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quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Trilogias

Há mais trilogias no cinema do que se pensa. Trilogias unidas por uma temática, uma estética, uma ideia narrativa. Eis algumas das mais célebres trilogias da história do cinema:

Trilogia das Cores de Krzysztof Kieslowski: Bleu | Blanc | Rouge 

Trilogia da Era Glacial de Michael Haneke: O Sétimo Continente | O Vídeo de Benny | 71 Fragmentos... 

Trilogia Alemã de Hans-Jürgen Syberberg: Ludwig | Karl May | Hitler 

Trilogia do Silêncio de Ingmar Bergman: Através de um Espelho | Luz de Inverno | O Silêncio 

Trilogia da Incomunicabilidade de Michelangelo Antonioni: A Aventura | A Noite | O Eclipse 

Trilogia da Alemanha Ocidental de Rainer Werner Fassbinder: Maria Braun | Lola | Veronika Voss

Trilogia Gangster de Rainer Werner Fassbinder: O Amor É Mais Frio Que A Morte | O Soldado Americano | Os Deuses da Peste 

Trilogia dos Apartamentos de Roman Polanski: Repulsa | O Bebé de Rosemary | O Inquilino

Trilogia de Hollywood de David Lynch: Estrada Perdida | Mulholland Drive | Inland Empire 

Trilogia da Vida de Pier Paolo Pasolini: Decameron | Os Contos de Canterbury | As Mil e Uma Noites

Trilogia das Fronteiras de Theodoros Angelopoulos: O Passo Suspenso da Cegonha | Um Olhar a Cada Dia | A Eternidade e Um Dia

Trilogia da Vida de Apu de Satyajit Ray: A Canção da Estrada | O Invencível | O Mundo de Apu 

Trilogia do Amor de Andrzej Zulawski: O Importante é Amar | A Mulher Pública | A Revolta do Amor 

Trilogia da Desvirtude de Luis Buñuel: Viridiana | O Anjo Exterminador | Simão do Deserto 

Trilogia Flamenca de Carlos Saura: Bodas de Sangue | Carmen | Amor Bruxo 

Trilogia da Injustiça Social de Pedro Costa: Ossos | No Quarto da Vanda | Juventude em Marcha 

Trilogia da Arte de Alain Resnais: Van Gogh | Gauguin | Guernica 

Trilogia da Memória de Alain Resnais: Hiroshima, Meu Amor | Ano Passado em Marienbad | Muriel ou o Tempo de um Retorno 

Trilogia Dr. Mabuse de Fritz Lang: Dr. Mabuse | O Testamento do Dr. Mabuse | Os Mil Olhos do Dr. Mabuse  

Trilogia da Guerra de Roberto Rossellini: Roma, Cidade Aberta | Paisà | Alemanha, Ano Zero 

Trilogia Qatsi de Godfrey Reggio: Koyaanisqatsi | Powaqqatsi | Naqoyqatsi  

Trilogia do Casamento de John Cassavetes: Faces | Assim Falou o Amor | Uma Mulher Sob Influência 

Trilogia da Depressão de Lars von Trier: Anticristo | Melancolia | Ninfomaníaca: Volume 1 & 2

Trilogia da Morte de Alejandro González Iñárritu: Amores Perros | 21 Gramas | Babel 

Trilogia O Padrinho de Francis Ford Coppola: Parte I | Parte II | Parte III 

Trilogia da Vingança de Chan-wook Park: Mr. Vingança | Oldboy | Lady Vingança 

Trilogia O Senhor dos Anéis de Peter Jackson: A Sociedade do Anel | As Duas Torres | O Retorno do Rei  

Trilogia dos Dólares de Sergio Leone: Por um Punhado de Dólares | Por uns Dólares a Mais | Três Homens em Conflito 

Trilogia Regresso ao Futuro de Robert Zemeckis: Parte I | Parte II | Parte III

terça-feira, 23 de junho de 2015

Cinema e arquitectura

Relacionar a estética de um realizador de cinema com a arquitectura não é algo assim muito óbvio. Mas depois de pensar um pouco e perceber que cada cineasta tem uma visão estética própria da vida urbana e da arquitectura, percebemos que essa relação é mais fácil de estabelecer.
Foi o que certamente pensou Federico Babina, designer e autor das maravilhosas criações em baixo: imagens de casas segundo o ponto de vista do imaginário plástico de cada cineasta. Ou seja, a casa imaginária segundo a perspectiva do cinema (e do mundo) de cada um dos cineastas. Quem conhecer bem os realizadores perceberá a relação visual com o estilo arquitectónico de cada casa.



