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terça-feira, 13 de outubro de 2015

Demasiado

Cada vez mais me convenço disto: 
- Há demasiada produção cinematográfica para cada vez menos amantes de cinema; 
- Há demasiada edição de livros para tão poucos leitores; 
- Há demasiado pouco tempo livre para conhecer tanta produção musical.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

A Fnac de Barcelona

É assim a secção de livros de arte (sobretudo cinema e música) na Fnac de Barcelona. E a objectiva da câmara não conseguiu captar a prateleira que falta (clicar na imagem para aumentar).

sexta-feira, 5 de junho de 2015

O conhecimento segundo Kevin


Há quase dois mil anos, a maior biblioteca do mundo - a de Alexandria no antigo Egipto continha num só edifício todos os livros de ciência, arte, matemática, cultura, política produzidos naquele tempo. Ou seja, reunia a totalidade dos conhecimentos da Humanidade. No seu momento alto, a Grande Biblioteca de Alexandria chegou a acumular mais de meio milhão de documentos. Proporcionalmente, a Biblioteca de Alexandria tinha mais livros e documentos do que muitas  das maiores bibliotecas da actualidade. Isto apesar do facto de os conhecimentos humanos serem agora infinitamente mais vastos do que na Antiguidade.

Talvez levado pelo ideal de reunir todo o conhecimento humano produzido até hoje, o co-fundador da revista Wired (importante revista de ciência, cultura e tecnologia), Kevin Kelly, (na imagem) quis saber o volume e dimensão do conhecimento humano. Ou seja, quantificou (se isso é possível), grosso modo, a acumulação de conhecimentos humanos nos diversos formatos e suportes até aos dias de hoje.

Não sei como fez as contas, mas os resultados que apresentou foram estes: ao longo da história da Humanidade os seres humanos publicaram/criaram até à data:

- Trinta e dois milhões de livros.
- Setecentos e cinquenta milhões de artigos e ensaios.
- Vinte e cinco milhões de canções.
- Quinhentos milhões de imagens.
- Quinhentos mil filmes.
- Três milhões de vídeos, programas televisivos e curtas-metragens.
- Cem mil milhões de páginas na internet.

A maior parte desta explosão de conhecimentos e informação aconteceu na última metade do século XX e primeira década do século XXI. Kevin Kelly refere, por último, que o conjunto de conhecimentos humanos tem sido produzido a uma tal alta velocidade e quantidade que esse mesmo conhecimento duplica de cinco em cinco anos. E visto que esta estimativa foi feita há mais de dois anos, é mais do que certo que estes dados estão, e muito, desactualizados. Kevin Kelly é um guru da cibercultura e quando arriscou fazer esta estimativa referia-se ao facto do conceito da Biblioteca de Alexandria poder ser convertida numa colossal biblioteca... virtual.

Isto porque empresas como a Google e algumas da maiores universidades do mundo como Harvard, Oxford ou Stanford, têm um projecto comum de digitalização de livros e documentos, no sentido de criar a maior biblioteca universal de conhecimentos e cultura jamais sonhada. As intenções podem ser boas, mas este projecto hercúleo e de dimensões épicas arrisca-se a nunca ser concluído, dada a torrente colossal de informação produzida diariamente em todo o mundo.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Quando Lynch contratou Dennis



"Não importa quão maravilhoso seja um actor; quando se está a fazer um casting, tem de se escolher a pessoa que casa com aquele papel, que consegue fazer aquele papel. Para o papel de Frank Booth, protagonista de 'Veludo Azul', sempre pensei em Dennis Hopper, mas toda a gente dizia: 'Não, não podes trabalhar com o Dennis. Ele está mesmo em má forma e só te causará problemas'. Mas eu continuei a insistir.
Até que um dia, o agente de Dennis Hopper me telefonou e disse que o Dennis estava sóbrio e já tinha feito outro filme e que eu podia falar com aquele realizador para o confirmar. Depois, o Dennis telefonou e assegurou-me: 'Eu tenho de fazer o papel de Frank porque eu sou o Frank'. Isso entusiasmou-me e assustou-me."

