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quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Trilogias

Há mais trilogias no cinema do que se pensa. Trilogias unidas por uma temática, uma estética, uma ideia narrativa. Eis algumas das mais célebres trilogias da história do cinema:

Trilogia das Cores de Krzysztof Kieslowski: Bleu | Blanc | Rouge 

Trilogia da Era Glacial de Michael Haneke: O Sétimo Continente | O Vídeo de Benny | 71 Fragmentos... 

Trilogia Alemã de Hans-Jürgen Syberberg: Ludwig | Karl May | Hitler 

Trilogia do Silêncio de Ingmar Bergman: Através de um Espelho | Luz de Inverno | O Silêncio 

Trilogia da Incomunicabilidade de Michelangelo Antonioni: A Aventura | A Noite | O Eclipse 

Trilogia da Alemanha Ocidental de Rainer Werner Fassbinder: Maria Braun | Lola | Veronika Voss

Trilogia Gangster de Rainer Werner Fassbinder: O Amor É Mais Frio Que A Morte | O Soldado Americano | Os Deuses da Peste 

Trilogia dos Apartamentos de Roman Polanski: Repulsa | O Bebé de Rosemary | O Inquilino

Trilogia de Hollywood de David Lynch: Estrada Perdida | Mulholland Drive | Inland Empire 

Trilogia da Vida de Pier Paolo Pasolini: Decameron | Os Contos de Canterbury | As Mil e Uma Noites

Trilogia das Fronteiras de Theodoros Angelopoulos: O Passo Suspenso da Cegonha | Um Olhar a Cada Dia | A Eternidade e Um Dia

Trilogia da Vida de Apu de Satyajit Ray: A Canção da Estrada | O Invencível | O Mundo de Apu 

Trilogia do Amor de Andrzej Zulawski: O Importante é Amar | A Mulher Pública | A Revolta do Amor 

Trilogia da Desvirtude de Luis Buñuel: Viridiana | O Anjo Exterminador | Simão do Deserto 

Trilogia Flamenca de Carlos Saura: Bodas de Sangue | Carmen | Amor Bruxo 

Trilogia da Injustiça Social de Pedro Costa: Ossos | No Quarto da Vanda | Juventude em Marcha 

Trilogia da Arte de Alain Resnais: Van Gogh | Gauguin | Guernica 

Trilogia da Memória de Alain Resnais: Hiroshima, Meu Amor | Ano Passado em Marienbad | Muriel ou o Tempo de um Retorno 

Trilogia Dr. Mabuse de Fritz Lang: Dr. Mabuse | O Testamento do Dr. Mabuse | Os Mil Olhos do Dr. Mabuse  

Trilogia da Guerra de Roberto Rossellini: Roma, Cidade Aberta | Paisà | Alemanha, Ano Zero 

Trilogia Qatsi de Godfrey Reggio: Koyaanisqatsi | Powaqqatsi | Naqoyqatsi  

Trilogia do Casamento de John Cassavetes: Faces | Assim Falou o Amor | Uma Mulher Sob Influência 

Trilogia da Depressão de Lars von Trier: Anticristo | Melancolia | Ninfomaníaca: Volume 1 & 2

Trilogia da Morte de Alejandro González Iñárritu: Amores Perros | 21 Gramas | Babel 

Trilogia O Padrinho de Francis Ford Coppola: Parte I | Parte II | Parte III 

Trilogia da Vingança de Chan-wook Park: Mr. Vingança | Oldboy | Lady Vingança 

Trilogia O Senhor dos Anéis de Peter Jackson: A Sociedade do Anel | As Duas Torres | O Retorno do Rei  

Trilogia dos Dólares de Sergio Leone: Por um Punhado de Dólares | Por uns Dólares a Mais | Três Homens em Conflito 

Trilogia Regresso ao Futuro de Robert Zemeckis: Parte I | Parte II | Parte III

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Cinéfilo, eu?