Há mais exemplos aqui.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Cinema italiano a 5€

Sim, é a crise e tal. Sim, a cultura é sempre a primeira a ser sacrificada. Sim, nem sempre o consumidor de cultura tem dinheiro para comprar tudo o que quer. Mas precisamente por causa disso o mercado vai adaptando o preço dos seus produtos. É o caso dos DVDs, mercado que também tem sofrido - e muito - com a crise. 
Por exemplo, a Fnac está a promover um ciclo de cinema italiano com filmes pela módica quantia de 5€ cada. E há grandes clássicos que se podem adquirir por este preço muito simpático - como se pode constatar nesta imagem que eu próprio captei: "A Aventura", "A Doce Vida", "A Estrada" e "Oito e Meio"
Ou seja, Antonioni e Fellini a meros 5€. Oportunidade imperdível para quem ainda não possui estas obras  clássicas do cinema italiano em DVD.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Remakes & sequelas, não obrigado

Recentemente estreou o filme "Carrie", remake do clássico de Brian De Palma filmado em 1976. Eu não vi nem quero ver. Geralmente e por princípio, sou contra remakes. São raros os remakes que são superiores ao filmes originais. E por vezes piores do que remakes são as inefáveis sequelas, que não acrescentam valor nenhum ao filme original (compare-se a trilogia de "O Padrinho" com "Matrix", por exemplo).

Mas há filmes que, pelas suas características artísticas, estéticas e de culto, dificilmente algum produtor terá coragem de fazer um remake (mas enfim, sabemos que em Hollywood há malucos para tudo). Assim, duvido que algum produtor, realizador ou estúdio de cinema arrisque fazer remakes ou sequelas de filmes como:

- "A Noite do Caçador" 
- "Blade Runner" 
- "Eraserhead" 
- "Reservoir Dogs" 
- "Aguirre: A Cólera de Deus" 
- "The Wild Bunch" 
- "A Laranja Mecânica" 
- "Blue Velvet"
- "Stalker" 
- "Morte em Veneza" 
- "Paris, Texas" 
- "Seven"
- "Ladrões de Bicicletas" 
- "O Eclipse" 
- "A Pianista" 
- "Lost in Translation" 
- "Hiroshima meu Amor" 
- "A Estrada" 

sábado, 27 de abril de 2013

Os preferidos de Kubrick

A meio dos anos 1970, um jornalista perguntou a Stanley Kubrick quais os seus filmes preferidos de sempre. Eis as escolhas do cineasta:

- "Os Inúteis" (1953) - Federico Fellini
- "Morangos Silvestres" (1958) - Ingmar Bergman
- "Citizen Kane" (1941) - Orson Welles
- "O Tesouro de Sierra Madre" (1948) - John Huston
- "Luzes da Cidade" (1931) - Charlie Chaplin
- "Henrique V" (1948) - Lawrence Olivier
- "A Noite" (1961) - Michelangelo Antonioni
- "The Bank Dick" (1940) - Edward Cline
- "Roxie Hart" (1942) - William Wellman
- "Os Anjos do Inferno" (1939) - Howard Hughes

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Packs DVD a preço módico

Várias vezes me queixo do preço exorbitante dos DVD vendidos em Portugal. E não me estou a referir aos DVD de importação, compreensivelmente mais caros, mas sim às edições nacionais. Uma das editoras que sempre praticou um política de preços elevada é a Costa do Castelo. Apesar da qualidade do seu catálogo ser inquestionável, os preços praticados (sobretudo com caixas de cinema clássico de coleccionador) sempre foram altos e raramente (talvez nunca) alvo de promoções ou descontos especiais. 
Ora, o panorama mudou - para benefício do cinéfilo. Finalmente, a Costa do Castelo faz uma promoção de alguns títulos clássicos da sua preciosa colecção, como são os packs de filmes do John Ford, do Antonioni, do Dreyer ou do Ophüls. Packs que anteriormente custavam à volta de 60€, custam agora ao público uns módicos 15,99€.
É aproveitar, portanto.