David Lynch

quarta-feira, 18 de março de 2015

A educação do meu gosto - 3

A educação do  meu gosto - Literatura

Somos o que somos e gostamos do que gostamos porque estivemos sob influências de determinadas condicionantes. Ou como diria Ortega y Gasset: “Eu sou eu e a minha circunstância”.




Comecei a ler relativamente tarde. Ao contrário do meu gosto pela música que começou bastante cedo (12 anos), a leitura foi um prazer tardio. Lembro-me de ler durante horas banda desenhada – Hugo Pratt, Michel Vaillant, Quino (Mafalda), Lucky Luke, Asterix e super-heróis da Marvel. A leitura de livros sem imagens foi iniciada volta dos meus 17 anos com policiais: Agatha Cristie, George Simenon e Raymond Chandler. O mesmo amigo que me despertou para Tarkovski era um fã de Franz Kafka e passou-me esse entusiasmo: “A Metamorphose” e “O Processo” foram um choque. 

De Kafka passei para os contos de Edgar Allan Poe e Lovecraft, os surrealistas (André Breton, Apollinaire…) e essas obras negras e fascinantes chamadas “Os Cantos de Maldoror” de Lautréamont e "Filosofia na Alcova" do Marquês de Sade. A leitura de "Siddharta" de Herman Hesse aos 19 anos foi toda uma epifania. O mesmo amigo que me gravava as cassetes “Heterodoxos” introduziu-me nas teorias sociais e culturais revolucionárias do Situacionismo com o livro “A Sociedade do Espectáculo” de Guy Debord e nos movimentos de ruptura artística do Dadaísmo, Futurismo, Beat e Fluxus. Desenvolvi um gosto pelos autores "malditos" e fora do mainstream literário. O meu gosto pela leitura foi-se acentuando até ler autores tão díspares quanto Holderlin, Artaud, Proust, Hemingway, Bukowski, Camus, Genet, Michaux, Burroughs, Schopenhauer, Kierkegaard, Stig Dagerman, James Joyce, Albert Cossery, Italo Calvino, Unamuno, Oscar Wilde, Henry Miller, Philip Roth, Conrad, Mishima, Bataille entre dezenas de outros. Não sei bem porquê mas nunca consegui adentrar-me nos russos (Dostoievski, Tolstoi, Tchekov, Gogol...).

Desenvolvi um fervor especial pela leitura de livros de ensaios de música, arte, cinema e livros históricos sobre a 2ª Guerra Mundial, tendo um fascínio especial pela história do Holocausto. Interessei-me pelas (auto)biografias de artistas e por vastos temas relacionados com a cultura digital/cibernética dos nossos dias.

Não sei exactamente em que medida, mas sei que a leitura (e aquilo que li ao longo da minha vida) foi essencial para definir o que (sei) sou hoje.

Imagem: pormenor da minha biblioteca.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Hawking e Williams

Gosto de ler biografias. E autobiografias. Neste caso, são duas biografias sobre duas ilustres figuras da ciência e das artes: o cientista Stephen Hawking e o actor Robin Williams
O primeiro ainda é vivo (tem 70 anos), está confinado a uma cadeira de rodas derivado da sua doença degenerativa, é dono de um cérebro ímpar na investigação científica da segunda metade do século XX. O segundo é um actor que deslumbrou gerações, fez rir e fez chorar em igual medida, um apaixonado pela sua superlativa arte de representar. Suicidou-se em Agosto de 2014.
  