Por vezes discute-se o que é ser cinéfilo. Segundo João Bénard da Costa, ex-Director da Cinemateca Portuguesa, há uma significativa diferença entre "gostar" de cinema e "amar" o cinema.
E é verdade que esta diferença define o que é um verdadeiro cinéfilo e um espectador vulgar de cinema.
Repare-se na seguinte tabela comparativa que elaborei. Não se trata de um estudo científico e académico. É aquilo que a minha intuição e experiência dizem: uma pessoa que goste de cinema e que tenha alguns conhecimentos, fará uma lista de preferências como aquelas que estão na tabela da esquerda. Será, por assim dizer, um Cinéfilo QB (quanto baste). Mas para os mesmo filmes haverá o verdadeiro Cinéfilo, aquele que tem um conhecimento mais profundo da história do cinema e um gosto mais definido, por isso, escolhe outros filmes menos conhecidos dos mesmos cineastas.

Cinéfilo QB                                                                          Cinéfilo
"Citizen Kane"-------------------Orson Welles ------------------"Macbeth" (1948)
"2001 - Odisseia no Espaço"---Stanley Kubrick---------------"The Killing" (1956)
"O Sétimo Selo"-----------------Ingmar Bergman-------------"A Fonte da Donzela" (1959)
"Manhattan"----------------------Woody Allen-------------------"Zelig" (1983)
"Janela Indiscreta"---------------Alfred Hitchcock--------------"The Lodger" (1927)
"A Lista de Schindler"----------Steven Spielberg---------------"Duel" (1971)
"Nosferatu"-----------------------F.W. Murnau-------------------"Tabu" (1933)
"O Padrinho"---------------------Francis Coppola----------------"Rumble Fish" (1983)
"O Touro Enraivecido"---------Martin Scorsese-----------------"Mean Streats" (1973

Depois há outra facção de cinéfilos, que são os hardcore, aqueles "ratos de cinemateca" que acham que até os filmes da coluna da direita são demasiado mainstream para o seu gosto refinado. Estes cinéfilos hardcore gostam é dos clássicos mais obscuros, dos títulos de culto das sessões da meia-noite e de festivais de cinema independentes. São os amantes incondicionais do cinema mais alternativo/vanguardista, formando uma espécie de elite cinéfila.

Uma lista de filmes preferidos dos Cinéfilos Hardcore será por exemplo assim:

"Meshes of the Afternoon" (1943) - Maya Deren 
"Woman in The Dunes" (1964) - Hiroshi Teshigahara
"Pastoral: To Die In The Country" (1974) - Shuji Terayama
"Warning Shadows" (1923) - Arthur Robinson
"Thunderbolt" (1929) - Josef von Sternberg
"The Stranger on The Third Floor" (1940) - Boris Ingster
"Begotten" (1990) - E. Elias Merhige
"O Quadro Negro" (2000) - Samira Makhmalbaf
"Daisies" (1966) - Vera Chytilová
"Flaming Creatures" (1963) - Jack Smith
"O Anjo das Ruas" (1928) - Frank Borzage
"My Degeneration" (1990) - Jon Moritsugu
"Love Making"  (1969) - Stan Brakhage

E o caro leitor, em que categoria de cinéfilo se integra?

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Filmes que dizem que viram (mas mentem)



Quem nunca disse que viu um filme sem o ter realmente visto, que atire a primeira pedra. Em qualquer conversa sobre cinema pode vir à baila um determinado filme (por norma, clássico) supostamente famoso que "toda a gente já viu". Mas a verdade é que não é bem assim e, para não se ficar inferiorizado e dar má figura cultural de si próprio, a tendência é dizer que já se viu.
Ora, a revista de cinema espanhola Cinemania publicou uma sondagem na qual revela 10 filmes que as pessoas costumam dizer que já viram mas, na verdade, mentem.