terça-feira, 10 de abril de 2012

quinta-feira, 17 de março de 2011

Parabéns Bertolucci


O realizador italiano Bernardo Bertolucci completou 70 anos. Um cineasta que viveu durante décadas à sombra de Fellini ou Antonioni, mas que conseguiu afirmar-se, a pouco e pouco, como um realizador com uma sensibilidade, visual e humana, muito particular. Da sua obra ressalta a épica história "1900" (1976) com uns jovens Robert De Niro e Gérard Depardieu como protagonistas e música do grande Ennio Morricone.

Da restante filmografia de Bertolucci, a minha selecção pessoal dos cinco filmes preferidos (daqueles que conheço) posiciona-se da seguinte forma:
1 - "O Último Tango em Paris" (1973)
2 - "A Estratégia da Aranha" (1970)
3 - "O Último Imperador" (1987)
4 - "Beleza Roubada" (1996)
5 - "Os Sonhadores" (2003)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Cinema - O momento da revelação

Todos os cinéfilos guardam na memória imagens marcantes de filmes, igualmente, marcantes. Mas raramente retêm aquelas imagens nas quais surgem incrustados os títulos dos filmes.
Tema de importância menor? Talvez. Mas como disse o Rato Cinéfilo num dos seus últimos comentários, a imagem ainda é uma componente fundamental na memória de qualquer cinéfilo.
Eis alguns exemplos de grandes obras de cinema e dos "screenshots" exactos dos respectivos títulos - ou seja, o "momento da revelação":












quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

As sequelas inúteis

Recentemente, os cinéfilos foram surpreendidos com a sequela inútil e medíocre do filme de culto "Donnie Darko". Isto levou-me a pensar que, apesar da onda de sequelas por tudo e por nada há, potencialmente, filmes que pelas suas características (argumento, estética, realização, peso de culto...) são praticamente impossíveis de fazer sequelas, sob pena de destruirem o imaginário cinéfilo da obra original.
A título de exemplo - seria infame que houvesse sequelas de filmes como:
- "A Noite do Caçador"
- "Blade Runner"
- "Eraserhead"
- "Reservoir Dogs"
- "Aguirre: A Cólera de Deus"
- "The Wild Bunch"
- "A Laranja Mecânica"
- "Blue Velvet"
- "Morte em Veneza"
- "Paris, Texas"
- "O Feitiço do Tempo"
- "O Eclipse"
- "A Sede do Mal"
- "As Virgens Suicidas"
- "Hiroshima, Meu Amor"
- "12 Angry Men"
- "Ed Wood"
Sempre queria ver a "coragem" dos produtores de Hollywood...

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O Silêncio


Há um tema que raramente se discute, pensa, reflecte: o silêncio. É imperiosa a necessidade e a importância do silêncio numa sociedade onde o ruído e os sons nos rodeiam de forma omnipresente, e muitas vezes, de forma agressiva. Mas poucas vezes desfrutamos dele como seria desejável. O silêncio parece incomodar até nas relações humanas - como confessa John Travolta a Uma Thurman em "Pulp Fiction" sobre os "silêncios incómodos" num diálogo entre mulher e homem.
No mundo da música é inevitável falar da obra 4'33'' de John Cage, a tal peça "musical" que é apenas silêncio. A visão artística de Cage foi sintomática e visionária (nos anos 60) para dar a entender que o ruído aleatório e o seu contrário, o silêncio mais profundo, podem ser considerados música. Cage rompeu com as convenções estéticas da música contemporânea ao introduzir o elemento silêncio numa composição e abrir as portas à percepção sonora do nosso meio ambiente.
O silêncio no cinema também é fulcral: grandes cineastas como Antonioni, Bergman (deste realizador bastava citar o filme "O Silêncio") ou Tarkovski são autores que passaram quase uma vida artística a abordar o silêncio na vida contemporânea, de como ele interfere na comunicação humana, na percepção da religiosidade e da espiritualidade. E o que dizer do silêncio na poesia? No teatro? O silêncio é peça fundamental na expressividade de emoções e situações. Apesar de não ter palavras, o silêncio é pura comunicação. Sempre que vejo telas de Edward Hopper vislumbro o mais profundo silêncio.
Uma coisa é certa: sem a possibilidade de fruir o silêncio, a nossa vida fica insuportavelmente austera, enclausurada sob si própria, sem espaço para a reflexão, para a interioridade.
Como refere Aldous Huxley: "O silêncio está tão repleto de sabedoria e de espírito em potência como o mármore não talhado é rico em escultura".
Imagem do filme "Stalker" de Andrei Tarkovski