Sobre a vida e obra de Stephen Hawking já existe o filme "A Teoria de Tudo", candidato aos Óscares. Sobre Robin Williams ainda não há filme (biopic), mas não duvido que será uma questão de tempo até que tal aconteça. Enquanto isso, leiamos o livro (ambos à venda nas livrarias habituais).


sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Top 2014 - Livros

Confesso que foi um ano de escassa e irregular leitura. Ainda não terminei de ler alguns destes títulos (ensaios e romances). Entretanto, tenho outros em "fila de espera" que irão ser degustados só no decorrer do novo ano.
Ei-los:



“O Rei Pálido” – David Foster Wallace
“So This is Permanence. Ian Curtis and Joy Division Lyrics and Notebook” – Deborah Curtis & Jon Savage
“Entrevistas de Nuremberga” – Leon Goldensohn
“No Café das Juventude Perdida” – Patrick Modiano
“Jacques o Fatalista” - Denis Diderot
“A Verdadeira História das SS” – Adrian Weale
“Nove Histórias” – J.D. Salinger
“Lei Seca” – Pedro Mexia
“Obra Completa” – Álvaro de Campos
“Teremos Sempre Paris” Ray Bradbury
"Bifes Mal Passados" - João Magueijo
“O Caminho do Sacrifício” – Fritz Von Unruh
“Não Humano” – Osamu Dazai
"Cansaço, Tédio, Desassossego" - José Gil
“Diários de Viagem” – Franz Kafka
A Instável Leveza do Rock” – Paula Guerra
“O Capitalismo Estético na Era da Globalização” – Gilles Lipovestsy & Jean Serroy
“Machinas Fallantes - A Música Gravada em Portugal no início do Século XX” – Leonor Losa






















terça-feira, 28 de outubro de 2014

Transformar o blogue em livro?



Desde há uns anos a esta parte, o mercado livreiro em Portugal edita uma avalanche de livros sem interesse nenhum: livros escritos, supostamente, por celebridades oriundas dos meandros da televisão e da moda (que escrevem "romances"), de reality shows desprezíveis, do futebol, da gastronomia dita gourmet, do jornalismo sensacionalista, da blogosfera, etc. 

Resultado: todos os dias vemos nos escaparates, em grande destaque, livros inúteis sobre auto-ajuda, sobre como atingir os vários estados de felicidade, sobre astrologia e tarot, sobre viagens de sonho à Gronelândia sem gastar dinheiro, sobre políticos e banqueiros corruptos, sobre temas históricos mais do que explorados, livros de "literatura ultra-light" formatada, fútil e supérflua, livros sobre histórias eróticas (como se fossem novidade literária!), sobre crónicas políticas anteriormente editadas num jornal dito de "referência", sobre a problemática das relações amorosas em tempos de crise, sobre como nos devemos vestir em estilo "trendy", sobre dietas milagrosas, enfim, uma montanha de edições prontas-a-consumir  num tempo de vacuidade cultural como diria o filósofo contemporâneo francês Gilles Lipovetsky. 

E a verdade é que, paradoxalmente, apesar da crise da venda de livros, é cada vez mais fácil a qualquer pessoa com o mínimo de visibilidade mediática (sim, porque esta é uma premissa importante para as editoras) editar um livro sobre a mais improvável temática. Ainda que não tenha interesse nenhum. Dir-me-ão: "Mas há público para comprar estes produtos". Claro que há. Assim como há público para ver programas de puro lixo televisivo. 

Pensando bem, indo ao encontro da tendência do mercado livreiro, eu próprio poderia apanhar a onda e editar um livro com o muito material que já publiquei, ao longo de oito anos, neste blogue O Homem Que Sabia Demasiado. Reunia as publicações que considerava serem as mais interessantes e editava um livro. Mas havia vários problemas para ultrapassar:

Problema número 1: Dificilmente conseguiria reunir um conjunto de textos suficientemente bons para incluir num livro.

Problema número 2: Mesmo que o conseguisse, dificilmente encontraria alguma editora interessada para concretizar a edição.

Problema número 3: Ainda que houvesse alguma editora interessada, o autor deste blogue não é mediático, não aparece na televisão nem tem milhares de page views por dia como o blogue A Pipoca Mais Doce (que já vai no terceiro livro).  