Eis a lista com a respectiva percentagem de mentirosos:

1. "O Padrinho" (30%)
2. "Casablanca" (13%)
3. "Taxi Driver" (11%)
4. "2001: Odisseia no Espaço" (9%)
5. "Reservoir Dogs" (8%)
6. "This is Spinal Tap" (7%)
7. "Apocalypse Now" (6%)
8. "Goodfellas" (5%)
9. "Blade Runner" (5%)
10. "A Grande Evasão" (4%) 

Conclusão: ninguém que se diga amante de cinema pode ousar dizer que nunca viu nenhum destes clássicos (daí a mentira forçada).Deduzo, igualmente, que esta sondagem tenha sido feita a jovens.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Hopper Now

"Apocalypse Now" foi dos filmes que mais me impressionou enquanto jovem espectador.  Sobre esse efeito que teve em mim já o referi neste post.
O que queria realçar é que das coisas que mais me impressionaram na obra-prima de Coppola - para além da história e da realização - foram as notáveis interpretações de Martin Sheen, Robert Duvall e Marlon Brando.
Mas a verdade é que há uma tendência para esquecer essa espantosa performance do "louco" fotógrafo interpretada pelo grande Dennis Hopper (ele que na vida real também foi um talentoso fotógrafo). Uma interpretação que surge apenas no último terço do filme mas que impressiona pela sua exuberância, energia e contundência. 
Hopper é um elemento que dá mais substância à loucura da guerra do Vietnam, complementando os delírios do inesquecível Coronel Kurtz (Marlon Brando).

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Erros? So What?!

Ainda não vi o filme "Gravity", mas tenho lido artigos de astrofísicos reconhecidos muito preocupados com os alegados erros científicos do filme, apontando diversas inverdades científicas que passam despercebidas ao comum dos leigos em matéria espacial. E isto é, à partida, irritante.
Mas qual é o problema disso? O filme de Alfonso Cuarón é um FILME, não é uma aula de astrofísica e tem liberdade criativa, não pretende ser um documentário de ciência exacta feito por especialistas que nunca se enganam. O que importa dizer que o cabelo de Sandra Bullock devia mexer-se mais com a ausência de gravidade ou algo do género? Preciosismos sem importância...
É como o "Apocalypse Now": está listado no site Moviemistakes como tendo quase 400 erros em vários aspectos do filme (história, realização, montagem, interpretação...). E depois? Não deixa por isso de ser um dos melhores filmes de sempre. 
A cinefilia não se compadece com este tipo de obsessão pela busca da aparente verdade das coisas na arte cinematográfica.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

As "famílias" do cinema

Chamem-lhe grupos, gangs, famílias. Tanto faz.
São homens e rapazes unidos por uma forte identidade. Por ideais comuns, códigos de conduta comuns, objectivos comuns. Por vezes a corrupção e a traição destroem esses laços (quase) tribais. São quase sempre movidos por maus instintos, pela ganância, pelo ódio, pela afirmação social, pelo poder, pelo dinheiro ou pela vingança.
A violência e o desrespeito por normas morais e legais fizeram parte da vida (e da morte) destes grupos. E por isso todas estas pandilhas de personagens fascinaram gerações de espectadores e marcaram a história do cinema:
"Cidade de Deus"
"Suburbia"
"Gangs of New York"
"The Long Riders"

"Rumble Fish"

"The Outsiders"

"The Wild Bunch"

"Snatch"

"Clorkwork Orange"

"Oceans's Eleven"
"The Usual Suspects"

"Reservoir Dogs"

"The Untouchables"

"The Godfather"

"The Goodfellas"

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Christopher Nolan - cinéfilo improvável

E já que publiquei (ver post abaixo) a lista dos 10 filmes preferios de Roger Corman, eis mais uma série de listas bem interessantes divulgadas pelo site Flavorwire. Trata-se de uma lista de 10 realizadores - de Woody Allen a Quentin Tarantino, de Francis Ford Coppola a Stanley Kubrick.
Claro que há listas mais interessantes do que outras. A de Kubrick, Scorsese ou do Woody Allen são reveladoras da sua imensa cinefilia. Mas a lista que mais me surpreendeu foi a de Christopher Nolan ("Batman" e "Inception") que demonstra ter um gosto cinéfilo deveras aguçado.
A saber: Nolan cita como filmes preferidos "Twelve Angry Men" de Sidney Lumet, "Greed" de Eric von Stroheim, "The Testament of Dr. Mabuse" de Fritz Lang, o (raramente) citado "Mr. Arkadin" (também conhecido como "Confidential Report") de Orson Welles ou "Koyaanisqatsi" de Godfrey Reggio. Sem dúvida que Nolan conhece bom cinema clássico, algo que nem sempre transparece nos seus filmes "mainstream".
Ver aqui a lista completa.

