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quarta-feira, 20 de maio de 2015
quinta-feira, 14 de maio de 2015
Gaspar Noe volta a provocar
Não, não se trata de dois posters de um filme pornográfico de série B.
São os posters explícitos de um filme sério de um realizador que já nos habituou à provocação: Gaspar Noe (com o célebre filme "Irreversível"). De singelo título "Love" este novo filme de Noe vai estrear no festival de Cannes e narra a relação de um trio amoroso entre um homem e duas mulheres (uma das quais menor de idade). Ainda por cima vai ser exibido em 3D. Ou seja, o sexo explícito cada vez mais a entrar no sistema industrial mainstream do cinema.
São os posters explícitos de um filme sério de um realizador que já nos habituou à provocação: Gaspar Noe (com o célebre filme "Irreversível"). De singelo título "Love" este novo filme de Noe vai estrear no festival de Cannes e narra a relação de um trio amoroso entre um homem e duas mulheres (uma das quais menor de idade). Ainda por cima vai ser exibido em 3D. Ou seja, o sexo explícito cada vez mais a entrar no sistema industrial mainstream do cinema.
Um filme sobre amor e sexo que promete fazer corar de vergonha o próprio Lars von Trier e o seu díptico "Nymphomaniac".
segunda-feira, 23 de março de 2015
Cartaz repetitivo
Os cartazes do festival de Cannes tem sido nos últimos anos minimalistas: nome do festival, ano de edição e uma fotografia icónica da história do cinema (actores ou actrizes). Ora, se há uns anos esta linguagem visual funcionava pela simplicidade e simbolismo, ao fim deste tempo tornou-se repetitiva e previsível.
Este é o cartaz oficial da edição deste ano. Desta vez com o rosto de Ingrid Bergman. É um cartaz pouco ambicioso e nada imaginativo. A fórmula está gasta e um festival da importância e dimensão do de Cannes merecia um trabalho gráfico mais original.
domingo, 1 de março de 2015
Mr. Turner: o mestre da luz

"Mr. Turner" de Mike Leigh é um filme magnífico. Se houvesse justiça nos Óscares seria nomeado para várias categorias (realização, fotografia, direcção artística, interpretação...). Para já só ganhou o prémio em Cannes para o esplêndido actor Timothy Spall no papel do pintor inglês.
William Turner, pintor da época do Romantismo inglês (século XIX), elevou a pintura paisagística quando tendeu ao quase abstraccionismo nas suas telas, sendo considerado hoje, além de génio universal da arte, precursor do Impressionismo.
O filme "Mr. Turner" retrata os últimos anos de vida e obra do pintor na Londres de meados do século XIX, um homem controverso e excessivo obcecado com o perfeccionismo da sua arte - ao ponto de ficar amarrado a um mastro de um navio em plena tempestade para reunir todos os dados empíricos dessa experiência que servissem para as suas pinturas.
Das várias sequências memoráveis do filme destaco desde logo a primeira que surge aos olhos do espectador: plano fixo de uma paisagem incrivelmente bela, um campo verdejante, um moinho e o pôr-do-sol resplandecente. Duas mulheres vão-se aproximando e a câmara começa a movimentar-se para a esquerda (a fazer lembrar um plano-sequência de Tarkovski) para acompanhar a deslocação das referidas mulheres. De repente, no exacto momento em que as mulheres deixam de estar em cena vislumbra-se ao fundo o vulto de um homem. A câmara fixa-se e revela o homem bem ao centro do plano, até que um close-up nos mostra que se trata de William Turner a tirar notas para as suas pinturas de paisagem.
Esta sequência, que tem pouco mais de 2 minutos, é um espantoso trabalho ao nível da realização e da composição plástica e visual. É minha convicção que o realizador Mike Leigh quis mostrar, logo a partir do primeiro plano, a beleza da paisagem que tanto inspirou Turner. Mais: estas imagens são como telas da pintura paisagística do pintor inglês, mestre da luz e das cores. Trata-se, em suma, de um pequeno momento de cinema tão superlativo e tão belo esteticamente que nos deixa sem palavras.