Problema número 4: Mesmo que o livro fosse, deveras, editado, quase de certeza que só o compraria a meia-dúzia de leitores mais fiéis deste blogue, os meus pais e o meu amigo de infância que, mesmo não gostando do cinema de Béla Tarr, diz que aprecia só para me agradar.

E é isto. 

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Reagan e Charlie Parker?

O Pedro Mexia conta no seu último livro de crónicas, "Lei Seca", um episódio delicioso com o Tom Waits como protagonista: numa entrevista ao jornal "Observer", em 1984, tentaram pôr Tom Waits a comentar assuntos políticos, coisa que ele não aprecia. 
A resposta de Waits foi lacónica e desarmante: "Nunca pediriam a Ronald Reagan uma opinião sobre Charlie Parker, pois não?"

segunda-feira, 23 de junho de 2014

"A primeira vez que ouvi..."

Que impacto tem ouvir pela primeira vez determinadas bandas ou músicos? De que forma a música de uma banda influencia a nossa vida? Partindo desta premissa, uma editora britânica editou esta colecção de quatro livros "The First Time I Heard...".
Os testemunhos são de outros músicos, escritores e artistas que foram (ou não) influenciados por bandas como Joy Division, The Smiths ou David Bowie.
Eis mais pormenores.

sábado, 31 de maio de 2014

Estórias e Misérias de Hollywood #6

"Hollywood está recheada de formas de camuflagem anti-fãs. Por exemplo, Clint Eastwood recorre a uma estratégia especial para poder assistir calmamente aos filmes no meio da multidão e escapar aos constantes pedidos de autógrafos. Como gosta de ir às sessões rotineiras de cinema para poder estudar as reacções dos espectadores, inventa personagens. Numa entrevista Eastwood refere, com a sua habitual ironia, os seus métodos de camuflagem: 'Disfarço-me quando vou ao cinema. Ponho um bigode e óculos e fico bem diferente. A partir do momento em que ponho um chapéu, óculos e bigode o meu QI desce 50 pontos e fico com apenas 5".

Edgar Pêra in "Hollywood: Estórias de Glamour e Miséria no Império do Cinema"

domingo, 16 de março de 2014

20 conselhos para se tornar um escritor segundo Stephen King




1. First write for yourself, and then worry about the audience. “When you write a story, you’re telling yourself the story. When you rewrite, your main job is taking out all the things that are not the story.”

2. Don’t use passive voice. “Timid writers like passive verbs for the same reason that timid lovers like passive partners. The passive voice is safe.” 3. Avoid adverbs. “The adverb is not your friend.”

4. Avoid adverbs, especially after “he said” and “she said.”

5. But don’t obsess over perfect grammar. “The object of fiction isn’t grammatical correctness but to make the reader welcome and then tell a story.”

6. The magic is in you. “I’m convinced that fear is at the root of most bad writing.”

7. Read, read, read. ”If you don’t have time to read, you don’t have the time (or the tools) to write.”

8. Don’t worry about making other people happy. “If you intend to write as truthfully as you can, your days as a member of polite society are numbered, anyway.”

9. Turn off the TV. “TV—while working out or anywhere else—really is about the last thing an aspiring writer needs.”

10. You have three months. “The first draft of a book—even a long one—should take no more than three months, the length of a season.”

11. There are two secrets to success. “I stayed physical healthy, and I stayed married.”

12. Write one word at a time. “Whether it’s a vignette of a single page or an epic trilogy like ‘The Lord of the Rings,’ the work is always accomplished one word at a time.”

13. Eliminate distraction. “There’s should be no telephone in your writing room, certainly no TV or videogames for you to fool around with.”

14. Stick to your own style. “One cannot imitate a writer’s approach to a particular genre, no matter how simple what that writer is doing may seem.”

15. Dig. “Stories are relics, part of an undiscovered pre-existing world. The writer’s job is to use the tools in his or her toolbox to get as much of each one out of the ground intact as possible.”

16. Take a break. “You’ll find reading your book over after a six-week layoff to be a strange, often exhilarating experience.”