quarta-feira, 6 de março de 2013

De Niro nos grandes filmes

Talvez não seja mera coincidência que o actor Robert De Niro tenha participado nalguns dos melhores filmes americanos dos anos 70 e 80: "O Padrinho 2" (1974) de Coppola, "Taxi Driver" (1976) de Scorsese, "O Caçador" (1978) de Michael Cimino, "O Touro Enraivecido" (1980) de Scorsese e "Era Uma Vez na América" (1984) de Sergio Leone.
E como eu gosto deste épico de 4 horas de Leone! Monumental e arrebatadora história de amizade e traição que decorre ao longo de várias décadas, numa homenagem sentida sobre a identidade histórica, social e cultural dos EUA. A música de Ennio Morricone é eterna, sublime nas pontuações aos múltiplos episódios narrativos, imagética como só a sua música mais esplendorosa consegue ser.

domingo, 15 de julho de 2012

Os melhores filmes jamais feitos

Ja escrevi aqui acerca de um conjunto de dez filmes de realizadores famosos que nunca foram concretizados. 
Ora, o site List Universe publica uma lista que vai ao encontro do que já tinha publicado: "Top 10 Greates Movies Never Made". O título desta reportagem diz tudo, mas basicamente são projectos que ficaram apenas no papel de realizadores como Akira Kurosawa, Stanley Kubrick, Orson Welles ou Bernardo Bertolucci. Ou Francis Ford Coppola, que em tempos manteve o desejo de fazer o ambicioso filme "Megalopolis" (esboço do filme na imagem). 
Vale a pena conhecer a lista.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Primeiros minutos perfeitos


Na vida de qualquer cinéfilo há memórias intensas que nunca se apagam. É o caso da primeira vez que vi "Apocalypse Now", a obra-prima de Francis Ford Coppola. Tinha uns 16 anos e vi-o num antigo cinema que agora já não existe. Com essa idade, quase não tinha ainda visto cinema de qualidade em sala, e aquela experiência foi deveras forte. Há muitos momentos geniais e inesquecíveis no filme de Coppola, mas das coisas que mais me lembro e mais me marcaram foi a sequência inicial. Fiquei atónito logo com os primeiros minutos do filme, porque nunca tinha visto nada assim antes: primeiro um plano fixo da selva, silêncio, sons de pás de helicópteros, de repente, um som de uma guitarra e a voz de Jim Morrison a cantar "This is The End..." no exacto momento em que o napalm incendeia as árvores. O ecrã iliminava-se perante os meus olhos em total espanto. Enquanto as imagens de destruição ao som da música dos The Doors me impressionava, fiquei novamente surpreendido com a introdução da magnética voz off de Martin Sheen ("Saigão"....). Diria que são os primeiros minutos mais hipnóticos de sempre da história do cinema. 
Na verdade, depois de muitos anos e muitos filmes vistos, concluo que nenhum outro início de filme provocou um impacto emocional em mim como este.
Ver a sequência completa aqui.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Os filhos de grandes realizadores