Eis a sequência de que falo:
Eis a sequência de que falo:


Nota: esta paisagem foi filmada em Herringfleet Mill, Suffolk, norte de Inglaterra.
domingo, 26 de outubro de 2014
O primeiro Jodorowsky
Enquanto não chega a última extravagância cinematográfica de Alejandro Jodorowsky - "A Dança da Realidade" (que deu que falar no último festival de Cannes) nada como voltar ao início da carreira deste singular realizador e perceber como tudo começou.
Em 1957, o ainda jovem Jodorowsky, quase sem experiência no cinema - mas motivado por Jean Cocteau - filmou em Paris a sua primeira curta-metragem, "La Cravate" ("A Gravata"), uma versão muda de um conto do grande escritor Thomas Mann.
A história tem uma forte vertente surrealista (que marcaria a carreira futura do cineasta), porque a história centra-se numa mulher que vende cabeças. Um jovem que quer conquistá-la (o próprio Jodorowsky como actor) muda de cabeça e de personalidade como estratégia para os seus objectivos.
A história tem uma forte vertente surrealista (que marcaria a carreira futura do cineasta), porque a história centra-se numa mulher que vende cabeças. Um jovem que quer conquistá-la (o próprio Jodorowsky como actor) muda de cabeça e de personalidade como estratégia para os seus objectivos.
Ao mesmo tempo divertido, bizarro e visualmente sugestivo, eis o primeiríssimo filme do realizador chileno.
O filme, considerado perdido, foi encontrado na Alemanha em 2006. Tem apenas 20 minutos.
sexta-feira, 18 de abril de 2014
Marcello e Cannes
Mais uma vez o cartaz oficial do festival de Cannes recupera o imaginário clássico. Em 2013 foi com Paul Newman, agora, com Marcello Mastroianni. E para o próximo ano sugiro para o cartaz: Sophia Loren, Jean-Paul Belmondo ou Kirk Douglas.
quinta-feira, 27 de março de 2014
Hitch em Cannes a fazer pose bizarra
Hitchcock é conhecido por ter fotografias deveras singulares, muitas delas carregadas de humor auto-irónico, negro e sarcástico. Mas não conhecia esta curiosa e divertida fotografia tirada em 1963 na praia de Cannes.
Hitch era mesmo um realizador muito diferente de todos os outros...
quarta-feira, 26 de março de 2014
Cannes 2014
O mês de Maio aproxima-se e com ele o maior festival de cinema do mundo: Cannes.
E esta edição promete ser histórica com grandes nomes da realização e da interpretação presentes.
Senão, vejamos, Cannes 2014 vai contar com novos filmes de:
- Hou Hsiao-Hsien
- Alejandro Gonzales Inarritu
- Tim Burton
- Olivier Assayas
- Wim Wenders
- Tommy Lee Jones (como realizador)
- Ryans Gosling (como realizador)
- Paul Thomas Anderson
- Terrence Malick
- Ken Loach
- Andrey Zvyagintsev
- David Cronenberg
- Mike Leigh
- Laurent Cantet
- Peter Bogdanovich
- Jean-Pierre e Luc Dardenne
- Abel Ferrara
- Nuri Bilge Ceylan
- Noah Baumbach
- ...
Impressionante, não?
Mais informação aqui.
sábado, 28 de dezembro de 2013
O erotismo de "A Vida de Adèle"
O filme "A Vida de Adèle" de Abdellatif Kechiche, vencedor da Palma de Ouro no último festival de Cannes, não é, quanto a mim, a obra-prima que muitos apregoam. É claramente um dos dez filmes do ano, mas não percebo onde o realizador revela genialidade tamanha para ter impressionado tanta gente. Julgo que tem uma duração excessiva (3 horas) que prejudica a desarmante linearidade da narrativa, mas tem duas belas interpretações numa - a espaços - pungente história de amor e sexo entre dois seres humanos que desabrocham para os prazeres carnais e emocionais de uma relação.
As duas actrizes que dão corpo (literalmente) a esta história, Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux, queixaram-se da dureza das filmagens e de uma alegada postura depravada do realizador em querer o máximo de realismo possível. Houve cenas que foram repetidas mais de cem vezes e as actrizes eram obrigadas a improvisar e a envolverem-se ao máximo nas cenas de sexo.
A atracção erótica é filmada de forma sensual e despojada, mas uma coisa que me surpreendeu foi o facto das actrizes terem usado uma espécie de prótese vaginal que impedia, no momento sexual mais íntimo, de um contacto físico e erótico directo. Ora, se assim foi, não se percebe o elevado grau de realismo que Kechiche exigia às actrizes: se queria total realismo e entrega física, tal deveria ter sido abertamente assumido sem recurso a próteses de plástico que evitaram, precisamente, o envolvimento real e o contacto físico entre os dois corpos.