17. Leave out the boring parts and kill your darlings. “(kill your darlings, kill your darlings, even when it breaks your egocentric little scribbler’s heart, kill your darlings.)”

18. The research shouldn’t overshadow the story. “Remember that word back. That’s where the research belongs: as far in the background and the back story as you can get it.”

19. You become a writer simply by reading and writing. “You learn best by reading a lot and writing a lot, and the most valuable lessons of all are the ones you teach yourself.”

20. Writing is about getting happy. “Writing isn’t about making money, getting famous, getting dates, getting laid or making friends. Writing is magic, as much as the water of life as any other creative art. The water is free. So drink.”

Stephen King

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Top 2013 - Livros

Não são certamente os "melhores" livros do ano. São aqueles que eu li (ou estou a ler ainda) e de que gostei mais. Entre romances e ensaios, eis as minhas escolhas:

- "Cidade Aberta" - Teju Cole
- "Hollywood - Estórias de Glamour e Miséria" - Edgar Pêra
- "A Maiúsculo Com Círculo à Volta" - Rui Eduardo Paes
- "Cinemateca" - Pedro Mexia
- "Animalescos" - Gonçalo M. Tavares
- "A Gloriosa Bicicleta" - Laura Alves/Pedro Carvalho
- "Os Níveis da Vida" - Julian Barnes
- "Béla Tarr - O Tempo do Depois" - Jacques Rancière
- "Histórias de Loucura Normal" - Charles Bukowski
- "Tudo Passa" - Vassili Grossman
- "Cansaço. Tédio, Desassossego" - José Gil
- "Juliette Society"- Sasha Grey
- "Mistérios" - Knutt Hamsun

Reedições do ano: 
- "Ulisses" - James Joyce (Ed. Relógio D'Água)
- "Admirável Mundo Novo" - Aldous Huxley (Ed. Antígona)
- "Photomaton & Vox" - Herberto Helder (Ed. Assírio & Alvim)
- "1984" - George Orwell (Ed. Antígona)
- "Livro do Desassossego" - Fernando Pessoa (Ed. Tinta da China)









quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O que diz Tarkovski #9

"Um realizador não pode ser compreendido por todos, mas tem o direito de ter os seus próprios admiradores - mais ou menos numerosos - entre o público. Todo o artista pensa, espera e acredita que a sua produção irá mostrar-se em sintonia com a época, e portanto, vital para o espectador, atingindo o fundo da sua alma".

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

1001



As edições livreiras têm inundado o mercado com livros (melhor: manuais quase bíblicos) sobre o que devemos ouvir, ler, ver, comer, beber e conhecer antes de morrer.
E os editores não fazem a coisa por menos - são sempre 1001 títulos para conhecer, nunca 100 essenciais ou 500. São 1001 e pronto (alguma razão psicanalítica haverá para a escolha deste número).
Em comum, estes livros têm duas obsessões: indicar mais de mil títulos para conhecer e abordar, subliminarmente, a morte.
Ou seja, são sugestões para ler, ver, ouvir, tudo antes de morrer (falta citar os livros "1001 Viagens Antes de Morrer", "1001 Vinhos para Beber Antes de Morrer", entre outros títulos).
O que estes livros propõem é um conjunto de experiências culturais e de vida que extravasam o tempo útil médio de existência de qualquer mortal. Há qualquer coisa de exacerbado no princípio destes livros, e o excesso de sugestões pode revelar-se confuso, contraproducente e frustrante numa sociedade onde se vive demasiado depressa e no meio da super-abundância material.
Na realidade, quantas vidas precisaríamos de ter para conhecer todos os livros, todos os filmes, todos os discos, todas as comidas, todas as bebidas e todos os lugares propostos nesta espécie de enciclopédias-temáticas-para-terráqueo-ler?

