
No filme "Estranha em Mim" (2007), de Neil Jordan (na imagem), com uma Jodie Foster que pratica a justiça pelas próprias mãos, há uma cena numa carruagem de metro na qual dois jovens negros, manifestamente delinquentes, acossam um jovem que está a ouvir música num iPod. Perguntam:
- "Meu, que estás a ouvir?!"
- "Radiohead".
- "Radio... quê?"
- "Radiohead!"
- "Não interessa, passa para cá o iPod!"
Já não sei que filme vi o outro dia cujo adolescente ostentava uma t-shirt dos The Strokes. No "Exterminador Implacável 2", o actor Edward Furlong envergava uma t-shirt dos Public Enemy. Estas opções não são inocentes nem casuais. Muitos outros exemplos existem. Na linguagem da publicidade e do marketing, chama-se a isto "product placement", ou seja, uma estratégia subtil mas intencional de colocar produtos comerciais reais (marcas de todo o tipo) em filmes, videoclips, conferências de imprensa, etc. O filme "O Náufrago" (ver post mais abaixo), surgiam constantemente referências directas à companhia de distribuição FedEx e a outras marcas de consumo.
Quando se vê um personagem de um dado filme beber 7Up ou a comer chocolates M&Ms, a ouvir música numa determinada marca de aparelhagem de som, a lavar os dentes com uma dada marca de dentífrico, ou usar um cartão de crédito específico, estes produtos não estão lá por acaso. As marcas pagam, e muito, para que os seus produtos surjam nos filmes (nem que seja por breves segundos) como forma subliminar de incutir no espectador produtos comerciais.
A série James Bond regista um manancial infindável de "product placement" (publicidade a bebidas, relógios, passando pelos inevitáveis automóveis).
Pegando de novo no exemplo do filme "Estranha em Mim", constatamos que é um claro exemplo de nova estratégia de "music placement". O miúdo ouvia no seu iPod os Radiohead porque o contrato entre os produtores do filme e a editora do grupo (ou a respectiva agência promocional) assim o quiseram. O negócio e o lucro imperam nas escolhas. Simples.