais. Mas há uma confissão a fazer: no fim de um ano de imensa produção cultural, a sensação com que fico é de uma certa frustração incómoda. Isto porque, depois das escolhas feitas, fico sempre com a nítida impressão de que ficaram muitas mais referências de fora que não tive oportunidade de conhecer. Muitos filmes que não vi, muitos discos que não ouvi, muitos livros que não li. A produção cultural é cada vez maior e torrencial a cada ano que passa. Milhares e milhares de objectos culturais são despejados para o mercado, quase indistintamente. Descortinar a qualidade no meio da quantidade é cada vez mais difícil e ingrato.
Filmes:
Ainda não vi “Corações” de Alain Resnais, “A Turma” de Laurent Cantet, “Quatro Noites com Anna” de Jerzy Skolimowski, “O Homem de Londres” de Béla Tarr, “Destruir Depois de Ler” de Ethan e Joel Coen, “A Ronda da Noite” de Peter Greenaway, “Antes que o Diabo Saiba que Morreste” de Sidney Lumet, “Fome” de Steve McQueen, “Gomorra” de Matteo Garrone, “Em Bruges” de Martin McDonagh, “Austrália” de Baz Luhrmann…

1 – “Este País Não é Para Velhos” – Ethan e Joel Coen
2 – “Alexandra” – Alexander Sokurov
3 – “4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias” – Cristian Mungiu
4 – “No Vale de Elah” – Paul Haggis
5 – “Haverá Sangue” – Paul Thomas Anderson
6 – “O Segredo de um Cuzcuz” - Abdellatif Kechiche
7 – “O Lado Selvagem” – Sean Penn
8 – “Sweeney Todd” – Tim Burton
9 – “The Darjeeling Limited” – Wes Anderson
10 – “Os Falsificadores” - Stefan Ruzowitzky
11 – “Wall-E” – Andrew Stanton
12 – “Nós Controlamos a Noite” – James Gray
13 – “O Assassínio de Jesse James pelo Cobarde Robert Ford” – Andrew Dominik
14 – “O Orfanato” - Juan Antonio Bayona
15 – “Michael Clayton” – Tony Gilroy
16 – “Joy Division” – Grant Gee
17 – “The Mist” – Frank Darabont
18 – “O Acontecimento” - M. Night Shyamalan
Discos:
Apesar do hype da imprensa, ainda não ouvi discos como Fleet Foxes, Beach House, Dirty Projectors, Bon Iver, Evan Parker, Hercules & Love Affair, Silver Jews, The Dodos, Fennesz, Cut Copy, Hot Chip, She and Him…

1 - Secret Chiefs 3 – “Xaphan Book of Angels Volume 9”
2 - Leila – “Blood, Looms and Blooms””
3 - Clutchy Hopkins – “Walking Backwards”
4 - TV On The Radio – “Dear Science”
5 - Man Man – “Rabbit Habits”
6 - Portishead – “Third”
7 - Bombay Dub Orchestra – “3 Cities”
8 - Metaform – “Standing on the Shouders og Giants”
9 - Tricky – “Knowle West Boy”
10 - Stag Hare – “Black Medicine Music”
11 - Amon Tobin – “Foley Room Recorded Live In Brussels”
12 - Camille – “Music Hole”
13 - Nico Muhly – “Mothertongue”
14 - Gang Gang Dance – “Saint Dymphna”
15 - Devotchka – “A Mad And Faithful Telling”
16 - Girl Talk – “Feed the Animals”
17 – DJ Rupture – “Uproot”
18 - Fuck Buttons – “Street Horrrsing”
19 - Original Silence – “The Second Original Silence”
20 - Santogold – “Santogold”
21 - Firewater – “The Golden Hour”
22 - Matmos – “Supreme Baloon”
23 - Boredoms – “Super Roots #9”
25 - Paavoharju – “Laulu Laakson Kukista”
25 - Vampire Weekend – “Vampire Weekend”
26 - Ladytron – “Velocifero”
27 - The Bug – “London Zoo”
28 - Brazillian Girls – “New York City”
29 - Melvins – “Nude With Boots”
30 - Spiritualized – “Songs in A & E”
Discos portugueses:

Confesso que não fui um ouvinte regular de música portuguesa em 2008. Mas do que fui ouvindo ao longo do ano, gostei de: Deolinda, A Naifa, Mandrágora, Rocky Marsiano, peixe : avião, Linda Martini, Mesa, Melech Mechaya, Mikado Lab, Gala Drop, The Vicious Five, Mão Morta, Dead Combo…
Livros
Queria ter lido (espero ainda ler durante 2009): “Os Nus e os Mortos” de Norman Mailer, “Histórias de Amor” de Robert Wasler, “A Derrocada de Baliverna” de Dino Buzzati, “Contos Completos” de Truman Capote, “Correcção” de Thomas Bernhard, “Castelos Perigosos” de Céline, “Musicofilia” de Oliver Sacks, “O Jovem Estaline” de Simon Montefiore…

1 - “Sonderkommando” – Shlomo Venezia
2 – “Lacrimae Rerum” – Slavoj Zizek
3 – “A Monstruosidade de Cristo” – Slavoj Zizek
4 – “A Filosofia Segundo Woody Allen” - Vários autores
5 – “A Filosofia Segundo Alfred Hitchcock” – Vários autores
6 – “Em Busca do Grande Peixe” – David Lynch
7 – “A Febre” – Jean-Marie Le Clézio
8 – “O Jogo do Mundo” – Júlio Cortázar
9 – “O Homem Sem Qualidades Vol.1” – Robert Musil
10 – “Património” - Philip Roth
11 – “Toda a Música que eu Conheço” – António Victorino D’Almeida
12 – “Homem na Escuridão” - Paul Auster
Edições em DVD

Caixa “John Cassavetes”
Caixa “Hal Hartley”
Caixa “Wim Wenders”
“O Estranho Mundo de Jack” – Edição Especial
“Casablanca” – Edição Coleccionador
“The General – Pamplinas Maquinista” – Ed. Especial
“Vertigo – A Mulher que Viveu Duas Vezes” – Ed. Especial
“Hstória(s) do Cinema” – Jean-Luc Godard
“Holocausto”
“Um Coração Selvagem” – Ed. Limitada
“Eraserhead” – Ed. Especial
“Control” – Ed. Especial
Coleccção Manoel de Oliveira
Coleccção “The Godfather – O Padrinho” – Ed. De Luxo
(...)
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
A futura condição pós-humana

Na esteira deste livro (e de outros que serão abordados oportunamente), está a crescer cada vez mais uma corrente (simultaneamente) filosófica e tecnológica designada Transhumanismo: tem como ideal a superação das limitações físicas e mentais do homem com a ajuda da ciência e da razão com vista à eliminação da doença, do envelhecimento e, um dia quem sabe, da própria morte. Não é ficção científica e alguns dos mais reputados cientistas do mundo trabalham com vista à consumação dos objectivos transhumanistas: aqui e aqui.
Oliver Sacks - a música cura e enlouquece

O livro "O Efeito Mozart", editado há uns anos em Portugal, demonstra inúmeras provas de como a música exerce um poder curativo e regenerador no homem (e não só no homem, uma vez que está comprovado que a música de Mozart incrementa o crescimento de plantas e a produção de leite nas vacas). Quanto à questão da música poder levar à loucura é algo muito mais difícil de comprovar. É o mesmo que afirmar que a pintura ou a escultura ou o cinema levam também à loucura. Se não há predisposição para qualquer tipo de esquizofrenia ou paranóia, se não há outros estímulos e circunstâncias que ajudem a desenvolver a loucura em alguém, como se pode afirmar que a música, por si mesma, "leva à loucura"? Ficaremos loucos se ouvirmos de forma patológica determinado disco, género musical ou grupo? Será que o Death Metal ouvido pelos jovens influencia actos de violência (como já foi sugerido?). Será que ouvindo obsessivamente Leonard Cohen ou Erik Satie entramos em depressão? Neste campo teórico, é muito mais perigoso e difícil comprovar laços de causa-efeito.
Oliver Sacks terá de trabalhar ainda muito para provar esta premissa teórica.