quarta-feira, 7 de abril de 2010

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Berlim, nome de cinema


Hoje começou o Festival de Cinema de Berlim. Em apenas 10 dias vai ser possível ver 400 filmes, dos quais apenas 20 poderão conquistar o Urso de Ouro. 400 filmes. Aposto que apenas meia-dúzia chegará ao circuito comercial português. Ao fim de 60 edições, pela "Berlinale" já passaram 15 mil filmes, milhares de jornalistas, actores e realizadores.
E, claro está, 60 filmes galardoados com o prémio máximo. Não vi, obviamente, todos esses 60 filmes, mas dos que vi saliento como realmente importantes os seguintes vencedores do Urso de Ouro:
- "Tropa de Elite" (2008) - José Padilha
- "Bloody Sunday" (2002) - Paul Greengrass
- "Magnolia" (2000) - Paul Thomas Anderson
- "The Thin Red Line" (1999) - Terrence Malick
- "In The Name of the Father" (1994) - Jim Sheridan
- "Rain Man" (1989) - Barry Levinson
- "Grand Canyon" (1992) - Lawrence Kasdan
- "Alphaville" (1965) - Jean-Luc Godard
- "Cul-de-Sac" (1966) - Roman Polanski
- "A Noite" (1961) - Michelangelo Antonioni
- "Morangos Silvestres" (1958) - Ingmar Bergman
- "Twelve Angry Men" (1957) - Sidney Lumet
- "O Salário do Medo" (1953) - Henri-George Clouzot

sábado, 14 de novembro de 2009

Filmoterapia


Já li este livro há dois anos mas volta e meia regresso a ele com o mesmo prazer de descoberta. É um livro que trata o cinema de um forma bem diferente do habitual, que concebe a sétima arte como uma terapia. Aliás, o autor, Pedro Marta Santos, diz mesmo que se trata de uma filmoterapia: filmes clássicos e modernos, para todas as doenças e estados de espírito. Escrito de forma divertida (mas explorando o cinema como matéria bem séria), "Guia Terapêutico de Cinema" está talhado para curar doenças, indisposições ou estados de alma, receitando filmes como terapia para os mais variados sintomas e maleitas. Seja para curar insónias, para enfrentar problemas psíquicos, para usar como fonte de relaxamento, o guia sugere o uso de filmes (e indica o DVD certo) para - em doses bem medidas - enfrentar com sucesso as mais diversas eventualidades.
Jacques Tati está na categoria dos antidepressivos; Vincent Minelli na classe dos ansiolíticos (como antídotos estão Bergman ou Antonioni). É uma espécie de livro de auto-ajuda com recurso a uma estrutura que mima a literatura médica (receita, genéricos, subtância activa, dispensário…), é um guia imprescindível para todos os amantes de cinema. O autor sugere filmes para curar insónias, excessos, traumas de infância, dúvidas existenciais, problemas morais, depressões, ansiedade... E divulga listas improváveis como "Os dez Melhores Filmes com freiras", "Os dez Piores Filmes com padres e Transsexuais", "Filmes Para Ver na Cama em Noite Chuvosa de Inverno", "Filmes Que os Homens Gostam e Elas Fingem Que Gostam Para Lhes Agradar", etc
Cataloga mais de 2000 filmes - indicando a sua disponibilidade em DVD - em temas bastante originais: "Puro Vómito", "O sexo e a Idade", "De Fazer Chorar as Pedrinhas da Calçada", "filmes Que Dão Vontade de Praticar Exercício Físico", entre outras abordagens pouco heterodoxas.
Em suma: seja qual for o seu problema, não vá ao médico: leia este livro e veja filmes, muitos filmes.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Os filmes da vida de Kubrick