A atracção erótica é filmada de forma sensual e despojada, mas uma coisa que me surpreendeu foi o facto das actrizes terem usado uma espécie de prótese vaginal que impedia, no momento sexual mais íntimo, de um contacto físico e erótico directo. Ora, se assim foi, não se percebe o elevado grau de realismo que Kechiche exigia às actrizes: se queria total realismo e entrega física, tal deveria ter sido abertamente assumido sem recurso a próteses de plástico que evitaram, precisamente, o envolvimento real e o contacto físico entre os dois corpos.
terça-feira, 23 de julho de 2013
"Os Gigantes" - ver e ouvir
Há descobertas assim: ao acaso.
Numa simples deambulação pela internet cinéfila, descobri a existência de um filme que nem de nome conhecia: "Les Géants" ("Os Gigantes"). É de 2011 e realizado pelo actor, argumentista e realizador belga (é a sua terceira longa-metragem) Bouli Lanners. As críticas que li são excelentes e o filme ganhou o Prémio da Quinzena dos Realizadores do festival de Cannes 2011. É a história de dois irmãos (13 e 15 anos) que passam as férias num bosque à beira rio. Conhecem um terceiro rapaz e aí começa uma amizade inesperada...
Numa simples deambulação pela internet cinéfila, descobri a existência de um filme que nem de nome conhecia: "Les Géants" ("Os Gigantes"). É de 2011 e realizado pelo actor, argumentista e realizador belga (é a sua terceira longa-metragem) Bouli Lanners. As críticas que li são excelentes e o filme ganhou o Prémio da Quinzena dos Realizadores do festival de Cannes 2011. É a história de dois irmãos (13 e 15 anos) que passam as férias num bosque à beira rio. Conhecem um terceiro rapaz e aí começa uma amizade inesperada...
Ainda não vi o filme, mas fiquei absolutamente rendido face ao magnífico trailer: filmado com superior bom gosto, uma fotografia belíssima que realça a tonalidade verde da paisagem, inexistência de diálogos e música intimista do projecto The Bony King of Nowhere - um jovem belga cantor de folk.
Aliás, mais do que um trailer, este é quase um videoclip com imagens do filme. A relação entre a bela e melancólica canção e as imagens provoca logo um estímulo emocional e despoleta no espectador um imaginário sobre a possível história daqueles adolescentes. Vale a pena escutar o resto das músicas do filme aqui.
Aliás, mais do que um trailer, este é quase um videoclip com imagens do filme. A relação entre a bela e melancólica canção e as imagens provoca logo um estímulo emocional e despoleta no espectador um imaginário sobre a possível história daqueles adolescentes. Vale a pena escutar o resto das músicas do filme aqui.
Raramente um simples trailer me pressionou tanto para ver o filme o mais rapidamente possível:
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Perder a razão e a emoção

Em Portugal teve o título redutor "Os Nossos Filhos" e é um filme que passou completamente despercebido da crítica e do público há umas semanas atrás (quando estreou em sala). Realizador pelo jovem realizador belga Joachim Lafosse, "Os Nossos Filhos" ganhou o Prémio de Melhor Actriz (Émile Dequenne, na imagem) na secção “Un Certain Regard” do festival de Cinema de Cannes 2012. A história é baseada num acontecimento verídico ocorrido em 2007 na Bélgica, no qual uma mãe matou os cinco filhos pequenos.
O filme de Lafosse conta a história do casal Muriel e Mounir, dois jovens verdadeiramente apaixonados. Infelizmente os problemas começam a surgir rapidamente após o casamento. No centro do problema está o Dr. Pinget, o homem que cuidou de Mounir desde pequeno e que passa a exercer uma forte influência sobre os dois: o casal não só vive na sua casa como também depende financeiramente dele. Aos poucos, ela começa a sentir-se aprisionada e devastada neste clima emocional doentio e uma sombra trágica começa a pairar sobre esta família...