Será que em Hollywood "filhos de peixes sabem nadar"? Talvez sim, talvez não.
Há filhos de actores e actrizes famosos que vingaram no cinema no passado e estão a vingar agora - o caso mais recente de reconhecimento é o do jovem Henry Hopper, filho do grande actor Dennis Hopper (que protagoniza "Restless" de Gus Van Sant).
Ora, no que se refere a filhos de realizadores famosos, já não é tão fácil encontrar bons estreantes no cinema. A fazer fé na lista em baixo, apenas Sofia Coppola representa uma confirmação absoluta.
Os filhos dos outros realizadores estão a começar agora (ou começaram há poucos anos) e, aos poucos, vão conquistando - ou não - reconhecimento artístico, alguns talvez à custa da boleia dos apelidos célebres. O caso mais sério talvez seja o de Jason Reitman (na imagem), que realizou nos últimos anos os aclamados filmes "Nas Nuvens" e "Juno".
Já o caso de Duncan Jones, filho de David Bowie (apesar deste não ser realizador, a sua carreira também passou pelo cinema), teve uma estreia auspiciosa com o filme de culto de ficção científica "Moon".
Quanto aos filhos de Oliver Stone ou Steven Spielberg, são casos ainda imberbes que estão a iniciar-se no mundo do cinema. Veremos, com o passar dos anos, o que esta geração com apelidos sonantes irá oferecer ao mundo da sétima arte.
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Jason Reitman - filho de Ivan Reitman
Sofia Coppola - filha de Francis F. Coppola
Max Landis - filho de John Landis
Jake Kasdan - filho Lawrence Kasdan
Sam Levinson - filho de Barry Levinson
Sean Stone - filho de Oliver Stone
Max Spielberg - filho de Steven Spielberg
Duncan Jones - filho de David Bowie

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Os bilhetes de cinema

Durante anos, por aí entre 1990 e 1995, mantive uma mania peculiar (ou talvez nem tanto): a de guardar todos os bilhetes de cinema. Era uma altura em que ia, frenética e religiosamente, todas as semanas ao cinema, numa altura em que ver cinema se restringia a ver um único filme em cartaz durante toda uma semana. Entrar na sala de escura era um ritual. Via tudo: os filmes maus, medianos, bons e muito bons. Tinha o gosto pelo ambiente da sala de cinema e foram anos progressiva aprendizagem (também por causa do cultura de videoclube e dos bons filmes que passavam na televisão) que contribuíram para a minha formação como cinéfilo.

Nesses anos, ainda sem euros, uma ida ao cinema custava 300 escudos (1,5€). Por vezes também assistia às sessões alternativas da meia-noite ao fim-de-semana; não só era mais barato como via grandes filmes clássicos e de autor. Mas na verdade, como só existia uma sala de cinema com um único filme em cartaz durante vários dias, chegava a ir duas e até três vezes ao cinema quando os filmes eram realmente muito bons (com destaque para obras de Scorsese, Coppola, Lynch...). Regressando aos bilhetes: para além de os guardar, escrevia nas costas dos mesmos (como se comprova na imagem), as seguintes informações: título e data do visionamento do filme, e classificação pessoal. Ou seja, atribuía as famosas estrelinhas a cada filme visionado, não fosse esquecer-me, anos mais tarde, se o filme que tinha visto era bom, mediano ou mau. Ainda hoje tenho guardado com nostalgia as centenas de bilhetes correspondentes a outras tantas sessões de cinema.

A título de curiosidade, eis alguns exemplos retirados ao acaso:

(Filme / Data / Classificação pessoal):

"Um Coração Selvagem" - 27/07/1991 - *****
"Família Adams" - 20/12/1993 - **
"A Idade da Inocência" - 16/04/1994 - *****
"A Lista de Schindler" - 10/05/1994 - ****
"A Fogueira das Vaidades" - 10/05/1991 - **
"A Casa da Rússia" - 22/04/1991 - ***
"Goodfellas" - 25/01/1991 - *****
"O Padrinho III" - 22/03/1991 - *****
"Predador 2" - 26/04/1991 - *
"Eduardo Mãos de Tesoura" - 28/06/1991 - ****
"Instinto Fatal" - 18/10/1992 - **
"Uma Questão de Honra" - 9/01/1993 - **
"O Silêncio dos Inocentes" - 1/011/1991 - *****
"Thelma & Louise" - 23/11/1991 - ***
"Um Coração Selvagem" - 28/07/1991 - *****

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O poder da Voz Off


Há várias formas de contar uma história no cinema. Uma das formas de que gosto mais é através da chamada voz off, ou seja, uma voz que narra os acontecimentos do filme. Curiosamente, este foi um recurso utilizado sobretudo após a segunda grande guerra, com especial desenvolvimento a partir dos anos 80. A voz off confere outra dimensão à dinâmica narrativa e dramática de um filme (mais ainda se o filme em questão for um drama ou um thriller). E uma boa voz representa sempre uma personagem, na forma de papel de narrador passivo ou activo na história do filme. Há vozes que narram a história tão marcantes como os personagens principais dos filmes. Mais: se juntarmos a uma voz carismática um bom texto, inspirado e acutilante, então o efeito é deveras poderoso como veículo comunicacional.