A biografia (edição espanhola) que ando a ler do Stanley Kubrick, de J0hn Baxter (de onde retirei a anedota do post abaixo), é riquíssima em informação que até o admirador mais incondicional desconhece. Não é um ensaio teórico aprofundado, mas explana, de forma totalmente acessível e pragmática, o percurso pessoal e profissional tão singular do cineasta de "Laranja Mecânica". O livro contém, por exemplo, muitas citações do próprio Kubrick sobre os mais diversos assuntos (e sabemos quão avesso era a entrevistas), depoimentos que ajudam a compreender melhor a sua arte.
Curiosa foi a selecção de filmes preferidos que Kubrick divulgou um dia a um jornalista (finais dos anos 60, porque a partir de "2001 - Odisseia no Espaço" (em 1969 deixou de comunicar com jornalistas). É uma lista de títulos que mais o marcaram como espectador e que o influenciaram para definir a sua linguagem cinematográfica. O que posso dizer a não ser que se trata de uma lista... previsível? Só não faço ideia que filme é esse "The Band Dick" com W.C. Fileds.
Lista:
"Os Inúteis"
(1953) - Federico Fellini
"Morangos Silvestres" (1958) - Ingmar Bergman
"Citizen Kane" (1941) - Orson Welles
"O Tesouro de Sierra Madre" (1948) - John Huston
"Luzes da Cidade" (1931) - Charlie Chaplin
"Henrique V" (1948) - Lawrence Olivier
"A Noite" (1961) - Michelangelo Antonioni
"The Bank Dick" (19409 - Edward Cline
"Roxie Hart" (19429 - William Wellman
"Os Anjos do Inferno" (1939) - Howard Hughes

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Momentos e Imagens - 4

Eis uma fotografia rara e deveras curiosa. Três grandes artistas reunidos, aparentemente num dia de relaxamento e calor. Da esquerda para a direita na imagem: os realizadores Andrei Tarkovski, Michelangelo Antonioni e o poeta, escritor e argumentista Tonino Guerra (trabalhou com os dois cineastas e é o único ainda vivo dos três).

domingo, 29 de março de 2009

O prodigioso cinema americano dos 70


Que relação existe entre filmes como "O Padrinho", "Serpico", "Taxi Driver", "Easy Rider", "O Cowboy da Meia-Noite", "O Exorcista", "Sombras", "Carrie""The French Connection", e "A Woman Under the Influence"? Todos são filmes americanos dos anos 70, marcando decididamente uma nova e entusiasmante era do cinema americano. Depois da época de ouro de Hollywood das décadas de 40 e 50, o cinema norte-americano só voltaria a regenerar-se e a afirmar-se esteticamente com o fulgurante movimento pós-60 (decorrente dos ideais do movimento hippie, da contracultura, da oposição à guerra do Vietnam, da emergência da defesa dos direitos civis, etc). Alguns desses realizadores que iniciaram essa revolução são agora nomes confirmadíssimos do cinema mundial: Francis Ford Coppola, Roger Corman, Robert Altman, Martin Scorsese, Brian de Palma, Dennis Hopper, William Friedkin, Sydney Pollack, John Cassavetes, Peter Bogdanovitch, entre outros. 
Esta nova geração americana de cineastas viria a revolucionar o cinema dos EUA, com óbvias influências da vanguarda do cinema europeu (Bergman, Godard, Antonioni, Herzog, Fellini...). Era já um cinema com novas preocupações sociais, artísticas e políticas. Em 2003, dois cineastas, Richard LaGravenese e Ted Demme (sobrinho de Jonathan Demme), realizaram um documentário sobre a excitante década de 70 do cinema americano, com depoimentos exclusivos de realizadores, produtores e actores que protagonizaram os grandes filmes que marcaram, mundialmente, os anos 70. Agora a Midas Filmes, sempre atenta ao melhor da produção do documentário, acaba de editar o filme "O Cinema Americano dos anos 70 - Uma Década em Revolução". Vale muito a pena descobrir.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Ainda há mestres no cinema europeu?