É aqui que o filme resvala para um ambiente que parece extraído da estética de Michael Haneke: a mãe das crianças entra, paulatinamente, numa espiral de desintegração da personalidade. E perante o sufoco da sua vida, só vê uma forma de "proteger" os filhos: matando-os. A frieza emocional com que o realizador encena esta solução extrema faz parecer uma brincadeira a cena da morte dos 6 filhos de Magda Goebbels no filme "Downfall" (2004).
Lafosse não mostra praticamente nada, nem violência, nem sangue, nem gritos, nem a loucura que passa pela cabeça daquela mãe. A sugestão é a melhor arma para amedrontar o espectador. Apenas filma num plano fixo as crianças a irem ao chamamento da mãe que as espera com uma faca no quarto. Sim, é perturbador, pela "não acção" aparente, mas é a constatação de um cineasta que vai, certamente, crescer muito depois desta experiência radical. Porque este filme é sobre a dilaceração do amor, estilhaçado em mil pedaços perante o peso da responsabilidade, da rotina e da ausência de afecto.
Lafosse não mostra praticamente nada, nem violência, nem sangue, nem gritos, nem a loucura que passa pela cabeça daquela mãe. A sugestão é a melhor arma para amedrontar o espectador. Apenas filma num plano fixo as crianças a irem ao chamamento da mãe que as espera com uma faca no quarto. Sim, é perturbador, pela "não acção" aparente, mas é a constatação de um cineasta que vai, certamente, crescer muito depois desta experiência radical. Porque este filme é sobre a dilaceração do amor, estilhaçado em mil pedaços perante o peso da responsabilidade, da rotina e da ausência de afecto.
Voltando ao início: é pena que o filme tenha passado ao lado de tanta gente. Ah, e o título original é bem mais adequado: "À Perdre La Raison". Ou seja, perder a racionalidade...
Trailer:
Trailer:
segunda-feira, 27 de maio de 2013
Kim Novak
Admito a minha ignorância (nem sempre "sei demasiado" como sugere o título do blog): desconhecia que a actriz Kim Novak ainda era viva. Daí a minha surpresa ao vê-la, exuberante, no festival de Cannes. Novak tem actualmente 80 anos bem preservados e deslocou-se a Cannes para ser homenageada pela sua interpretação da loura fria (então com 25 anos) no mítico "Vertigo" (1958) de Alfred Hitchcock (filme que foi projectado em cópia restaurada).
Kim Novak fez aparições fugazes no cinema até 1991, mas desde há muitos anos que se dedica à pintura e vive tranquilamente com o seu segundo marido na costa do Pacífico.
sexta-feira, 24 de maio de 2013
O grande Jerry em Cannes
O último génio da comédia burlesca ainda vivo, Jerry Lewis, foi ao festival de Cannes apresentar o seu último filme (como actor): “Max Rose”, de Daniel Noah. Aos 87 anos, Jerry interpreta um velho pianista viúvo que relembra 65 anos de um casamento feito de mentiras inesperadas.
Jerry Lewis chegou a Cannes e arrasou. Sempre bem disposto, com energia contagiante e alvo de veneração por parte do público e e da crítica, o actor e realizador mostrou toda a sua vitalidade. Na conferência de imprensa acerca do filme (que vi na íntegra aqui), Jerry Lewis refere que o seu regresso aos filmes se deveu ao “de ter lido o melhor guião dos últimos 40 anos”.
No meio de brincadeiras e provocações que geraram risos e gargalhadas na plateia (como quando respondeu “Está morto, sabia?” a um jornalista que lhe perguntou sobre Dean Martin), Jerry Lewis foi interpelado por um jornalista que lhe fez uma questão muito interessante: “Qual foi o primeiro filme que viu que o fez rir e o primeiro que o fez chorar”.
No meio de brincadeiras e provocações que geraram risos e gargalhadas na plateia (como quando respondeu “Está morto, sabia?” a um jornalista que lhe perguntou sobre Dean Martin), Jerry Lewis foi interpelado por um jornalista que lhe fez uma questão muito interessante: “Qual foi o primeiro filme que viu que o fez rir e o primeiro que o fez chorar”.
Jerry respondeu prontamente que o primeiro filme em que se riu foi “Modern Times” (1936) de Charlie Chaplin, que viu "centenas" de vezes. E o primeiro filme que lhe provocou lágrimas foi o clássico drama romântico “Camille” (1936) de George Cukor com Greta Garbo e Robert Taylor (curiosamente - ou talvez não - os dois filmes são do mesmo ano).