Fiz um esforço de memória e seleccionei alguns filmes, sem critério específico e de forma algo aleatória, cujas vozes off são absolutamente determinantes na consumação da qualidade geral da obra cinematográfica:

Kevin Spacey – “Usual Suspects”
Kevin Spacey - “American Beauty”
Morgan Freeman – “Shawshank Redemption”
Max Von Sydow - "Europa"
Edward Norton – “Fight Club”
Martin Sheen – “Apocalypse Now”
Richard Dreyfuss – “Stand By Me”
Harrison Ford - “Blade Runner”
Woody Allen - “Annie Hall”
F. Murray Abraham – “Amadeus”
Malcoml McDowell – “Laranja Mecânica”
William Holden - “Sunset Boulevard”
Ray Liotta – “Goodfellas”
Barry Humphries - “Mary and Max”
John Hurt - “Dogville”
Tom Hanks - “Forrest Gump”
(voz não creditada) - “O Fabuloso Destino de Amélie”
(voz não creditada) - “How Green Was My Valley”
(voz não creditada) - “Last Year at Marienbad”
(voz não creditada) - “A Barreira Invisível”
(voz não creditada) - “Morangos Silvestres”
(...)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

"Soy Cuba"


Caro leitor cinéfilo: nunca cometa a imprudência de dizer que já viu (ou conhece) todos os grandes filmes da história do cinema. Há-de haver sempre um ou outro grande, enorme, magnífico filme que nunca viu. Foi o que me aconteceu.
Numa conversa com um professor de cinema da Universidade da Beira Interior, fiquei a conhecer um filme, praticamente esquecido nos anais da história, que ele dizia ser uma obra-prima rara. Esse filme tem por título "Soy Cuba" e foi realizado em 1964 pelo realizador russo Mikhail Kalotozov.
Durante a guerra fria "Soy Cuba" não foi exibido nos Estados Unidos (por questões políticas). Por ironia, saiu do limbo graças a dois cineastas norte-americanos, Francis Ford Coppola e Martin Scorsese, que promoveram a estreia do filme nos EUA em 1995, depois de terem ficado fascinados ao ver esta obra numa mostra de cinema russo desse ano. Coppola e Scorsese decidiram batalhar pela restauração e pelo relançamento mundial de "Soy Cuba".
Mas que filme é, afinal, "Soy Cuba"? No início dos anos de 1960, o realizador soviético Mikhail Kalatozov, filmou em Cuba esta superprodução que pretendia ser uma poderosa arma de propaganda para divulgar a revolução cubana. No entanto, foi ignorado após a sua estreia em Havana e Moscovo e ficou desconhecido pelo público no Ocidente até à sua redescoberta nos anos 90 pelos dois cineastas norte-americanos. O filme é um documentário sobre os momentos chave da história revolucionária de Cuba, mostrando o povo e a burguesia, as tradições das festas e do trabalho, da vida e da morte.
Kalatozov conseguiu um filme de uma extraordinária ambição estética. Filmado numa bela fotografia a preto e branco, a sua realização é absolutamente única, virtuosa e original, de uma mestria que faria corar de inveja o próprio Orson Welles pela sua realização de "Touch of Evil". O realizador russo usou movimentos, planos e ângulos de câmara raramente vistos, fazendo com que a câmara parecesse voar ou pairar sobre os acontecimento que filmava. Há momentos em "Soy Cuba" de pujante beleza plástica, de pura poesia visual, como nesta espantosa sequência (em baixo) que filma um funeral. Não me perguntem como é que Kalatozov filmou esta sequência sem cortes como se a câmara voasse como uma pena. A verdade é que o resultado (ao som de Ravel) é qualquer coisa de assombroso. E o filme está recheado de momentos como este.
"Soy Cuba" é um fabuloso monumento de cinema, muito pouco conhecido por causa do seu conteúdo ideológico e pelas circunstâncias descritas. Mas isso pouco interessa, porque é forçoso que o seu valor artístico seja reconhecido e apreciado por todos os que dizem gostar de cinema.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Coppola e a "lavagem cerebral"