domingo, 6 de outubro de 2013

Se pudesse

Se pudesse, passaria o resto da vida a ver filmes.
Se pudesse, passaria o resto da vida a ler livros.
Se pudesse, passaria o resto da vida a escrever.
Se pudesse, passaria o resto da vida a ouvir música.
Se pudesse, passaria o resto da vida a fazer música.
Se pudesse, passaria o resto da vida a ver concertos.
Se pudesse, passaria o resto da vida a assistir a festivais de cinema.
Se pudesse, passaria o resto da vida a viajar, deambulando.
Se pudesse, passaria o resto da vida a meditar.
Se pudesse, passaria o resto da vida a "viver" a vida.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Fnac: promoção imbatível

A cadeia de lojas Fnac é frequentemente criticada por promover uma política de preços elevada. Pois bem, para contrariar esta opinião e para comemorar os seus 15 anos de vida em Portugal, a Fnac resolveu dinamizar uma promoção imbatível (exclusiva no site) ao nível dos mais variados produtos: livros, DVD, tecnologia, CDs e instrumentos musicais. Há produtos que começam nos 5€ e que chegam aos 80% de desconto.
Só para dar alguns exemplos: que tal comprar a caixa de filmes de Max Ophuls ou de Douglas Sirk por apenas 15.90€ (quando o preço original é de 40€)? Ou os clássicos da literatura contemporânea como Philip Roth, John Updike, Roberto Bolaño ou Martin Amis por apenas 8€ ou 9€? E há muito mais... Não se atrase porque esta promoção só decorre até esta quarta-feira e pesquise pelos seus produtos culturais favoritos aqui.

sábado, 15 de junho de 2013

"A" Maiúsculo com Círculo à Volta



Rui Eduardo Paes tem sido um combatente. As suas armas são a sua imensa sabedoria musical/cultural e a sua escrita em livros e imprensa escrita ao longo de quase 30 anos de intensa actividade de crítico e ensaísta. Por isso é o melhor especialista português sobre as novas tendências artísticas contemporâneas no que à música diz respeito e, por inerência, a todo o vasto e complexo pensamento subjacente.
Rui Eduardo Paes, de quem já escrevi várias vezes neste blogue, estuda a problemática das músicas contemporâneas de índole experimental e a significação das estéticas de ruptura face aos valores culturais instituídos. Dito de outro modo, aborda todas as expressões artísticas tidas como de vanguarda, nas suas múltiplas formas e configurações - música electroacústica, free-jazz, improvisada, electrónica, noise, multimédia, erudita contemporânea, computer music, fusões estilísticas bizarras e outras derivações estéticas radicais e alternativas face à cultura "mainstream" dominante. 
Rui Eduardo Paes tem sido uma voz crítica única no panorama jornalístico nacional, revelando sempre uma argumentação extremamente bem urdida, lúcida e uma visão histórica dos factos simultaneamente original e pertinente. Analisa eloquentemente os fenómenos artísticos, disseca-os com auxílio de teorias não só musicais como filosóficas e literárias, citando para tal autores tão prementes para a cultura contemporânea como Virilio, Camus, Borges, Sartre, Lyotard, Deleuze, Debord, Heidegger ou Cioran. 
Além disso, explora a congeminação de relações entre distintas áreas do pensamento ensaístico, tentando estabelecer elos de ligação entre correntes específicas do pensamento artístico (surrealismo, dadaísmo, pós-modernidade, teoria do Caos, minimalismo, nihilismo...) com outras tantas correntes musicais e artísticas (free jazz, música concreta, electrónica, improvisação, instalações multimédia, cinema experimental, pintura conceptual...).
A novidade que o seu novo livro traz é que o ponto de vista essencial é o ponto de vista político associado às manifestações estéticas contemporâneas. O título é, de resto, todo um programa de intenções: "A" Maiúsculo Com Círculo à Volta". O anarquismo histórico e as suas formas libertárias de expressão são intercaladas, pelo autor, com múltiplas abordagens a músicos, escritores, cientistas ou artistas multimédia. Um livro que, uma vez mais, prova que o autor rejeita o conformismo de pensamento e ousa analisar novas abordagens, novas relações, novos pontos de vista sobres os fenómenos artístico-culturais-sociais-filosóficos do mundo contemporâneo.