Jerry Lewis ainda disse que ao longo da vida viu muitos filmes que o fizeram chorar, e que os realizadores que conseguem fazer chorar o espectador têm algo de especial.
Grande Jerry.
Jerry Lewis ainda disse que ao longo da vida viu muitos filmes que o fizeram chorar, e que os realizadores que conseguem fazer chorar o espectador têm algo de especial.
Grande Jerry.
terça-feira, 21 de maio de 2013
O regresso de Jodorowsky!
É um dos filmes mais esperados do festival de Cannes: ao fim de 21 anos de inactividade, o realizador chileno Alejandro Jodorowsky apresenta-se com "La Danza de La Realidad", o seu novíssimo trabalho.
Jodorowsky é um dos cineastas mais originais e visionários da segunda metade do século XX (sobre ele escrevi isto). Nasceu em 1929 e apenas realizou sete longas-metragens, qual delas a mais surrealista, a mais bizarra e iconoclasta (misturando sexo, violência, western, magia negra, sonhos, mitologia, simbolismo, sangue e religião).
Agora voltou, quase sem prévio aviso, para mostrar um filme autobiográfico com o belo título "A Dança da Realidade". O circunspecto jornal inglês The Guardian refere que se trata de uma obra que mistura o imaginário visual de Kusturica, Tod Browning e Fellini. E vendo o trailer do filme, percebe-se esta mistura de referências.
Seja como for, a nova obra de Jodorowsky está destinada - como tudo o resto que fez antes - a dividir apaixonadamente as opiniões: o espectador ou fica fascinando com os devaneios visuais e narrativos do cineasta ou sente repulsa quase imediata.
Nota: a banda sonora é assinada pelo filho do cineasta, Adan Jodorowsky.
sábado, 18 de maio de 2013
Cannes ao rubro
É algo completamente inédito nos anais do mais importante festival de cinema do mundo: o festival de Cannes vai só com dois dias e já regista dois acontecimentos improváveis: um roubo de jóias que seriam usadas pelas celebridades (facto que imita a história do filme de Sofia Coppola exibido um dia antes!) e disparos de arma de fogo que interromperam abruptamente uma entrevista com o actor Christoph Waltz.
Que mais poderá acontecer?
sábado, 8 de dezembro de 2012
A velhice
No suplemento cultural Ípsilon do jornal Público, o grande destaque foi dado ao filme "Amor" de Michael Haneke.
Na entrevista, há uma pergunta (e consequente resposta) que destaco em especial:
- Porquê este filme sobre a morte nesta altura da sua vida?
- Porque fui confrontado com o sofrimento de um familiar ao qual tive de assistir sem poder fazer nada. Foi uma experiência dolorosa que me levou a abordar a questão em termos fílmicos. Não há ninguém que não seja afectado por ela na sua vida, razão pela qual creio que muita gente vá achar este filme mais acessível que outros que fiz. O envelhecimento e a decadência são temas que nos dizem respeito a todos. No entanto, a sociedade suprime do nosso campo de visão tudo o que tenha a ver com a velhice. Tudo acontece por trás de portas fechadas. É terrível que assim seja, e é por isso que a arte tem de se ocupar do tema.
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Michael Haneke tem razão quando refere que o envelhecimento é um processo da vida considerado tabu e que o cinema deve abordá-lo sem preconceitos. E é raro hoje em dia ver bons filmes sobre velhos e a velhice, como se fossem fenómenos alheios à vida quotidiana.
Porém, há dois anos escrevi um post dizendo que gosto de filmes de (e sobre) velhos e expliquei porquê. Quem quiser ler, é favor clicar aqui.
Quanto ao "Amor" de Haneke ainda não tive a feliz oportunidade de o ver...
segunda-feira, 4 de junho de 2012
Godard, 1960
Jean-Luc Godard numa entrevista rara no início da sua carreira como realizador. Corria o longínquo ano de 1960 e Godard apresentava a sua obra revolucionária da "Nouvelle Vague" - "O Acossado" ("A Bout de Souffle") no festival de Cannes.
Godard, então um jovem aparentemente impassível (sentado quase imóvel e de óculos escuros), responde às perguntas (algumas provocadoras) do jornalista, revelando uma grande dose de ironia e clareza de pensamento (mesmo quando responde "não sei").