Há sinais que mostram claramente que a imprensa escrita deixou de ter jornalistas ávidos de bons debates intelectuais. Desde a morte do escritor e jornalista Eduardo Prado Coelho - provocador e amante de boas tertúlias à volta de filmes e livros - que não me lembro de haver na imprensa debates estimulantes (tirando a polémica titânica entre Vasco Pulido Valente e Miguel Sousa Tavares a propósito do seu livro "Equador").
Quero com isto dizer que achei estranhíssimo que não houvesse reacções (pelo menos que eu me tenha apercebido) a uma crónica do realizador António-Pedro Vasconcelos (APV) sobre o estado do cinema europeu actual. É que a crónica deste colunista e cineasta tem matéria suficiente para estimular opiniões contraditórias. A crónica veio publicada no semanário SOL de há duas semanas e versava sobre a questão "O que é um mestre no cinema?". APV dizia no seu texto que houve dois grandes realizadores que personificavam o epíteto de mestres: Hitchcock e Rossellini (um dos grandes cineastas no Neo-Realismo italiano do pós-guerra, com Vittorio de Sica e Visconti). Apesar de serem realizadores muito diferentes, ambos têm uma marca autoral na história do cinema, ambos teorizaram sobre a função artística do cinema, ambos desenvolveram os adjectivos "hitchcockiano" e "rollelliniano". Na verdade, foram dois cineastas que souberam interpretar os seus tempos e tinham visões muito próprias sobre a realidade e a arte (para além de terem deixado discípulos no cinema). Em suma, duas referências absolutas do cinema europeu (claro que há outras...).
APV refere ainda que o cinema europeu entrou em decadência a partir a da morte do Rossellini (1977). Mais: sem pruridos, diz mesmo que "hoje, no cinema europeu, não há mestres, tal como não há grandes políticos - porque não os pode haver. A verdade é que a última geração de grandes cineastas formou-se num período trágico da Europa, entre duas guerras devastadoras, onde se forjaram os grandes espíritos. Alguns desses mestres morreram precocemente, como Pasolini, Fassbinder e Truffaut, e deixaram um deserto sem remissão: o cinema deixou de influenciar a sociedade, e os cineastas deixaram de ser esses 'faróis', de que falava Baudelaire a propósito dos génios. Numa palavra, onde está o Rossellini dos tempos modernos?"
Eis uma opinião que, como disse no início do post, mereceria uma debate alargado e aprofundado. Isto porque António-Pedro Vasconcelos lança uma série de opiniões pertinentes e audazes. No fim de contas, refere que o cinema europeu, apesar dos mil filmes produzidos por ano, se encontra moribundo ou mesmo morto, sem réstia de mestres com a personalidade e identidade de um Rossellini. Será mesmo assim? Se quisermos ser rigorosos, creio que, de facto, a Europa já não tem cineastas com a envergadura de um Rossellini, de um Godard, de um Bergman, de um Buñuel, de um Kieslowski, de um Antonioni, de um Hitchcock (assim como o cinema americano já tem mestres como John Ford, Orson Welles ou Nicholas Ray). Mas será que este facto representa a morte do cinema europeu?
Não serão exageradas as palavras de APV? Ou será que correspondem à realidade? Uma coisa estou de acordo com o realizador português: o cinema europeu já não suscita novos olhares sobre a realidade à nossa volta, poucos são os filmes que questionam, que arriscam uma linguagem própria, que rompem preconceitos e inventam novas formas estéticas. Continua a haver filmes europeus de qualidade, vindos da Alemanha, da França, ou de Espanha, mas essa linhagem de cineastas imbuídos desse tal espírito forjado entre as duas guerras mundiais, esses já não existem ou são já uma raça em vias de extinção.