Com a edição conjunta da Chili Com Carne e Thisco, o novo livro de Rui Eduardo Paes relaciona as músicas de hoje (jazz, improvisação, pop-rock, noise, electrónica experimental, música contemporânea) com as novas tendências do pensamento libertário, descobrindo analogias mas também desmistificando ideias feitas. Entre os temas percorridos ao longo dos 10 capítulos amplamente ilustrados estão o ocultismo, a espiritualidade, a ciência, a ficção científica, a tecnologia, o amor e o sexo, com referência a autores como Robert Anton Wilson, Hakim Bey ou Murray Bookchin (o livro é ilustrado por vários artistas da Associação Chili Com Carne: Joana Pires, Marcos Farrajota, André Coelho, Jucifer, Bráulio Amado (acumulando o cargo de Designer do livro), José Feitor, David Campos, André Lemos ou João Chambel).
Trata-se pois, de uma obra ousada na forma e no conteúdo; não será de fácil leitura para leitores pouco habituados à torrente de informação criteriosamente debitada por Rui Eduardo Paes (numa página pode ter dezenas de referências a músicos, escritores ou filósofos), mas será certamente uma experiência altamente enriquecedora absorver tamanha sapiência nesta forma tão original e "anárquica" de interpretar a cultura paradoxal característica da sociedade em que vivemos.

domingo, 9 de junho de 2013

Artistas: rituais bizarros




Ao ler a revista Sábado fiquei a conhecer um livro deveras interessante: "Daily Rituals: How Artists Work" de Mason Currey Pode ser adquirido na Amazon). Um livro que, basicamente, conta os rituais, métodos e manias dos artistas para alcançarem inspiração criativa. Mason Currey demorou 10 anos na pesquisa e escrita do livro, numa investigação histórica séria e aprofundada. 
O resultado deste estudo foi a elaboração de uma criteriosa lista de 160 artistas e criadores de todas as áreas: escritores, pintores, músicos, filósofos, realizadores, poetas, arquitectos, dramaturgos, actores, coreógrafos, cientistas, etc. 
Estão listados nomes como Woody Allen, Agatha Christie, Lev Tolstoy, Ingmar Bergman, Charles Dickens, Pablo Picasso, George Gershwin, Charles Darwin, Andy Warhol, John Updike, Benjamin Franklin, William Faulkner, Jane Austen, Anne Rice, Igor Stravinsky, Glenn Gould, entre muitos outros.
E que tipo de rituais estranhos estamos a falar? Bom, quando pensamos na ideia lírica de que os artistas têm uma espécie de musa inspiradora espontânea, nada mais errado. Os artistas revelam rituais muito estranhos e originais.
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Exemplos:
- Thomas Wolfe escrevia acariciando os órgãos genitais.
- Igor Stravinsky fazia o pino quando estava a compor música.
- Woody Allen toma vários banhos por dia enquanto pensa nos argumentos.
- Patricia Highsmith costumava ficar a olhar para caracóis até ter inspiração.
- David Lynch medita e bebe grandes doses de batidos de chocolate.
- Truman Capote (na imagem) escrevia na cama e passava horas sem se levantar.
- Frank Lloyd Wright tinha, aos 85 anos, sexo três vezes por dia enquanto acabava um projecto.
- Friedrich Schiller cheirava maçãs podres para se inspirar.
- Somerset Maugham só conseguia escrever em frente a uma parede totalmente branca.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Músicas transformadas em livros

E se alguém se lembrasse de transformar em livros as músicas de bandas famosas? Pelos vistos, esse alguém já existe e chama-se Simon James, artista e designer residente em Londres. 
A ideia é deveras original: Simon James pegou em títulos de músicas de bandas como The Smiths, Joy Division, The Cure, Radiohead ou Kraftwerk (sobre a banda alemã ver aqui), e transformou-os em lombadas de livros de estilo 'vintage'. É como se cada música destas bandas correspondessem ao título de um romance.