Chamo a atenção para o último minuto da entrevista, na qual o realizador francês, muito ao seu estilo iconoclasta, diz: "Espero que consiga desiludir o público no meu segundo filme para que não possam confiar em mim nunca mais."
domingo, 27 de maio de 2012
Cannes - todos os trailers
O jornal SOL resolveu facilitar a vida de muito cinéfilos e colocou online todos os trailers dos filmes em competição no festival de Cannes (que hoje termina). Os trailers podem ser vistos aqui.
(Imagem de "Amour" de Michael Haneke, que acabou de ganhar a Palma de Ouro!)
terça-feira, 8 de maio de 2012
Barton Fink
Ontem revi no canal Hollywood o magnífico filme "Barton Fink" (1991) de Joel e Ethan Coen: é a história de um argumentista que, tendo sucesso no teatro da Broadway nos anos 40, é contratado para trabalhar na meca do cinema, Hollywood, no intuito de escrever argumentos para filmes de guerra série B. John Turturro (na imagem), no papel de Barton Fink, é magistral na forma como encarna o papel de um argumentista perturbado e desinspirado por diversos acontecimentos surreais.
Aliás, todo o filme é perpassado por uma atmosfera kafkiana, tensa e enigmática. Quaise diria que tem um toque kubrickiano, na forma como encena determinadas cenas. O filme é sobre o trabalho de escrita, sobre a criatividade das palavras, sobre os sonhos desfeitos, sobre a crise de inspiração, sobre o cinema "himself".
Foi o primeiro filme dos irmãos Coen a ganhar prémios em Cannes (Palma de Ouro, Melhor Actor e Melhor Realizador) e, para mim, continua a ser o meu filme preferido dos autores de "No Country for Old Man".
domingo, 15 de abril de 2012
Lemmy - Lenda do rock

Lemmy Kilmister - que foi "roadie" de Jimi Hendrix - é um ícone do rock, o avô do heavy metal, do punk e do hardcore. Há 35 anos à frente dos Motorhead, Lemmy é uma lenda da música que adora os Beatles e Elvis Presley e que influenciou uma grande diversidade de músicos e grupos como Metallica, Alice Cooper, Mick Jones (ex-Clash), Peter Hook (ex-New Order), Slash (ex-Guns N'Roses), Henry Rollins (ex-Black Flag), Dave Navarro (ex-Jane's Addiction). Todos têm orgulho em manifestar admiração por esta lenda viva do rock, uma carismática figura com o maior bigode, a voz mais rasgada (pelo consumo excessivo de Jack Daniels), as verrugas mais feias, o chapéu inconfundível, mas também com a atitude mais humilde e pragmática que se possa imaginar.
Realizado por Greg Olliver e Wes Orshoski, "Lemmy" (2010) é um documentário (premiado em vários festivais, como Cannes) que se debruça sobre a vida incrível do vocalista e baixista dos Motorhead. Com muitos depoimentos de amigos e músicos, o documentário revisita momentos históricos da sua vida, o seu fascínio pelos símbolos nazis, a sua intensa relação com as mulheres (fez sexo com 1000 mulheres!), a sua relação com o álcool e as drogas, a sua relação com os amigos e, claro, com a música. Apesar da timidez e do ar austero de Lemmy Kilmister, o documentário consegue arrancar algumas declarações surpreendentes - e quase sempre bem-humoradas - do próprio Lemmy, como quando ele diz pela primeira vez, e na frente do filho, que a coisa mais importante da sua vida é o rapaz. Ou quando lhe perguntam: "O que tem a dizer ao facto de o acusarem de ser nazi?". Ao que Lemmy, fardado a rigor com uniforme nazi, responde: "Bom, eu tive seis namoradas negras, logo não posso ser considerado um nazi genuíno!".
"Lemmy", o filme, traz ainda imagens raras do baixista nos The Rockin' Vickers, a sua primeira banda em meados dos anos 60, além de concertos com o grupo de rock Hawkind, do qual foi despedido nos anos 1970 por ser "muito acelerado" - graças ao speed - para o espírito mais psicadélico da banda. Lemmy, no documentário, minimiza esse episódio e justifica: "Fui despedido porque estava a foder com a namorada do vocalista".
"Lemmy" é, pois, um magnífico documentário sobre uma personagem mítica do imaginário rock e um filme honesto e competente.
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