Francis F. Coppola sempre se assumiu, ao longo da sua já longa carreira, como um orgulhoso outsider face ao sistema de Hollywood. Mesmo quando esse sistema lhe financiou alguns dos seus filmes mais ambiciosos. Um autor dentro da indústria, portanto. Por isso criou a sua própria produtora independente, a Zoetrope, ainda que tenha ido à falência após o fracasso comercial (mas não artístico) do filme “Do Fundo do Coração” (1982).

Recentemente, o cineasta de “Apocalypse Now” deu mais uma beliscadela ao sistema da indústria ao referir que "Hollywood não tem feito mais do que uma 'lavagem cerebral' aos espectadores com filmes que são todos idênticos, que não ousam nem arriscam".

Tirando algum exagero nesta crítica, Coppola não deixa de, genuinamente, gerar controvérsia e provocaar alguma reflexão. É que, "lavagem cerebral no cinema", seria um promissor e profícuo tema para um dissertação académica.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Reler Kerouac e esperar pelo filme


A editora Relógio D'Água acaba de publicar uma segunda versão do romance autobiográfico "Pela Estrada Fora" (1957) de Jack Kerouac - companheiro de William S. Burroughs e Allen Ginsberg no movimento da "Beat Generation".

Trata-se de uma segunda versão porque, segundo a própria editora, "esta versão nunca tinha sido antes publicada com o texto que surgiu na forma original de rolo dactilografado. Representa a primeira e mais genuína forma de expressão das ideias originais de Jack Kerouac, o momento em que a sua visão e voz narrativa se juntaram sob a forma de um impulso contínuo de energia criativa." Esta memorável obra da "Beat Generation" conta com nova tradução da escritora e ensaísta Margarida Vale de Gato e é já, quanto a mim, um dos acontecimentos literários do ano.

Entretanto, encontra-se em fase de pós-produção a adaptação cinematográfica do romance "Pela Estrada Fora": o filme tem realização do brasileiro Walter Salles e conta com Sam Riley (o Ian Curtis de "Control") no papel de Sal Paradise, Garrett Hedlund como Dean Moriarty e Kristen Stewart como Marylou - os protagonistas da incrível aventura que Kerouac escreveu ao som de muito jazz, drogas, viagens de carro, álcool e estadas em motéis decadentes. Convém dizer que a produção é de Francis Ford Coppola, que adquiriu os direitos da adaptação cinematográfica há mais de 30 anos.
Estreia em Dezembro deste ano.

Nota: "O Uivo" de Allen Ginsberg também em versão cinematográfica.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Os créditos finais de "Apocalypse Now"


Ontem revi no canal Hollywood a última meia-hora da obra-prima "Apocalypse Now Redux" de Francis Ford Coppola. O filme mantém intacta a capacidade de impacto emocional, como referi neste post.
Com o fim do filme, vieram os créditos finais e surgiu, em fundo negro, a palavra "Starring" e logo de seguida os actores na seguinte ordem: 1º Marlon Brando; 2º Robert Duvall; 3º Martin Sheen. Bem sei que na época da realização do filme Marlon Brando era a estrela mais mediática, Robert Duvall um actor em ascenção e Martin Sheen quase desconhecido. Mas caramba, grande mérito do filme deve-se à fabulosa interpretação de Sheen como capitão Willard e, quer Brando quer Duvall, surgem no grande ecrã num curto espaço de tempo - apesar da importância das suas interpretações. Parece-me algo injusto relegar para terceiro plano o papel glorioso (talvez o melhor de toda a sua carreira) de Martin Sheen. É sabido que há actores que fazem questão de ter no contrato a exigência de ficar nos primeiros lugares na ordem de apresentação dos créditos.
Não sei se terá sido o caso do filme "Apocalypse Now", mas creio que - apesar da importância do nome de Marlon Brando - os três protagonistas do filme de Coppola deveriam surgir par a par nos créditos finais.